Tuesday, May 31, 2005

Antologia

To solitude

O solitude! if I must with thee dwell,
Let it not be among the jumbled heap
Of murky buildings; climb with me the steep,—
Nature's observatory—whence the dell,
Its flowery slopes, its river's crystal swell,
May seem a span; let me thy vigils keep
'Mongst boughs pavillion'd, where the deer's swift leap
Startles the wild bee from the fox-glove bell.
But though I'll gladly trace these scenes with thee,
Yet the sweet converse of an innocent mind,
Whose words are images of thoughts refin'd,
Is my soul's pleasure; and it sure must be
Almost the highest bliss of human-kind,
When to thy haunts two kindred spirits flee.
John Keats

PARABÉNS, CRACKDOWN!*

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* ou de como, aqui, se faz a festa, lançam os foguetes e apanham as canas!

PARABÉNS ANTHRAX!

E obrigado, por ter tornado esta aventura possível!


À nossa!
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Crackdown - um ano a deitar conversa fora

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Há um ano atrás, o crackdown «nasceu», apenas para poder acompanhar as andanças do seu velho companheiro do éter - o querido amigo Anthrax - que estreava o seu Diário na blogosfera. Mais preguiça, menos vontade, mais corridas em busca de sustento, menos horas de folga no retiro do seu galho predilecto, determinaram a prosa lançada aos ares. Este tempo volvido, o hábito instalou-se, e, pachorrentamente, o velho crack lá vai alinhavando linhas, a propósito de tudo e de nada. Ficam, da experiência, o prazer da escrita e o privilégio da companhia, daqueles que me deram a honra de passar por aqui.

Monday, May 30, 2005

OUI, OUI!

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OUI

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OUI

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Serviço Público

Novo na blogosfera, o que já deu à «estampa» permite concluir: a não perder - Despesa Pública.

Chirac

O não francês resulta, em grande parte, de questões internas, das quais a oposição a Chirac não será a menos relevante. E, no entanto, com a sua reconhecida capacidade de boiar sobre as crises que provoca, o Presidente francês gere, de imediato, a «representatividade da culpa» e apresenta a factura ao governo.
Aguardam-se os desenvolvimentos.

Ajuste de contas

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«As opções estratégicas de regeneração do sistema educativo não nos deixam uma questão de oportunidade; estamos sim perante uma questão de possibilidade», diz o ex- Secretário de Estado da Administração Educativa no XV Governo, Abílio Morgado, que lança hoje um livro em que «reflecte sobre políticas de Educação e percorre os meses, as reuniões e tomadas de decisão sobre o concurso de colocação de professores, cujas sucessivas falhas originaram várias polémicas», conforme noticia o DN.
Segundo o mesmo jornal, o ex-governante afirma ter-se apercebido tarde que o processo, por ele gizado e plasmado em enquadramento legal, «estava em perigo por questões de simples método de trabalho», isto é, por incapacidade técnica dos serviços responsáveis.
Tem razão, apenas esquece dois pequenos pormenores: (i) que teve avisos sérios e insistentes de que a DGRHE não levaria o processo a bom termo, e preferiu ignorá-los; (ii) que a complexidade do processo aconselhava a cautela de uma testagem, ou, pelo menos, de um procedimento de rectaguarda, sugestões que a sua determinação não lhe permitiu aceitar.
Resultado: com a intervenção posterior da ministra Maria do Carmo Seabra, o processo custou ao Estado 20 milhões de € e estragou a vida a muitos professores.
De acordo com o Barómetro da Marktest para o DN e TSF relativo ao mês de Maio, Sócrates vê a sua popularidade dar um valente trambolhão, no que está bastante bem acompanhado pelo líder do PSD.
Quanto aos partidos, todos descem, com excepção do PS, que sobe ligeiramente.
Recomenda-se a Marques Mendes que passe a analisar, com atenção, os dados destas consultas, e deles seja capaz de retirar as devidas conclusões. Em tempo útil.

Sunday, May 29, 2005

As primeiras reacções

Na sua mensagem, diz Chirac: «La France, pays fondateur de l'Union, reste naturellement, dans l'Union. Je tiens à vous dire, à dire à nos partenaires européens et à tous les peuples de l'Europe que la France continuera à y tenir toute sa place, dans le respect de ses engagements. J'y veillerai. »

Por seu turno, Durão Barroso pronunciou-se a favor da continuação do processo de ratificação, lembrando que “nove Estados-membros, representando a maioria” da população da União Europeia, “já ratificaram a Constituição Europeia”.

Do Reino Unido, contudo, chega a sugestão de um “período de reflexão” antes da cimeira de Junho do Conselho Europeu, porque, segundo Jack Straw, «o resultado [do referendo] levanta questões profundas a todos nós sobre o rumo da Europa».

Na Alemanha, o não francês é considerado um retrocesso para o processo de ratificação da Constituição, mas não o seu fim, e Schröder apressa-se a assegurar que este resultado não irá interferir na «parceria franco-alemã na e para a Europa».

