Tuesday, February 28, 2006

«as sementes têm sempre uma mão que as espalha»


Este senhor, que aparece identificado como editor, de seu nome Luís Carvalho, tem um artigo no Expresso online, que titulou como Sementes de Violência, no qual aborda assuntos como o assassinato do travesti do Porto, a marginalidade de um ex-concorrente do Big Brother, a ousadia das fotos das Jardins - mãe e filha, e, no que supostamente terá pretendido que fosse o corolário da sua cruzada opinativa, o que ele designa como o fim das baldas dos professores.
Deixo, por supervenientes para esta lide, todos os outros assuntos que lhe puxaram pela veia editorial, e limito-me às baldas dos professores, assunto que não o terá preocupado para além do procurado efeito galvanizante do leitor já predisposto a esfolar o "morto" que ele "assassinou", sem mesmo se ter dado ao trabalho de recolher alguma informação, ou, pelo menos, dedicar ao assunto uns minutos de reflexão.
Pois é, senhor editor, assim não vale, mas mesmo sabendo que recebe por aquilo que aqui debita e que, como qualquer profissional que não seja “baldista”, deveria ter sido cumpridor e eficiente, aqui lhe deixo umas dicas para que, numa próxima vez, pense um pouco antes de escrever. É o mínimo que o seu patrão lhe deveria exigir, já que se vê que não o exige a si próprio.
Devagar e por partes:
- escandalizou-se o senhor editor com o número de 8 milhões de horas de faltas dos professores num ano; não estando aqui em causa qualquer defesa de uma estapafúrdia aceitação/justificação das faltas dos professores como uma inevitabilidade do sistema, é bom que se pense em certos pormenores, que fazem alguma diferença e podem minimizar a “dimensão” do seu escândalo. Por exemplo: (1) já comparou as faltas dos professores, em dias de falta ao trabalho, com as dadas por igual número de outros profissionais, nomeadamente da função pública, para um equivalente período de tempo? Já experimentou comparar o número de faltas encontrado? E esse número continua a justificar-lhe o escândalo? (2) pensou, sequer, que um profissional que tem a sua assiduidade registada hora a hora diverge daquele que tem alguma margem de gestão do seu horário laboral, verificado este apenas às entradas e saídas, e em que, entre plataformas fixas e não fixas, jornadas contínuas, dispensas várias e possibilidades de acumulação de horas, consegue organizar o seu tempo individual e compatibilizar a sua vida pessoal com a profissional, de forma muito mais eficaz? (3) demorou-se um pouco que fosse a tentar perceber a natureza das funções docentes e o que ela implica no exercício da actividade profissional de milhares de professores? Para sua informação, e muito de passagem, lembro-lhe que cada professor tem que dar a cada turma, em cada hora, o máximo de si mesmo, do seu saber, do seu empenhamento, da sua capacidade de atenção e de resposta pronta, correcta e adequada; quantos profissionais “de gabinete” estão sujeitos à mesma pressão? “picado” o ponto, quantos de nós, que trabalhamos à secretária, não interrompemos para um café, um cigarro, dois dedos de conversa, um olhar ao jornal, ou, até, uma “voltinha” na Internet?; o professor não pode fazê-lo e os intervalos entre aulas não chegam, na maioria das vezes, para ir trocar um livro de ponto por outro; e que diríamos nós, familiares, se uma criança nossa chegasse a casa a dizer que abordou um professor no intervalo com uma pergunta e ele o mandou passear?! Nem é bom imaginar, que para cada utilizador da escola, seja, ou não, aluno das suas turmas, a cada professor, em cada momento, desde que entra na escola e até que sai, se exige que não deixe de estar disponível, atento e aprazível. Como vê, são especificidades da profissão, mas que devem ser muito cuidadosamente tomadas em conta, tanto para a criação de condições que viabilizem um bom e eficaz funcionamento das escolas, como para a definição de quais devem ser as exigências a que se sujeitam estes profissionais.
