Friday, July 29, 2005

MICRO-CAUSAS:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?
Escreve JPP, no Abrupto: «Sugiro também, para no governo se ouvir melhor, que outros blogues e mesmo os meios de comunicação social possam todos os dias repetir a pergunta, o pedido, até ele ter a única resposta razoável. SFF.»
A causa justifica-se. Responda o Governo, SFF.

The texture of honesty

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Jonna Rae Brinkman

E porque é verão...

... e a «estória» vale a pena, não perder, no Blasfémias, 3 homens no deserto.

«Ver para além da árvore»

Título dos posts 885 e 886, no Bloguítica, a ler.

«Comment on prend place au milieu des génies ?»

Uma leitura apressada do artigo de JPP no Público de ontem (versão papel) deixou-me com uma indefenível sensação de que, insistindo na tónica da estabilidade que Cavaco representaria como presidente, em oposição à instabilidade que traria Mário Soares, Pacheco Pereira poderá estar a passar à margem de algum referencial importante, a ter em conta.
Lido hoje o mesmo artigo no
Abrupto, confirmei que todo ele assenta, de facto, nessa linha de raciocínio. E confirmei-o com um certo pasmo, confesso, porque, ou leio mal (que é o mais provável), ou o que ele quer fazer quando escreve: « Num momento de crise económica e social como o que atravessamos, será sempre avesso a introduzir factores de perturbação, mesmo que não concorde com as políticas do governo socialista» é, no seu afã de justificar a estabilidade, remeter Cavaco a um papel de observador da acção governativa, quando muito de «explicador» encoberto, o que, francamente, não me parece que coincida com o perfil do Professor.
Para não ir mais longe, apenas duas, ou três perplexidades perante o
artigo de JPP: estranho vê-lo ignorar alguns indicadores como a queda do governo e do primeiro-ministro nas sondagens e intenções de voto, num contexto pré-eleitoral que se antecipa difícil para o PS (e Jorge Coelho, à frente da máquina partidária, tudo fará para inverter a tendência – a substituição do Ministro das Finanças não é já exemplo bastante?); estranho que ignore, também, que os estudos de opinião e sondagens (e uns e outros valem o que valem) vêm demonstrando que um dos mais estáveis indicadores obtidos é a avaliação positiva feita pela sociedade portuguesa ao BE e seus líderes, ao PR e, de certa forma ao PCP (pelo que colar Soares a estes não me parece ser elemento dissuasor, antes aglutinador no momento crucial – a eleição); estranho ainda que passe ao largo do clima de contestação social, que tem tendência a subir de tom, parecendo ignorar que uma estratégia que pretenda «vender» um candidato com o argumento da «passividade» deste perante este governo e as suas medidas penalizadoras seja aquela que mais motivará o eleitorado; finalmente, parece esquecer duas minudências – a «aversão» a Cavaco, mesmo dentro do PSD; a capacidade que Mário Soares tem de meter na gaveta as suas mais profundas convicções, quando a oportunidade política assim o recomenda, capacidade amplamente conhecida no seu próprio partido e que não deixa de funcionar como «amortecedor» para o medo que a sua atitude mais recente possa criar nas hostes socialistas.
Acredito que
JPP veja mais longe e melhor do que muitos de nós (do que eu verá, de certeza), mas até os sábios se enganam. E já que trouxe à nossa reflexão a table de sagesse de Victor Segalen, daqui lhe recordo «En l'honneur d'un Sage solitaire», do mesmo autor.

Moi l'Empereur je suis venu. Je salue le Sage qui, soixante-dix années, a retourné et labouré nos Mutations anciennes et levé des savoirs nouveaux.
J'attends du Vieux Père la leçon : et d'abord, s'il a trouvé la Panacée des Immortels ? Comment on prend place au milieu des génies ?
*
Le Sage dit : Faire monter au Ciel le Prince que voici serait un malheur pour l'Empire terrestre.
*
Moi l'Empereur interroge le Solitaire : a-t-il reçu dans sa caverne la visite des trente-six mille Esprits ou seulement de quelques-uns de ces Très-Hauts ?
*
Moi le Solitaire n'aime pas les visiteurs importuns.
*
Moi l'Empereur implore enfin le Sage le pouvoir d'être utile aux hommes : quelque chose pour le bien des hommes !
*
Le Sage dit : Étant sage, je ne me suis jamais occupé des hommes.

Thursday, July 28, 2005

Antologia

This laboring through what is still undone,
as though, legs bound, we hobbled along the way,
is like the akward walking of the swan.

And dying-to let go, no longer feel
the solid ground we stand on every day-
is like anxious letting himself fall

into waters, which receive him gently
and which, as though with reverence and joy,
draw back past him in streams on either side;
while, infinitely silent and aware,
in his full majesty and ever more
indifferent, he condescends to glide.

Rainer Maria Rilke

«A chama é inimiga da asa.»*

De acordo com o Diário Digital:
«Vários funcionários públicos, incluindo dezenas de polícias à paisana, insultaram esta quinta-feira o Governo a partir das galerias da Assembleia da República em protesto contra o congelamento da progressão automática das carreiras na Administração Pública
Ao que consta, Freitas do Amaral terá desabafado que isto não aconteceria se lhes tivessem previamente explicado que esta medida se justifica plenamente como contributo para o investimento do Estado em projectos tão úteis e rentáveis como a OTA e o TGV.
* Victor Hugo

Wednesday, July 27, 2005

accountability

Quando o «tsunami» Soares/Cavaco começa a abrandar, as presidenciais ocupam de novo o Manuel, na Grande Loja, que conclui assim um post, com que pretende fazer-nos sorrir:
«Em bom rigor, Cavaco até já ganhou. Literalmente, e seja ou não candidato. O simples facto de ter forçado, porque forçou, a candidatura de Soares e esta ter originado a onda de indignação - mais ou menos virulenta, mais ou menos silenciosa - que originou, sobretudo numa certa esquerda que - indo votar de cruz em Soares - se sente defraudada, e manipulada, fará com que a prazo muita coisa mude. Cavaco poder ter tido muitos tabús, pode até ter gerido de forma péssima alguns deles mas nunca deu o dito por não dito.Por estes dias, e graças a Cavaco e ao fantasma da sua hipotética candidatura, muitos, e não só Manuel Alegre, começaram a perceber no que dá certa política dos valores, das causas, e dos princípios. Passarão no futuro a exigir maior clareza, transparência e accountability. Sem ser sequer candidato Cavaco já iniciou um processo, e uma onda, que tornará mais dia menos dia a vida política muito mais transparente. Só razões para sorrir
Tem razão, no que à acção pedagógica de Cavaco se refere (se bem que a relação causa/efeito que evoca tem algumas variáveis que aqui preferiu omitir). Só espero que o Professor, exercida a pedagogia, decida deixar o combate eleitoral a outro.

