Monday, January 29, 2007

Vantagens do novo blog

A contabilidade da produção bloguística, a dizer-nos o que já sabíamos - tal como as paixões, o vício do blog acalma, acomoda-se, amadurece. Fenecerá, também, um dia. Ficará uma doce lembrança, ou talvez nem isso.

Antologia

Il y a de grands soirs où les villages meurent
Après que les pigeons sont rentrés se coucher.
Ils meurent, doucement, avec le bruit de l'heure
Et le cri bleu des hirondelles au clocher...
Alors, pour les veiller, des lumières s'allument,
Vieilles petites lumières de bonnes soeurs,
Et des lanternes passent, là-bas dans la brume...
Au loin le chemin gris chemine avec douceur...
Les fleurs dans les jardins se sont pelotonnées,
Pour écouter mourir leur village d'antan,
Car elles savent que c'est là qu'elles sont nées...
Puis les lumières s'éteignent, cependant
Que les vieux murs habituels ont rendu l'âme,
Tout doux, tout bonnement, comme de vieilles femmes.

Henri Bataille

Às aranhas...


... com o novo blogger. E o crackdown teria acabado no velho formato, não fora a preciosa ajuda de uma simpática menina! Pela gentileza, aqui ficam, o meu agradecimento e uma flor.

Wednesday, January 24, 2007

The time is now!


Perguntas de algibeira

O PSD ainda existe?
O CDS voltará a existir?

E Soares?

Pergunta João Morgado Fernandes no DN, de ontem. E pergunta bem. Apesar da desastrada campanha para a Presidência da República, que protagonizou há pouco mais de um ano, o seu papel na história recente do nosso país poderia merecer apaixonada controvérsia, mas nunca o desprezo, pelo esquecimento.

Adopção? Não, obrigado. Aborto livre!

Não é, mas quase poderia ser um slogan dos movimentos do Sim ao aborto. Acreditam se vos disser que numa reunião com um grupo de partidários do Sim se comentava que casos como o da Esmeralda não aconteceriam se as mães tivessem direito e apoio para abortar? Eu também não acreditaria, se não tivesse ouvido.

Monday, January 22, 2007

Loucura objectiva

1 - Parece que agora se quer avaliar da legalidade da TLEBS, já que a incorrecção científica não parece oferecer dúvidas. Se no ME houvesse governantes com um pouco de juízo, não se gastaria tanto tempo, de tanta gente, para poupar os alunos a mais uma montruosidade "pedagógica".
2 - Circula pelas escolas (alunos dos 12 aos 18 anos) um inquérito que inclui perguntas sobre a sexualidade dos pais. Será que o ME pretende substituir as aulas de educação sexual pelo doméstico voyeurismo infanto-juvenil?

Sunday, January 21, 2007

Infelizmente, nem o Ministro da Saúde mora em Odemira...

... nem a sua doença provoca emergência médica! À conta disso, quantas mais vítimas provocará a sua loucura?

«Literalmente, cada um de nós está cá por acaso.»*

Sobre o Sim à liberalização do aborto, causa que o governo abraçou como coisa própria sua, escreve Pedro Arroja,* no Blasfémias:
«Se o Não ganhar, o Governo sai derrotado e a Igreja sai vitoriosa, sem sequer se ter envolvido no debate. Porém, a prazo, a derrota do Governo poderá vir a ser maior se ganhar o Sim. Neste caso, passado um ano, passaremos a ter estatísticas oficiais sobre o número de mulheres que abortaram no SNS. As notícias que farão as manchetes dos jornais serão do tipo: "Sete mil adolescentes entre os 12 e os 18 anos abortaram o ano passado em hospitais do SNS". E será apenas uma questão de tempo e de probabilidades até que os jornais titulem: "Jovem de 13 anos morre em hospital público durante um aborto".Nesse dia - e estaremos então próximos das eleições - as responsabilidades pela vulgarização do aborto e pela morte da adolescente serão atribuídas ao Governo que se envolveu activamente na campanha pelo Sim. Enquanto a Igreja, naquela pose seráfica e demolidora, dirá apenas: "Nós sempre dissemos que não se deveria fazer um referendo sobre o aborto, e muito menos votar no Sim".»
E está tudo dito, ou, como dizem os nossos primos brasileiros, fêchou!

