Sunday, December 04, 2005

A quem aproveita relembrar o romance de Snu e Sá Carneiro?

Que obtusa ideia, esta de assinalar os 25 anos da morte de Sá Carneiro com reportagens sobre a sua companheira dinamarquesa, Snu. Nas entrelinhas, a reportagem da Única não é nada favorável para a senhora, deixa à evidência a conhecida capacidade de Mário Soares para escolher oportunisticamente o que mais lhe convém em cada momento, cataloga o Sá Carneiro pré-Snu como um provinciano nortenho com pouco mundo e reduz o picante do romance num Portugal salazarento e pacóvio a umas vagas referências a ostracismos institucionais. Cavaco aparece numa fotografia, em passo estugado, à frente do carismático líder, reservando-lhe o texto a menção de ter sido o protagonista de uma duríssima reunião com dois dos acidentados do Cessna , o ministro da defesa e o primeiro-ministro, horas antes do desastre que os vitimou.
Francamente, esta campanha presidencial anda a derreter a moleirinha a muita gente!

8 comments:

Anonymous said...

Talvez porque os cavaquistas nunca lidaram bem com a memória de Sá Carneiro é que foram falar da amante estrangeira, está a ver?

Rui Martins said...

Todo este relembrar e esta evocação bacoca de Sá Carneiro assenta na do estratégia do PSD para ganhar votos e tem em si muito pouco de sincera. Sá Carneiro não foi o génio político que se diz e não deixou obra feita em lado nenhum. Não passa de um Dom Sebastião, de uma miragem no nevoeiro que só serve para pôr este país a olhar para o passado e menos para o futuro.

crack said...

Ao comentador anónimo
Essa ideia de que os cavaquistas estão, necessariamente, incómodos com a memória de Sá Carneiro é um mito, como o próprio se tornou, ao morrer como morreu. Acontece que o ilustre defunto era uma figura pouco consensual, que incentivou, com as suas atitudes intempestivas e parciais, as maiores devoções e os mais acirrados ódios a seu respeito.Carisma, dizem alguns que ele tinha, o que pode justificar que tenha havido quem lhe tenha ficado indiferente.

crack said...

Caro Rui Martins
Considerando a projecção que tem sido dada ao acto de contrição de Soares, lamentando ter atacado, à época, a relação adúltera do primeiro-ministro e justificando esses ataques com o "air du temps", começo a desconfiar que esta evocação de Snu não teve outra finalidade que não fosse a de permitir a Soares penitenciar-se. É quase inacreditável uma tal coisa, mas atendendo ao que a campanha de Soares vem fazendo, já não digo nada.
Quanto ao sebastianismo e a olhar para o passado, quer melhor exemplo do que este de termos o MASP III? Não precisamos de ressuscitar a memória do morto, os vivos ainda dão para o gasto.

Anonymous said...

Se Sá Carneiro não tivesse morrido Cavaco nunca teria chegado a PM e hoje não estava a candidatar-se a PR.

Anonymous said...

Sá Carneiro estava mais próximo de Mário Soares do que alguma vez estaria de Cavaco Silva.

crack said...

Ao comentador anónimo (10.56)
Se Sá Carneiro não tivesse morrido estava vivo, é o que dá vontade de dizer, porque esse é um cenário que não é legítimo considerar para elaborar qualquer teoria sobre a actualidade.
De qualquer forma, e num exercício fantasioso, absolutamente inútil, sempre posso dizer-lhe que se Sá Carneiro não tivesse morrido em Camarate se demitia após a eleição de Eanes; em consequência, e como ele próprio admitia aos mais próximos, indigitaria Cavaco para o substituir, dadas as reticências que Eurico estava a colocar; donde se pode concluir que, com Sá Carneiro vivo, talvez Cavaco tivesse sido PM um pouco mais cedo,Sá Carneiro teria sido PR a seguir a Eanes e Mário Soares teria ido para o PE um pouco mais cedo, o que poderia ter evitado a guerra do Iraque e o 11 de Setembro e... Para delírio, julgo que basta. :)

crack said...

Caro Acácio
Não me parece, recorde-se bem do que separava Soares de Sá Carneiro e do que, ainda hoje, separa Soares de Cavaco. Julgo que é por aí que podemos perceber a relação entre estas três personalidades.
Volte sempre.