Limitações à actividade de docentes

Que a questão das explicações assume foros de escândalo encoberto, era do conhecimento público. Que o Governo venha pôr ordem nessa questão, é de saudar, desde que as excepções a prever acautelem as situações que se justificam, e há, bastantes.
Que algumas assessorias e consultorias em editoras tresandam, também é verdade, pelo que está bem o Governo preocupando-se em moralizar nessa matéria.
Que as novas regras têm o objectivo de criar mais emprego, para absorver docentes desempregados, anuncia-se e, provavelmente, terão esse efeito, criando vagas em escolas particulares e entidades formadoras.
Estão bem as medidas, justificam-se e têm alguma probabilidade de darem certo (serão contornadas, já estão a sê-lo, mas isso são outros quinhentos).
Contudo, há uma questão que fica por responder: com tantos professores no desemprego, uma das primeiras medidas a tomar por um Governo de maioria não deveria ser impedir/limitar/condicionar a formação de docentes, sobretudo nas áreas disciplinares em que há excedentes e naquelas em que se perspectiva que se tornem excedentários, a curto prazo?
Talvez não se faça isto pelas mesmas razões que não se conseguem redefinir, capazmente, as habilitações para a docência...

«O investimento público não faz milagres»

Título do manifesto, assinado, entre outros, por António Carrapatoso, António Nogueira Leite, José Silva Lopes, João Salgueiro, Fernando Ribeiro Mendes, Miguel Beleza, Henrique Medina Carreira, João Ferreira do Amaral, Augusto Mateus e Vítor Bento e publicado hoje no DN.

E explicam, assim, que o investimento público que o governo de Sócrates teima em efectuar não faz milagres:
«Primeiro, porque, numa situação de excesso de despesa, mais investimento em obras públicas irá favorecer sobretudo as economias de onde importamos, sem efeito sensível na capacidade produtiva da economia portuguesa, agravando o défice externo (pois só há financiamento parcial de fundos comunitários). Segundo, porque o tipo de emprego mobilizado pela construção pouco efeito terá na absorção do desemprego fabril gerado pela perda de competitividade da nossa indústria e mobilizará sobretudo a imigração. Terceiro, porque tais investimentos irão agravar ainda mais o desequilíbrio das contas públicas, seja pela despesa directa, seja pelos custos de exploração futura, seja, como aconteceu nas SCUTS, pelas inevitáveis garantias para assegurar a mobilização do sector privado. Pelo menos! Por fim, porque os portugueses não poderão compreender que lhes estejam a ser pedidos sacrifícios com impacto no seu nível de vida, quando o Estado se dispõe a gastar dinheiro em projectos sem comprovada rendibilidade económica e social

Tuesday, July 26, 2005

Cavaco/Soares - a controvérsia dá pano para mangas

«a candidatura de Cavaco Silva não será nunca partidária, uma boa parte do aparelho do PSD abomina-o até, mas popular, basista, não será a esquerda vs a direita, mas sim o confronto entre diferentes maneiras de ver Portugal e o mundo, reconciliará pois os eleitores com o eleito, porque sendo desintermediada e livre de vícios aparelhístico-partidários.»
Com a seriedade e serenidade a que nos habituou, JPP continua a comentar as candidaturas presidenciais, hoje abordando a questão da idade de Soares, que comenta assim:
«O mais estúpido dos argumentos contra Soares é a idade (será que a apologia publicitária e mediática da juventude nos faz esquecer que vivemos numa sociedade de velhos?). Não é a idade, é a política
Chama muito bem à ribalta os 81 anos de Soares, porque, de facto, tem sido lamentável assistir à generalidade dos comentários nos media e às intervenções políticas, em que quase nenhum escapa ao factor idade, nuns como um óbice à candidatura, noutros para desvalorizarem o facto, como irrelevante, comparativamente à experiência e savoir faire políticos de Mário Soares. Parece-me, da forma como leio JPP, que ele não cai em nenhuma destas armadilhas.
Estive há pouco tempo num evento público de dois dias com Mário Soares, em que ele fez umas pequenas intervenções. Não o via, em pessoa, há bastante tempo e achei que acusa o peso da idade - na postura e aparência físicas, numa certa falta de vivacidade no olhar, também naquela puerilidade que costuma anteceder o princípio da senilidade. Notei-lhe ainda algum cansaço e uma maior dificuldade em seguir o fio do próprio raciocínio, o que é normalíssimo numa pessoa da sua idade, saudável e lúcida, mas octagenária. Pode ter sido um momento, uma circunstância? Admito que sim, mas não me parece que tenha sido, porque o quadro é o razoável, num homem da sua idade, em «bom estado». Ora isto não chega para assustar, não o inibe para as funções, não deve, portanto, ser o factor de peso na crítica à sua candidatura. Aqui, concordo, inteiramente, com JPP, e mais ainda com a sua breve, mas acutilante, chamada de atenção para este fenómeno sociológico do galopante culto da juventude numa sociedade crescentemente envelhecida. Mas se esta factor idade não é, por si só, uma condicionante, não me parece que deva ser, levianamente, posto de lado. Aos oitenta anos as situações evoluem muito rapidamente, mas, mais do que um estado de visível debilidade física e mental, o perigo reside nas alterações subtis de humor, na deficiente percepção da realidade, nas crises de pusilanimidade, no recentrar de objectivos em plataformas de acção que conseguem gorar todas as expectativas. Parece-me que será, neste particular, que preocupa a idade de Soares , ou melhor, o que ele poderá fazer com ela. Mais do que agarrar-se a visões e esquemas do passado, o risco corre-se na forma como ele viverá e entenderá o presente, sabendo que, para si, o futuro é apenas um testamento político.
No Abrupto, Pacheco Pereira, relembrando que foi o último a confrontar Mario Soares em eleições (europeias de 1999), aprofunda os seus argumentos relativamente às candidaturas presidenciais de Soares e Cavaco:
«Soares está hoje longe de ser um candidato que mobilize o mesmo espaço político das suas anteriores candidaturas. Se quisermos utilizar os posicionamentos clássicos, Soares ia buscar votos essencialmente ao centro-esquerda e ao centro-direita e tinha dificuldades entre os comunistas e na direita. Tinha aliás mesmo dificuldades no PS, que só por arrastamento apoiou a candidatura na segunda volta de 1986. Hoje Soares tem mais entusiasmos no BE e nos sectores mais à esquerda do PS (embora Soares se tenha portado mal nestes dias com Alegre), do que no próprio eleitorado moderado do PS
Até ver, nada me parece ter JPP acrescentado ao argumentário anterior, considerando as excepcionais condições do presente, que não parecem adequar-se ao raciocínio dos «posicionamentos clássicos».
Quanto à instabilidade que Soares traria à relação Governo/Belém, versus a estabilidade que asseguraria Cavaco, não me parece que esta deva ser a pedra de toque do mérito/demérito destas candidaturas, mas é melhor aguardar pela prometida continuação no Abrupto.

