Wednesday, August 31, 2005

Le chien et le flacon

"-- Mon beau chien, mon bon chien, mon cher toutou, approchez et venez respirer un excellent parfum acheté chez le meilleur parfumeur de la ville." Et le chien, en frétillant de la queue, ce qui est, je crois, chez ces pauvres êtres, le signe correspondant du rire et du sourire, s'approche et pose curieusement son nez humide sur le flacon débouché; puis reculant soudainement avec effroi, il aboie contre moi, en manière de reproche. "-- Ah! misérable chien, si je vous avais offert un paquet d'excréments, vous l'auriez flairé avec délices et peut-être dévoré. Ainsi, vous-même, indigne compagnon de ma triste vie, vous ressemblez au public, à qui il ne faut jamais présenter des parfums délicats qui l'exaspèrent, mais des ordures soigneusement choisies."
Baudelaire

Tuesday, August 30, 2005

Não vás, poeta, além da tua trova.

Foi tudo triste. O momento escolhido, véspera do anúncio da candidatura de Mário Soares, o tom e a forma do discurso, aquela indecisa disponibilidade ainda lançada para a mesa, como que à espera de uma mão estendida, de um movimento que o reponha na estrada de leite e mel que lhe deram a provar e da qual o expulsaram, sem contemplação. Há quem lhe tenha reconhecido a dignidade dos homens ingénuos e puros. Admito que alguma réstea dela por ali andasse perdida, mas tudo o resto foi de tal forma patético, que não a consegui vislumbrar. Uma pena, mas já passou. Fica-nos sempre o poeta.

Memento

«As universidades e politécnicos vão receber mais 22 milhões de euros do que estava previsto no orçamento de Estado de 2005 para despesas de funcionamento em 2006, anunciou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.», Diário Digital.
Para quem andava distraído, percebe-se agora o porquê da controvérsia provocada pelos rankings das universidades, que tanta tinta fizeram correr no Público há uma semanas, e que foram tudo menos exercícios inocentes.
As centrais sindicais divergem na apreciação da forma como o concurso decorreu este ano. Para a FNE, o concurso de colocação, "decorreu incomparavelmente melhor que em 2004 até porque o ano passado se cometeram erros irrepetíveis e inimagináveis". Já Augusto Pascoal, da FENPROF, considera que "do ponto de vista técnico o concurso correu bem, mas o governo está a recolher os louros da equipa anterior, que resolveu os problemas registados na colocação do ano lectivo 2004/2005."
Coincidem, contudo, na preocupação quanto ao subdimensionamento dos quadros das escolas, "porque o número de professores colocados está abaixo do esperado” (FNE) e que "tenham ficado 40 mil professores de fora, mais dez mil do que no ano passado", um resultado que reflecte "as medidas de natureza economicista tomadas pela ministra da Educação" (FENPROF).
O ME diz que estão reunidas as condições para uma tranquila abertura do ano lectivo.
Estão?

Sunday, August 28, 2005

«Assim é, se lhe parece.»*

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* Luigi Pirandello

Antologia

La Selva

Con salvaje lujuria de pantera
se enardece la selva en el estío,
y el huracán con ímpetu bravío
destrenza su olorosa cabellera.

Blonda cascada de hojas reverbera
sobre el ramaje trémulo y sombrío,
que troncha el rayo en rudo desafío,
incendiando el plumón de su cimera.

Se retuerce la jungla acribillada
por dos pupilas de rubí llameante
que desgarran su carne alucinada.

Viborea un relámpago en las huellas,
el temible jaguar huye jadeante,
y en su lomo chispean las estrellas.

Javier del Granado

Friday, August 26, 2005

Africandar



Através do ABNEGADO, excelente blog que visito regularmente, tomei conhecimento do surgimento deste outro blog, Africandar, que se revelou uma agradabilíssima surpresa para quem andou pelos sítios que Leston Bandeira evoca com tanta sensibilidade no seu primeiro post. Recordando velhos tempos e velhas experiências, aqui fica uma fotografia de uma das Garratts, neste caso a óleo, do CFB.

Nada é seguro!

Quem o diz é Vasco Pulido Valente, no seu artigo no Público, no qual aborda os sofismas do governo nos casos da "reforma" da Administração Pública e da limpeza coerciva das florestas. Termina, assim:«Quem acredita que este regime inimputável, imprevidente e doloso cumpra os seus deveres mais básicos? Entrámos na arbitrariedade. Nada é seguro.» Pois não.

