O ME quer acabar com os concursos anuais na colocação de professores, na presunção de que obrigar os docentes a ficarem numa escola durante uns anos é o pó mágico que dará estabilidade às escolas. Só por si, não é, que um professor obrigado a ficar vários anos longe de casa desmotiva mais facilmente e é menos bom professor, mas essa é uma questão que não preocupa a 5 de Outubro. Presumo que, para haver coerência, a IGE terá que passar a exercer as funções que lhe estão atribuídas, e os inspectores deixarem de ser apenas uma espécie de seres alados que andam pelas escolas a fazer não se sabe bem o quê. Bom, mas isso são outros quinhentos.
Dos quatro anos de pena a cumprir, inicialmente propostos, o ME passou agora a três, com presumível aceitação resignada de alguns dos sindicatos do sector. Mais uma vez, a estratégia recorrente do ME fica em evidência - avança com medidas/propostas e depois recua.
Para os que embandeiraram em arco com a capacidade dialogante desta ME, começa a perceber-se que esta estratégia do governo tem pontos fortes - quando recua, o ME ganha sempre alguma coisa do que pretendia, disfarçadamente; os destinatários das medidas iludem-se com a vitória de Pirro de obterem o que, afinal, era um preconcebido recuo; os negociadores sindicais fragilizam-se cada vez mais perante um governo exímio na arte de se fazer "vender" como dialogante e preocupado com os que tutela. Claro que há também o reverso da medalha - de repetida, a estratégia acabará por se tornar menos eficaz, a opinião pública poderá não ser totalmente insensível à esperteza saloia que enforma esta "abertura" do governo. Mas, entre ganhos e perdas, o saldo será, durante um tempo, favorável à 5 de Outubro.
* tangando, ou: passo à frente, passo ao lado, dois atrás, trauteando Olga Paul - «Me atormenta la máscara fatal que hoy llevas mas es solo un disfraz...»
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