Monday, July 25, 2005

«As melhores estratégias são escritas no pretérito»*

Mário Soares será o candidato da esquerda à presidência. Ele estava mais do que apetente, o PS encontrava-se no mato sem cachorro e as «restantes esquerdas» agradecem esta descida à terra de tão carismática e salvadora figura dos desvios ideológicos deste PS, que para elas não deixa de estar amancebado com a direita, em affaire clandestino e envergonhado.
Obviamente, esta opção pelo octagenário Soares é patética, mas não pateta, e as possibilidades de ele ganhar são indiscutíveis, seja quem for o candidato forte à sua direita, na minha opinião, mesmo se este for Cavaco Silva. Sabe-se que Cavaco não faz o pleno «das direitas», que não rouba significativamente nas esquerdas moderadas, pelo que o mais a que pode aspirar é obrigar Soares a uma 2ª volta. Em causa, não estarão nem o estilo, nem as virtualidades de qualquer dos candidatos, ou a mais-valia que cada um pode representar para a estabilidade política, ou para a manutenção, ou alteração, de regime. Tem simplesmente a ver com o maior grau de simpatia que cada um deles pode inspirar, que inspira, efectivamente. E esta simpatia estrutura-se muito menos em torno do valor intrínseco de cada um dos candidatos, o conhecimento, a capacidade técnica, a estatura moral e ética destes, mas sobre algo cuja natureza radica muito mais no afectivo do que no racional, e que tão bem se resumiu no celebérrimo Soares é fixe. Isso mesmo, nós portugueses, que somos avessos à exigência e ao rigor, que preferimos o deixar andar que logo se verá, que acreditamos que o tempo, a virgem, a Europa, ou quem quer que seja, acabará por nos resolver os problemas, que abdicamos do controlo porque filosofamos que «ao menino e ao borracho Deus põe a mão por baixo», nós queremos mesmo é um presidente que mande no governo, mas não para o manter na senda das dificuldades anunciadas, antes para, por qualquer passe de mágica, o fazer retornar aos velhos esquemas e facilitismos, em que todos somos inconsequentemente ricos e despreocupados. E Soares é fixe.
Cavaco não ganhará a Soares, por mais que os analistas políticos avancem n argumentos lógicos e cheios de razão, para que tal probabilidade se anteveja forte. Soares candidato, será Soares presidente, custe a quem custar, e vai custar-nos a nós, se bem que talvez menos do que se imagina, que o homem acusa o peso da idade, é certo, mas é uma velha meretriz da cena política, «rodada» em milhares de volteios e golpes de rins, dos quais sai sempre em primoroso passo de valsa, qual debutante em baile da corte. E como o PS não o segura, Sócrates muito menos, a conjuntura encarregar-se-à de impor ao velho leão a «coerência» necessária, pelo que os estragos têm bastantes probabilidades de serem amortecidos e minimizados. Empata-se, adia-se, mas nada faz hoje prever que dependerá da escolha presidencial obviar essa ameaça (inevitabilidade?). A substituição do Ministro das Finanças indicia-o mais.
É por tudo isto que discordo, totalmente, de JPP e que lamentarei que Cavaco Silva se candidate, ele que pode esperar, calmamente, que Soares faça a sua «volta de consagração», assim dando tempo à inversão de ciclo político, que não deixará de fazer-se, e com Soares presidente talvez até mais cedo do que se prevê possível. Penso, recordando a influência do seu «monstro» na cena política recente, que Cavaco pode ser mais mortífero fora de Belém, principalmente se recusar uma candidatura da qual sairá perdedor.
Marcelo, velha raposa, ao lançar Cavaco como «imprescindível» opositor de Soares está a fazer o seu próprio jogo e a gerir o seu próprio tempo. Alguns cavaquistas de boa e genuína cepa, que se apressaram a empurrar o seu ídolo para a arena, sofrem de alguma ingenuidade política, sempre sofreram. Outros, não tão ingénuos, jogam em tabuleiro duplo e atiram o barro à parede; seja qual for o resultado, cairão sempre de pé. Cavaco não.
Este é um daqueles casos em que adoraria poder dizer que me enganei.

* Alphonse Allais


O crack é, assumidamente, fã de Deus, o Rodrigo.
Os seus posts sobre a candidatura de Soares, de uma superior e fina inteligência política, servidos pela melhor ironia e sentido de humor da blogosfera portuguesa (que conheço), são imperdíveis.
Excelente, no DR:
«Li e voltei a ler o último post de Pacheco Pereira, intitulado Candidaturas presidenciais. Há laivos de uma angústia que a face do Prof. Cavaco também evidenciava ontem, quando afirmou perante as câmaras que teria de consultar a família antes de tomar uma decisão sobre a candidatura a Belém. Há no entanto uma diferença abissal: o post de Pacheco Pereira destina-se a atravancar a renúncia do Prof. Cavaco (e não a beliscar Soares), enquanto a audição da família (que não deve conversar sobre outro assunto para aí há dez anos) deixa entreaberta a porta para a desistência. É a segunda vez que o Prof. Cavaco se vê empurrado para Belém – e é a segunda vez que se vê encurralado. Da primeira conhece-se o fim. »

Sunday, July 24, 2005

Maior do que o Tour

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Livestrong
Ganha consistência uma candidatura de Soares à presidência?
No PS, as coisas estão a correr pior do que se pensa.

Antologia

I asked a gypsy pal
To imitate an old image
And speak old wisdom.
She drew in her chin,
Made her neck and head
The top piece of a Nile obelisk
and said:
Snatch off the gag from thy mouth, child,
And be free to keep silence.
Tell no man anything for no man listens,
Yet hold thy lips ready to speak.


Carl Sandburg

Friday, July 22, 2005

«A pior das corrupções não é aquela que desafia as leis; mas a que se corrompe a ela própria»*

Segundo o Expresso online, Marques Mendes, terá criticado Freitas do Amaral por, na entrevista que deu ao DN «estar, no fundo, a dizer: não invistam em Portugal porque é um país de corrupção». Ou eu não estou a perceber a coisa (que é o mais certo), ou o líder do PSD levou com demasiadas ondas na cabeça (o que também lhe acontece), mas a mensagem começa a parecer-me mais a contrária!
* Louis Bonald

«A Fase Infantil dos Projectos»

O título é de um magnífico post de Joana, no Semiramis. Absolutamente, a não perder.