E em Portugal? É distracção minha, ou ainda não há declarações oficiais?

Un taux de participation au référendum sur la Constitution européenne supérieur à 66 %

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«To know a man, observe how he wins his object, rather than how he loses it; for when we fail our pride supports us; when we succeed, it betrays us.»*

Quando Durão Barroso foi convidado, e acabou por ser nomeado, Presidente da Comissão Europeia, foi ensaiada, e até certo ponto levada a cabo, uma desvalorização da importância desta nomeação para Portugal. Alegou uma certa imprensa, a reboque de comentários em surdina dos partidos da oposição ao governo PSD/CDS, que, para além das vantagens de carácter pessoal, o facto de um cargo desta relevância ser exercido por um português em nada dignificava o país. Tal era o absurdo destas fantásticas conclusões, que algumas personalidades mais mediáticas, e mais inteligentes, vieram pôr a nu o que de inveja e ressentimento continham estes azedos comentários, e a coisa acabou num silêncio conformado.
Agora, tudo se passou de forma diferente, na nomeação de Guterres para o ACNUR, cargo relevante e prestigiante, mas não comparável, em importância, em responsabilidade, em poder de influência e visibilidade, ao de Presidente da Comissão Europeia. A dar crédito a uma comunicação social amestrada e, sobretudo, a um PS histérico e a um governo inchado de orgulho, até pareceria que Portugal acabava de se tornar a mais importante potência mundial, por via e mérito da nomeação do desastrado ex-Primeiro-Ministro.
Bom senso, bom gosto e justa medida, é o que se pede a quem tem responsabilidades públicas e políticas. Deixem, portanto, de fazer figuras tristes e recomendem ao inefável engenheiro que arregace as mangas e se prepare para honrar o país, fazendo um bom trabalho, em vez de se pavonear com aquele ar de superioridade enfastiada, que tresanda a vaidade deslocada.
* Charles Caleb Colton

«Proibir qualquer governo de mudar a sua lei orgânica durante 20 anos.»

Esta é apenas a primeira das 21 medidas que o Ricardo Costa sugere ao governo para «salvar o défice sem nos "lixar" a vida a todos».
Entre outras medidas genialmente simples, no meio da tabela coloca a virtude, que nenhum governo será capaz de manter intacta: «não nomear amigos e “malta do partido” para as administrações das empresas estatais e para-estatais.»

Saturday, May 28, 2005

Quadro de excedentes na função pública

Dizem os jornais que o governo se prepara para activar a lei dos supranumerários, o que seria prosseguir uma política de racionalização dos quadros, que há muito se impõe, e que os governos da coligação iniciaram e só não terminaram pelas circunstâncias que se conhecem.
O que se estranha, na notícia, é que ela não bate certo com o que se vai sabendo. Por exemplo: a reorganização dos quadros dos serviços do Ministério da Educação, que estava feita, foi anulada por ordem da actual ministra. Atendendo à caça às bruxas que vai pelas Direcções-Gerais e Regionais, imagino que a 5 de Outubro queira ter a oportunidade de «emagrecer» os serviços à conta de funcionários «incómodos» para o PS .
E viva a maioria absoluta. Quem pode, manda.

Friday, May 27, 2005

Sócrates recusa o discurso da tanga

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"The majority is never right. Never, I tell you! That's one of these lies in society that no free and intelligent man can help rebelling against. Who are the people that make up the biggest proportion of the population -- the intelligent ones or the fools? I think we can agree it's the fools, no matter where you go in this world, it's the fools that form the overwhelming majority."
Henrik Ibsen

Thursday, May 26, 2005

Manuel Monteiro considera que os portugueses devem levar o Estado a tribunal pelo «assalto sistemático à bolsa da classe média».

Eu bem não queria dar razão ao homem, nem nunca julguei que isso pudesse um dia acontecer, mas não consigo deixar de subscrever algumas das perguntas que faz:
«Será que vivemos num País a sério? Estaremos acordados ou passamos por um sono profundo que parece não ter fim? Há défice e ninguém é responsável? Gastamos mais do que produzimos e ninguém sabia? Temos mais despesa do que receita e ninguém tinha dado por isso? Mas afinal quem mandou fazer os estádios de futebol, que agora estão às moscas? Quem consentiu que a Casa da Música, no Porto, custasse muito mais do que estava orçamentado? Quem autorizou as obras do Aeroporto Sá Carneiro e permite que, ano após ano, elas se arrastem? Quem pactuou com as sumptuosas obras na Madeira, pagas sabe-se lá bem quando e como? Quem vai gastar rios de dinheiro para fazer uma corrida de carros antigos no Porto? Quem adjudica obras públicas por um preço e as paga depois, por muito mais do que estavam orçamentadas? Quem nomeou os gestores dos hospitais que não souberam gerir nada e depois os recompensa com administrações em empresas públicas, ou lhes dá chorudas indemnizações se a sua comissão não chega ao fim? Quem criou institutos públicos, apenas para empregar amigos? Quem fomentou, e fomenta, as empresas municipais, algumas das quais têm apenas como único cliente a própria câmara? Quem aumentou o número de funcionários públicos? »
Se Portugal não fosse uma tanga de um país de tanga, seria altura de responsabilizar os políticos que nos puseram na situação em que estamos.

