Que obtusa ideia, esta de assinalar os 25 anos da morte de Sá Carneiro com reportagens sobre a sua companheira dinamarquesa, Snu. Nas entrelinhas, a reportagem da Única não é nada favorável para a senhora, deixa à evidência a conhecida capacidade de Mário Soares para escolher oportunisticamente o que mais lhe convém em cada momento, cataloga o Sá Carneiro pré-Snu como um provinciano nortenho com pouco mundo e reduz o picante do romance num Portugal salazarento e pacóvio a umas vagas referências a ostracismos institucionais. Cavaco aparece numa fotografia, em passo estugado, à frente do carismático líder, reservando-lhe o texto a menção de ter sido o protagonista de uma duríssima reunião com dois dos acidentados do Cessna , o ministro da defesa e o primeiro-ministro, horas antes do desastre que os vitimou.
Francamente, esta campanha presidencial anda a derreter a moleirinha a muita gente!
8 comments:
Talvez porque os cavaquistas nunca lidaram bem com a memória de Sá Carneiro é que foram falar da amante estrangeira, está a ver?
Todo este relembrar e esta evocação bacoca de Sá Carneiro assenta na do estratégia do PSD para ganhar votos e tem em si muito pouco de sincera. Sá Carneiro não foi o génio político que se diz e não deixou obra feita em lado nenhum. Não passa de um Dom Sebastião, de uma miragem no nevoeiro que só serve para pôr este país a olhar para o passado e menos para o futuro.
Ao comentador anónimo
Essa ideia de que os cavaquistas estão, necessariamente, incómodos com a memória de Sá Carneiro é um mito, como o próprio se tornou, ao morrer como morreu. Acontece que o ilustre defunto era uma figura pouco consensual, que incentivou, com as suas atitudes intempestivas e parciais, as maiores devoções e os mais acirrados ódios a seu respeito.Carisma, dizem alguns que ele tinha, o que pode justificar que tenha havido quem lhe tenha ficado indiferente.
Caro Rui Martins
Considerando a projecção que tem sido dada ao acto de contrição de Soares, lamentando ter atacado, à época, a relação adúltera do primeiro-ministro e justificando esses ataques com o "air du temps", começo a desconfiar que esta evocação de Snu não teve outra finalidade que não fosse a de permitir a Soares penitenciar-se. É quase inacreditável uma tal coisa, mas atendendo ao que a campanha de Soares vem fazendo, já não digo nada.
Quanto ao sebastianismo e a olhar para o passado, quer melhor exemplo do que este de termos o MASP III? Não precisamos de ressuscitar a memória do morto, os vivos ainda dão para o gasto.
Se Sá Carneiro não tivesse morrido Cavaco nunca teria chegado a PM e hoje não estava a candidatar-se a PR.
Sá Carneiro estava mais próximo de Mário Soares do que alguma vez estaria de Cavaco Silva.
Ao comentador anónimo (10.56)
Se Sá Carneiro não tivesse morrido estava vivo, é o que dá vontade de dizer, porque esse é um cenário que não é legítimo considerar para elaborar qualquer teoria sobre a actualidade.
De qualquer forma, e num exercício fantasioso, absolutamente inútil, sempre posso dizer-lhe que se Sá Carneiro não tivesse morrido em Camarate se demitia após a eleição de Eanes; em consequência, e como ele próprio admitia aos mais próximos, indigitaria Cavaco para o substituir, dadas as reticências que Eurico estava a colocar; donde se pode concluir que, com Sá Carneiro vivo, talvez Cavaco tivesse sido PM um pouco mais cedo,Sá Carneiro teria sido PR a seguir a Eanes e Mário Soares teria ido para o PE um pouco mais cedo, o que poderia ter evitado a guerra do Iraque e o 11 de Setembro e... Para delírio, julgo que basta. :)
Caro Acácio
Não me parece, recorde-se bem do que separava Soares de Sá Carneiro e do que, ainda hoje, separa Soares de Cavaco. Julgo que é por aí que podemos perceber a relação entre estas três personalidades.
Volte sempre.
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