silly season*

1 - Teixeira dos Santos ainda não deveria ter chegado ao seu gabinete vindo da tomada de posse e já fervia a controvérsia da sua não declaração de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional, desde 2000. Enquanto alguém estuda se há, ou não, fundamento para estas críticas ao novo patrão das finanças, foram-me ocorrendo uns pequenos nadas: sabendo que, hoje em dia, a devassa da privacidade está garantida a todos os que exercem cargos governativos, não será que quem tem aspirações a tais cargos deve pautar a sua vida por rigorosos parâmetros de cumprimento dos deveres cívicos e legais? ora, se este «ministeriável» não o fez, esquecendo o exemplo da mulher de César, de que outras coisas se irá esquecer? Sócrates, manifestamente, não encontra quem não tenha telhados de vidro, ou será que nem se dá ao trabalho de verificar se os seus escolhidos os têm? ou escolhe-os, exactamente, porque os têm? ao que consta, o actual ministro, contrariamente ao seu antecessor, é um político bastante permeável à influência dos interesses partidários, dialogante e, sobretudo, muito interessado no cargo; desiludam-se, portanto, aqueles que esperem vê-lo soçobrar ao mesmo tipo de «cansaço» que vergou Campos e Cunha, pelo que o PS poderá dormir hoje muito mais descansado; mas poderão os portugueses fazer o mesmo?
2 - A entrevista de Freitas do Amaral é um disparate pegado, prova mais do que evidente da falta de carácter que sempre o caracterizou, agora agravada pela vaidade extrema e uma senilidade preocupante, em quem se encontra em funções com a relevância das que exerce; o governo franziu o sobrolho, mas o PS não gostou da brincadeira; o poeta reagiu com estrondo ao convite à dança presidencial do outro; Sócrates filosofou sorridente sobre a asneira do ministro, numa desvalorização assassina do acto e da personagem; Freitas ficou, mas não devia; a bomba relógio da sua saída já começou a rodar.
3 - No meio de toda esta animação e rodopio, o Sr. Sampaio apaga-se, exonera sem reclamar e dá posse sem um pio (longe vão os tempos...); o Sr. Coelho faz o elogio fúnebre do exonerado, manda recados aos exoneráveis, segura os OTÁrios, promete aos «betonáveis» e faz a quadratura do círculo; Marques Mendes exila-se em Sintra, apaga fogos em vários distritos e grita contra o vento, mas este passa demasiadamente acima da sua cabeça; Carrilho procura o carácter em défice, enquanto dos lados do Caldas sopram vapores de fidalguia perfumada, ao que consta a viajar de smart, dois lugares; entretanto, avançam-se negociatas, instalam-se amigalhaços, empenha-se o futuro, em nome do qual se desgraça o presente. É Portugal, no seu melhor.
* ou melhor dizendo, nas palavras de Miguel Torga:

Na frente ocidental nada de novo.
O povo
Continua a resistir.
Sem ninguém que lhe valha,
Geme e trabalha
Até cair.

Thursday, July 21, 2005

A Comissão Europeia, que procura manter-se distanciada da política interna dos Estados-membros, não deixou de reagir à saída de Campos e Cunha com um aviso, sério, de que espera que se mantenham as medidas duras de combate ao défice.
Surgindo esta demissão imediatamente a seguir ao alargamento do prazo dado a Portugal pela Comissão para correcção do défice excessivo, é fácil imaginar que o desenlace desta crise nas finanças lhes tenha aparecido embrulhada numa boa dose de oportunismo político. Assim se minam a credibilidade e o poder negocial dos governos junto das instituições europeias. Depois, não se venham queixar do tratamento dado a certos dossiers.

Wednesday, July 20, 2005

Nota mensal de conjuntura da Direcção-Geral de Estudos e Previsões (DGEP)

Segundo a nota, «Em Junho, assistiu-se a uma diminuição generalizada dos indicadores de confiança dos consumidores e dos empresários».
Com a saída de Campos e Cunha, esperará o governo que o voluntarismo de Mário Lino faça milagres? Parece-me que pode tirar o TGV da chuva...
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Afinal, no caso de Campos e Cunha o seu artigo tratava-se do seu testamento político. Consequência, sai.
Mau, muito mau, seja qual for a perspectiva. Se bem que estivesse politicamente morto desde o caso da acumulação de vencimentos.
E Freitas?

«Às vezes o mais difícil é começar pelas coisas simples.»

Termina assim um notável post de Suzana Toscano no 4R - Quarta República.
A não perder.

Preocupações à solta

O ultimato da Al-Qaeda aos países da Europa com intervenção no Iraque levam-me a pensar que não têm sido apenas os níveis de prevenção de actos terroristas que têm sido negligenciados pelo ocidente. Negligência tão importante quanto essa tem sido, ao que me parece, o pouco cuidado com que a falta de coesão e de objectivos comuns entre os países europeus, bem como a tensão entre estes e os Estados Unidos, têm sido tratadas, tendo-se deixado transparecer uma imagem de divisão e de vulnerabilidade, que os terroristas estão a utilizar agora numa dimensão política, de uma forma como, até ao presente, não me parece que tenha sido tão claramente visível.
O terror islâmico é anterior à intervenção no Iraque, mas este vespeiro sem solução à vista, que divide aliados e ganha dinâmicas de oposição na rectaguarda interna de cada um dos países envolvidos, está na fase de maturação ideal para o tipo de pressão que a Al-Qaeda vem agora fazer, numa estratégia «exemplar» de oportunismo, conseguindo beneficiar de «méritos» que à sua ameaça são anteriores e externos. Situações destas parecem-me difíceis de reverter, com sucesso e sem humilhação, sobretudo porque os países que já se preparavam para abandonar o Iraque, sob pressão das respectivas opiniões públicas, vão aparecer agora como cedendo à ameaça, numa real situação de fraqueza e de divisão face à ameaça do terror.
Importa ainda reter que, se fizermos fé num registo de um pretenso terrorista, o ataque de Madrid teve por objectivo a queda do governo de Aznar, o que aconteceu. Esta queda poderia, pode quase dizer-se que teria acontecido, naturalmente, pelo voto popular, mas agora nunca se saberá. O que fica, o que se retém, é que a Al-Qaeda quis colocar no governo de um país europeu uma linha política mais «manejável» e o conseguiu. Quantos governos não estarão a meditar neste exemplo? Com que consequências para o equilíbrio de forças no ocidente e deste em relação ao terror islâmico?
Não sendo a política externa uma área da qual domine os meandros, fico-me pelo registo das impressões e, a partir destas, parece-me que a Al-Qaeda estará, pelo menos ao nível da mensagem que transmite, a jogar agora noutro tabuleiro, ou seja, a utilizar a ameaça suspensa do terror como causa fracturante dos periclitantes nós da solidariedade internacional. É sabido que a cedência só conduzirá a novas exigências, até à absoluta consumação dos abjectos fins do terrorismo. Mas quantos estarão dispostos a morrer por acreditar nisso?

Tuesday, July 19, 2005

Antologia

DIES IRAE

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

Miguel Torga - Cântico do Homem

«Pode ser uma sueca num filme italiano?»

Claro que pode, DBH, desde que o iceberg seja este. E na silly season pode sempre ir-se um pouco mais longe, não é verdade?
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«Everything you can imagine is real.»*

Campos e Cunha escreveu e disse, desta feita sobre medidas de contenção da despesa e investimento público, e, de tal forma o fez, que foi o suficiente para surpreender o governo que (ainda) integra e provocar a histeria nas hostes socialistas, a que não pertence. Freitas do Amaral, se bem que em tom de solidária mea culpa, não deixa a outro críticas claras ao governo a que pertence, sobre o défice de comunicação e o erro estratégico que constituiram as promessas eleitorais do não aumento dos impostos.
Há quem veja nestas evidências de «mal-estar governativo» cisões no governo. Não vê de todo mal, pois há ministros que nem se falam, a não ser o estritamente necessário. Mas, para além da estratégia pessoal que estas intervenções de «independentes» não deixam de evidenciar, as mesmas acabam por se constituir uma parte importante no cenário que o governo criou como pano de fundo à sua altamente penalizadora actuação.
Adenda: A ler, sobre este tema, o que se escreve no Bloguítica (post 818), no Diário da República, no Blasfémias , no Arte da Fuga e n'O Acidental.
* Pablo Picasso