Thursday, August 25, 2005

Serviço Público n'O Diário do Anthrax

Inspirado por este post, por sua vez uma simples chamada de atenção para um interessante post no Blogo Existo, o meu querido amigo Anthrax publicou no seu blogue o texto Why Johnny’s Teacher Can’t Teach – by Heather Mac Donald 1998 . Sendo indiscutível o interesse desse texto, está o Anthrax de parabéns por o ter recordado.
Apesar das naturais diferenças que nos separam da sociedade americana, o nosso impulso para a importação do que se faz lá fora permite-nos ler o texto e sentirmo-nos sentados na ponta do divã do psicanalista. Passam por lá os nossos anos de experiências começadas e nunca acabadas, as nossas pedagogias centradas na visão idealizada e romântica das criancinhas, o nosso medo das práticas pedagógicas orientadas para a aquisição de conhecimentos, a sobrevalorização que fazemos do papel do espaço aula no desenvolvimento das competências sociais/relacionais dos jovens em detrimento do seu papel como espaço de aprendizagem formal, o predomínio do ensinar a aprender sobre o ensinar conteúdos e transmitir conhecimentos, que é a nossa grande coroa de glória no mundo do "eduquês".
Nem vale a pena continuar a avançar o historial das nossas péssimas práticas, que as alimentamos ao seio e delas não queremos abrir mão. Somos maus alunos, o que se há-de fazer?! Parece-me que é já tempo de olhar para os resultados de todas estas experiências falhadas e sermos capazes de perceber o que faz falta, deixando-nos de panos quentes e caldos de galinha, que nos levaram ao triste estado em que temos hoje a educação. E, não descurando os bons exemplos que nos possam chegar de fora, termos a coragem de separar o trigo do joio e adoptarmos apenas o que é adequado a nós.
Há que parar e pensar nas escolas que temos e no que podemos fazer com elas, realisticamente; há que perceber que tipo de formação precisamos de dar aos portugueses para pôr este país a funcionar e investir corajosamente nela, sem falsos novo-riquismos e sem demagogia; há que explicar aos paizinhos que os filhinhos precisam de saber, que a escola não existe apenas para suprir a negligência das famílias e substituir-se a estas, que os bons resultados escolares se obtém com muito esforço e não se "compram", como um passe para uma qualquer universidade, que conferirá aos seus rebentos o ansiado título de Dr.; há que ser capaz de dignificar uma classe docente castigada, vilependiada, mal formada e mal informada, a quem se exige tudo, a quem se culpa de tudo, mas tudo o que dela se espera não é o rigor pedagógico e a qualidade técnica, antes o facilitismo, o "porreirismo", a permanente disponibilidade para fazer das escolas espaços de aprendizagens transversais, onde se descarregam os filhos para que eles lhes dêem aquilo que as famílias se negam a fazer.
Não se pense que defendo aqui a escola que apenas limite a sua função a ensinar conteúdos, ou o professor "debitador" de conhecimentos. Longe disso, até que os tempos aconselham a repensar a escola em moldes completamente novos. O que defendo é que não se caia no exagero e no disparate a que se chegou, que não se peque por 8 ou por 80. Bom senso, honestidade, genuíno interesse pelo país, descomprometimento, seriam requisitos bastantes para que qualquer governo resolvesse a questão da educação em Portugal, desde que possuisse, em elevado grau, o principal - coragem. Não seria fácil, mas fazia-se. Assim, andamos apenas a enganarmo-nos a nós próprios.

Wednesday, August 24, 2005


Esquecer as mesquinhas questiúnculas nacionais ouvindo Der fliegende Holländer, de Richard Wagner. É quase tão bom como estar de férias.

Já não há vergonha e comem todos.

A propósito da notícia de Bárbara Baldaia no DE, que, por sua vez, aborda a nomeação de Vara para a CGD, Rodrigo Adão da Fonseca escreve no Blasfémias um post imperdível (como são, habitualmente, os seus), que remata assim: «José Sócrates é hoje a face mais visível da arrogância de quem se apoderou do poder político e da coisa pública, e se limita a geri-la em benefício próprio e dos seus. Convido todos os nossos leitores a manifestarem aqui a sua indignação.» Como não poderia estar mais de acordo, aceito o convite e indigno-me.
"Num processo que envolve a avaliação das candidaturas e das dinâmicas que vão desenvolver-se, a candidatura do PCP assumirá plenamente o exercício dos seus direitos, desde a apresentação até ao momento do voto", afirma Jerónimo de Sousa, ao anunciar que representará o PCP na corrida presidencial, uma candidatura que se assume, desde logo, com o objectivo de derrotar a direita e que vai deixando no ar a possibilidade de uma desistência antes do voto.
Mário Soares continua sem razões para se preocupar, que a passeata até Belém afigura-se sem entraves de monta.

Tuesday, August 23, 2005

Tão perto e, no entanto, tão longe...

Os incêndios que nos massacram não são, infelizmente, monopólio deste nosso rectângulo à beira-mar. A vizinha Espanha também arde e as notícias dão-nos conta de como estão nuestros hermanos a lidar com o seu problema. O que se lê no El Pais, por exemplo, chega para nos exemplificar o mundo de diferenças que nos separa dos nossos vizinhos, na forma como enfrentamos um mesmo problema.
Quanto aos incêndios da Galiza, o jornal faz um ponto de situação suficientemente elucidativo para quem vive, ou pretenda deslocar-se para as regiões afectadas, o que não é muito comum acontecer nas notícias em Portugal, que preferem uma visão mais "personalista" dos dramas que o fogo ateia. Critérios jornalísticos, que mereceram já um comentário a propósito no Abrupto.
Sobre os incendiários, enquanto por cá nos interrogamos se serão todos maluquinhos que os manicómios mandam para casa de férias, e se há alguém que pergunte, ao menos, as razões que os levam a brincar com os fósforos (e há caça grossa na toca!), o mesmo jornal dá conta de que o Ministério do Interior espanhol não tem andado a dormir na forma. Não será muito, mas talvez haja algum conforto em saber que «El Ministerio del Interior ha informado hoy de que la Guardia Civil ha detenido a 99 personas por los incendios producidos desde la puesta en marcha del Plan de Especial de Prevención de Incendios Forestales 2005, que empezó en junio de este año y que estará activo hasta el 30 de septiembre. Esas personas han causado 17 muertes y obligado a evacuar a 2.786 personas y 750 viviendas.
Además, informa Interior de que se han esclarecido las causas de 829 de los 1.845 incendios, de los que 125 han sido intencionados. Del resto, 227 se han producido por causas naturales, 230 por accidentes y 247 por negligencias
.
»
Quem mandou o Afonso bater na mãe?