Wednesday, January 17, 2007

Recenseamento Escolar - os números não enganam? (cont)

Continuando o que aqui se escrevia, e que é o resultado (agora andamos todos 'numa' de resultados!) de uma simples vista de olhos aos dois recenseamentos escolares, 2005/06 e 2006/07, registam-se, desde logo, algumas 'idiossincrasias' no recenseamento de 2006/07, que não me parece que o ME tenha explicado, mas que não deixarão de ter sido devidamente pensadas pelos responsáveis, após cruzamento dos dados do recenseamento de 2005/06 com os interesses do governo e, sobretudo, com o que tem andado a propagandear já ter feito, na educação.
Eis apenas 3 dessas 'idiossincrasias', a título de curiosidade:
1 - A equipa técnica responsável pela elaboração do recenseamento de 2006/07 cresce dos 3 elementos do ano anterior, para 10 elementos, dos quais 7 são novos nesta tarefa (serão também novos no GIASE? E na AP?) e 1 foi 'roubado' à equipa dos formulários electrónicos, que trabalhou no recenseamento de 2005/06; entretanto, este assinalável aumento da equipa técnica, para produção de um documento com estrutura e informação, aparentemente idênticas às do recenseamento do ano anterior, poderá encontrar-se 'justificado' na nota de apresentação, assinada pelo Director em exercício, João Trocado da Mata? Escreve ele o seguinte: «o documento reflecte já a utilização de dados administrativos para fins estatísticos, cumprindo, neste domínio, as recomendações da OCDE e do EUROSTAT», esclarecendo, no parágrafo seguinte, que essa utilização foi «circunscrita à informação respeitante ao pessoal docente e não docente». Após ler esta explicação (com a qual até pareceria que se iria justificar uma diminuição de recursos humanos afectos ao processo, e não aumentá-los de forma tão notória!), o que surpreende, é que desaparecem (ou se "escondem"), neste último recenseamento, os quadros referentes ao pessoal não docente, segundo a natureza do estabelecimento, por NUTS I, II e III, e ainda o quadro que relacionava os alunos e pessoal docente no ensino público, por nível de educação/ensino - relação alunos/professor. Mistérios... ou talvez não!
2 - Provavelmente, para justificar o acréscimo de recursos humanos na equipa técnica, o recenseamento de 2006/07 parece querer subtilmente assumir, perante aqueles que não tenham visto os recenseamentos escolares anteriores, grande inovação, ou, pelo menos, uma profunda reestruturação, face aos recenseamentos anteriores. Contudo, quer na informação disponibilizada, quer nos processos utilizados para a recolha dos dados, quando consultada a nota metodológica do recenseamento anterior, o que fica evidenciado é que pouco terá mudado no apuramento desses dados, e que as diferenças residem mais na forma como são, ou deixam de ser, os mesmos apresentados. Exemplos? no recenseamento do presente ano lectivo, e no que respeita à população escolar, desaparecem os quadros relativos ao ensino Pós-Secundário não Superior e à Língua Estrangeira; o quadro dos Professores/formadores em exercício no estabelecimento, segundo a natureza do estabelecimento por NUTS I, II e III, relativo ao ensino profissional, passou a restringir-se ao privado (é conhecida a 'facilidade' que as escolas públicas estão a ter em contabilizar, sem margem de erro, os recursos humanos afectos aos cursos profissionais!!!); introduzem-se dados referentes a Portugal quanto ao número de alunos, estabelecimentos e pessoal docente, quando os quadros equivalentes do recenseamento anterior se reportavam apenas ao continente; reorganizam-se os ciclos do ensino básico, passando o 3º ciclo, em alguns casos, a aparecer em conjunto com o secundário; e um longo etc de pormenores como estes, que não são irrelevantes, muito menos inocentes, mas sobre os quais nada se informa ao comum cidadão (pelo menos nos documentos disponibilizados por via electrónica). A ideia que fica é que se tentou dificultar uma leitura menos aprofundada, o que, como sabemos, poucos querem fazer; basta qualquer desatenção, e lá se erram as leituras, e as contas...! Parece ser mesmo esse o objectivo!
3 - Ainda sobre a forma como nos quadros do recenseamento de 2006/07 aparece "organizado" o sistema de ensino público, não deixa de ser curioso que o 3º ciclo e o ensino secundário apareçam juntos na mesma coluna, deixando o 3º ciclo de estar englobado no ensino básico, e desaparecendo a coluna referente ao ensino profissional. Um exemplo? O quadro 2.1 - Pessoal docente em exercício no estabelecimento, segundo a natureza do estabelecimento e nível de educação/ensino, por NUTS I, II e III; para os que pretendam ver aqui uma aproximação à realidade existente, em termos de carreiras e quadros de docência, relembra-se que o mesmo quadro, no recenseamento anterior, se organizava de forma diferente, e o ME nunca o deu por errado!
Como estas, há outras 'idiossincrasias', sobre as quais o ME entende dizer nada, para passarem despercebidas. Entretanto, os números, esses grandes aliados dos especialistas em propaganda, vão sendo jogados como convém, no xadrez dos interesses do governo. A educação, essa, vai ficando como está, ou pior.

O palhaço dos sete intrumentos?

