-Meu corpo, que mais receias?
-Receio quem não escolhi.
-Na treva que as mãos repelemos
corpos crescem trementes.
Ao toque leve e ligeiro
O corpo torna-se inteiro,
Todos os outros ausentes.
Os olhos no vago
Das luzes brandas e alheias;
Joelhos, dentes e dedos
Se cravam por sobre os medos...
Meu corpo, que mais receias?
-Receio quem não escolhi,
quem pela escolha afastei.
De longe, os corpos que vi
Me lembram quantos perdi
Por este outro que terei.
Jorge de Sena
2 comments:
Espero que continue a postar poemas do Jorge de Sena... É um dos meus poetas favoritos.
Caro Rui Martins
É provável voltar a encontrá-lo por aqui, já que é um dos poetas que prefiro.
:)
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