Monday, August 22, 2005

«O espírito crítico é, em Portugal, um luxo para diletantes, ou coisa pior.»

Termina assim um curto mas excelente post no blogo existo, em que se conclui que «como a nossa organização social assenta na obediência e no conformismo, não na investigação e no debate», as escolas não devem fomentar o espírito crítico nas criancinhas. Por aquilo que se conhece dos últimos trinta anos, as escolas têm fomentado tanto, mas tanto, o espírito crítico, que as consequências estão à vista de todos - péssimos resultados escolares, graves problemas disciplinares. Não chegámos ao estado a que chegámos por acaso. Em contrapartida, somos muito bons a opinar e criticar tudo e todos, sem que com a crítica sejamos capazes de construir algo de positivo . Está, portanto, em boa altura de mudar, "encarneirando" numa bovinidade tranquilizante. O Coelho agradece.

«An expert is a person who avoids small error as he sweeps on to the grand fallacy.»*

Fórmula de financiamento ao ensino superior - para um restrito clube de iniciados (e interessados). E se uma das universidades, ou um dos politécnicos, promovesse uns cursinhos de formação?
*Benjamin Stolberg
Segundo o Jornal de Negócios, «O Governo não faz, na circular de preparação do OE 2006, qualquer referência às regras de congelamento das entradas na função pública, ao contrário do que tinha acontecido nos últimos três anos». Será legítimo concluir, como faz o título do mesmo jornal, que «Congelamento de admissões acaba no OE 2006»? Uma leitura da circular não parece permitir tal conclusão, mas talvez o objectivo seja mesmo deixar larga margem à "imaginação"!

Sunday, August 21, 2005

Mind the dog!

Escreve Vicente Jorge Silva, no DN:
«A maioria dos grupos de media sofre de uma vulnerabilidade crónica às pressões políticas (como se viu com a TVI no caso Marcelo ou a PT no caso Lusomundo). E a "parlamentarização" da tutela dos media públicos, embora seja um bom princípio, não anula o jogo subterrâneo das interferências e promiscuidades inconfessáveis. Por outro lado, se as maiorias parlamentares tendem a funcionar como caixa de ressonância dos governos, verifica-se ainda uma ausência gritante de massa crítica nos partidos políticos para equacionar e debater as questões dos media com um mínimo de sensibilidade e competência. Ora tudo isto são também factos, não intrigas.»

«A Ambiguidade é a Arte do Suspenso»*

Aqui há umas semanas, a Ministra da Educação anunciou cortes nas reduções dos horários dos professores e, entre outras razões, justificou a medida com a intenção criar mais lugares docentes.
A quem conhece o funcionamento e organização das escolas, a justificação pareceu absurda, por se prever que acontecesse exactamente o contrário, mas o estado de graça de que este governo ainda goza no que à educação diz respeito, calaram qualquer especulação sobre o assunto. Entretanto, as escolas começaram a aplicar as determinações do ME e verifica-se o que se esperava - provavelmente haverá cerca de 45000 professores sem emprego e um aumento muito significativo do número de horários zero em certos grupos disciplinares. A acrescentar a isto, reina o caos na regulação da componente não lectiva feita escola a escola e, em estabelecimentos de ensino sobrelotados, o apoio que as horas não lectivas cumpridas pelos professores nas escolas deveriam propiciar aos alunos é miragem. O que é lamentável, porque é nessas escolas em que mais falta faz esse apoio, quer como complemento curricular, quer como acompanhamento tutorial dos alunos. A pouco mais de 15 dias do início das aulas, estas situações não transparecem para a opinião pública, porque não merecem o interesse da comunicação social, mas as mesmas não deixam de estar a preocupar as escolas e são conhecidas pelos sindicatos do sector, pelas associações de professores e pela Confap. Para quando uma atitude?
*Ana Hatherly

Saturday, August 20, 2005

Watchdogs

A questão está lançada na blogosfera, e nos jornais, e sobre ela merece a pena ler o que se vem escrevendo no Bloguítica, na Grande Loja, no Quarta República, sem esquecer o papel do Abrupto na emergência deste debate.
No momento em que se redefine o poder no controle dos media, a quem interessa promover uma discussão tão acalorada sobre a influência dos blogues políticos?

