Os títulos aparecem pelos jornais, no que parece uma derradeira, e desesperada, tentativa de influenciar o calendário presidencial:«A maioria dos portugueses concorda com a realização do referendo sobre a despenalização do aborto em Novembro».
Depois, lêem-se as notícias até ao fim, desmonta-se a consulta de opinião, e percebe-se quem está a manifestar preferência por esta "urgência". Compreende-se, quem não advogaria em causa própria?
De um PR espera-se ponderação e sentido de Estado, mas com este PR nunca se sabe com que contar. Não estando em causa a consulta popular, inevitável, muito menos o resultado desta, esperado, a questão merece um tratamento adequado à sua relevância. Espera-se, portanto, elevação e bom senso.
Adenda: o governo decidiu dar ao aborto prioridade equiparada às cirurgias de urgência. Da decisão não cabe recurso, mas perguntar não ofende, mesmo que com demagogia q.b.: e se um familiar próximo de Louçã morresse no hospital por uma cirurgia a, por ex., perfuração abdominal, ter sido adiada horas, por ter sido dada prioridade a um aborto? Nem vale a pena ponderar a resposta, porque sabemos como o deputado e patrão do BE usaria o privilégio do seu estatuto para passar à frente de todos. Nós, os que vamos sofrer na pele as consequências da medida, remetemo-nos à nossa impotência.
No comments:
Post a Comment