Tuesday, April 24, 2007

Ensemble

A grotesca decadência de Art Sullivan, um cantor delicodoce e ídolo juvenil em França, na década de 70 do século passado, fica tristemente evidenciada nas suas (re)aparições surreais e posters promocionais, em que, com ar e tiques de adolescente serôdio, e fio de voz tremente, se leva a sério, enquanto cantante de charme. A sua figura patética representa bem o que é a França, hoje. Só pose e falsa imagem, alimentadas por um cruel corte com a realidade, e uma total ignorância da efectiva importância que ainda têm. A ele, resta-lhe uma misericordiosa reforma, à França, uma sábia reformulação do seu papel no mundo. Contudo, não creio que, qualquer dos dois, tenha a lucidez suficiente para perceber como esse caminho de renúncia, ou de renovação, é inevitável.

Carótida de ouro

Para além do seu fantástico e histórico pontapé, Eusébio tem, agora, coronárias com um raro sentido de marketing empresarial, na área dos cuidados privados de saúde. A publicidade que o novíssimo Hospital da Luz está a receber à custa do entupimento da carótida esquerda do nosso herói dos relvados custaria mais do que o salário de um craque!

Friday, April 20, 2007

Sinto a falta de mim
quando vivia por ti.
(anónimo)

O regresso


A polémica irá prolongar-se muito para além das directas. E, a prazo, Paulo não obterá mais, ou diferente, do que já teve. É pena que um animal político como ele é, tenha tão fraca capacidade de análise das suas reais possibilidades de influenciar o xadrez político nacional e se dê por satisfeito por conseguir perturbar o governo e fazer uma oposição massacrante.

À Vara!


Thursday, April 19, 2007

Constança Cunha e Sá, no Público (sem link):
«Por muito "corajoso" e "determinado" que seja, o primeiro-ministro foi particularmente atingido por um caso que mostrou ao país o que o seu retrato oficial escondia. Por trás da imagem de Estado que ele habilidosamente construiu, durante estes dois anos de Governo, surge, agora, à vista de toda a gente, o Sócrates que ele sempre foi: um político sem espessura, educado nos meandros do aparelho e nos favores do partido, que se notabilizou, a dada altura, pelas qualidades cénicas que revelou. O facilitismo que se detecta no seu percurso académico conjuga-se mal com o "rigor" de que faz gala e com a "determinação" com que enfrenta os "interesses" estabelecidos e os grupos de "privilegiados". Não vale a pena escamotear a realidade. Muito menos alterar critérios noticiosos consoante a opinião política dos jornalistas. O facto (por demonstrar) de este Governo ter um "rumo" e "coragem" para o prosseguir não o exime do escrutínio público, nem pode ser visto como um impedimento à liberdade de informação

Do cachimbo da paz ao machado de guerra?

«No prefácio da obra que dedicou à causa da Inclusão Social escreveu uma frase assassina: “Cooperação não significa co-responsabilização”. O que Cavaco Silva está a dizer, para os mais desatentos, é que Sócrates não deve contar com compreensão de Belém se falhar as metas que prometeu cumprir. (...) Cavaco, com o seu recado subliminar, vem explicar que o país não pode desvalorizar os problemas do primeiro-ministro. Porque se o fizer, estará a desvalorizar o país. Sócrates fica a saber que não vale a pena vitimizar-se nem abrandar o seu ritmo de confronto com as corporações – Cavaco não deixa.E se o país for sério, e realmente comprometido com o seu futuro, também não deixará que um primeiro-ministro use as trapalhadas do seu processo académico para não terminar o que começou»
Pessoalmente, espero que o presidencial aviso contemple os projectos megalómanos, com que se cumprem compromissos pessoais de ministros, e as manobras, mais ou menos obscuras, de controlo abusivo do aparelho do Estado, dos serviços de informação e da comunicação social.

Os amigos são para as ocasiões

«O original da ficha biográfica preenchida por José Sócrates já não existe, tendo sido destruída pelos serviços da Assembleia da República. Esta foi a conclusão do inquérito de Jaime Gama, aberto na sequência da divulgação de duas versões daquele documento, contendo dados discrepantes sobre as habilitações académicas e a profissão do então deputado Sócrates.»

Novo SIADAP

Ainda o "velho" SIADAP não é aplicado em todos os serviços da AP, muito menos é correctamente aplicado, e já se aprova um novo novo sistema integrado de gestão e avaliação de desempenho da Administração Pública. Temo que a simplificação que se anuncia para este novo SIADAP seja, apenas, uma perversa justificação, em nome de hipotético interesse público.

Nos 34 anos de PS...

...os apoios expressos a Sócrates cheiravam a jantar de desagravo. Mau, mau, afinal a UnIgate doeu mais do que a arrogância dos assessores do gabinete poderia fazer crer. Os "sopranos" da família socialista já chamaram os afinadores de pianos.

Unanimismo

Pina Moura vai mandar na TVI.