«É raro que estejamos completamente inocentes dos nossos sofrimentos»*


No DN de hoje escreve-se aquilo que se diz, abertamente, nas hostes socialistas. Esta imagem de Sócrates revela o estado do governo ao fim de cinco escassos meses - gasto, cansado, zangado, abandalhado, acossado. É caso para lhes lembrar a receita de Vitorino: habituem-se, porque o estado de graça não pode durar sempre.
*Jean Rostand

Direito à indignação

Meu direito. Perante a atitude olímpica e ofendida de Sócrates, contra os reparos feitos à sua ausência num momento em que os fogos destruíam parte significativa deste país. Se não há dignidade, que haja, ao menos, vergonha.

«A moral não é mais do que a regulamentação do egoísmo»*

O pagamento da casa do ministro das finanças seria, em si mesmo, irrelevante, não fosse o caso deste governo estar a massacrar a função pública em nome de uma "moralização" que, no quadro dos "casos" deste governo, se transforma na maior das mistificações.
*Jeremy Bentham

Tuesday, August 16, 2005

Incêndios, mentiras e vídeo*

«Há «pelo menos cinco anos» que o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, alerta os diferentes ministros da Administração Interna e o Serviço Nacional de Bombeiros» para a existência de menores a combater incêndios como se de gente grande se tratasse.» - Portugal Diário
Apresente-se a lista dos Ministros da Administração Interna dos últimos cinco anos, mais a lista dos Primeiros-Ministros no mesmo período, anexem-se as provas do que afirma Fernando Curto e apresente-se tudo a tribunal. Pode ser que se faça justiça (e, em consequência, nos livrem deste bando que se governa, desgovernando o país)
*O MAI diz que não conhece a existência de menores no combate a incêndios. Porquê? Os alertas de Fernando Curto têm sido feitos em aramaico?

Vara a pau!

«A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou, no primeiro semestre, um resultado líquido de 305,4 milhões de euros, o que se traduziu num acréscimo de 38,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.» - Jornal de Negócios online
Já dá para pagarem as indemnizações aos gestores demitidos, os grandes responsáveis por estes resultados.

Engabelar os incautos

Pergunta displicente:
«Por que motivo saiu Sócrates de Portugal, neste período, para um sítio tão exótico, tornando-se, voluntariamente, tão vulnerável a críticas azedas e generalizadas? O que aconteceu no nosso país, nestas semanas, que motivou o seu afastamento?»
Creio que temos que começar a fazer como os cães de guarda: ser capazes de resistir ao melhor engodo que nos ofereçam.
Jorge Coelho não se sente.
Isto está perigoso!

Antologia

I’VE been a hopeless sinner, but I understand a saint,

Their bend of weary knees and their contortions long and faint,

And the endless pricks of conscience, like a hundred thousand pins,

A real perpetual penance for imaginary sins.

I love to wander widely, but I understand a cell,

Where you tell and tell your beads because you’ve nothing else to tell,

Where the crimson joy of flesh, with all its wild fantastic tricks,

Is forgotten in the blinding glory of the crucifix.

I cannot speak for others, but my inmost soul is torn

With a battle of desires making all my life forlorn.

There are moments when I would untread the paths that I have trod.

I’m a haunter of the devil, but I hunger after God.

Gamaliel Bradford
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Wassily Kandinsky

Friday, August 12, 2005

Haja decoro, Senhor Ministro

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Começo, Senhor Ministro, Excelência, por lhe dar um conselho: não deixe a sua empregada doméstica escrever-lhe os artigos; ela pode ser uma expert na faxina e noutras actividades afins, até é meritório esse seu empenho em dar-lhe oportunidades de subir na vida, mas a escrita de opinião não é o forte dela; arranje, portanto, um bom assessor e descanse nele as tarefas (pseudo)literárias a que gosta de emprestar o seu nome.
Continuo nos conselhos (se fossem bons, vendiam-se, mas, enfim...): antes de se empinar em ares de dama de virgindade ofendida, recorde os pinotes que tem dado em cama alheia e morda a língua antes de insultar o «agressor»; recorde a empresasita com que em tempos viveu de «casa e pucarinho» e resguarde-se das pedradas, que lhe estilhaçam o ministeriável verniz; noutro país já estava a ter que prestar contas, se não queria mudar de ramo e tornar-se a belle de jour numa qualquer estância de repouso obrigatório...
Finalmente, um comentário, sobre uma irremediável, e lamentável, circunstância: como já deve ter percebido, o seu código genético não o habilita para a compreensão escrita; abstenha-se, portanto, de nos tentar impingir a história da carochinha; peça a alguém que leia os relatórios que andam por aí, na internet e nos jornais, e lhe explique o que eles querem dizer; depois, em vez de vir cá falar-nos dos estudos da OTA, olhe, arrase-nos com esse seu olhar matador e diga que a decisão é... porque sim! Vai ver como todos percebemos!

Tachos e panelas...

Os tachos vão-se distribuindo. Cabe a vez a Ferro Rodrigues de ser nomeado pelo Governo embaixador de Portugal na OCDE, ficando confortavelmente sedeado em Paris. Longe dos escândalos e do julgamento da Casa Pia - longe da vista e com uma abençoada imunidade diplomática, pois claro!
Para quando uma distinção, um lugar, uma honraria para Paulo Pedroso? Esgotados os tachos, lá terá de ser uma panela, quem sabe se num daqueles paraísos orientais, agora que a Madeira já não está tão in como o seráfico ex-ministro gosta?

