Na sequência destes ataques terroristas, os diferentes canais de televisão agarram a «presa» e transformam o dever de informar em exercícios do mais macabro humor. Alguns comentários às imagens incessantemente repetidas balançam entre a mais distraída ignorância e a mais alarve insensibilidade, deixando-nos perplexos perante tamanha incompetência. Depois, ouvem-se, a torto e a direito, os protagonistas da nossa agenda política, actual e passada, constatando nós, com arrepios de cabelos em pé, que uns já ultrapassaram, há muitas luas, o seu prazo de validade, enquanto outros nem nunca terão um, pela mais grosseira imbecilidade de que dão provas.
Nesta algaraviada de taberna, ruidosa e inconsequente, descortinam-se, porém, preocupantes sinais quanto à incapacidade real de perceber, logo de lidar, com este problema, de que enfermam os responsáveis políticos, as «locomotivas» da sociedade portuguesa e, generalizadamente, a comunicação social.
Oiçam-se os comentários do PCP e da esquerda em geral, pasme-se com Mário Soares (e daí, talvez não muito, dado que ele já está naquele estado de infantilidade senil, que só nos merece uma condescendente contemporização), escutem-se algumas atabalhoadas intervenções de membros do Governo, faça-se um zapping pelos canais generalistas e noticiosos nacionais, carregados de «especialistas» de vão de escada, e só nos fica o medo, o medo do terror assassino, mas, sobretudo, o medo de ver em que mãos estamos entregues para lidar com ele.
Já todos percebemos que qualquer um, em qualquer parte, em qualquer momento, pode ser a próxima vítima. Aprender a viver com isso significa mais do que ceder a uma dialéctica cobarde e falaciosa, ou a pactuar com cedências vis e inúteis. Por cá, não parece haver capacidade, nem vontade de perceber isso.
*Gustave Le Bon
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