Quando Durão Barroso foi convidado, e acabou por ser nomeado, Presidente da Comissão Europeia, foi ensaiada, e até certo ponto levada a cabo, uma desvalorização da importância desta nomeação para Portugal. Alegou uma certa imprensa, a reboque de comentários em surdina dos partidos da oposição ao governo PSD/CDS, que, para além das vantagens de carácter pessoal, o facto de um cargo desta relevância ser exercido por um português em nada dignificava o país. Tal era o absurdo destas fantásticas conclusões, que algumas personalidades mais mediáticas, e mais inteligentes, vieram pôr a nu o que de inveja e ressentimento continham estes azedos comentários, e a coisa acabou num silêncio conformado.
Agora, tudo se passou de forma diferente, na nomeação de Guterres para o ACNUR, cargo relevante e prestigiante, mas não comparável, em importância, em responsabilidade, em poder de influência e visibilidade, ao de Presidente da Comissão Europeia. A dar crédito a uma comunicação social amestrada e, sobretudo, a um PS histérico e a um governo inchado de orgulho, até pareceria que Portugal acabava de se tornar a mais importante potência mundial, por via e mérito da nomeação do desastrado ex-Primeiro-Ministro.
Bom senso, bom gosto e justa medida, é o que se pede a quem tem responsabilidades públicas e políticas. Deixem, portanto, de fazer figuras tristes e recomendem ao inefável engenheiro que arregace as mangas e se prepare para honrar o país, fazendo um bom trabalho, em vez de se pavonear com aquele ar de superioridade enfastiada, que tresanda a vaidade deslocada.
* Charles Caleb Colton
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