Tanga (V)

«Agora, parece que afinal o Governo está a ser "esmagado" pelo défice, não se importando de "deprimir" os portugueses com a sua nova obsessão. O dr. Jorge Coelho vai gritando, de Faro a Mangualde, que o défice a "7%" é uma "vergonha" e uma "vergonha" da "direita", que é a "responsável" por isto tudo. E vai gritando ainda que, mesmo com o défice a "7%", o Governo vai dar aos portugueses tudo o que lhes prometeu novos hospitais, auto- -estradas à borla, comboios de alta velocidade, aeroportos. E se tivesse prometido a vida eterna, certamente a daria também.»

Tanga (IV)

«O plano apresentado pelo Governo é - porque implica escolhas - susceptível de críticas. Pode, sobretudo, duvidar-se do argumento ideológico que suporta a manutenção das auto-estradas sem portagens (Scut) ou discutir o efeito depressivo do aumento do IVA sobre a economia. »

Tanga (III)

Sócrates foi forçado a admitir na AR que as medidas que apresentou só baixam défice para 6,2%.

Tanga (II)

«Um estado economicamente mais racional não coloca em causa a justiça social. Pelo contrário, serve para a potenciar. Esta é uma tese simples que reúne defensores por toda a Europa. Os ingleses estão na liderança, porque aplicaram o modelo e têm resultados para dar e vender. E o que é um Estado economicamente mais racional? É aquele que se preocupa em pensar a política (as medidas) com base nas respostas possíveis dos cidadãos. »
Uma das sete verdades mortais de Martim Avillez, a ler .

Tanga (I)

(Sampaio)«Impôs condições, e num acesso de bravata um pouco idiota, prometeu “vigiar” o governo. Como se verifica hoje, a vigilância só existiu na cabeça do senhor Presidente. Se o país acorda hoje neste misto de ressaca e dor, foi precisamente porque a vigilância prometida pelo seu presidente não passou de uma promessa oca. (...) Só que, é bom lembrar, mesmo já quando a procissão ia no adro, Sampaio ainda podia ter limitado os danos. O Presidente dissolveu a Assembleia, mas como provavelmente não percebe nada de economia, promulgou o patético orçamento que Santana, Portas e Bagão lhe apresentaram. Isso mesmo, promulgou. Ou seja, o suposto vigia da “besta”, alimentou-a ainda mais, com imenso sentido de Estado. Em nome da “responsabilidade”, assinou por baixo do orçamento mais irresponsável que Portugal tem memória. Bastava que não o tivesse feito, obrigando o país aos duodécimos, e o actual défice estaria não em 7 por cento, mas em bem menos.»
Um dos cinco responsáveis pelo «montro», segundo Domingos Amaral.

Wednesday, May 25, 2005

Coma profundo

Ontem, ainda achava que a oposição andava a dormir. Hoje percebi: está em coma profundo. Irreversível.
Desliguem a máquina!

As obras públicas mantêm-se

Apesar da crise, apesar do défice estimado de 6,83%, apesar da cinturinha de vespa que os portugueses passarão a exibir à conta deste apertar de cinto, o ministro da tutela diz que as grandes obras públicas (aeroporto, TGV) se vão manter. Está-se mesmo a ver que o desmame é selectivo - eles comem tudo e não deixam nada!

Ainda a educação sexual nas escolas

Agora, a flamante equipa da educação vai pedir parecer ao CNE.
Quer-se melhor evidência de que na 5 de Outubro andam às cegas com este assunto?

Tuesday, May 24, 2005

E por falar em sonecas...

... o que anda a oposição a fazer?

Tenham vergonha!