- nem lhe vou repetir uma evidência tão grande que, presumo, não lhe terá escapado – a de que os professores faltam legalmente, isto é, ao abrigo da legislação que os nossos eleitos, no governo, e os nossos representantes, na assembleia, têm entendido produzir; presumo, apenas, que perfilha daquela opinião, há muito enraizada em largas camadas de clientes do sistema educativo, de que ser professor é ser missionário e não apenas um profissional, abrangido por deveres, direitos e garantias, reconhecidamente intocáveis para todos os outros trabalhadores; bom, quanto a maneiras de pensar como é a sua, pouco há a fazer, e não é por acaso que, infelizmente, a escravatura ainda existe, dissimulada por esse mundo; neste caso, melhor teria ficado ao senhor editor clamar por uma rigorosa aplicação da lei, exigindo aos órgãos competentes a fiscalização devida e a actuação adequada, nos casos de abusos comprovados.
- quanto à “poção mágica” de Sócrates, as aulas de substituição, aparecem-lhe como uma grande medida, que, ao que julga, vai acabar com as baldas; ilusão sua, mas coitado, neste caso é apenas mais uma vítima da prestidigitação do governo, que assim ilude os menos informados. Já pensou um pouco sobre o que é, efectivamente, uma aula de substituição? Ela só existe se for dada por um professor da disciplina, que tenha o seu trabalho perfeitamente articulado com o professor titular da turma, caso contrário é, apenas, uma aula de guarda, em que os alunos, por estarem acompanhados por um professor, podem dedicar-se a actividades de socialização, de enriquecimento cultural, ou de estudo, mais positivas, do que as que fariam se estivessem largados à sua própria iniciativa. É um bom instrumento para melhorar a vida interna das escolas e evitar que os alunos ocupem os “furos” em actividades improdutivas, ou, até, perigosas para eles próprios e penalizantes para a organização da escola, mas daí a “vender-se” a iniciativa como a resolução de todos os males da escola e como a panaceia para as dificuldades de aprendizagem dos alunos vai um mundo de diferenças. E para não continuar iludido sobre o fim das “baldas”, peça ao ME uma análise comparativa das faltas dos docentes com este novo modelo de substituição e nos anos anteriores, e vai ver como os números ajudam a clarificar ideias. Entretanto, pode demorar um pouco os olhos em alguns estudos sobre doenças profissionais, conhecer os factores de risco da profissão docente, imaginar o desgaste que dá lidar, em permanência, com um interlocutor hostil e que o impede de concretizar, com sucesso, a tarefa a que se propõe e que lhe compete, e pode perceber que o professor será tudo menos um doente imaginário.
- finalmente, um esclarecimento: o trabalho do professor não é, também, como o de qualquer profissional de gabinete, não se esgota no seu local de trabalho, antes implica trabalho prévio de preparação e trabalho posterior de correcção de testes e de exercícios vários. Portanto, mesmo o professor que apenas esteja obrigado a 23 horas de trabalho na escola fica com 12 horas para esse trabalho profissional a nível individual, isto para trabalhar as 35 horas semanais a que está obrigado; se acha estas 12 horas tempo de mais, experimente ir dar umas aulas e vai ver como é. Aconselho-lhe a experiência, mas aviso-o que ser professor é, efectivamente, uma profissão de risco físico real e de contínuo esforço mental. Se duvida, e porque não deve ir totalmente desprevenido, convém informar-se de quantos casos disciplinares há por ano nas escolas portuguesas envolvendo insultos e agressões contra professores, e quantos docentes foram, só no ano lectivo transacto, parar ao hospital agredidos por alunos, dentro e fora da escola. Se depois de fazer a experiência, ainda achar esta profissão um luxo, venha cá e explique-nos porquê. Pode ser que tenha feito a descoberta do milénio. Até lá, modere a língua (a tecla), para não dizer (escrever) disparates!