Habituem-se!

Assisti, com pasmo, à resposta do porta-voz do MNE (Carneiro Jacinto, creio que é o nome da besta) ao pedido de auxílio dos portugueses retidos no aeroporto de Heathrow. Pelo tom, seco e desabrido, a resposta foi clara - vão à m****! As palavras foram elucidativas do respeito que merecem os portugueses a esta corja do Governo - não temos nada a ver com o assunto, consultem a agência de viagens!
Compreendo que as embaixadas e consulados não resolvem problemas de tráfego aéreo, mas este ultrapassa bastante um simples problema de mobilidade de cidadãos nacionais no estrangeiro. Então, para que servem os nossos serviços diplomáticos? Com o que gastam, mais vale começarmos já a economizar por aqui - fechem-se. Ou eles só reagem (e, mesmo assim, tarde e mal) quando os envolvidos são traficantes de droga?
ADENDA: leio na Lusa que, finalmente, «um encarregado de negócios de Portugal em Londres e o adido social da embaixada estão no aeroporto para se inteirar da situação e dar "o apoio possível" aos portugueses».
Terá havido vergonha, mas não desculpa o erro inicialmente cometido. Para quando a demissão do porta-voz, ou, pelo menos, um pedido de desculpas deste?

Sobre o impacto dos blogues no debate público

No Abrupto, Pacheco Pereira actualiza a lista de 70 blogues que deram seguimento e amplificaram a sua pergunta inicial sobre a OTA e que, segundo a sua interpretação, com a qual concordo, obrigaram a comunicação social a não ficar calada sobre este assunto e, mais importante, forçaram o Governo a algum esclarecimento sobre o mesmo.
«Foram os blogues que suscitaram a questão do "estado" dos estudos da OTA, e a exigência (que permanece) da sua publicitação em linha, a comunicação social tradicional veio atrás. Não há mal nenhum nisso, mesmo quando não o querem reconhecer. O que interessa é o debate público, não a citação, que ainda é uma cultura escassa fora dos blogues. O que interessa é que se ajude a mudar o modo de fazer política em Portugal, do ponto de vista dos contribuintes e não do ponto de vista do estado, que é o que ainda domina o discurso da situação e da oposição tradicional, e muita da imprensa. Esta é uma genuína causa liberal, mesmo sem o rótulo. Liberal, de liberdade
Este blog aderiu desde logo a esta campanha. A pergunta permanece aqui ao lado.

Wednesday, August 10, 2005

To friendship

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Henri Matisse

Tuesday, August 09, 2005

Angola - boas notícias

Uma das boas notícias, no Expresso África (02/08/05), é que «A maior feira do livro técnico e universitário jamais organizada em Angola, sob iniciativa conjunta da Universidade Agostinho Neto e do Instituto Português do Livro e Bibliotecas com a apresentação de 11 mil livros distribuídos por 1200 títulos, está a despertar um inusitado interesse entre milhares de estudantes que diariamente acorrem aquele local.» O maior sucesso verificou-se nos títulos das ciências sociais e humanas, mais baratos, mas a feira promoveu a aquisição, a preços bonificados, de obras científicas, o que não deixará de se constituir como um valioso contributo para o aumento do nível de conhecimentos técnicos dos estudantes angolanos. Uma vitória, também, para a cultura, a língua e a divulgação da produção científica portuguesa? Tudo parece indicar que sim.
Outra boa notícia, veiculada hoje pela Angola Press, dá-nos conta que «O Director do Centro Tecnológico Nacional (CTN), Nanizey Kindudi, defendeu hoje em Luanda a cooperação entre os institutos nacionais de investigação científica para ultrapassar as dificuldades matériais e financeiras», lembrando que «os institutos e as companhias petrolíferas, têm equipamentos e laboratórios que com colaboração podem ser aproveitados e utilizados por investigadores». Parece caminhar na direcção certa, advogando que « o orçamento dos institutos deve estar separado do (orçamento) dos ministérios para agilizar o trabalho dos investigadores».
Quando esta temática é também uma das nossas preocupações, lê-se, com agrado, na mesma fonte, que os ministros da Ciência e Tecnologia da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) se reunirão, em Luanda, de 8 a 10 de Novembro próximo, para, no âmbito da cooperação bilateral, avaliarem o grau de implementação e debaterem o prosseguimento de acções com vista ao «intercâmbio e troca de experiências sobre políticas de ciência e tecnologia dos países membros, com o objectivo de criar um melhor entendimento dos processos e mecanismos de gestão e promoção no espaço científico da CPLP ».