Sexo dentro das escolas

A degradação da vida interna das escolas é um facto que tem sido, conscientemente, silenciado, tanto pelos responsáveis políticos, como pela sociedade e pelos agentes e utentes do sistema educativo. Há muitos anos que a indisciplina, a violência, verbal e física, os comportamentos desviantes, e os "casos" sexuais, são arrumadinhos em documentos internos reservados, e em processos disciplinares confidenciais, protegidos de divulgação generalizada pela natural reserva dos agressores e pelo pudor das vítimas. Esperava-se que o agravamento galopante, e a seriedade das situações, acabassem por romper este véu de coniventes silêncios, e que chegasse ao conhecimento da opinião pública o que é, na realidade, o quotidiano escolar de milhares de alunos, funcionários e docentes, no filme de violência em que se transformou o dia-a-dia de grande número de escolas portuguesas. Quebrou-se o silêncio, mais por força de uma comunicação social ávida de sensacionalismo, do que por pressão das vítimas, ao fim e ao cabo, um número muito significativo de pessoas que utilizam e servem o sistema educativo. Primeiro, foram as notícias de agressões e ameaças a professores, de violência entre e sobre alunos, de indisciplina constante. Agora, salta para a capa de uma revista aquilo que já todos sabiam, mas queriam varrer para debaixo da alcatifa dos bons costumes - pratica-se sexo dentro das escolas. Confesso que, da Sábado, só vi, ainda, a capa, mas, apesar do título "cuidadoso", espero que a notícia "bombástica" não fique pela referência às aventuras sexuais de alunos adolescentes (maiores de 14 anos,ahahah!), nas casas de banho mistas das escolas. No estado a que a coisa chegou, quase poderíamos sorrir e levar as experiências destes alunos à conta de erros de juventude (pelo menos, estes seriam, mesmo, erros de juventude, e bem adequados às pulsões da idade; se desculpamos outros erros, bem mais graves, a gente com alta responsabilidade política, podemos ser indulgentes com as "escapadelas" dos alunos, sobretudo dos maiores de 14 anos, ahahah). A revista Sábado, quando resolveu pegar no assunto, não deverá ter ficado pela ponta do iceberg, pelo que não deixarão, decerto, de serem feitas referências aos abusos sexuais que existem, dentro dos portões das escolas, praticados por alunos, funcionários e professores sobre alunos das mais variadas idades, e de ambos os sexos. E não deverão, também, ter sido esquecidos casos mais raros, mas cuja incidência tende a registar aumento, de abusos e humilhações de natureza sexual, sobre funcionários e professores, no seu local de trabalho. A protecção das vítimas, a grande desculpa para o silêncio, pode, e deve, ser garantida, mas a divulgação dos números, da natureza e tipo das agressões sexuais ocorridas em meio escolar é um dever. Porque é esta uma realidade nossa, sobre a qual temos deveres de cidadania, e para que todos saibam os perigos com que devem contar, mesmo dentro do que deveriam ser os protectores portões das escolas. As medidas de natureza puramente economicista que têm vindo a ser tomadas (pesados cortes no número de auxiliares de acção educativa, de mediadores, de vigilantes, de equipas multidisciplinares, de apoios educativos, em sentido mais amplo) fazem antever o agravamento da incidência destas situações, e não são compensadas com a maior exigência, em número de horas passadas nas escolas, aos professores. A não ser que a notícia da Sábado tenha sido uma ponta de lança posta na comunicação social, para preparar, e justificar, uma futura decisão ministerial de pôr os vinte mil professores excedentários a patrulharem as casas de banho das escolas. Deste governo já podemos esperar tudo.

O novo Diário de Notícias

Eu bem pressentia que a habituação seria difícil. Começo a desconfiar que talvez seja impossível.

Wednesday, April 18, 2007

Les jeux sont faits

Ao adiar, por 24 horas, a sua conferência de imprensa, a UnI esperava algo mais do que assegurar dois ilustres governantes, sentadinhos na assistência. Esta noite é, sem dúvida, uma longa noite, para a secretaria da UnI. No fim, insones e desfigurados, os protagonistas virão dizer-nos que tudo está bem, neste reino da fantasia. Nós fingiremos acreditar.