Temos que perceber que o ME, sabendo como, há vários anos, já está contemplada no quadro legal em vigor a figura do professor por área, no 2º ciclo (se bem que tal prática nunca tenha sido totalmente implantada), resolveu passar à fase seguinte e faz um upgrade da legislação em vigor, mais adequado a estes tempos de contenção e rigor, que agora vivemos. O resultado (ai, os resultados!) é Excelente, como medida de gestão. Poupa-se na formação inicial dos futuros professores, poupa-se no número de docentes, facilita-se a mobilidade destes e simplifica-se a gestão administrativa do pessoal docente, cuja tutela se pretende transferir para as autarquias. Pelo caminho, beneficiam-se os alunos, que deixam de sair do regaço do professor único do 1º ciclo, para as garras de mais de meia dúzia de professores, no 2º ciclo, com todos os traumas que tal situação não pode deixar de lhes provocar.
Apesar da excelência da medida, os sindicatos insurgem-se, vamos lá saber porquê?! E se em vez de reclamarem (já perceberam que não vale a pena, ou ainda não?) resolvessem antecipar-se ao ME e propor ao governo que alargue já este modelo ao 3º ciclo e, no próximo ano, ao secundário, para que, antes de 2015, estejamos em condições de poder avançar para a experiência pedagógica do professor-virtual? Com boa vontade, se formos muito aplicados, em breve deixaremos de precisar de professores e, com uma boa ajuda do SNS, quem sabe, talvez até deixe de haver alunos.
ADENDA: Para que não se pense que esta proposta não é exequível, tendo como fonte os recenseamentos escolares de 2005/06 e 2006/07, verificamos que, do ano lectivo passado para este, o ensino público, do pré-escolar ao secundário, tem menos 7450 docentes. Como, simultaneamente, temos mais alunos no sistema, só podemos concluir que, tal como Cristo na Terra, esta ministra tem poderes milagrosos: ao que consta, não multiplica pães, só professores.

Tuesday, January 16, 2007

Verdades como punhos

Santana Castilho assinou um (mais um) imperdível artigo de opinião, no Público de ontem, a propósito das setenças dos tribunais, que têm vindo a condenar o ME no caso da repetição dos exames de química. O Professor chamou a esse seu artigo «Uma vergonha para a democracia» e termina-o assim: «Toda esta vergonha precisava de ser lavada, com a demissão dos responsáveis. Mas o país está doente e incapaz de expurgar os seus males: dum lado, o poder autista que acredita em reformas sem critério; do outro uma sociedade cansada, descrente, abandonada ao medo propagandeado de ter ainda pior se não aceitar passivamente isto. Uma vergonha para a democracia»
Nem mais.

A man for all seasons

Rafal Olbinski

O governo transformou o destino de Paulo Macedo à frente da DGCI num péssimo guião de uma novela mexicana. Com a capacidade que o homem demontra para aguentar este folhetim, já começo a duvidar das suas tão afamadas (e bem pagas) habilidades de gestor.


Monday, January 15, 2007

Recenseamento Escolar - os números não enganam?