«Os salvadores da pátria»

Sobre quem escreve Nuno Sampaio no DE:
«O problema é que enquanto continuamos a discutir quem deve ser o próximo Presidente da República, e todos os dramas e novelas das amizades e inimizades da política portuguesa, as questões de fundo de Portugal continuam por resolver. Continuamos a ter um défice de qualificação dos recursos humanos que não permite uma necessária alavancagem do País com base no capital humano. Continuamos sem um clima favorável ao espírito empreendedor que permita a criação de empresas e uma forte dinâmica do mercado de oferta de produtos portugueses. Continuamos com um Estado ineficiente, pesado e burocrático, que absorve uma imensidão de recursos e não facilita a libertação da Sociedade Civil

Minudências (ii)

Apesar de estar atravessado por muito de razão possível (o que quer que isto seja!), o post 960, no Bloguítica, acaba prejudicado por algumas insignificâncias, a saber: Carrilho não tem, no contexto actual, peso político suficiente para poder afrontar este PS instalado; Alegre está, irremediavelmente, out; Soares representa, no imediato e para este PS, a tábua de salvação; Sampaio não endossou, nem deixou de endossar a candidatura de Soares, logo, jogo nulo, por enquanto. O triste desmentido de Carrilho vem expor a sua fragilidade, exactamente porque é falso; saem reforçados deste episódio: a imagem trabalhada para consumo externo de Soares e Sócrates, o poder real de Jorge Coelho. As correntes subterrâneas que contam vão muito para além destes irrisórios episódios; elas ditarão o resultado do jogo, no momento próprio.

A saga continua

Como no Abrupto:
NUMA BLOGOSFERA, PERTO DE SI
Sessenta e três blogues Bloguítica. Blasfémias , Ciberjus , Von Freud , Grande Loja do Queijo Limiano, [ai-dia], A destreza das dúvidas , crackdown, ContraFactos & Argumentos , ' A Esquina do Rio , Almocreve das Petas, Um prego no sapato, ...bl-g- -x-st-, sorumbático, Portuense, ABnose, Portugal dos Pequeninos, Teoria da Suspiração, A Baixa do Porto, Minha Rica Casinha, Sombra ao Sol, Insustentável, Insustentável Leveza, Virtualidades , Blogdamarta, Adufe, Tela Abstracta, opinar, Abnegado, Cabo Raso, Bateria da Vitória, Foz, Tempo Suspenso, Galo Verde, Navio Negreiro, Entre Pedras, Palavras, Viver Bem na Alta de Lisboa, Faz Tudo, SEDE, Observador Cosmico, Nortadas, Piano, primadesblog, Pura Economia, Impertinencias, Nova Floresta, Acid Junk Food, Prova dos Nove, Quinta do sargaçal, O cacique, Cuidado de Si, My Guide to your Galaxy, Ideias Dispersas, Gatochy's blog, Congeminar, Verão Verde, Forum Comunitário, Ma-Schamba, Ecletico, Miniscente, o careto, iuris, 19 Meses Depois,
e um jornal digital, o Portugal Diário leram isto
"Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções."(Manuel Pinho, Diário Económico, 28-07-05)
e correspondendo ao apelo do senhor Ministro fizeram o pedido, exigência bem educada,
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?
e receberam a resposta:
NÃO. PELO MENOS PARA JÁ, ATÉ QUE O GOVERNO FAÇA O SEU ESTUDO, VISTO QUE AINDA NÃO FEZ NENHUM, APESAR DE JÁ TER DECIDIDO TUDO.

Monday, August 08, 2005

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Foto roubada ao amigo Anthrax

Já muitos o disseram, mas por ser tão grosseiramente ofensivo, justifica-se que cada um de nós não deixe de manifestar o desconforto que sente com a ausência de Sócrates, com o desinteresse de Sampaio, com a generalizada fuga do governo, num momento em que o país arde e as populações sofrem.
Não tenho terras, nem casas, nem família ameaçadas pelo fogo, ou melhor, tenho terras, e casas, e irmãos a arder, a sofrer, a verem-se na ruína, porque é o meu país, é o povo a que pertenço, que sofre e desespera, em alguns casos quase sós, a enfrentarem a besta com os seus próprios e fracos meios.
E é porque esta é a minha terra e a minha gente, que sinto vergonha de saber que o primeiro- ministro goza, no conforto da distância, as férias de sonho às quais, só a miséria e o sofrimento da terra que quis governar, retiram a «legitimidade»; que sinto desprezo pelo ministro que, com secura e indiferença, diz aos que vêem haveres ameaçados pelo fogo que lutem pelo que é seu, porque aquele que deveria ser o direito de cada um à segurança e protecção, não chega para todos; que me resulta ofensivo que um senhor, que se diz presidente de todos nós, sobrevoe as terras que ardem e se limite a frases de circunstância, em exercício fútil de panaceia caritativa.
O que dói, o que envergonha, o que fere, já nem é só o sabermos que esta calamidade é, apenas, fruto da irresponsabilidade, da ganância, da corrupção, que os governos permitem e acolhem, pela omissão e o compadrio; o que, verdadeiramente, pesa é esta indiferença altaneira destes governantes, esta manipulação reles que fazem da comunicação social, para que a sua imagem saia incólume no meio desta desgraça, esta comiseração compungida, mas inconsequente, de que dão provas no presente, a antecipar o que vai ser a sua desresponsabilização no futuro imediato.
Que vergonha tenho deste governo! Que pena tenho deste país!

Sunday, August 07, 2005

Friday, August 05, 2005

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Terres de Grands Feu, Miró, 1956-57.

Assim também NÃO, senhor Ministro!

Antiga empresa de Mário Lino faz estudos na Ota
«Ministro das Obras Públicas foi sócio da Consulmar entre 1991 e 1996. Mário Lino diz que essa posição «obviamente» não prejudica decisões a tomar sobre o aeroporto. Empresa já facturou 900 mil euros»

NÃO, senhor ministro!