Sócrates, bem acolitado pela tralha guterrista, ganhou as eleições, pelas razões, e nas circunstâncias, que conhecemos, e de que muitos se penitenciarão e muitos mais se deverão envergonhar.
O PS conduziu a sua campanha eleitoral com o despudor de quem se esquecera que tinha sido governo durante seis anos, apenas escassos três anos antes, prometendo tudo, a propósito e a despropósito. Assumido o governo, impunha-se emendar a mão, que o desastre, criado e mantido ao seio por Guterres e seus ministros, pôs este país de joelhos, por muito mais tempo do que aquele que qualquer legislatura levaria a corrigir, e bem sabemos que o interregno PSD/CDS não teve nem tempo, nem conjuntura, nem engenho, admita-se, para suster a sangria.
Entalado entre as criminosas mentiras eleitorais e a desconfortável necessidade de tomar decisões impopulares, o PS volta aos velhos truques e esquemas - cozinha uma conveniente «parceria» com o socialista Governador do Banco de Portugal para alarmar o povão e preparar a malta para a cirurgia com dor que prepara; exige ao lamuriento socialista Presidente da República que complete a obra iniciada com a dissolução da AR, manifestando a sua surpreendida indignação com o estado das finanças públicas; põe em movimento a brigada de choque, que inclui as manobras habituais: as intervenções de «limpeza» do bulldozer Coelho, a função lava mais branco de ex-ministros e ex-gestores guterristas (esses mesmos, os que puseram isto de rastos), a acção quem mais jura mais mente da esquerdista comunicação social, que tem sobrevido à pala da caneta (da tecla?) ao serviço de tudo, menos da verdade.
Que raio de Governador é este, que não sabia o estado das finanças públicas, mas que é capaz de estimar o défice de 2005 em 6,83%?! Que desastroso Presidente temos, que se arvorou em fiscal do XVI Governo por causa das finanças públicas e agora fica surpreendido com o que ouve? Que credibilidade tem uma previsão de défice estimado em 6,83%, para o ano em curso, a não ser aquela que sirva para medir a «boa» acção governativa, quando o défice se situar abaixo do agora estimado?
Alguns perguntam se estas gradas figuras do Estado andaram a dormir, o que seria bem menos culposo do que aquilo que os menos crédulos se poderão permitir pensar - que, aproveitando as altas funções em que estavam investidos, lixaram os portugueses, intencionalmente, para abrirem o caminho ao PS.
Os muitos boys que estão a exigir, e a obter, o domínio da máquina da Administração e do Estado, são prova bastante dos inconfessáveis e tenebrosos objectivos passados , presentes e futuros desta gente?

A incompetência compensa

Guterres foi nomeado Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados.
O bom na notícia, para Portugal, é que, temporariamente, nos livrámos dele.
O mau da notícia, para o ACNUR, é que, sendo um dos organismos com maior orçamento, vai estar de rastos quando terminar a «gestão» Guterres.

Monday, May 23, 2005

A educação sexual nas escolas

Sobre este tema, nos últimos dias tem-se escrito muito, em alguns casos muito bem, noutros, com uma ligeireza que me arrepia.
Mas o apaixonado debate anda a efectuar-se através dos media e na blogosfera, pelo que se torna inútil acrescentar/repetir o argumentário clínico/político/ideológico/sociológico, uma vez que ambos os «lados» ficaram há muito surdos a tudo o que não seja o reforço das posições que defendem.
Antes que a suspeição se instale em qualquer um que me leia, milite num ou noutro «lado», convém esclarecer que não sou contra a abordagem de conteúdos de educação sexual na escola, antes pelo contrário. Assim sendo, preocupa-me, essencialmente, o como, o quando, o por quem esses conteúdos poderão/deverão ser abordados em universo escolar, e, sobretudo, as condições em que deverá ser, permanentemente, acompanhada e avaliada a acção da escola nesse particular domínio, uma vez que tenho por assumido que a definição desses conteúdos terá, obrigatoriamente, que ter sido efectuada em sede própria e momento prévio à sua adopção pelas escolas, para os diferentes níveis de ensino.
Será porque penso assim, que acuso de negligência muitas das equipas governativas da educação, que desmantelaram o pouco que existia no terreno em termos de educação para a saúde, que não tiveram coragem de decidir o que pretendiam fazer quanto à educação sexual, enredando-se em compromissos vários e inexplicáveis, que encomendaram conteúdos, sem que sobre os mesmos tivessem definido princípios orientadores e linhas programáticas, finalmente, porque atiraram para a esfera de competência das escolas, sem a adequada preparação e o necessário enquadramento destas, a responsabilidade pela condução da educação sexual dos alunos.
Se passarmos em revista a formação contínua de docentes, fácil é constatar que a formação específica e especializada para a leccionação de conteúdos de educação sexual não será digna de registo estatístico, ou outro. A formação em administração e gestão escolar também não aborda a questão na dimensão requerida, ao que me consta. Formação de funcionários não existe. Temos, portanto, um universo escolar impreparado para corresponder à responsabilidade que o ME lhe atira para os ombros. Some-se a isto a tradicional dificuldade das escolas em obter a cooperação dos representantes dos pais e famílias para estas matérias e em articular com eles uma acção concertada para a educação sexual dos seus filhos e educandos, e percebe-se como o problema tem sido deixado à iniciativa e capacidade individuais de professores e comunidades escolares, mais «sensíveis» para actividades, que quase podemos classificar de boa vontade e experiencialismo.
Ora, não é qualquer um, só porque é adulto e professor, que está devidamente preparado para poder abordar com alunos, da faixa etária que lecciona, conteúdos de educação sexual. Para além da imprescindível formação específica, à-vontade, idoneidade, responsabilidade, humanismo e sensibilidade são requeridos, em dose elevada.
Acontece que não sei se será uma evidência, para a generalidade dos pais e para a população em geral, que a escola é hoje um lugar de elevado risco de abuso sexual, risco potencial que, infelizmente, se concretiza em número crescente de casos, todos os anos, no que parece ser uma tendência constante, quanto ao crescimento do número de ocorrências e quanto ao agravamento das ofensas. E não é por acaso que digo PARECE; faço-o porque não conheço qualquer levantamento de dados que permita saber, a nível do país, quantas e quais as ocorrências, e a casuística das mesmas. Isto é, não creio que o ME possa apresentar, se lhe fosse agora pedido, qualquer relatório sobre as ofensas de carácter sexual infligidas a alunos, em espaço escolar e imediatamente circundante, por outros alunos, por professores e educadores, por funcionários, por intrusos ocasionais. Mas que essas situações existem, sabem-no bem as vítimas, as famílias, as escolas e as comunidades locais.
Inserida num ambiente social mais vasto, em que os níveis de infracção criminosa contra a criança e o jovem são preocupantes, a escola tem-se ressentido e acompanha a tendência. Poder-se-á pensar que a melhor forma de combater estas situações é com mais educação sexual, desde os mais precoces anos. Concordo, ou melhor, concordaria, se a introdução desta disciplina nas escolas tivesse sido precedida de estudos adequados, definidos os conteúdos após amplo e consensual debate na sociedade portuguesa, envolvidos os pais no processo, formados os professores e as escolas, garantidos o acompanhamento, por equipas especializadas, e a avaliação sistemática, pelos serviços responsáveis. Assim, como se pretende fazer, potenciam-se os riscos, já de si elevados, de propiciar a permissividade entre alunos e destes com os seus professores e funcionários das escolas, o que poderá estimular e facilitar os abusos sexuais, em vez de diminuir a sua ocorrência.
Alguns blogs têm-se referido, amplamente, quer às imagens e referências contidas nas orientações para os professores, quer à prevalência da secura da explicação «científica» da sexualidade, em detrimento do enfoque na dimensão da afectividade e do amor na actividade sexual, que entendem não dever esquecer na formação dos jovens. É verdadeiramente importante que se faça esse debate, mas só espero que, esgotada a paixão do mesmo, não fique tudo como está – ao Deus dará. Porque acordámos agora para o problema, porque o que está feito é pouco e mau, não significa que se deva desistir de introduzir a educação sexual nas escolas. É bom é que se comece do princípio, fazendo bem, com passos certos e seguros, sem cedências nem oportunismos. Em tão importante questão, não podemos deixar correr e, dentro de uns anos, vir acusar as escolas de inoperância e incapacidade. Porque, se assim fizermos, para alguns o preço será demasiado alto.