Ser professor tem que se lhe diga...

Recebido por email:

O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO!...
se é jovem, não tem experiência...
se é velho, está superado...
se não tem carro, é um coitado...
se tem carro, chora de "barriga cheia"...
se fala em voz alta, grita...
se fala em tom normal, ninguém o ouve...
se não falta às aulas, é um tontinho...
se falta, é um "turista"...
se conversa com outros professores, está a falar mal dos colegas...
se não conversa, é um desligado...
se dá a matéria toda, não tem dó dos alunos...
se não dá a matéria, não prepara os alunos...
se brinca com a turma, arma-se em engraçado...
se não brinca, é um chato...
se chama à atenção é um autoritário...
se não chama, não sabe impor-se...
se o teste de avaliação é longo, não dá tempo...
se o teste de avaliação é curto, tira as chances dos alunos...
se escreve muito, não explica...
se explica muito, o caderno não tem nada escrito...
se fala correctamente, ninguém entende...
se fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário...
se o aluno é reprovado, foi perseguição...
se o aluno é aprovado, o professor facilitou.

É verdade, o professor está sempre errado!

Saturday, February 25, 2006

Carnaval de ontem e de hoje

Do apartamento de Dora Ouve-se o ruído lá fora Do carnaval que já vem. O samba do morro desce E a gente do morro esquece Do gosto que a vida tem.
Vovó fica alarmada! Que terror esta enxurrada De gente suja e brutal! As mulheres, quase nuas, Homens de saia, nas ruas, — Meu Deus, isto é carnaval?
“No seu tempo”, felizmente, Era tudo diferente À neta ela explica, então: — Gente distinta, educada, Batalhava na calçada Do Jockey, que animação!
O corso era uma beleza!
Que elegância, que riqueza De confeti e serpentinas! Sobre as capotas descidas Moças bonitas, vestidas Das fantasias mais finas.
Nos bailes, que brincadeira! Nem pulos, nem bebedeira, Todos podiam dançar. Mas de outro modo, distinto: Se era “família” o recinto, Ninguém mais podia entrar.
Dançava-se o tempo todo. Brincava-se mesmo a rodo, Sem mal, contente e feliz. E o lança-perfume, eu penso Não era usado no lenço E abusado, no nariz!
Às vezes, um mascarado Chegava, alegre e engraçado, Metido num dominó. Passava, dando os seus trotes, Depois lá ia, aos pinotes, Brincalhão, como ele só!
E a Vovó contava à neta... Dorinha ouvia, bem quieta Mas, de repente diz: - Qual, Vovó, desculpe o que eu digo Mas que chato é o tempo antigo! Meu Deus, isso é Carnaval?
Cruz e Sousa

Thursday, February 23, 2006

A arma de Sócrates

Dela, fala-nos a Constança Cunha e Sá, chamando-lhe o novo estilo da governação PS, de que nos fornece exemplos que vão da veneração a Bill Gates aos anúncios de inconcretizáveis planos e medidas, dos quais nunca mais se ouve falar, após cumprida a sua finalidade propagandística.
Talvez por não ser assunto que lhe desperte o interesse, omite CCS a prestidigitação a que se tem dedicado o ME, fazendo passar por valiosas soluções para os alunos, e para a educação em geral, as medidas avulsas e sem critério que tem lançado para o terreno, e que pouco mais têm conseguido do que porem os professores à beira do desespero e provocarem o caos em escolas que precisavam de tudo, menos de "inovações" que viessem potenciar a sua tradicional ineficácia na gestão e no funcionamento.
Dadas a visibilidade e a influência de que goza O Espectro, tenho a petulância de sugerir a CCS e a VPV que se debruçem, um pouco, sobre este novo estilo em matéria educativa, atrevendo-me, até, a propor-lhes um exercício inicial: compararem o aviso de abertura do concurso de professores com o respectivo decreto-lei e tentarem não encontrar diferenças, contradições, omissões e outras perversões (na perspectiva legislativa, bem entendido). Se o objectivo é fazer de conta que se melhora o sistema, até poderíamos fingir que acreditamos, não fosse o facto de as consequências recairem, por inteiro, sobre os alunos, no que não passa de mais uma experiência pouco estudada, mal preparada e pior executada, com o objectivo mal encoberto da penalização dos professores - veja-se o caso da educação especial, um aborto normativo de consequências imprevisíveis. É, de facto, um novo estilo, mas um estilo muito duvidoso, também.

Wednesday, February 22, 2006

O desejo de se aproximar era tão intenso, que lhe tolhia o pretexto.

Monday, February 20, 2006

Sócrates - um ano

«Todas as artes só produziram maravilhas: a arte de governar só produziu monstros», Louis Saint-Just

Sunday, February 19, 2006

Antologia

Speaking to you
this hour
these days when
I have lost the feather of poetry
and the rains
of separation
surround us tock
tock like Go tablets

Everyone has learned
to move carefully

'Dancing' 'laughing' 'bad taste'
is a memory
a tableau behind trees of law

In the midst of love for you
my wife's suffering
anger in every direction
and the children wise
as tough shrubs
but they are not tough-
-so I fear
how anything can grow from this

all the wise blood
poured from little
cutsdown into the sink

this hour it is not
your body I want
but your quiet company

Michael Ondaatje

"I am a pilgrim and a stranger/Traveling through this wearisome land..."

Walk the line

Thursday, February 16, 2006

Incómodo, irreverente, acutilante

E altamente viciante, O Espectro.
Escreve CCS - «O poder anestesia. Manuel Alegre e o seu movimento bem podem ficar com as despesas da cidadania. O PS quer é sossego. E tratar da sua vidinha
Pois é, mas não será com a ajuda de CCS e VPV. Juntos, já mostraram como se gere, muito bem, o desassossego. O PSD pode continuar, descansado, o seu sono de beleza.

A tradição não é seguro de vida

Ouvindo alunos e professores a propósito do encerramento da Escola Secundária de D. João de Castro, até parece que julgam poder travar o mesmo só com o argumento da utilização "comercial", que inventaram que vai ser dada ao local. A Junta de Freguesia, cinicamente, apoia a comunidade educativa na comunicação social, mas não vai descurando outras "linhas de diálogo". É a vida!