NÃO, não chegam as generalidades que escreve para justificar a OTA e o TGV.
NÃO, não responde com este artigo, digno de qualquer caloiro universitário, aos pedidos para que divulgue os estudos em que o governo baseia a decisão política para a construção do aeroporto da OTA.
Porque o que escreve NÃO chega, insistimos:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?

Terra queimada

1 - Se a situação do país, no que diz respeito a área ardida, é dramática, as razões são mais do que conhecidas e, lamentavelmente, são essas mesmas razões que não nos deixam esperança de melhores verões. O João Miranda, no Blasfémias, repõe um post com o essencial sobre este problema. De entre o que enumera como as causas deste desastre, anualmente repetido, não será a menos importante esta: «Portugal arde porque os serviços de segurança contra incêndios são prestados por empresas cujos ganhos são proporcionais à área ardida, quando deviam ser prestados por empresas cujos ganhos são proporcionais à área não ardida». Um Governo que governasse poderia acabar com isto «num fósforo». O que temos (?) acende o fósforo!
2 - Mas não são apenas os incêndios que devastam este país, como sabemos bem. A distribuição de pelouros na CGD é elucidativa do que pretende fazer o PS com a maioria absoluta que lhe puseram nas mãos. Maldonado Gonelha tutelará o crédito às grandes empresas e ao sector público (autarquias), para além de ser o responsável pela restruturação da própria CGD, através do projecto Líder. Armando Vara, esse mesmo, o «especialista da mãozinha rápida», fica responsável pelas PME e pelas participações financeiras em empresas estratégicas (EDP, BCP, PT, GALP). Depois destes, o quê?
3 - A OTA e o TGV, apesar da gritaria dos Zés e das Marias, «accionistas» à força destes megalómanos projectos, prosseguem, inexplicados e imparáveis, demonstrando, à vista desarmada, que o PS e os seus interesses ignoram os que os elegeram, perderam a vergonha e se preparam para passar à prática a velha máxima: «quem se mete com o PS, leva». Acautelem-se, portanto, os blogueiros activistas desta causa; não será por acaso que os media decidiram fazer férias sobre este assunto.
Entretanto, Sócrates, decerto ciente da sua fragilidade perante este PS voraz, desapareceu no continente negro, quem sabe se com um secreto desejo de ser vítima de uma acção de canibalismo bem mais folclórica do que este ritual lento a que o nacional Coelho o está a submeter.
Pulido Valente, apesar de menos cáustico do que habitualmente, lá vai dizendo a propósito da CGD e afins que «O "escândalo" só escandalizou ingénuos. O pior é quando chegar a conta». Pois é!

Thursday, August 04, 2005

«Atrasos em dois terços dos processos de protecção de menores»

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O Público faz hoje primeira página com este título, a denunciar uma realidade preocupante, num país em que a morte e o abuso de crianças acontecem, infelizmente, com uma regularidade e violência capaz de gelar o mais indiferente. Com excepção dos diferentes responsáveis, ao que se constata, que prosseguem, rotineiramente, o tratamento de processos que deveriam ser objecto de excepcionais medidas de aceleração e tratamento eficaz.
Quantas mais crianças vão ter que ser violadas, violentadas, mortas, para que se ponha cobro a este escândalo?

Perguntar não ofende

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Alguém, certamente muito mal informado, perguntou-me:
Será que o Joãozinho se esqueceu do que faz o gato?

Wednesday, August 03, 2005

«...m'espanto às vezes, outras m'avergonho...»*

MICRO-CAUSAS:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?
*com a devida vénia ao Abrupto, pelo uso desta mais do que adequada citação de Sá de Miranda.
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Mr. No
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Mr. Yes

Minudências (i)

Segundo o Público de hoje, Sampaio soube pela televisão das mudanças na CGD. E se não gostou de ser ignorado, como é óbvio, menos lhe agradou ver o super boy Vara a abocanhar o seu pedaço de mordomia.
Coitado de Sampaio, ainda não tinha percebido que já não conta para nada e que é apenas uma alforreca tolerada por este gigantesco polvo que deu à costa.

Imaginemos que...

... Cavaco, na sequência do tsunami presidencial de Soares, terá decidido que deveria ter uma conversa com o Presidente; este percebeu que ficava com uma grande embrulhada nas mãos e, vai daí, avisa o PS e Soares; acordam que, nas circunstâncias, o melhor é haver duas audiências; a de Soares é divulgada apressadamente, a de Cavaco só é divulgada posteriormente, com a informação de que o silêncio se mantivera a pedido do professor (?).
Efeito pretendido: Que se pense que Cavaco, quando soube da audiência de Soares, teria corrido a pedir para ser também recebido. Está de acordo com a inteligênciazinha de Sampaio; maltrata a nossa inteligência.