Tuesday, April 17, 2007

A Fé é que nos salva

Sou daqueles que começaram por desvalorizar a questão das habilitações de Sócrates. Porquê? Apenas porque o que o senhor estudou, quando e onde, me parecia bastante irrelevante, quer para justificar a sua performance como governante, quer como arma de arremesso político. Fui, portanto, dos que se enganou, ao julgar, como um fait divers, esta questão. A sucessão de inverdades, de erros, de acusações cruzadas com falsas afirmações, sobre ainda mais falsos acontecimentos, depressa me fizeram perceber a ligeireza da análise que fizera. Como eu, estarão muitos portugueses, esmagados pela sucessão de "erros de secretaria" de uma Universidade, que o governo, lestamente, se apressou a "matar", a prazo anunciado.
Hoje, soube-se que Sócrates fez o célebre Inglês Técnico, num TPC resumido a uma folhinha A4, provavelmente produzido, com assinalável esforço e mérito (Gago dixit), num intervalo da sua pesada agenda ao serviço do governo. Até aqui, era, apenas mais uma trapalhadazita a somar a todas as outras. São já tantas, que mais uma, menos uma, Bahh...! Acontece que, também nesta trapalhadazita, a tal secretaria manteve bem alto o seu padrão de eficiência - voltou a errar. Resultado? Sócrates obteve um certificado de Licenciatura ainda antes de ter concluído o tal Inglês Técnico. Falsificação? Erro de secretaria? Dada a nossa tradição cristã, começo a ver nesta sucessão de certificações prévias apenas uma grande, enorme questão de Fé. Fé na palavra do aluno Sócrates, Fé nas capacidades do aluno Sócrates, Fé na capacidade de manter secretos todos estes factos, Fé na inimputabilidade dos falsificadores, Fé na Fé que o Primeiro-ministro espera de nós, depois do seu número televisivo.
A fazermos Fé nas lições de vida, que GENTE séria tem dado ao mundo, um governante que assim vê exposto um percurso formativo de contornos tão trambiqueiros só tem um caminho - sair de cena, mesmo que não pareça haver alternativa, ou outra solução credível (e há, sempre). Aos que lhe estão mais próximos, cabe o dever de lhe fazer ver que são já demasiadas, pesadas e indiscutíveis acusações, para que as possa varrer para debaixo do tapete. Agora, pelo próprio Sócrates, pela democracia e pelo bom nome de Portugal, pede-se aos decisores coragem com ponderação, mas também celeridade na acção, que os estragos começam a atingir outros, que não apenas os culpados directos.

Pensar Abril

Nos últimos anos, a desvalorização tem-se guindado a um papel protagonista, na política portuguesa. Quanto mais grave é a falta, mais rápida e pujante surge a desvalorização da mesma, devidamente sancionada pela transversalidade das fontes, de que emana.
São ministros apanhados por sisas por pagar - demitem-se com ar de virgens ofendidas e, de imediato, todos se apressam a saudar a atitude altamente responsável, fazendo esquecer a falta inicial; são políticos e governantes de quem se descobrem negociatas, armários de passados turbulentos, affaires pecaminosos, sobre os quais, quando descobertos, se apressam a passar a esponja da desvalorização, pela contrição e pena do apanhado; são altos responsáveis pela coisa pública, de quem se vêm a conhecer falhas de carácter e padrões de comportamento nada recomendáveis, logo desvalorizados à conta de erros de juventude. Os exemplos têm nomes, vários em cada "categoria", e todos os conhecemos. Mantém-se activos, em cargos discretos e bem remunerados, intocáveis. E, contudo, o "pecado original", na maioria dos casos, não foi investigado, nem julgado, simplesmente caiu, por desvalorização, no confortável esquecimento.
Como é necessário, para que a desvalorização de uns funcione, tem que haver um pequeno lote de uns quantos, a quem ela não se aplica. São os eternos "culpados", a quem nem a prova de inocência obtida na justiça consegue o favor da pública desvalorização. Os casos são vários, e também todos lhes conhecemos o rosto e o nome.
É a vida, diria o inefável Engº Guterres. Fatalismo, à portuguesa? Prefiro pensar que os erros de juventude cometidos nos anos da brasa da nossa jovem democracia, aliados à tradicional brandura dos nossos costumes, ditam esta transversal e selectiva preferência pela desvalorização. Entretanto, desvaloriza-se em nome do interesse público, teoricamente um valor a defender, a todo o custo; da estabilidade, outro valor seguro, no imaginário do nosso bem-estar, presente e futuro; da grandeza moral, da responsabilidade cívica, da ética, dos bons costumes... Desvalorizamos, compreendemos, passamos uma esponja, branqueamos, seguimos adiante. Sabemos que, no colectivo, o nosso grau de exigência vai minguando, o abandono do nosso direito à indignação começa a parecer-nos a normalidade, a fragilidade dos nossos princípios e valores passa a ser o padrão, e assim, insidiosamente, se vão ultrapassando as fronteiras do tolerável e do admissível, com uma cada vez mais acomodada tendência para aceitarmos a desvalorização, como prova de bom senso e classe, reservada ao escol da intelectualidade bem formada e bem pensante, do qual nenhum de nós quer ficar de fora.
A este propósito, neste tempo de Abril, tenho recordado, frequentemente, Sá Carneiro. Talvez por não ser ele um partidário da desvalorização, não a tolerando, nem em proveito próprio. 33 anos passados, uma coisa é certa - a democracia não cresceu, engordou! Mas, isso, é algo que convém desvalorizar.