Thursday, May 19, 2005

JPP diz não ao Tratado.

Santana

Diz na RTP1 que vai trabalhar na profissão que tem - como advogado!
E ele é capaz?

Cavaco fala

O cenário negro de um défice orçamental a rondar os 7%, com a possível tentação do Governo num aumento da carga fiscal, levaram Cavaco Silva a alertar para as consequências - a falta de competitividade das empresas portuguesas, que, a prazo, levarão a falências e ao aumento do desemprego.
O sinistro rufar de tambores que tem vindo, em crescendo, a preparar-nos para os resultados da comissão Constâncio, mostra que a situação está preta . Assim sendo, qual é a receita, Professor?
Tendo em conta a disponibilidade que parece ter para uma candidatura a Belém, talvez esteja na altura certa de intervir mais activamente, pelo menos indo mais além da comodidade desta função de despertador de consciências, que tem adoptado. Isto, independentemente de o PS ter a inteligência suficiente para aproveitar a ajuda.

Estão verdes!

A taça foi-se, à conta do verde equipamento do Sporting. Descobriram os sábios que a cor vermelha nos equipamentos desportivos deve ter reflexo nos resultados obtidos, já que o maior número de vencedores usa equipamentos dessa cor, que, ao que parece, potenciará os níveis de testosterona.
Adivinham-se grandes alterações cromáticas no futebol português. E, já agora, noutros ramos de actividade também seriam bem acolhidas.

A situação é desesperada, mas não grave *

Mulheres e jovens são os mais penalizados pelo desemprego, que atingiu no primeiro trimestre de 2005 a sua taxa mais elevada desde 1998.
Considerando a situação das finanças públicas, e as medidas duras que o discurso catastrofista do Primeiro-Ministro e acólitos anunciam, na questão do emprego não existe margem para optimismos.
A panaceia habitual veio à baila - formação profissional. Que esta tem servido para encher muitos bolsos, é um facto; que tenha ajudado a resolver o que quer que seja, as evidências falam por si.
* a quem é que eu já ouvi isto?