«It is a great ability to be able to conceal one's ability.»*

Com a determinação de reduzir a nossa dependência do petróleo, José Sócrates aposta, sem hesitações, na energia eólica. Numa aparente resposta à opção do governo, a Iberdrola, em Portugal liderada por Pina Moura, veio já anunciar que se vai candidatar ao concurso lançado pelo governo e apresentado, com pompa e circunstância, na Culturgest. Acontece, porém, que a empresa espanhola estava já a marcar terreno no mercado da energia eólica em Portugal desde o ano passado, tendo efectuado investimentos no sector que lhe permitem aspirar a dominar um mercado superior a um milhão de clientes, num prazo de cinco anos. Nas «teias» do negócio enredam-se as GALPadas e a «aversão» do governo à energia nuclear?
*Rochefoucauld

Sunday, July 17, 2005

Reprises de Verão

«A nossa vida é o que damos» George Séféris
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Melina Mercouri
1920-1994
Nascida na Grécia, esta mulher esplendorosa, para além de actriz de renome mundial, foi activista política contra a ditadura grega e, nos seus últimos anos de vida, membro do parlamento e ministra da cultura do seu país. Após a sua morte, o marido, e realizador de um dos seus filmes mais memoráveis - Nunca ao Domingo, criou a Melina Mercouri Foundation, com o intuito de prosseguir os objectivos de Melina no domínio da preservação do património cultural grego.

Saturday, July 16, 2005

«Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes»*

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Leio no Expresso, com estupefacção, que Freitas do Amaral conseguiu convencer Bill Gates a realizar em Portugal o encontro anual da Microsoft, com o engodo de estar assegurada a presença de Durão Barroso, Presidente da Comissão.
Pergunto-me: Freitas assegurou, previamente, a concordância de Barroso, ou espera convencê-lo, a bem do turismo nacional? Ou o PS tem qualquer arma contra o actual Presidente da Comissão, que obriga este, qual marioneta, a «dançar» ao sabor dos «chamamentos» socialistas? Esta última possibilidade começa a não ser absurda, se recordarmos como Barroso se submeteu à convocatória de Sampaio para a audiência sobre a questão europeia, colocando-se ao nível de simples comentadores políticos nacionais.
Seja qual for a razão que o move, ou condiciona, Durão Barroso deverá, muito rapidamente, repensar as suas intervenções na cena política portuguesa. Sob pena de o seu estatuto de um dos mais importantes lideres mundiais poder, muito justamente, vir a ser posto em causa.
* Johann Goethe
Continuam os maus resultados dos alunos portugueses nos exames, agora no 12º ano. Também continua a não surpreender, este facto, como era expectável que a matemática fosse umas das disciplinas de insucesso, agravado este em 4% relativamente ao ano transacto. O inglês é outra das disciplinas em que os resultados preocupam e, francamente, surpreendem - de 9% de chumbos do ano passado passa para 21% no presente, com médias não superiores a 6,9%. Continuam, portanto, as razões de preocupação relativamente ao futuro das novas gerações, que uma escola ineficaz e ineficiente «prepara» para os desafios do amanhã. E se os resultados agora publicados nos preocupam pelo futuro, não deixam de explicar muitas das dificuldades do presente.
Mas o que mais impressiona aqueles que, de há um tempo a esta parte, têm olhado para estes resultados com a obrigação de algum distanciamento crítico, é a disparidade entre os resultados dos exames e a classificação interna de frequência, francamente mais positiva esta do que aqueles. Esta disparidade, em percentagem não aceitável, quando tomada a média na sua globalidade, assume foros de escândalo em algumas disciplinas. A esta situação, já conhecida, a administração educativa tem respondido com um silêncio comprometido, os sindicatos têm assobiado para o lado e as organizações representativas dos pais preferem abordar outras dimensões da relação escola/família. Quanto às universidades, é o que se sabe. Porquê? E por quanto mais tempo?
A mudança que se pretende não pode centrar-se, apenas, no aumento do número de horas a mais que alguns professores, em algumas escolas, passarão a ter que cumprir, no que é uma boa medida, se bem que muito mal servida pelo proteccionismo político com que o ME pretendeu resguardar-se para aplicação da mesma. De uma vez por todas, é imprescindível que o rigor, a exigência da qualidade, a procura determinada do saber, sejam mais do que muletas do discurso de responsáveis políticos, professores e representantes das famílias. Avaliar e formar escolas e professores é urgente. Exigir ,na justa medida, a alunos, também. Mas será isso que, efectivamente, todos querem? Permito-me duvidar!

Friday, July 15, 2005

«Nunca chegamos ao fundo da nossa solidão.»
George Bernanos

Wednesday, July 13, 2005

França suspendeu Schengen

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Gaba-te cesto...*

As declarações de Freitas do Amaral sobre a eventualidade de um ataque terrorista em Portugal, mais do que um pretenso tranquilizante comentário para consumo interno, parecem uma bravata aos terroristas. E, salvaguardado o facto de serem, ou não, confiáveis as informações sobre a falta de indícios de actividade terrorista no nosso país, a explicação sobre o critério fotográfico roça a imbecilidade - algo que não se estranha na personagem.
A imprevisibilidade e o carácter aleatório do terrorismo deixam pouca margem a especulações lógicas, mas se pensarmos na Cimeira das Lages notamos que os três grandes protagonistas já foram atingidos; Portugal, nessa cimeira num lugar mais recuado, como anfitrião, seria agora a vítima «natural» numa lista de «importância». Contrariamente ao MNE, penso que Portugal será vítima de um atentado terrorista, pela participação nessa cimeira e não só, apesar de, sinceramente, não crer que as afirmações do nosso senil responsável diplomático possam tornar-se a causa precipitante; mas que estas declarações despropositadas devem fazer nascer nas mentes terroristas um «estás a merecer levar com uma bomba nos c*****», também acredito que façam. Vale-nos que a terrível agenda do terror não se compagina com fait-divers.
* silly season

Ainda a genética*

Estudo genético recente acaba de explicar a origem dos erros no orçamento rectificativo e no cálculo do défice da comissão Constâncio. Ainda não estão disponíveis, mas sabe-se de fonte bem informada, que se aguardam, a todo o momento, conclusões do mesmo estudo que demonstrarão que é à genética que devem pedir-se responsabilidades pelo estado das nossas finanças públicas e da nossa economia.
De acordo com a mesma fonte, o Presidente prepara-se para fechar o seu mandato com chave de ouro - mandar efectuar exames genéticos aos políticos portugueses e actuais governantes. A bem da nação.
* silly season

Défice genético

Está explicado o insucesso a matemática! Acalmem-se professores e ministério, que assim se salva a honra do convento e podemos todos ir de férias descansados, que a culpa é do macaco.
Somos estúpidos, pronto! Quem o diz é o Instituto da Inteligência, que para o ser só poderá tratar-se de um organismo estrangeiro a operar em Portugal. Como o dito Instituto, privado, tem uma «Academia do Futuro» que se destina a preparar «as pessoas para o amanhã», presume-se que, para além dos estudos a que se dedicam, ofereçam ainda serviços de fertilização assistida, com matéria-prima importada.
O assunto passa, agora, para a esfera do Ministro da Saúde. Aguardam-se, ansiosamente, informações sobre listas de espera.

Perez Metelo

A martelo!