Castigando os costumes*

«O cartaz dos Gatos Fedorentos foi saudado encomiasticamente como uma nova forma de civismo, como representativo de uma acção política eficaz, com novidade e criatividade. As razões que são dadas têm a ver com o poder do humor, do riso "castigador dos costumes". Penso, no entanto, que essa não é a questão essencial... Duvido. Duvido da sua eficácia, duvido da sua vantagem, medindo-a em função dos objectivos explícitos dos seus autores e da mensagem pública que pretendiam transmitir. Duvido que, neste caso, haja riso suficiente para castigar os costumes. Bem pelo contrário, nem riso, nem castigo.
(...)
Uma coisa é fazer uma capa do Inimigo Público, ou um cenário de um sketch televisivo, outra é um cartaz numa praça pública, ao lado de outro cartaz a que pretende servir de contraponto, instalados no terreno de uma questão política por excelência - a emigração - e que, por o ser, divide interesses, percepções e preconceitos. A transposição de uma linguagem como o humor de um meio controlado pelos seus próprios termos espectaculares - visto que a eficácia dos Gatos Fedorentos vem essencialmente do texto representado e não da escrita - para o espaço público de uma praça, onde já praticamente ninguém "faz" política, é uma mudança qualitativa. O humor na Praça do Marquês de Pombal não transporta consigo os mesmos códigos do "espectáculo" original e tem efeitos perversos, ruído, incontroláveis pelos seus autores. É que do outro lado está o cartaz do PNR.
(...)
Mas o risco maior é o de as pessoas começarem a identificar uma orientação política explícita na actuação do grupo. Porque, depois, começam a perguntar-se por que razão é que eles acham o PNR, Portas e Lopes ridículos e Louçã não. Ora esta pergunta não tem humor nenhum, porque os maus "costumes" que o riso "castiga" estão bastante bem distribuídos em todos os lados da política.»

Somos todos iguais, mas uns são mais iguais do que os outros?

«Artigo 256º (Código Penal Português)
Falsificação de documento
1 - Quem, com intenção de causar prejuízo a outra pessoa ou ao Estado, ou de obter para si ou para outra pessoa benefício ilegítimo:
a) Fabricar documento falso, falsificar ou alterar documento, ou abusar da assinatura de outra pessoa para elaborar documento falso;
b) Fizer constar falsamente de documento facto juridicamente relevante; ou
c) Usar documento a que se referem as alíneas anteriores, fabricado ou falsificado por outra pessoa;é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
2 - A tentativa é punível.»

Sócrates, Primeiro-ministro...*

Como a novela das habilitações de Sócrates vai longa, Gabriel, no Blasfémias, fez este excelente"compacto" dos episódios anteriores:
«Erros de secretaria:
1. Em 28 Agosto de 96, Sócrates pediu e obteve um certificado de habilitações na UnI. A data de conclusão atestava: 08/08/9. Faltava um número: um erro da secretaria.
2. No ano 2000, a Câmara da Covilhã pediu-lhe tal certificado, para efeitos de reclassificação como funcionário da autarquia. Repararam que a data estava incompleta, pelo que se pediu uma segunda via. Foi enviado «ainda em Setembro», um segundo certificado, agora com a data de 08/08/96, mas em papel timbrado do ano 2000. Outro erro da secretaria.
3. Ainda no primeiro certificado foram indicadas como equivalências 24 cadeiras e não 26, pelo que Sócrates teria feito 7 cadeiras para terminar o curso e não cinco. Mas, diz o governo, o primeiro certificado estava certo na data, mas errado quanto às equivalências. Uma vez mais, por erro de secretaria.
4. O primeiro-ministro tem em seu poder, e até mostrou na televisão, um terceiro certificado passado em 2003, com 26 equivalências, e cinco cadeiras feitas na UnI, mas... por erro de secretaria, com a data de conclusão errada: 08/09/96.
5. Algumas das notas entre os 3 certificados não batem certo. Obviamente, um erro de secretaria.
6. Sócrates terá requerido um plano de equivalências , num total de 25 cadeiras. Teve equivalência a 26. Erro de secretaria?
7. No documento de equivalências, o Conselho Científico da Universidade não se pronuncia, o que se suporia obrigatório para atribuição dessas mesmas equivalências. Erro de secretaria?(Nota: sobre as equivalências, ver posta «esclarecedora»)
8. Sócrates requereu equivalências ao reitor (sem indicação de nome) e obteve resposta, por parte de Luís Arouca em Setembro de 1995. Só que este não era na altura o reitor. Erro de Secretaria?
9. A notícia de que em 93 a ficha biográfica no Parlamento de Sócrates indicava o mesmo como Engenheiro Civil foi considerada pelo governo como um erro de secretaria.
Bem, não, afinal não foi bem do parlamento..... Foi Sócrates, ele próprio, que «clarificou», em data incerta, um seu lapso, embora reafirme que nunca se intitulou como «licenciado» antes de o ser. O que também se verificou não ser bem como ele diz.
10. Na listagem de licenciados do relatório do ministério, Mariano Gago afirma que por erro de secretaria da UnI, não surge nenhum licenciado em 95 (ano em que deveriam ser indicados os licenciados do ano lectivo de 95/96, o caso de Sócrates). Já agora, nem em 96.
Hoje, a UnI promete apresentar as cenas dos próximos capítulos.
* ... outro erro de secretaria?