O Mendismo

As distritais de Lisboa e Porto aprovaram Isaltino Morais e Valentim Loureiro como candidatos a Oeiras e Gondomar, respectivamente. Apesar disso, Marques Mendes vetou ambos os nomes. Os critérios do veto são conhecidos, mas não entendidos, quando comparados estes com outros casos. A procissão ainda vai no adro, com o andor aos tombos.
Entretanto, umas curiosidades: Teresa Zambujo, a desejada e indigitada para Oeiras, sentiu-se na necessidade de vir dizer que é rica; resta saber desde quando e como, não será? A querida e muito simpática escritora Maria João Lopo de Carvalho é a candidata à Câmara de Vila Franca de Xira; aproveitará a experiência para um novo livro e a Rosinha agradece.

Tuesday, May 17, 2005

Em que ficaram os discursos escandalizados do PS na oposição?*

De Durão Barroso a Sócrates, o streap tease das finanças públicas - Portugal despiu a tanga e ficou em fio dental.
Para o número «aquecer», só falta Constâncio subir à pista e, qual gigolo de brilhantina, despir o que resta à «dama». Pobre república!
* ou de como, em política, a falta de vergonha compensa; é preciso ter sorte!
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«A tristeza é um livro sábio que se tem no coração e que nos diz centenas de coisas - impede-nos de apodrecer como um cogumelo debaixo de uma árvore; pouco a pouco vai fabricando uma provisão de ensinamentos para a vida. »
Juliusz Slowacki

Monday, May 16, 2005

Chumbos, retenções e outras reprovações

Já se sabia, mas os dados oficiais vêm confirmá-lo - os alunos portugueses reprovam cada vez mais.
A notícia aponta várias causas, todas a tomar em consideração. O facto é que a situação agrava-se e o ME revela-se incapaz de a resolver, com governos do PS ou do PSD. As estatísticas agora apresentadas pelos serviços do Ministério da Educação talvez ajudem a perceber as razões dessa incapacidade - os dados disponíveis reportam-se a 1999/2000. Um ministério que não é capaz de saber, a tempo e horas, o que anda a fazer, não pode andar a fazer grande coisa.

Wednesday, May 11, 2005

Como uma onda...

«Está tudo mal», berra o líder da distrital portuense do PSD, Marco António, acolitado pelo responsável do mesmo partido em Braga, sobre o processo de escolha dos candidatos para as eleições autárquicas, liderado por Marques Mendes.
Em causa, apenas o veto de Mendes a Isaltino e Valentim e a manutenção de Damasceno? Ou serão outras as preocupações?

"Avalia-se, mas fica tudo na mesma"

Quem o diz é Adriano Moreira, presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior, que afirma ainda que o actual sistema nacional de avaliação "está esgotado" e tem "deficiências evidentes".
Já se sabia, é bom vê-lo publicamente reconhecido. Talvez, assim, se esteja no limiar de uma mudança efectiva do paradigma da avaliação em Portugal. E não apenas no que respeita ao ensino, e ao ensino superior, em particular.
Que esta constatação da inutilidade das «avaliações» efectuadas nos vários domínios da actividade pública e privada sirva para tornar mais consequentes os resultados dessas avaliações. Ou não sairemos do ponto de partida. Que é o que tem acontecido.

E a Ministra da Cultura diz que...?

«aquilo que mais ameaça a produção cultural europeia é a avidez do subsídio, o corporativismo, o egoísmo empresarial e a concentração excessiva, tudo coisas que não precisam de convenções internacionais, mas sim de soluções nacionais e/ou de soluções a encontrar no quadro da União Europeia.»

Tuesday, May 10, 2005

Roupa suja

A cunha do pai de Marques Mendes a Valentim Loureiro já veio a público.
Se os enjeitados de Mendes decidem seguir por este caminho, a opinião pública em geral, e a blogosfera em particular, vão ter muito com que se entreter.
Mas é por estas, e outras, sobretudo por outras, que duvido que estas candidaturas de afrontamento sigam o percurso mais óbvio.

Tráfico de influências

Nobre Guedes e Abel Pinheiro foram constituídos arguidos no caso do empreendimento turístico em Benavente.
O cerco começa a apertar-se em relação a membros de anteriores governos.
A estratégia de regeneração dos partidos da coligação passa, também, por aqui?

Referendar o aborto - a saga continua

Agora é um grupo de notáveis (Helena Roseta, a pintora Paula Rego, a jornalista Diana Andringa, a escritora Maria Teresa Horta e os sociólogos Boaventura de Sousa Santos e Anália Torres) que apela ao PS para alterar a actual lei na AR.
Soma e segue, a procissão compõe-se.
Não julgava que o perigo de um não no referendo constituísse uma ameaça tão forte.

Monday, May 09, 2005

Referendo ao aborto

Cada vez mais longe. Já aqui o escrevi, a recusa de Sampaio apenas permitiu abrir caminho ao PS para iniciar a «campanha» por uma decisão no Parlamento. A estratégia prossegue, agora com António Costa a secundar a opinião de Jorge Coelho. E o PSD?

«A leveza intimista da pluma»*

Finalmente, começa a ser revelada. A do major, essa já a conhecemos. Há muito tempo.