Contas feitas

Os (maus) resultados nos exames de matemática estão a ser um autêntico «o rei vai nu». Como é habitual nestas ocasiões, todos ralham e, aparentemente, todos têm razão.
Não podendo atribuir-se a uma epidemia nacional esta generalizada incapacidade para a aprendizagem da matemática, mesmo tendo em conta o efeito social da tradicionalmente publicitada dificuldade da disciplina, que desmobiliza à partida alunos e famílias, «os culpados» devem procurar-se naqueles que têm a responsabilidade de pôr o sistema a funcionar, nos padrões de qualidade exigíveis, avaliando os resultados e reformulando as práticas em função destes - isto é, as equipas governamentais da educação e toda a estrutura da administração educativa (na qual se incluem as escolas), delas dependentes.
O contínuo experiencialismo, políticas educativas irrealistas, o abandono de pedagogias de exigência e rigor, uma formação inicial de professores assimétrica e contaminada por interesses corporativos, o desmantelamento de iniciativas sérias de formação contínua de docentes e de avaliação destes, serão algumas das causas do estado da arte.
O ME já veio dizer que vai regulamentar a componente não lectiva, para que os alunos possam ter mais horas de ensino da matemática. Fica-se sem perceber se serão apenas os professores de matemática a serem abrangidos por tal medida, que, a ser assim, apareceria como profundamente injusta. É, pois, lamentável que se pense em regulamentar a componente não lectiva dos docentes (uma medida urgente) apenas com tal pressuposto, mesmo que o resultado que se pretende seja de saudar. Não pode é ser uma medida isolada, porque para quebrar o ciclo do insucesso a matemática impõe-se uma intervenção sistémica, se bem que muito centrada nos professores e na sua formação e avaliação contínuas.
Pode ser que o «abanão» tenha servido para mais do que uma intervenção cosmética, mas as reacções de professores, sindicatos e organizações representativas não auguram nada de bom. E já percebemos que o actual ME não tem sido muito firme nas decisões que anuncia.
Adenda: Vale a pena ver como este assunto está a ser tratado pelo Miguel Pinto, pela Isabel, pelo Jorge , pelo Miguel Sousa e por David Justino

Tuesday, July 12, 2005

Será gralha? - ou desta vez está certo?

Segundo o Expresso online:
«O Banco de Portugal reviu em forte baixa a previsão de crescimento da economia portuguesa para este ano, situando-a em 0,5 por cento, menos de metade dos 1,6 por cento para que a instituição apontava em Dezembro de 2004.
As previsões do Banco de Portugal incluídas no Relatório da Primavera apontam também para um crescimento económico menos acentuado em 2006. No próximo ano, o Produto Interno Bruto (PIB) português deverá crescer 1,2 por cento, contra os 2,0 por cento projectados anteriormente.
As previsões da autoridade monetária são mais pessimistas que as do Governo, incluídas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) apresentado a Bruxelas, que aponta para um crescimento de 0,8 por cento da riqueza produzida em Portugal em 2005

Tremendismo semântico

A expressão é de Adriano Moreira e dá título a um post de Susana Toscano, no 4R - Quarta República, absolutamente a não perder. Dele, recupera-se esta passagem:
«O tremendismo semântico invadiu os nossos jornais, sustenta discursos políticos, colonizou o nosso pensamento. Impede o juízo claro e mina a confiança, pois tudo aparece carregado de cores escuras para logo desaparecer dos écrans da novidade, deixando apenas um rasto de temor, de dúvida, sem que se consiga avaliar de facto o que é que afinal nos queriam dizer. Talvez não nos queiram dizer, talvez nos queiram fazer crer, as palavras que não são usadas com seriedade não querem comunicar mas manipular
Aplica-se à comunicação social, tanto quanto ao discurso de alguns responsáveis políticos, como é dito. Tem caracterizado, como se constata, o discurso deste governo, o que elucida sobre as verdadeiras intenções deste. E sobre a sua ética.

70% de chumbos a matemática nos exames nacionais do 9º ano

Em boa verdade, os resultados não surpreendem ninguém, apesar de serem excessivamente maus. O que também não surpreende, mas fica pela primeira vez em evidência, é que, apesar do péssimo resultado nos exames de matemática, 74% dos alunos tem aprovação nesta disciplina, à conta da avaliação de frequência!
Senhores professores de matemática, alguma coisa está muito mal e não é, com toda a certeza, por falta de capacidade dos alunos.
Adenda: No blog do Miguel Pinto ele trata desta questão, apresentando, como diz, sugestões «irreflectidas». Vale a pena lê-lo e aos que comentaram o seu texto - é outro olhar.
Sampaio está a ouvir personalidades sobre a Europa. Destas, ouviu hoje Durão Barroso, Presidente da Comissão. Pergunto-me: se o Presidente da Comissão não fosse quem é, será que Sampaio teria tido tanta facilidade em convocá-lo a Belém? E, mesmo sendo português, será que o Presidente da Comissão se deveria ter colocado em pé de igualdade com as outras personalidades que Sampaio vai ouvir?
Não sei, mas que me parece estranho, isso parece.

«O fruto de cada palavra retorna a quem a pronunciou»*

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Responsabilizado pelas amabilidades dos seus visitantes, o preguiçoso crack nem dorme, tão empenhado está em merecer os elogios!

* Abu Shakur - a Pólux e AA, com simpatia

Saturday, July 09, 2005

A Arte da Fuga*

Primeiro, havia vida para lá do défice; depois, foi o drama das contas públicas, a tragicomédia do (errado) défice Constâncio, o embuste elevado a dramalhão das matinés do velho Odéon; agora, o aviso para os perigos de um discurso exagerado sobre a crise. Tudo isto no espaço de escassos meses e protagonizado pela mais alta figura do Estado - o PR.
Sabemos que Sampaio está no fim do seu segundo mandato; compreendemos que, por antecipação, esteja já a sofrer os efeitos de perder o protagonismo do tacho, perdão, do cargo; até lhe desculpamos aquela lagriminha rebelde sempre pronta a saltar-lhe, sabe-se lá porquê; não temos é que estar dispostos a aturar-lhe a senilidade em serviço. Ao menos, calem-lhe a boca, que o estado do senhor seja vivido em privado, poupando-se, assim, a imagem do Estado da nação.
Nas sugestões que resolveu fornecer quanto à melhor atitude para superar a crise, e, por consequência, o discurso desta, lá vem «melhorar decididamente a educação». Pelo que o Governo anda a fazer, e a deixar de fazer neste domínio, já vemos que o discurso da crise vai ter que durar, e durar, e durar...
* o cumprimento ao blog que me conduziu à notícia, e, além disso, uma excelente forma de caracterizar os estados de espírito do nosso emotivo PR .

Educação - Governo parou

Lê-se no Expresso desta semana que Portugal corre sério risco de ser excluído do programa «Tech to the future», financiado pela Intel e que «visa o desenvolvimento de competências pedagógicas dos professores do ensino básico e secundário através da utilização das novas tecnologias da informação e da comunicação». E isto, porque o ME de Maria de Lurdes Rodrigues responde com silêncio total à questão colocada pela Intel relativamente ao interesse de Portugal neste programa, assinado por David Justino.
Os bons resultados obtidos pelo programa em inúmeros países devem ser pouco apelativos para este paraíso do socrático choque tecnológico, e nem o facto de poderem ficar postos em causa futuros investimentos da Intel no nosso país tem efeito mobilizador.
Vendo bem, o ME tem andado muito ocupado com as listas nominais dos professores que fizeram greve aos exames!