Tuesday, August 02, 2005

Perspectiva de compra de casa e carro atinge mínimo histórico*

«O pessimismo dos agentes económicos em Portugal continua a acentuar-se, com a confiança dos consumidores a deslizar para um mínimo de Setembro de 2003 e o indicador de clima, que mede a confiança dos empresários, a baixar pelo quarto mês seguido, fixando o valor mais baixo desde Fevereiro de 2004.» - Jornal de Negócios
* e viva o PS, ou, como se diz aí mais abaixo, «se vogliamo che tutto rimanga come è, bisogna che tutto cambi»
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?
"Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções."(Manuel Pinho, Diário Económico, 28-07-07)
A desonestidade intelectual do ministro revela-se ao não citar os resultados apresentados na tabela 5 do mesmo estudo de Kamps. Aí pode-se ver que, e de acordo com os resultados do autor para Portugal, o investimento público leva a uma redução do PIB português. Ou seja, o ministro defende a construção do novo aeroporto e do TGV, com base num estudo que conclui que em Portugal os efeitos do investimento público são negativos!
... terá sido Pinho o grande responsável e o grande impulsionador deste projecto? Por outras palavras, será que Pinho tinha e tem a necessária força política no seio do Governo para impor um projecto desta dimensão e cuja sustentação assenta sobretudo em critérios de natureza política?Não me parece. Independentemente do seu entusiasmo pela Ota, Pinho não tem o peso político necessário para fazer vingar no Governo, por si só, um projecto desta dimensão. Pinho teve, seguramente, um ou vários apoios de peso.
Reflexões preguiçosas, em dia de Verão, ao sabor da maré baixa:
Barragem de informação irrelevante; uns peões do Governo para queimar; o foguetório de há semanas com o BES, os negócios da TAP, a «candidatura» de Soares, o amigo angolano, ventos do oriente...
ADENDA: Por falar em ventos do oriente, ler no Bloguítica o post 911.

Monday, August 01, 2005

Tudo bons rapazes

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Novas nomeações na CGD.
Maldonado Gonelha, Cardona e Vara - melhor era impossível.
Macau connection, forever.


ADENDA: A ler, a opinião de António Costa, no DE.

OTA (actualização)

No Blasfémias: «Aparentemente a ESAF é a Espírito Santo Activos Financeiros, pertencente ao grupo do BES, que até Março de 2005 tinha como administrador ... Manuel Pinho

«Os maus resultados a matemática são a parte mais visível dos maus resultados de todo o ensino»

Quem o escreve é Santana Castilho, hoje, no Público. Depois de recordar a «saga» das medidas que cada novo ministro tem ensaiado para resolver o défice crónico de resultados aceitáveis nesta disciplina, o autor alonga-se nos nefastos efeitos do que designa por pedagogia lírica, chamando, e muito bem, a atenção para o programa de matemática do 1º ciclo (origem dos grandes problemas que se detectam numa fase mais adiantada da escolaridade), passando pela formação inicial e contínua dos professores e pela correlação das aprendizagens entre a matemática e as restantes disciplinas. Um artigo a não perder por qualquer ministro da educação, como ele diz porque «a intervenção aqui é urgente e imprescindível, para orientar em vez de desorientar». Infelizmente, como ele também reconhece, «nós dissertamos maçadora e incompreensivelmente sobre objectivos pedagógicos e outras tretas», em lugar de agir.

rankings

Durante a passada semana, o Público publicou um ranking das nossas universidades, elaborado a partir de um estudo sobre a produção científica das universidades portuguesas, efectuado por um anterior vice-reitor da UNL. Com esta publicação, o jornal iniciou um conjunto de artigos, nos quais deu voz às reclamações que acusaram o mesmo estudo de falta de credibilidade técnica e científica e se adiantaram argumentos vários sobre a metodologia que deve ser seguida para medir a performance das universidades. Hoje, o mesmo jornal mantém-se interessado no tema, chamando à primeira página um novo ranking das universidades, desta feita assente num estudo sobre a eficiência relativa das universidades públicas portuguesas.
O que move os interessados e exalta os ânimos são as novas regras de financiamento do ensino superior, que se discutem. O assunto promete aceso debate, mas o ministro Mariano Gago, e os serviços que tutela, permanecem esfíngicos. Porquê?
ADENDA: Sobre este assunto, ler posts e comentários no Canhoto e no Ma-shamba, e apontamentos de João Vasconcelos Costa.

«Se vogliamo che tutto rimanga come è, bisogna che tutto cambi»*

Num excelente post, na Grande Loja, José levanta a ponta do véu que encobre a verdadeira sede do(e) poder na cena internacional. Há muito que são essas teias conhecidas, mas nunca é de mais relembrá-las, sobretudo numa chamada tão oportuna à realidade portuguesa. Efectivamente, no contexto destes meandros da alta finança, uma análise retrospectiva dos factos políticos é elucidativa de como são de alguma forma despiciendas certas veleidades, de pendor democrático-folclórico, na condução e no desfecho de momentos cruciais da vida colectiva de vários países, nomeadamente o nosso.
Curiosamente, em quem tão bem traz à luz estas cabalísticas teias de poder, surpreende que não se incomode que «os grandes deste mundo se reunam e queiram discutir interesses comuns», mas que, com alguma «ingenuidade», apenas considere que o problema reside no facto de que «os grandes são muito poucos e não estão dispostos a largar o osso...assim de mão beijada». Será mesmo isto que aflige o autor do post? Ou esta sua «ingenuidade» reside no facto de também entender que o pior de tudo «será reduzir o poder mundial ao capitalismo e interesses americanos»?
* Il Gattopardo