“If we accept that a mother can kill even her own child, how can we tell other people to not kill each other? Any country that accepts abortion is not teaching its people to love, but to use any violence to get what they want.” , Mother Teresa of Calcutta
*ou da selectiva (hipócrita) solidariedade humana
9 comments:
Amigo Crack :)
Do ponto de vista literário, escolheu uma citação muito boa da Madre Teresa. É bonita.
Mas, tenho de lhe dizer que, do ponto de vista da filosofia, a proposta levanta algumas dúvidas, senão vejamos:
Quando a autora pergunta: “If we accept that a mother can kill even her own child, how can we tell other people to not kill each other?", está a incorrer em algumas confusões, absolutamente, normais quando se pretende misturar as coisas.
Quando é referido "If we", "se nós", no âmbito da filosofia moral, a questão do "nós" prende-se com a questão do reconhecimento do outro. Isto é, como é que o indíviduo reconhece o outro. No âmbito comportamental, o "nós" prende-se com a questão da dinâmica de grupos. Mas, seja qual for a abordagem utilizada pela autora, a verdade é que não há qualquer referência à natureza do indíviduo e por isso, quando chega à parte da pergunta " how can we tell other people to not kill each other?", não consegue explicar nem a questão da violência, nem a questão da abdicação, por parte do indíviduo, do monopólio da violência privada.
Assim, uma pergunta, que até é bonita, pode ser respondida, dizendo que nós podemos dizer aos outros que não se deve matar outro indíviduo, não porque é moralmente condenável mas, porque se o fizermos vamos para a cadeia. Ou seja, somos sancionados.
Além disso é, naturalmente, possível aceitar que uma mãe mate uma cria. Isso acontece na natureza, logo, não me parece assim tão absurdo aceitar que aconteça o mesmo na espécie humana.
A violência faz parte da natureza humana, se não fizesse, não haveria necessidade de criar e impor regras que impedissem o seu exercício a título privado.
Por isso amigo Crack, está a ver os "ananases na lua" do Fukuyama? São bonitos, mas quando se tem fome, uma lata de sardinhas na terra parece bem melhor.
Meu amigo Anthrax
Cada vez se nota mais como detesta os raciocínios complexos!!!:)
Indo ao que escreve: conhece-me bem, sabe que não resisto às sardinhas, e que a lua não me alimenta a imaginação, mesmo que adornada dos magníficos ananases. Resolvida assim a espacial questão gastronómica, vamos lá discordar (???), ainda que só um bocadinho (um dia teria que ser!).
Discordamos no valor literário da citação, em que não encontro beleza, mas pragmatismo, objectividade, sentido das prioridades e eficácia argumentativa. Aparentemente (só na aparência, porque o meu amigo é um diabrete brilhante a jogar com os raciocínios complexos), discordamos sobretudo neste último ponto, porque a frase é típica da personagem - incisiva, depurada de rebuscadas considerações filosóficas, simplista, até, mas com uma lógica humanista, que me parece inegável.
E aqui começa o seu malabarismo argumentativo, que vou seguir, como se não me tivesse apercebido dos "lacinhos" (a velha private joke, recorda-se?). Claro, meu amigo, que a violência faz parte da natureza humana, mas anos de patine civilizacional têm que ser capazes de nos colocar uns furos acima da fêmea mãe que mata a sua cria. O ponto fraco, na argumentação em favor do aborto, reside, em muito, em querer mascarar e negar a efectiva existência deste recuo ao estado animalesco, a que a mulher anseia aceder. Como muito bem sabe o meu sagaz amigo, os defensores do Sim nunca aceitariam como fundamento das suas teses que, com a legalização do aborto, o que se pretende é dar à mulher o direito a exercer, sem qualquer sanção, a violência extrema que representa matar outro ser humano (indivíduo, como escreveu, a disfarçar...). Inteligente e elaborada argumentação a sua, meu amigo. Tão complexa, de facto, que alguns partidários do Não a deixariam escapar, inadvertida.
(Quase consigo ouvir as gargalhadinhas de puro gozo que estas situações lhe arrancam!!)
Abraço!
Amigo Crack,
Não me parece que tenhamos evoluído assim tanto. Somos apenas mais refinados na arte do esconde-esconde e é por isto que o amigo vê pragmatismo onde eu não o vejo.
De facto o "indíviduo" não induziu em erro, confesso que sabia que não induziria um leitor mais atento :) Mas, ei! Não posso dizer que é uma coisa, quando na realidade não estamos a falar de uma coisa. Estamos a falar de uma vida e na verdade apenas justifiquei que matar não é uma má ideia. No fundo, é do que se trata.