Friday, May 06, 2005

Antologia

Entre irse y quedarse duda el día,
enamorado de su transparencia.
La tarde circular es ya bahía:
en su quieto vaivén se mece el mundo.
Todo es visible y todo es elusivo,
todo está cerca y todo es intocable.
Los papeles, el libro, el vaso, el lápiz
reposan a la sombra de sus nombres.
Latir del tiempo que en mi sien repitela
misma terca sílaba de sangre.
La luz hace del muro indiferente
un espectral teatro de reflejos.
En el centro de un ojo me descubro;
no me mira, me miro en su mirada.
Se disipa el instante. Sin moverme,
yo me quedo y me voy: soy una pausa.

Octavio Paz

Valentões

Marques Mendes disse não e, por decisão da Comissão Permanente, o PSD não apoiará a recandidatura de Valentim Loureiro à Câmara de Gondomar.Valentim diz que, com apoio do partido, ou sem ele, avançará.
Em Oeiras, Mendes tomou a iniciativa de apoiar Teresa Zambujo, mas Isaltino Morais continua a afiançar que será candidato.
No meio da aparente incoerência dos apoios que mantém (Damasceno) e que retira, Mendes quer demonstrar empenhamento em ganhar a batalha de recuperar a perdida credibilidade do partido. Vamos ver se Isaltino e Valentim se aguentam até às urnas e como Mendes se aguenta depois do resultado destas.

"uma política editorial virada para a atmosfera e não para a blogosfera"

O Abrupto faz dois anos. Com honras de destaques vários, dentro e fora da blogosfera.
Sem dúvida, o melhor dos melhores. No nosso pequeno mundo blogosférico e arredores.
Está de Parabéns o autor, e os que o lêem.

Projectos de investigação de médicos portugueses receberam bolsas de investigação

O objectivo da investigação é «melhorar a eficácia dos tratamentos farmacológicos e abrir caminho à possibilidade de desenvolvimento de fármacos personalizados na área do cancro da próstata e da bexiga».
É consolador, e um estímulo, ver portugueses a distinguirem-se em trabalhos científicos do nível destes.

Pura malandragem política

Chama João Miguel Tavares, no DN de hoje, à ameaça de Jorge Coelho de decidir a questão do aborto na AR. Já ontem aqui dei conta da malandragem. Sampaio foi exímio na sua «firmeza». O PS agradece, uma vez mais.
A farsa continua!

Thursday, May 05, 2005

Assassínio de menores

A morte de outra menina, de apenas 5 anos, às mãos de pai e avó, não pode constituir apenas mais uma oportunidade para os jornais e revistas venderem e as televisões aumentarem as respectivas audiências.
Urge que se perceba o que andam a fazer as CPCJ e as entidades responsáveis pelas absurdas decisões, que têm tido estes desfechos criminosos. Ninguém é responsabilizado por se retirar uma criança da guarda de pessoas que as tratam bem e as entregam a familiares que lhes dão maus tratos continuados, chegando ao homicídio qualificado? Quem responde pela morte da Vanessa e das outras crianças que, vá lá saber-se em nome de quê, foram entregues a famílias biológicas, que apenas tinham a recomendá-las o facto de terem tido a capacidade de procriar? Mas que «técnicos» são estes? É preciso não saber como são constituídas as CPCJ e não conhecer o trabalho que desenvolvem, para podermos acreditar que estes casos são situações raras. O número de vítimas é já demasiado elevado para podermos continuar à espera.

Continua a dança...

... das cadeiras no ME, direcção norte/sul.
Ao que consta, a Ministra não está com hesitações - avia a «guia de marcha» invocando a falta de confiança política. O perfil dos substitutos confirma. São (só) boys e girls.

Uma suite com vista...

Manuel Monteiro veio confirmar o que já se sabia e aqui se tinha afirmado. Vai apoiar a candidatura socialista à Câmara do Porto (o que fará toda a diferença).
Será por isso que um ilustre senador do CDS monteirista acaba de ser sondado por Monteiro para um cargo de relevo em representação de Portugal?

Aborto

O PS meteu os pés pelas mãos, tentou entalar Sampaio com uma decisão apressada e atirou com o referendo para o último trimestre de 2006. Isto é o que parece e, em política, o que parece é.
Mas o que também é, é que a decisão de Sampaio abriu caminho a que o PS iniciasse, de imediato, o discurso favorável a uma decisão no Parlamento, sem recurso ao referendo. Por enquanto, apenas admite fazê-lo no caso de o novo PR bloquear o referendo, mas a semente está lançada. A possibilidade de uma decisão em sede do parlamento ganhou espaço, força e justificação com a decisão de Sampaio. O que nos leva a pensar que também é verdade que, em política, o que é, nunca parece.

Taça UEFA

Viva o Sporting!