"Coelhómetro"

Interessante, a intervenção de Jorge Coelho na Quadratura do Círculo, sobre as boutades de Freitas.

Wednesday, February 15, 2006

Skammen





O governo manifestou ao embaixador do Irão o seu interesse em manter com Teerão uma relação de "mútua confiança e colaboração", enquanto, tardia e frouxamente, fez saber que repudia as afirmações do mesmo embaixador sobre o holocausto nazi.
A urgente saída de Freitas do Amaral do MNE só não será uma afronta aos cidadãos deste país e a muitos de outros países, se a sua demissão não resultar de vontade do próprio. Não se pode salvar a face a quem já não tem face a perder.

Saturday, February 11, 2006

Manias? há muitas...

[Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E, além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.]

Respondendo a este desafio do Miguel Pinto, aqui ficam cinco manias, que, duvido, me diferenciem de quem quer que seja:
*mania de achar que a vida merece ser vivida - mesmo quando algumas circunstâncias justificariam menor optimismo
*mania de procurar a poesia que cada um tem dentro de si - embora alguns poemas sejam imperfeitos, são sempre poemas
*mania de coleccionar retalhos de vida - a memória é, com o sonho, uma grande companhia
*mania de "viver" lugares que visito - passear a pé, olhar rostos, observar pessoas, demorar o olhar nas fachadas, adivinhar a vida para além delas...
*mania de adivinhar o que outros pensam - um exercício frequentemente embaraçoso, por ser tão bem sucedido
Para não quebrar os elos, passo o desafio a:
porquê? porque sim.

Thursday, February 09, 2006

«Se uma civilização não gera os instintos necessários para sobreviver, é porque não merece sobreviver.»

Quem o escreve é Luciano Amaral, num excelente artigo no DN, do qual se transcreve:
«A triste conclusão é que, provavelmente, o Islão não tem nada que nos "compreender" a nós porque a cada dia que passa nós vamos existindo um pouco menos. Quem vê as torres gémeas cair e os comboios de Madrid a arder e continua a pregar a "compreensão" do outro não é, obviamente, merecedor de qualquer respeito. O ódio de tantos ocidentais à civilização a que pertencem é um dos fenómenos mais fascinantes e deprimentes do mundo de hoje. São esses os ocidentais que passam o tempo a recensear horrores no Ocidente, ao mesmo tempo que "compreendem" os horrores alheios, em nome da sua "especificidade" cultural. São eles que nunca encontram nenhuma razão para o Ocidente se defender de insultos e ataques. São eles que consideram Bush e os EUA os equivalentes actuais do nazismo (sem exagero basta lembrar o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, as bandeiras americanas com as cruzes gamadas ou Bush com o respectivo bigodinho alusivo), mas parecem achar normais as regurgitações iranianas sobre o Holocausto. São eles que consideram Guantánamo a maior vergonha da humanidade (o "novo gulag", na imortal definição da Amnistia Internacional), mas encolhem os ombros aos 300 mil mortos do regime de Saddam

Luta contra o abandono escolar

Sai um café e um preservativo!

A ler*

(Os ‘cartoons’ dinamarqueses)« São peças de puro “terrorismo intelectual”, e ninguém devia ficar surpreendido com as reacções que geraram no mundo islâmico. A ideia era exactamente essa: mostrar ao mundo quão básicos, primários e “atrasados” são os povos islâmicos. Vir agora dizer que são actos de pura liberdade de expressão artística é de uma candura e inocência que afligem. E dizer que a liberdade de expressão é um valor absoluto espanta. Então porque é que em todo o Ocidente são proibidos os partidos nazis e a defesa das ideologias nazis?» - escreve Domingos Amaral, no DE*.

Monday, February 06, 2006

Menores cada vez mais em risco?

Segundo o DN de hoje, «As comissões de protecção de crianças e jovens vão deixar de acompanhar os processos por elas instaurados, devolvendo-os aos serviços de origem Segurança Social, hospitais, escolas, autarquias e outros, de acordo com o problema detectado. A ideia é aliviar estas estruturas do excesso de trabalho - um técnico chega a acompanhar em permanência 200 famílias -, para o qual não estão dimensionadas nem preparadas
Por que será que as medidas que esta notícia antecipa me cheiram a varrer a poeira para debaixo do tapete? O que parece é que, em vez de uma reestruturação séria das equipas, o que vai fazer-se é enrolar os problemas , tipo pescadinha de rabo-na-boca, deixando as situações, na sua maioria a requererem uma intervenção multidisciplinar, sem uma efectiva entidade de coordenação e controle, com capacidade de uma acção célere, competente, eficaz e responsável.
Aliás, as duas notícias do DN de hoje, sobre este assunto, deixam margem a uma dúvida pertinente sobre um desnecessário e deslocado "branqueamento" da actuação das Comissões de Menores e, pior, deixam a sensação de que ninguém se quis meter no vespeiro que as CPCJ constituem, antes querem fazer de conta que as mudam, mas, realmente, deixam tudo pior.