Sunday, April 15, 2007

Salazar, Sócrates, mais do que a coincidência da inicial, em São Bento...

...ou de como o provincianismo coexistiu, tanto com a solidez da formação académica do primeiro, como com a ausência de grandeza moral do segundo.
«Entre diplomas e certidões, fica a imagem de um percurso académico marcado pela ficção e pela ambição política. Mas fica sobretudo o retrato de um País pequeno, um País que reage ao snobismo com o provincianismo dos títulos académicos de circunstância. No fundo, é o velho Portugal da província, pobre e humilde que, chegado à capital, não consegue esconder o deslumbramento e o complexo de inferioridade. José Sócrates não é dado a estados-de-alma. Mas neste infantil episódio, Sócrates foi o rosto moderno de um Portugal antigo. Um Portugal distante do cidadão comum e em que a “excepção” e o “privilégio” são apenas a regra, logo a normalidade

Trapalhadas!

O Senhor Presidente da República não acredita que as trapalhadas da licenciatura de Sócrates sejam «o problema mais importante que tenhamos de resolver.» Para o bem, e para o mal, Sampaio não fez escola!

Friday, April 13, 2007

OTA

A forma como Sócrates respondeu faz lembrar alguns pais, quando já não têm argumentos, perante filhos pequenos: quem manda sou eu, assunto acabado! Só faltou rematar: chichi e cama!

Mistérios!!!

Quem é o político da nossa praça que, sob falsas identidades, manda emails a si próprio, louvando-se as qualidades e a excelência? E o curioso é que escolhe sempre personalidades femininas!!!
Uma dica: dizem os do inner circle, que aprendeu o esquema nos corredores de Bruxelas, para fingir uma visibilidade e importância que não tem, e assim justificar o lugar.

Novo estatuto disciplinar do aluno

No portal do ME: «A primeira alteração ao Estatuto do Aluno, aprovada em Conselho de Ministros, pretende reforçar a autoridade dos professores e das escolas, ao mesmo tempo que confere maior responsabilidade aos pais e encarregados de educação, através da simplificação dos procedimentos burocráticos
Entretanto, a ministra afirma, categórica, que: «A frequência com que os pais vão ser chamados à escola para serem informados da faltas dos alunos vai aumentar e muito"». Saberá a senhora que o problema não reside em chamar os pais à escola, mas em conseguir que eles lá vão? Por aqui não se trata a maleita, mas a desburocratização que se anuncia pode introduzir melhorias significativas na vida escolar. Assim haja vontade, e actuação concertada de todos os parceiros educativos.

Antologia

Voar com a asa ferida?
Abram alas quando eu falo.
Que mais foi que fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não dói.


Paulo Leminsky

A máscara do pirata


O novo DN

«O presente estaria cheio de todos os futuros, se já o passado não projetasse sobre ele uma história . André Gide»
A minha avó paterna, mulher letrada, e politizada, numa época em que as meninas se educavam a preferir o bordado à informação da actualidade política, leu o DN até que a doença lhe matou os olhos, antes de lhe parar o coração. Leu-o para si, para os nove filhos, e para todos os que, sentados à sua volta, lho vinham ouvir, e com ela comentar. Eram outros tempos, tempos em que a vizinhança ainda não se tinha reduzido aos frios e formais cumprimentos de elevador, ou de porta de garagem. O meu pai, fiel seguidor da devoção materna, e desde o nascimento habituado a ouvir, manusear e ler o DN, nunca deixou de comprar o jornal, mesmo numa fase da sua vida em que este se tornou razão única e exclusiva do esforço de uma saída à rua, tão dificultada pela tremura do corpo, em que apenas a mente conseguia manter, intocado, todo o seu brilho. Legou esse hábito de leitura diária à família, terá com ele influenciado a apetência pela intervenção social e política dos agora jovens adultos, do nosso pequeno núcleo familiar. É, pois, por tradição, que o meu dia não se completa, sem, pelo menos, uma vista de olhos pelo DN. Hoje, ao lê-lo, estranhei as novidades. Serão estas sinais dos tempos, e fruto da necessidade, mas, por um período razoável, ser-me-ão difíceis de aceitar. É na cada vez mais difícil aceitação destas fracturas dos hábitos do quotidiano, que nos apercebemos que o nosso tempo vai ficando, em processo acelerado, fora deste novo, mas ainda assim nosso, tempo. Neste salto para a modernidade, que o DN hoje deu, senti, de forma particularmente intensa, a minha proximidade com a minha avó e o meu pai, sabendo que quando, daqui por uns anos, as minhas "crianças" estiverem a escrever algo parecido, o ciclo da vida se terá cumprido. E seguirá. O DN também, espero.