Educação - Governo recua

Leio no DN que o Governo recuou nas acumulações de reduções horárias, no caso dos cargos de director de turma, orientador de estágio e coordenador do desporto escolar. Percebe-se que os dois primeiros casos apenas servem para encobrir o escândalo da acumulação para os coordenadores do desporto escolar, mas, para quem conhece a força deste lóbi, o recuo não surpreende.
Lastima-se este recuo do Governo, sobretudo porque esta aparente vitória, agora reclamada pelos sindicatos, demonstra como, na educação, já tudo voltou ao velho equilibrismo, por outras palavras, que está tudo como nos piores tempos.
Entretanto, cargos como os de coordenadores de grupo e de delegados disciplinares ficam de fora da importância que o ministério disse reconhecer aos outros, para permitir a referida acumulação. Sabendo-se como nas escolas já é difícil conseguir interessados para a coordenação de grupo e para serem delegados disciplinares, a pouca importância que mereceram ao ME, que nem se inibiu de a expressar, vem agudizar a situação e dificultar as já habitualmente tensas relações na sala de professores.
Há muito más razões para esta escolha do ME e esta aceitação dos sindicatos; que mais não sejam, a ignorância e a cedência ao poderoso lóbi do desporto escolar, por parte do ministério, e a necessidade de mostrar trabalho, a qualquer preço, por parte dos sindicatos; o pior, a seu tempo se verá.

Friday, July 08, 2005

Sobre os pobres...

... fica a interrogação de Mário Bettencourt Resendes ao Governo, num excelente artigo no DN.
Escreve ele:
«A marca social da governação está longe de se esgotar na retirada de privilégios de difícil justificação e só se completa com o auxílio urgente a essas faixas de deserdados que esperam pelo cumprimento da palavra prometida, que não pode ser remetida para os horizontes mais vagos da "fé no futuro".»
As péssimas práticas do passado legitimam o temor de que, neste particular domínio, as medidas tardem e faltem. Num acto de fé (que é o que nos resta), esperemos que assim não seja, com renovada esperança.
Nota:No mesmo artigo, Bettencourt Resendes escreve sobre os actos terroristas de ontem; conjuntamente com o que escreveu no Bicho Carpinteiro, teve a sabedoria de dizer o essencial sobre o assunto; uma voz (quase) isolada no meio do disparatado comentadorismo nacional, a propósito do terrorismo.

Thursday, July 07, 2005

«Uma das mais constantes características gerais das crenças é a sua intolerância.»*

Na sequência destes ataques terroristas, os diferentes canais de televisão agarram a «presa» e transformam o dever de informar em exercícios do mais macabro humor. Alguns comentários às imagens incessantemente repetidas balançam entre a mais distraída ignorância e a mais alarve insensibilidade, deixando-nos perplexos perante tamanha incompetência. Depois, ouvem-se, a torto e a direito, os protagonistas da nossa agenda política, actual e passada, constatando nós, com arrepios de cabelos em pé, que uns já ultrapassaram, há muitas luas, o seu prazo de validade, enquanto outros nem nunca terão um, pela mais grosseira imbecilidade de que dão provas.
Nesta algaraviada de taberna, ruidosa e inconsequente, descortinam-se, porém, preocupantes sinais quanto à incapacidade real de perceber, logo de lidar, com este problema, de que enfermam os responsáveis políticos, as «locomotivas» da sociedade portuguesa e, generalizadamente, a comunicação social.
Oiçam-se os comentários do PCP e da esquerda em geral, pasme-se com Mário Soares (e daí, talvez não muito, dado que ele já está naquele estado de infantilidade senil, que só nos merece uma condescendente contemporização), escutem-se algumas atabalhoadas intervenções de membros do Governo, faça-se um zapping pelos canais generalistas e noticiosos nacionais, carregados de «especialistas» de vão de escada, e só nos fica o medo, o medo do terror assassino, mas, sobretudo, o medo de ver em que mãos estamos entregues para lidar com ele.
Já todos percebemos que qualquer um, em qualquer parte, em qualquer momento, pode ser a próxima vítima. Aprender a viver com isso significa mais do que ceder a uma dialéctica cobarde e falaciosa, ou a pactuar com cedências vis e inúteis. Por cá, não parece haver capacidade, nem vontade de perceber isso.
*Gustave Le Bon

Londres amanhã

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Londres hoje (II)

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Londres hoje (I)

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Wednesday, July 06, 2005

G8 - as elites contestatárias

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Já não há paciência para o folclore das contestações à margem destas cimeiras. É bom que se perceba que estes manifestantes mais não são do que representantes de elites que, à conta de financiamento de todos nós (a grande maioria pertence a parasitárias ONG's), podem dar-se ao luxo de viajar para promoverem estas manifestações que, na quase generalidade dos casos, não pretendem outro efeito que não seja o mediático.

G8 - Um triângulo imprevisível

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Numa ambiciosa agenda de globalização - o combate à pobreza e a questão ambiental - Bush aparece como o grande protagonista de um insucesso mais do que anunciado. A sua irredutibilidade no que respeita ao ambiente poderá, no entanto, pesar na balança dos equilíbrios estratégicos e vir a «beneficiar» a questão africana.

G8 - África na agenda

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Ponto de viragem?

Ou há moralidade, ou comem todos. Como não há moralidade...

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Freitas do Amaral, deu parecer favorável à Portucale, em 1997.
Agora, não comenta. Pensando melhor, por que obscura razão haveria de comentar? já lhe pagaram pelo parecer e agora pagam-lhe para estar calado!
Palavras para quê? É um «artista» português!

Listas nominais de professores em greve

As listas foram solicitadas pela DREC, através de alguns dos seus coordenadores educativos, originando a apresentação de uma queixa-crime por parte do Sindicato de Professores da Região Centro (não esquecer o «activismo» do Mário Nogueira).
Confrontado com a situação, o Ministério da Educação veio, expeditamente, afirmar que não pediu " em momento nenhum, nomes e muito menos listas de professores em greve", acrescentando que "as comunicações solicitadas" se "destinavam única e exclusivamente à Inspecção-geral da Educação, o organismo competente para averiguar esta situação".
A resposta, de tão inteligente, deixou-me algumas questões:
- as comunicações solicitadas incluiam as famosas listas?
- se incluiam as listas, a IGE pediu-as por iniciativa própria, porque deixou de ser um serviço central do ME, não estando, portanto, a cumprir orientações da Ministra, logo, do Governo? autonomizou-se da tutela? com suporte em que fundamento legal, que ninguém deu por ele?
- se a IGE mantém a sua estrutura orgânica, foi a sua esfera de competência que foi alterada, de modo a conferir-lhe o direito a identificar, nominalmente, professores em greve? como?
- se nenhuma das anteriores é verdadeira, o que anda a fazer a Senhora ME? e, já agora, se a Senhora IGE exorbitou da sua esfera de competência, sem ordens expressas da ministra, por que razão isso não é dito?
- e a DREC foi a única Direcção Regional a pedir as listas? e se foi, por que razão o Director Regional, da confiança do actual governo, ainda se mantém em funções?
É impressão minha, ou há aqui duas leituras possíveis: ou no ME cada serviço faz o que quer e a tutela anda a ver navios, ou os dirigentes do ME, escolhidos por confiança política, mais não servem do que de bodes expiatórios aos erros da equipa governativa.