Entre o dizer e o fazer...

A senhora ME vem, em boa hora, defender que os alunos permaneçam na mesma escola desde o Jardim de Infância ao 9º ano. Já o ministro David Justino apontava, como uma causa determinante do insucesso escolar dos alunos, a mudança de escola na transição de ciclos importantes do sistema educativo. Ele punha o ênfase, e quanto a mim muito bem, na transição do 3º ciclo para o secundário, propondo-se voltar a dar este nível de ensino os 6 anos de escolaridade que, tanto o bom senso, como o conhecimento do desenvolvimento intelectual e afectivo do jovem, e ainda da realidade sócio-económica deste país, mais recomendam. Não é essa a opção do PS, paciência, antes um mal menor, do que bem nenhum.
A equipa da 5 de Outubro inventou agora os centros escolares integrados, que, tal como se anunciam, não são outra coisa diferente das escolas básicas integradas, que já existem hoje. Nomes à parte, espera-se que o "investimento" em novas escolas de ensino integrado, do pré-escolar até ao 9º ano, promovam escolas que sejam isso mesmo, integradas, porque hoje não é bem assim. De facto, a não obrigatoriedade do pré-escolar cria a situação obtusa de haver crianças que frequentam a educação pré-escolar numa escola básica integrada, e deixam esta quando entram no 1º ciclo, isto à conta do cumprimento da legislação aplicável a ambos os casos. O actual, e mediático, anúncio da ministra é suficientemente ambíguo, ou assim foi transmitido pela comunicação social, para continuar a manter esta situação enviesada, enquanto pisca o olho aos "altos" nos media, referindo, de passagem, a integração do pré-escolar nos referidos centros escolares integrados. O que se anuncia significa que se vai remediar essa falta de compatibilização entre o pré-escolar e a escolaridade obrigatória, generalizando a obrigatoriedade à educação pré-escolar? Para além desta pertinente questão, uma outra, pelo menos, deveria merecer um "leve" esclarecimento da senhora ME: se está já identificado o montante financeiro anual de uma alteração como esta que anuncia, com tamanha determinação e certeza, e se, conhecida a despesa, há resposta financeira para ela. Sem isto, estamos todos cheios de boas intenções, mas...

Da indignação

O cristianismo, e os seus símbolos, têm sido violentamente agredidos, vilipendiados e satirizados, e os crentes, em nome do seu estadio civilizacional, integram as ofensas, com bonomia e compreensão, atribuindo o gesto a superioridade cultural. Superioridade com que têm deixado impregnar as suas relações com o mundo islâmico, que agora gostariam que desse equivalentes provas de afrouxamento das suas convicções. Enganaram-se, e, perante a reacção inesperada(?), baralham os argumentos, ficando-se, de novo, pelo balofo do politicamente correcto. Estes erros pagam-se caros, pelo que é tempo do Ocidente tentar perceber se ainda lhe resta algum património de convicções intocáveis, e tornar-se mais convicto na sua defesa.

Da liberdade

Ou tem limites, ou não é liberdade.

Wednesday, February 01, 2006

Feira de Vaidades

Ao ver ontem a nata da Administração Pública em peso, autarcas, muitos membros do governo e inúmeras múmias do regime arrastarem-se para o Centro de Congressos de Lisboa para ouvirem uma brevíssima intervenção de Bill Gates, percebemos porque é que ele se tornou num dos homens mais poderosos do planeta e nós não conseguimos modernizar a AP, nem a tiro de canhão! Por muito que o ministro António Costa nos queira convencer do sucesso retumbante do governo socialista na modernização de carton em que nos vem embrulhando, com aquela pose de estadista de pacotilha, a voz grossa e o ar triunfante, com que se deu ao luxo de desdenhar a tecnologia, mesmo na cara do seu convidado Gates. Se o governo não estivesse tão cheio de orgulho pacóvio, teria percebido ali mesmo que, assim, não sairemos da cepa torta.

Open Gates

É só porque sabemos que Gates não brinca com coisas sérias, que o "choque" mediático da visita do senhor Microsoft não nos merece uma gargalhada.