O ministro Santos Silva acaba de referir, no Prós e Contras, os "resultados" que o governo já atingiu na educação. Se esquecermos que, dos "sucessos" que o governo contabiliza, a maioria é pura ficção propagandística, cujas consequências, no médio (quando não no curto) prazo darão razão aos críticos de hoje, ficam os números, essas celebradas estatísticas, em que a ministra é especialista.
Diz o ministro Santos Silva no Prós e Contras, como se ao governo coubesse todo o mérito do facto, que aumentou o número de alunos, em todos os níveis de ensino, especialmente à conta do ensino profissional, esse grande obreiro do travão ao abandono escolar. Diz o ministro no Prós e Contras e está escrito no site oficial do ME, na "informação" (auto-elogio?) referente ao Recenseamento Escolar 2006/07, produzido pelo GIASE, agora sob a batuta desse antigo e dedicado colaborador da ministra, João Trocado da Mata.
Bem, números são números, e falam por si, dizemos nós. Mas, sobre estes números, há uns pequenos nadas, que arranham a nossa predisposição para o contentamento, que este maior número de alunos nas escolas nos daria.
Se compararmos o recenseamento de 2006/07 com o de 2005/06, ficamos com a ligeira impressão que quem escreveu o texto para o site do ME, ou se enganou em algumas contas, ou usou um upgrade de algum dos referidos documentos, que não estará disponível para o cidadão comum.
Escreve o ME que: «o número de alunos matriculados no ano lectivo 2006/07 aumentou em 21192, passando para 1669470, em relação a 2005/06, graças ao combate ao insucesso e ao abandono escolares.» Ora, confrontando os quadros referentes aos alunos matriculados, segundo a natureza do estabelecimento - Distribuição percentual por nível e modalidade de ensino, para o continente, nos dois recenseamentos, verificamos que em 2005/06 havia um total de 1649138 alunos matriculados, o que, para os 1669470 de 2006/07 dá um crescimento de 20332 alunos e não os 21192 mencionados. A diferença de 860 alunos nas contas do ME poderá parecer irrelevante, mas números são números, não é verdade?
Continuando, o tal texto "informativo" do ME diz que: «o aumento da população estudantil foi geral, do pré-escolar ao secundário, mas particularmente acentuado no 3º ciclo do ensino básico (7º ao 9º anos) e no ensino secundário (10º ao 12º anos)». Ora, continuando a olhar para os mesmos quadros, que o próprio ME produz, note-se, verificamos que, em 2005/06, os alunos matriculados no 3º ciclo representavam 22,4% e no secundário 19,8% do total de alunos matriculados nesse ano, e que essas percentagens, para 2006/07 foram, respectivamente, de 22,5% e 20,2% do total de alunos matriculados no presente ano lectivo. Crescimento acentuado? Bem, o optimismo é uma saudável atitude...
Entusiasmados com este conceito de crescimento acentuado, e indo aos outros níveis de ensino, vemos que, percentualmente ao total de alunos matriculados, não houve crescimento no pré-escolar, no 1º ciclo e no 2º ciclo do ensino básico: respectivamente, em 2005/06 - 14,9%, 28,3% e 14,6%, contra, em 2006/07 - 14,8%, 28,1% e 14,4%. Se formos coerentes no raciocínio, ficamos tentados a considerar que terá havido um decréscimo quase acentuado...! E quanto mais olhamos para os números, menos entusiasmados ficamos, com as boas novas!!!(continua)
ADENDA (texto corrigido): Porque nos dois últimos parágrafos do texto escrito inicialmente não estava expresso que as percentagens apresentadas se reportavam (com excepção do pré-escolar e do ensino secundário) ao total de alunos matriculados, nesse ano, no respectivo ciclo de estudos, foram uniformizados os valores apresentados, passando a reportar todas as percentagens agora apresentadas ao total de alunos matriculados, em todos os níveis de educação e de ensino. A leitura dos números mantém-se a mesma.

Wednesday, January 10, 2007

«o universo inteiro apenas é objecto em relação a um sujeito»*



Rafal Olbinski

* Arthur Schopenhauer

Prioridades

Entretanto, estima o Ministro da Saúde que o Sim ao aborto venha a representar um encargo de 30 milhões de € para o Estado. Será porque se estão a prioritizar assim as necessidades na saúde, que os "abortistas" nem querem ouvir falar no encargo financeiro que representa a vitória do Sim no referendo?

Porque se deu tanta importância...

... à doença de Luís Amado? Ao que consta, nem a doença é de gravidade, nem a ausência do ministro será prolongada, nem parece ter falhado qualquer evento em que a sua ausência causasse embaraços ao país. Porquê, então, tamanho destaque?

Sunday, January 07, 2007

Contributos para a reflexão sobre o Aborto

Rafal Olbinski
Em 2008 já não se realizarão touradas na Monumental Praça de Barcelona. Motivo? A alegada humilhação e dor dos animais.

Fait-divers (3)

Com este governo nada se perde, tudo se transforma - João Cravinho despe os collants de Robin Hood anti-corrupção e veste o fatinho Armani de "mister" da alta finança. Fora das portas nacionais, para maior conveniência.

Fait-divers (2)

Os partidários do Sim ao Aborto andam para aí muito amuados com o facto de o movimento pelo Não nos lembrar que vamos todos pagar, e pagar bem, a conta das práticas abortivas. E porquê? Não é verdade? Ou, lá pelo facto de os movimentos contra o Aborto se afirmarem estribados num conceito civilizacional do valor da vida humana, deveriam ser "abortados" de todos os demais argumentos de que a questão se rodeia?

Fait-divers (1)

Dos que se insurgem contra a execução de Saddam, há um elevado número que fundamenta a sua crítica nas condições em que a mesma decorreu. Porquê? Passaria a ser aceitável, se as condições fossem outras? E já agora, dados o contexto e a sua própria prática na "matéria", não seriam estas as condições que Saddam esperaria?

Friday, January 05, 2007

Saddam, o Iraque, e o mais que se seguirá*


“If we accept that a mother can kill even her own child, how can we tell other people to not kill each other? Any country that accepts abortion is not teaching its people to love, but to use any violence to get what they want.” , Mother Teresa of Calcutta

*ou da selectiva (hipócrita) solidariedade humana

Depois da malograda "acomodação" de Zapatero à ETA ter explodido...

... será que os advogados do diálogo com o terrorismo já reformularam o discurso?

A irrelevância não se esbate com a passagem do tempo, desnuda-se.

Wednesday, January 03, 2007

A cooperação estratégica

Cavaco Silva pede resultados na economia, educação e justiça. Remodelação governamental à vista?