"A responsabilidade da tolerância está com os que têm a visão mais ampla"*

Se há algo com que JPP possa bem, é com o impacto do agrado, ou desagrado, que as suas opiniões possam ter num insignificante, para mais anónimo, blogger. Nisto, estamos quites, uma vez que o que a seguir escrevo não tem por objectivo provocar-lhe o mais ligeiro franzir de sobrancelhas, mas é, tão só, consequência de atribuir ao que ele escreve, enquanto um dos mais consistentes comentadores da nossa praça, uma imensa importância, tanto pela opinião que me ajuda a formar, como pelo magistério de influência que sei exercerem os seus escritos.
Indo ao que interessa: no seu post Lendo, Vendo, Ouvindo Átomos e Bits, de 13 de Abril de 2007, JPP desvaloriza a charada, a que chama «Os pecados veniais de 1993 (ano da biografia parlamentar) ou de 1995-6 (ano da Independente) (...) do "jovem Sócrates», não atribuindo qualquer importância ao que chama a confusão do « "uso social" dos títulos académicos com a sua veracidade». Não bastando esta complacente compreensão para os pecados da socrática juventude, já nem tão jovem assim, remata a sua desvalorização desta fase da controvérsia das habilitações do primeiro-ministro, com uma frase muito pouco inocente: «Passons, não é grave, nem nada de especial, até porque sem méritos não se chega a Primeiro-ministro.» E é aqui que reside a minha surpresa, pois ver explicar toda esta bonomia com o facto de encontrar, numa manifesta utilização indevida de títulos académicos, o mérito suficiente para habilitar qualquer um ao cargo de primeiro-ministro, é, em minha modesta opinião, um péssimo exemplo dado por este muito lido fazedor de opinião. Sei que JPP não escreve isto inocentemente, e que muito menos pensa que a falta de verticalidade, que os "pecados veniais de juventude" de Sócrates deixam perceber, é meritosa, mas duvido que o que me parece ser uma mordaz ironia, cujo fim último não é fácil descortinar, seja a abordagem adequada para um comentário sério, como o que faz sobre esta questão. Até porque, quando JPP afirma «não é o Sócrates de 1993 ou de 1996 que me preocupa, é o Sócrates de 2007 revelado pela sua atitude face ao que se está a passar», está a esquecer que o Sócrates da presente «tentativa de encerrar o assunto quase manu militari usando todos os meios e todas a influências» só existe, assim, porque lá atrás, nos idos de 1993, 95 e 96, o relativo, e protegido, "anonimato" lhe permitiu praticar, e melhorar, a performance autoritária, "método" que hoje tanto incomoda o comentador.

* George Eliot




Antes mais que menos!

Ele não tem um, mas DOIS certificados de licenciatura! Diferentes, é certo, mas isso é um pequeno pormenor, que não passa de um lapso administrativo!!!
E, como não há dois sem três...
Notinha de rodapé: talvez comece a perceber a sugestão de Marques Mendes! Pois é, tinha-me esquecido que o maroto tem inside information, na CM da Covilhã!

Thursday, April 12, 2007

And the Oscar goes to...

... o imperdível Rodrigo Moita de Deus. Não resisto a reproduzir o que considero o melhor post dos que vi, a propósito da entrevista de Sócrates.




you stupid woman!




penso que todas as dúvidas sobre o caso do canudo ficaram ontem cabalmente esclarecidas

Outro olhar

Tomando boa nota de um comentário do Miguel, eu também acho que esta poeira toda, se não foi levantada de propósito para esconder alguma coisa, não terá deixado de ser muito bem aproveitada, como camuflagem. O tempo nos dará razão.

Do rigor elástico

«O que o discurso de Sócrates instituiu, com esta entrevista, foi a normalidade do estado de coisas». Quem o escreve, é Francisco José Viegas, atento, porque sabe que, «De alguma maneira, a normalidade é uma anestesia que se espalha por todo o lado».
Muito bem vista, a consequência, a prazo, deste remexer, inconsequente, nos mais obscuros factos dos nossos meandros políticos, financeiros e sociais, observada a normalidade, com que passámos a conviver com eles.

Se "engenheiro" é um rótulo social...

... a partir de hoje eu quero ser tratado de engenheiro!
Estão avisados.

A esquerda come e cala...

... e dá-se por satisfeita! Esperava-se.
Entretanto, o PSD saiu dos curros, mas parece ter marrado às tábuas. Por que razão Marques Mendes estava ontem tão titubeante e nervoso, quando veio, finalmente, opinar sobre as trapalhadas da licenciatura de Sócrates? Foi um momento triste, não tanto pelo que disse, que também não interessava nada, a ninguém, mas, sobretudo, pelo tom, pela postura, pelo constangimento do líder do maior partido da oposição. Uma coisa é certa, Sócrates arranjou um second banana, com quem dividir as atenções da populaça.

E foram todos muito felizes!






