Foto roubada ao amigo Anthrax
Já muitos o disseram, mas por ser tão grosseiramente ofensivo, justifica-se que cada um de nós não deixe de manifestar o desconforto que sente com a ausência de Sócrates, com o desinteresse de Sampaio, com a generalizada fuga do governo, num momento em que o país arde e as populações sofrem.
Não tenho terras, nem casas, nem família ameaçadas pelo fogo, ou melhor, tenho terras, e casas, e irmãos a arder, a sofrer, a verem-se na ruína, porque é o meu país, é o povo a que pertenço, que sofre e desespera, em alguns casos quase sós, a enfrentarem a besta com os seus próprios e fracos meios.
E é porque esta é a minha terra e a minha gente, que sinto vergonha de saber que o primeiro- ministro goza, no conforto da distância, as férias de sonho às quais, só a miséria e o sofrimento da terra que quis governar, retiram a «legitimidade»; que sinto desprezo pelo ministro que, com secura e indiferença, diz aos que vêem haveres ameaçados pelo fogo que lutem pelo que é seu, porque aquele que deveria ser o direito de cada um à segurança e protecção, não chega para todos; que me resulta ofensivo que um senhor, que se diz presidente de todos nós, sobrevoe as terras que ardem e se limite a frases de circunstância, em exercício fútil de panaceia caritativa.
O que dói, o que envergonha, o que fere, já nem é só o sabermos que esta calamidade é, apenas, fruto da irresponsabilidade, da ganância, da corrupção, que os governos permitem e acolhem, pela omissão e o compadrio; o que, verdadeiramente, pesa é esta indiferença altaneira destes governantes, esta manipulação reles que fazem da comunicação social, para que a sua imagem saia incólume no meio desta desgraça, esta comiseração compungida, mas inconsequente, de que dão provas no presente, a antecipar o que vai ser a sua desresponsabilização no futuro imediato.
Que vergonha tenho deste governo! Que pena tenho deste país!
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