«A comunicação social tradicional já não controla sozinha o debate público, cada vez mais é a simbiose entre os diferentes modos de comunicar (incluindo os blogues, mas não só) que conta.» - escreve Pacheco Pereira, no Abrupto.
Como que a dar-lhe razão, a micro-causa do Bloguítica, a que aderiram já vários blogues, incluindo o crackdown, chega ao Clube dos Jornalistas.
Compreendo JPP, quando este entende que a minoria dos leitores de jornais que lê blogues são os que «estão no centro da opinião que conta e são multiplicadores naturais», porque é uma inegável evidência que alguns blogues estão a exercer uma detectável pressão sobre decisores políticos e sobre alguns meios de comunicação social tradicionais, talvez porque muitos políticos e comentadores profissionais são, eles próprios, bloggers.
Mas esta afirmação, transparente, de JPP, leva-me a interrogar-me se, por esta sua "natureza e condição", não será a blogosfera mais vunerável do que os meios de comunicação social tradicionais a alinhamentos e estratégias de poder, que a tomada de consciência da sua importância e crescente poder de influência não deixarão de potenciar?
3 comments:
Sendo multiforme e diversa, a blogoesfera emite mais opiniões que qualquer outro meio. Formada por homens e mulheres, é influencíavel como qualquer outro Media.
A sua grande vantagem é a sua sinceridade... Não está enfeudada a interesses económicos e pode ser Livre por isso mesmo.
Pode dizer o que pensa, sem receio de despedimentos. Por isso, assume causas muito mais facilmente que a imprensa escrita, sempre medrosa que os patrões da PTM ou da SIC os despeçam...
Caros Pinho Cardão e Rui
Parece-me que os vossos comentários coincidem na opinião da utilidade da blogosfera como uma certa forma de pressão sobre os patrões da opinião publicada.
Isso, não tenho dúvida que acontece já e acontecerá mais ainda no futuro. E não me parece mal que aconteça, mas a minha questão, provavelmente sem qualquer pertinência, começa exactamente aí. Isto é, sabendo-se detentora desse poder, a blogosfera vai ser tentada a usá-lo cada vez mais, mas como se caracteriza por ser o somatório de talentos individuais, ou de pequenos grupos, até que ponto não resulta mais frágil, logo mais vulnerável à "compra" que os poderes instalados não deixarão de tentar efectuar?
Recordo os bloggers que medem o seu sucesso por transitarem para livros, jornais, revistas ou televisões, e o que acabam por perder da sua frescura e independência nessa travessia. O fenómeno não é apenas nosso, e a sua discussão ocupa muitos interessados nestes assuntos.
Caro Pinho Cardão
Todos sabemos que as preocupações com possíveis derivas de oportunismo são recorrentes em tempos e processos de mudança, sobretudo em domínios novos, e quando estão em causa o poder e a instrumentalização da vontade popular. Também sabemos que o tempo a correr sobre os processos tende a corrigir os excessos e a normalizar os caminhos a percorrer. O uso da blogosfera não será excepção, apesar de não haver antecedentes de meio tão acessível, universal e incontrolável, como veículo de informação e opinião. Esperemos, pois, que a sua diversidade seja, simultaneamente, a sua força e o seu controlo.
Post a Comment