Antologia


TERNURA

Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão Ferreira

Tuesday, July 05, 2005

Ota

Terrenos friáticos? Bah!
Investimento privado? Há resmas de interessados!
Imprescindibilidade do novo aeroporto? Inquestionável!
O Pinóquio continua a perorar, mas só dá para perceber que alguém vai encher-se, ai isso vai!
Otários somos nós, que admitimos estes autênticos assaltos às nossas cada vez mais magras bolsas.

A cenoura

25,5 milhões de € para investimento, 120 mil novos empregos.

«A imoralidade é a revolta contra um estado de coisas de que se está a ver o logro»*

As declarações de Alberto João Jardim são apenas mais um episódio que vem demonstrar como ele ultrapassou, há muito, as linhas do mais elementar bom senso e faz alarde da sua incapacidade de controlo social, o que leva a pensar em condições de saúde mental a precisar de cuidados médicos, urgentes.
Por outro lado, os políticos têm, também, o seu prazo de validade, sobretudo quando as condições de "acondicionamento" são propícias à deterioração, como é o caso da ensolarada ilha atlântica. Neste caso, também há muito que o partido que representa(?) deveria, não apenas ter tomado posição firme relativamente às intempestivas intervenções da folclórica personagem, como ter encontrado uma alternativa credível a submeter a votos do eleitorado. Nunca o fez, pelas razões que se conhecem, alimentando a força e dando espaço às inconveniências. Como qualquer criança mal comportada, Jardim aproveitou a ausência de autoridade e foi esticando a corda.
Estando a situação da personagem apodrecida, nos termos que todos conheciam, só por suprema hipocrisia todos se manifestam agora muito agastados com as declarações xenófobas de Alberto João. E mais hipócritas, ainda, porquanto o que ele veio dizer «cai bem» a muitos senhores da nossa praça política, encontra eco no mundo da finança e empresarial, merece aplauso de muito pequeno comerciante e cidadão da rua.
A quase generalizada fragilidade das críticas e a atitude do PSD levam-me a duvidar que seja desta que a necessária prova de autoridade se concretize, mas, se for esta a gota de água que marque o princípio do fim das tropelias do senhor da madeira, não deixará de pairar sobre qualquer decisão que venha a ser tomada a sombra hipócrita do politicamente correcto, que o irá fazer pagar por manifestar em voz alta aquilo que muitos pensam e têm vergonha de dizer. Pior ainda, que alguns, na calada de decisões que passam despercebidas ao comum cidadão, acabam por, efectivamente, tentar impor.
* Ernest Renan

Monday, July 04, 2005

Parabéns!

Ao Bloguítica, pelos dois anos a fazer serviço público.
(aqui pela savana, aprova-se a escolha do «bicharoco» festivo!)

A questão europeia (III)

Sara Antunes escreve no Jornal de Negócios:

A questão europeia (II)

Escreve João Marques de Almeida no DE:

A questão europeia (I)

Escreve António Borges no DE:
«Perante os fracassos sucessivos das últimas semanas, muitos políticos europeus têm tentado culpar Blair pelos problemas que eles criaram. Primeiro Blair é acusado de sabotagem, ao tentar impor um modelo social à Americana, muito diferente dos valores europeus; depois, é também culpado de falta de espírito europeu por não abdicar do seu desconto orçamental a favor do orçamento europeu. Ambas as acusações são profundamente chocantes. O modelo económico e social de Tony Blair e Gordon Brown é não só muito diferente do de George Bush; é sobretudo o que melhor reflecte a tradição europeia de prosperidade e progresso com solidariedade e equilíbrio social. Depois, exigir que Blair financie um orçamento europeu retrógrado e pleno de desperdício é pedir-lhe que aliene definitivamente a opinião pública britânica, para quem hoje o primeiro objectivo é que os erros cometidos pelos vizinhos europeus não se repitam no seu país.»

Sunday, July 03, 2005

A Praia faz dois anos!

A propósito deste continuar, Ivan escreve esta magnífica inutilidade.
Viciante.
Cheers!

Antologia

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Le soleil brillait dans ma case
Et mes femmes étaient belles et souples
Comme les palmiers sous la brise des soirs.
Mes enfants glissaient sur le grand fleuve
Aux profondeurs de mort
Et mes pirogues luttaient avec les crocodiles
La lune, maternelle, accompagnait nos danses
Le rythme frénétique et lourd du tam-tam,
Tam-tam de la joie, tam-tam de l'insouciance
Au milieu des feux de liberté.

Puis un jour, le Silence...
Les rayons du soleil semblèrent s'éteindre
Dans ma case vide de sens.
Mes femmes écrasèrent leurs bouches rougies
Sur les lèvres minces et dures des conquérants aux yeux d'acier
Et mes enfants quittèrent leur nudité paisible
Pour l'uniforme de fer et de sang.
Votre voix s'est éteinte aussi
Les fers de l'esclavage ont déchiré mon coeur
Tams-tams de mes nuits, tam-tams de mes pères.

David Diop

Nunca julgaria possível...

...mas aqui estou a subscrever a Joana Amaral Dias, no Bicho Carpinteiro: «Desde o Choque Tecnológico à expectativa criada dias antes da apresentação final das contas e suas vírgulas, Sócrates pretendeu criar a imagem de economia das palavras e da precisão das décimas. Agora não gosta do monstro. Compreendo. Errar é humano.»

Ter vergonha

De viver num país que tem como Presidente da República alguém que, antes de ser português, é socialista e que dá pelo nome de Jorge Sampaio.

Le dernier Tour de Lance Armstrong

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Maior do que o TOUR ...

Saturday, July 02, 2005

A Arte da Fuga

Uma leitura diária indispensável. Um ano na blogosfera.
Parabéns ao Adolfo e ao António.

Friday, July 01, 2005

Défice de confiança

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Com maior, ou menor, dose de purgante, lá engolimos os erros no orçamento rectificativo, descontadas as culpas para cima das costas de alguns técnicos, que o são pouco.
Sabemos agora que uma «gralha» (ai estes eufemismos do socrático desgoverno!) despe o manto diáfano da fantasia à "sacrossantificada" comissão Constâncio!
Isto é um escândalo, façam-se as piruetas que se fizerem para desculpabilizar as «autoridades» que pretendem reconhecer-se em Campos e Cunha e Constâncio. Então estes senhores, para além de se rodearem de «técnicos» incompetentes, não sabem ler e analisar os relatórios que assinam, ou que, pelo menos, servem para lhes informarem as decisões?
Francamente, só falta virem para a televisão e jornais desculparem-se com a escola que não os preparou bem e com a tradicional «pecha» para a matemática.
E vergonha na cara, já não há?