Monday, February 06, 2006

Entre o dizer e o fazer...

A senhora ME vem, em boa hora, defender que os alunos permaneçam na mesma escola desde o Jardim de Infância ao 9º ano. Já o ministro David Justino apontava, como uma causa determinante do insucesso escolar dos alunos, a mudança de escola na transição de ciclos importantes do sistema educativo. Ele punha o ênfase, e quanto a mim muito bem, na transição do 3º ciclo para o secundário, propondo-se voltar a dar este nível de ensino os 6 anos de escolaridade que, tanto o bom senso, como o conhecimento do desenvolvimento intelectual e afectivo do jovem, e ainda da realidade sócio-económica deste país, mais recomendam. Não é essa a opção do PS, paciência, antes um mal menor, do que bem nenhum.
A equipa da 5 de Outubro inventou agora os centros escolares integrados, que, tal como se anunciam, não são outra coisa diferente das escolas básicas integradas, que já existem hoje. Nomes à parte, espera-se que o "investimento" em novas escolas de ensino integrado, do pré-escolar até ao 9º ano, promovam escolas que sejam isso mesmo, integradas, porque hoje não é bem assim. De facto, a não obrigatoriedade do pré-escolar cria a situação obtusa de haver crianças que frequentam a educação pré-escolar numa escola básica integrada, e deixam esta quando entram no 1º ciclo, isto à conta do cumprimento da legislação aplicável a ambos os casos. O actual, e mediático, anúncio da ministra é suficientemente ambíguo, ou assim foi transmitido pela comunicação social, para continuar a manter esta situação enviesada, enquanto pisca o olho aos "altos" nos media, referindo, de passagem, a integração do pré-escolar nos referidos centros escolares integrados. O que se anuncia significa que se vai remediar essa falta de compatibilização entre o pré-escolar e a escolaridade obrigatória, generalizando a obrigatoriedade à educação pré-escolar? Para além desta pertinente questão, uma outra, pelo menos, deveria merecer um "leve" esclarecimento da senhora ME: se está já identificado o montante financeiro anual de uma alteração como esta que anuncia, com tamanha determinação e certeza, e se, conhecida a despesa, há resposta financeira para ela. Sem isto, estamos todos cheios de boas intenções, mas...

3 comments:

Miguel Pinto said...

Juntar ciclos, aumentar o número de anos por ciclo, agrupar e fundir escolas, são as mudanças superficiais no sistema que servem para iludir a comunicação social e o grande público. Haja paciência para tanto fogo de vista. É preferível, a meu ver, parar com a voracidade legislativa e escutar as escolas procurando mobilizar os recursos educativos necessários. A ideia de que o ME tem de ser o protagonista na cena mediática tem de ser combatida a não ser que se persista numa política alienada das necessidades dos sujeitos.

Anonymous said...

Para não me alongar (e como o Miguel Pinto me ajuda sempre que chega antes de mim) eu fico-me por: "É preferível, a meu ver, parar com a voracidade legislativa e escutar as escolas procurando mobilizar os recursos educativos necessários."

crack said...

Caros Miguel Pinto e IC
Que esta política educativa vive de efeitos especiais já deu para perceber.Os sujeitos continuarão com as suas necessidades, a capacidade de decisão das escolas será aquela que este ME entenda que lhe convém alienar e os recursos ficar-se-ão pela publicidade institucional. Nada que o bom marketing do governo não consiga manter bem escondido. Entretanto, os anos passam e não passamos da cepa torta.