O nosso primeiro lá se afadigou a convencer-nos que, neste imbróglio da sua licenciatura, está tudo certo, e que o que não está, a outrém se deve. Ele disse o que quis, acredita quem quer. Pertenço aos que não engolem o anzol, linha e cana, com que o governante veio pescar nas águas turvas deste pântano, que ajudou a criar, e alimenta com gosto, porque ainda corre em sua conveniência. Adiante, que, para mim, a credibilidade do senhor ficou como estava, isto é, em parte nenhuma. O que não quer dizer que não me tivesse espantado, com duas, ou três pequenas inadvertências, que, quanto a mim, só vêm confirmar a linha de pensamento que terá levado Sócrates a ver-se metido nesta trapalhada - num país de títulos académicos, político que se preze tem que ter um, e como os meandros do ensino superior privado são labirínticos e tortuosos, o melhor é aproveitar as benesses que a pouca virtualidade do sistema, e o estatuto privilegiado, permitem. É assim, há muito, em Portugal, e Sócrates usou o que o sistema lhe permitia, esquecendo, no seu provincianismo pacóvio, que a um governante se exige que o comece a "ser" muito antes de o "estar", se não quer ser apanhado numa curva traiçoeira de uma sisa por pagar, de um negócio mal explicado, de um enriquecimento muito estranho, ou... de um curso, que antes de se ter, já se tinha!
Vamos aos deslizes, involuntários, do governante:
1º - Sobre o pedido de equivalências na UnI - em Setembro de 1995, como em Abril de 2007, o então deputado Sócrates, e o hoje primeiro-ministro Sócrates, acharam normal e corrente que uma Universidade privada aceite dar equivalências a um aluno, apenas baseada na palavra deste sobre o currículo já cumprido, noutro estabelecimento de ensino; dizem ambos, agora a uma só voz, que se posteriormente se verificasse que o aluno mentira, competia à Universidade não passar o diploma, mesmo que o aluno tivesse completado, com sucesso, o plano curricular por ela definido, para prosseguimento/conclusão de estudos (entretanto, como o aluno pagava, o que tinha a Universidade a perder?); ora, isto é de um cinismo e de uma permissividade administrativa atroz, se pensarmos que, tanto um deputado da nação, como um governante, não podem, em circunstância alguma, pactuar com esquemas viciantes dos sistemas que utilizamos; isto é, ao deputado Sócrates exigia-se que não tivesse aceite os benefícios de um sistema viciado à partida, por muito honesto que soubesse ser o seu caso particular; estava o então deputado obrigado a ter denunciado a situação, alertando os então governantes para as trapalhadas administrativas, e eventuais prejuízos para os alunos, que adviriam desta prática, de que tinha conhecimento directo; não o fez como deputado, não o fez quando pouco depois foi para o governo, continua a achar o procedimento normal, como primeiro-ministro; e não só não denunciou o pouco claro esquema, como em seu benefício o usou; ontem percebemos que, pelo menos por parte dos governos de que este senhor fez parte, e do que agora chefia, a ineficaz fiscalização do ensino superior privado se deve, quanto mais não seja, a esta acomodada aceitação de esquemas pouco transparentes e de contornos mais do que duvidosos, por parte de um estabelecimento de ensino superior privado, que cabe ao Estado fiscalizar. A hipocrisia do encerramento da UnI passa, também, por aqui.
2º - As "provas" do não favorecimento da UnI ao aceitar o aluno Sócrates, em 1995 - quer o actual primeiro-ministro convencer-nos que uma Universidade privada, ainda em fase muito recente da sua entrada em funcionamento, não teve em consideração o facto de ser procurada por um deputado, estrela ascendente no PS, muito bem colocado para vir a ocupar um cargo governativo, a curto prazo (como veio a acontecer), para lhe escancarar as portas e facilitar a sua admissão para conclusão de estudos, independentemente da inexistência de provas do percurso académico anterior. Para o tentar meter pelos nossos olhos dentro, invocou, repetidamente, que, à época, não era governante, mas um simples deputado da nação. Por absurdamente ridícula, nem comento a credibilidade de tal argumentação, mas a "ingenuidade" que Sócrates quer agora exibir, neste particular, tem os limites que impõe o senso comum, e o respeito devido aos representantes eleitos pelo povo. Não conseguiríamos maior atestado de irrelevância passado à figura do deputado, do que aquele que Sócrates, com toda a frieza, acabou por lhe passar ontem. Poderemos pensar que foi apenas a opção pelo menor dano, calculado em função da necessidade de arranjar uma defesa blindada, para a situação de favor, que as "provas" exibidas, mais do que contrariar, documentam, mas a actuação sobranceira de Sócrates, enquanto primeiro-ministro, na AR, levam-me a pensar que lhe fugiu a "boca atrás do pensamento".