Wednesday, May 04, 2005

Iniciación temprana en las relaciones sexuales

A Rititi «passou-se». E «passou-se» muito bem, no que de indignação tem o seu magnífico post relativamente ao abuso de crianças. De que, este caso, não será o melhor exemplo, dadas as circunstâncias («el relato de hechos probados, no consta que "para ello hubiera empleado violencia, intimidación, engaño o promesa alguna"») e a idade da jovem («La Audiencia Provincial de Córdoba rechazaba que se tratase de un delito de abuso de prevalimiento, al considerar que la simple diferencia de edad no era suficiente para perfilar el mismo.»)
Quer gostemos, quer não, estas circunstâncias podem fazer toda a diferença.

Castelo Branco connection

Qual é o ministério, qual é ele, em que há uma senhora de virtude que, assim que Sampaio demitiu o governo santanista, se fez nomear directora-geral (com uns jeitinhos nas datas dos despachos para a «coisa» ser menos escandalosa), e conseguir ser agora aposentada como tal , ao fim de três escassos meses?
Uma ajudinha - mais do que a afinidade política com a(s) tutela(s), funcionaram as «teias» geográficas; ou, dito de outra forma, comem todos da mesma panela e arranjam(-se) grandes tachos!
E viva a maioria absoluta!

Mudam as moscas...

O Ministério da Educação é, mesmo, um «buraco»!
Ministro(a)que lá chega fica logo com queda para a asneira.
A actual equipa anuncia as já tradicionais mudanças de cadeiras nos serviços centrais, a que se seguirão alguns dos regionais, e a desilusão é total: as amigas e os amigos ascendem a lugares para os quais têm como única qualificação essa mesma característica - serem amigos de fulano e cicrano.
Um desastre total.

O método de Carrilho

Começou em Janeiro de 2004 a posicionar-se como candidato à Câmara de Lisboa. Hoje, mesmo que o ranger de dentes seja audível, o PS escolheu-o como o seu candidato à capital. Diz que Lisboa se tornou «uma cidade bloqueada e sem liderança». Verdade que não diz (quase) nada sobre como pensa resolver os problemas que identifica no município, sob a gestão errática de Santana. Remete para os «estados gerais» autárquicos, um grupo de peritos que vão estudar os dossiers. Para quem há tanto tempo se perfilou para a candidatura parece (muito) pouco, mas vai entretendo os lisboetas (e consolidando uma imagem de seriedade e rigor) afirmando que «gostaria de introduzir, ou de sublinhar, a importância do método na política». É caso para dizer que, depois de Santana, este discurso é música... de câmara.
Mais do que Belém, parece que está São Bento no horizonte.

Estado reforça «poderes» nos media

Esperava-se. Está de acordo com o que têm sido a teoria e a prática do governo de Sócrates.
O ante-projecto para a nova entidade reguladora dos media, pelo meio do ramalhete de boas intenções e «padrões ético-legais exigíveis», anuncia que esta autoridade reguladora deverá «elaborar, aprovar e publicar regulamentos obrigatórios que disciplinem as actividades de comunicação social, salvo em matéria de direitos, liberdades e garantias pessoais», e «elaborar, aprovar e publicar orientações genéricas que fixem padrões de boa conduta no sector da comunicação social». Na área de negócio não «pia», como mandam as regras do «bom» governo.
É assim que se começa!

Monday, May 02, 2005

Antologia

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Les souvenirs, ce sont les chambres sans serrures,
Des chambres vides où l'on n'ose plus entrer,
Parce que de vieux parents jadis y moururent.
On vit dans la maison où sont ces chambres closes.
On sait qu'elles sont là comme à leur habitude,
Et c'est la chambre bleue, et c'est la chambre rose...
La maison se remplit ainsi de solitude,
Et l'on y continue à vivre en souriant...

Henry Bataille

Encontros por uma Europa da Cultura

Estes encontros, que estão a decorrer em Paris, hoje e amanhã, e contam com a participação de nomes portugueses ligados à cultura ( com que critério terão sido escolhidos? - importaria perguntar), nomeadamente da própria ministra, Isabel Pires de Lima, irão, uma vez mais, debater questões de fundo, como a afirmação da Europa no mundo através da sua cultura, e o relevo a dar a esta, como motor da construção europeia.
Para além deste debate de intelectuais e artistas, que, a julgar pelos resultados de eventos anteriores, corre o risco de ser, de novo, improdutivo (para além do afago ao ego das entidades presentes), espera-se que se abordem questões bem mais imediatas e palpáveis.
De facto, existem actualmente na UE 4,2 milhões de postos de trabalho ligados à cultura, o que representa 2,5% da população activa, mas os programas europeus dedicados à Cultura, Audiovisual e Media representem apenas 0,12% do orçamento total da UE. Por outro lado, no cinema e na televisão, os conteúdos americanos representam, respectivamente, 85% e cerca de metade dos produtos consumidos pelos espectadores. A inversão desta tendência e o aumento do investimento em cultura, por cidadão, não poderão, por isso, deixar de constituir importantes pontos da agenda de Paris, sendo bom que, sobre os mesmos, saiam destes encontros propostas concretas e exequíveis.

«A ship in harbour is safe, but that is not what ships are built for.»*

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*William Shedd