«Estamos a falar de uma vida e na verdade apenas justifiquei que matar não é uma má ideia. No fundo, é do que se trata.»
Como sempre, põe o dedo na ferida. Trata-se, exactamente, apenas disto - a destruição de uma vida humana, totalmente indefesa, em nome dos obscuros interesses de outra(s) personagem(ns; apesar da brutalidade do acto, o julgamento moral pela opção de matar deveria ser exigido apenas aos protagonistas do acto. E é por ser apenas isto, que magoa a falsidade da argumentação dos partidários do Sim e dá dó a fragilidade dos argumentos do Não.
Amigo Anthrax, *****!
Perguntam-me aqui ao lado que palavra quis eu esconder com as estrelas; com esta dúvida, vejo que o óbvio, nem sempre o é assim tanto, para quem lê! Ora, para que não haja lugar a interpretações abusivas das "crianças", Amigo Anthrax, as 5 estrelas do comentário acima querem significar mesmo CINCO ESTRELAS!!!
dahh...
Pois é verdade :)
Sabe amigo Crack, creio que para os leitores menos experientes isto parece que andamos aqui à estalada, um com o outro, mas na realidade só discordamos quanto ao princípio :). Aliás, já tivemos oportunidade de discutir o assunto frente-a-frente e chegámos à conclusão que era só o princípio que nos dava alguns problemas de concordância.
Para todos os efeitos, a prevenção é e continuará a ser sempre o melhor caminho. O nosso ponto de vista só começa a divergir quando a parte da prevenção falha e mesmo assim, só diverge até um determinado ponto. Isto é, só diverge até ao ponto em que uma situação acidental se transforma numa situação deliberada e frequente, em que o sujeito envolvido está consciente e é responsável pelos actos que pratica e aceita as respectivas consequências dos mesmos.
Como se costuma dizer, «Quem anda à chuva, molha-se». Ou como dizem os "amaricanos", «If you can't stand the heat, you better stay out of the kitchen».
Por estes motivos e porque acho que tanto os partidários do "Sim", como os partidários do "Não", são uns «bazarocos» que não dizem nada de jeito nem têm uma atitude pedagógica para com a população (i.e. não ensinam nada basicamente), eu não voto e acho que este referendo é uma cretinice. É que estão todos a passar um atestado de estupidez às pessoas!
PS- Ah ah ah ah ah! :)) A das estrelas está gira. :)
Meu amigo, acha mesmo que alguém vê na nossa troca de comentários andar à estalada? Isso seria impossível, até porque, no que à substância diz respeito, estamos ainda mais de acordo do que alguma vez estivemos, sobre este assunto.
Eu também dispensava o referendo, e o governo da maioria que tivesse a coragem de decidir pelo que pretende fazer, até porque já disse que o fará, seja qual for o resultado do referendo. Resultado que antecipo que seja o Sim, porque é aquele que está de acordo com o sentir dos tempos. É a fruta da época, a época é que é má e a fruta é de fraca qualidade, que se há-de fazer?
Para quê, então, gastar 10 milhões de euros numa consulta que, se o seu resultado contrariasse a posição do governo, seria letra morta? O aborto é uma questão do foro íntimo de cada um,por que razão havemos de ser chamados a aturar as cretinices de argumentações estapafúrdias que nos querem convencer que com o Sim acabam todos os dramas associados ao aborto e se passa, automaticamente, à procriação responsável, ou que com o Não estamos a impedir o atentado à vida humana, que o aborto representa, numa embrulhada que quer manter um crime pelo qual não se prendam nem se julguem as "criminosas". Brrrr!!!
Sabe que mais, caríssimo Anthrax, neste caso, eu só não "aborto" a tecla e fico em silêncio absoluto porque, e conhece-me, a hipocrisia ainda é das poucas coisas que me arranca do meu canto preguiçoso e me faz trepar pelas paredes. Ou, aproveitando a sua citação, com tantas galinhas à solta a cacarejar baboseiras, não sou capaz de ficar «out of the kitchen»!Eis-me pois, dentro do galinheiro!
Tá a ver amigo Crack! Para quê irritar-se quando os cretinos são aqueles que nos governam?
Também não gosto da hipocrisia e da leviandade com que tratam o assunto e muito menos gosto da forma como tratam o meu dinheiro, por isso vou fazer um bannerzinho anti-referendos idiotas e despropositados e colocar no meu blog como forma de protesto.
Além de não votar, vou bater nos três lados da coisa. No governo, no Sim e no Não.
Faça lá o seu bannerzinho, que se os direitos de autor não forem tão pesados que me obriguem a abortar a parceria, copio aqui para o crackdown!
:))
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