3º - O "engenheiro" que, antes de o ser, já o era, em 13 de Fevereiro de 1992 - ontem, Sócrates limitou-se a arrulhar umas confusas explicações sobre a clarificação que o segundo documento biográfico que apresentou à AR pretendia constituir, relativamente ao primeiro que entregou; com esta coxa explicação, não apenas fica claro que o primeiro-ministro está a assumir, agora, que, num primeiro impulso, prestou falsas declarações (daí ter sentido a necessidade de "esclarecer"), como o busílis, no caso, é o momento em que essa correcção viu a luz do dia, e, sobre esse particular, nada atesta a veracidade da data em que o "esclarecimento" terá ocorrido. E esta é importante, porque a observação dos dois documentos, não motiva uma leitura inocente, muito menos abona a favor da transparência e "competência esclarecedora" do esforçado e brilhante aluno/deputado Sócrates. Olhando para os dois documentos, datados do mesmo dia, e vendo no "esclarecimento" a palavra Bach, apertadinha e encravada antes da Engenharia Civil, enquanto que, na profissão, Sócrates se limitou a acrescentar técnico à palavra engenheiro, que já constava da primeira versão, percebemos duas coisas - então, como agora, o recurso ao expediente manhoso não era defeito, era "feitio"; a incompetência do autor do "esclarecimento" é flagrante. Neste caso, para além das provas serem mais de acusação, do que de defesa, uma vez mais subsistem dúvidas - se Sócrates sentiu, então, a necessidade de ser honesto e transparente, por que razão não escreveu, normalmente, no "esclarecimento", bacharelato antes de escrever engenharia civil, mas o fez de forma tal, que a evidência de que terá escrito Bach a posteriori é inquestionável? E se fez este esclarecimento, no mesmo dia, se até agrafou os dois documentos, porque não exigiu a substituição do primeiro documento pelo segundo, ou, melhor ainda, porque entregou os dois?

Fora estas minudências, as trapalhadas continuam trapalhadas, mas o povo é sereno, enquanto o pão não falta na mesa, e, no circo, os palhaços são os outros. O pior é que o circo está a pegar fogo, e os palhaços vão ser muitos, esfomeados! O senhor engenheiro, à cautela, já se foi munindo de cursos pós-graduados, que lhe darão o lustro necessário para um risonho futuro, aquém, ou d'além mar!

Wednesday, April 11, 2007

Sombras chinesas

Sem pôr em causa a importância da medida, importa lembrar que o maior número de agressões a professores é praticada por alunos, a quem a mesma não pode ser aplicada. E sobre o estatuto disciplinar do aluno, estamos conversados!

Tuesday, April 10, 2007

Educação Especial

Já por aqui se tinha escrito, há meses, que as decisões que se estavam a tomar iriam criar uma situação preocupante, para milhares de alunos. Confirma-se! Entretanto, a propaganda oficial tem enchido os media com notícias sobre escolas dotadas de mais recursos, com equipas multidisciplinares, e com os milhões afectos à melhor qualidade do ensino e da escolaridade dos portugueses. Falar é fácil, o pior é a realidade!

Vinte mil professores poderão vir a engrossar as hostes dos excedentários!

A tutela desmentiu ... mas não há fumo sem fogo! E desde quando se escreve o esta tutela diz?

Antologia

A sala do castelo é deserta e espelhada.
Tenho medo de Mim. Quem sou? De onde cheguei?...
Aqui, tudo já foi... Em sombra estilizada,
A cor morreu e até o ar é uma ruína...
Vem de Outro tempo a luz que me ilumina
Um som opaco me dilui em Rei...
Mário de Sá-Carneiro

Chapéus há muitos...

... e costas largas também!
Já sabemos que a licenciatura de Sócrates é como a pescada, antes de ser, já o era, mas o espanto é a tranquila impunidade com que nos quer fazer crer que a culpa não foi dele. Coitado do senhor, tão ocupado estava com a coisa pública, que nem nunca leu os seus dados biográficos fornecidos pela AR, muito menos o despacho de nomeação para o governo!
Na quarta-feira lá virá ele declarar-nos, com aquele seu ar resoluto, que não só não teve culpa de erros cometidos por outros, como foi só por não querer pôr em causa tão diligentes funcionários, que nunca pediu a correcção dos falsos títulos académicos!
Enquanto ninguém decide averiguar, a sério, os documentos oficiais, que existem, e pedir as devidas responsabilidades aos Directores-Gerais do Ensino Superior e Inspectores-Gerais de Educação de então, bem como aos actuais dirigentes e governantes do sector, a Sócrates só resta a primeira das duas soluções preconizadas por Tomás Vasques: "apresenta a sua demissão e pede ao Presidente da República a convocação de eleições legislativas. Aí defrontará Marques Mendes e Paulo Portas e todos os Josés Manueis Fernandes que o querem ver arder em fogo lento. Se ganhar governa tranquilo, independentemente de maioria absoluta ou não. Este caminho tem custos para a economia e para os portugueses, mas maiores custos tem a permanência em exercício de um primeiro-ministro achincalhado."

Monday, April 09, 2007

Admito, enganei-me...

... quando achei que Sócrates, com uma boa dose de propaganda, se iria safar, incólume, de toda esta trapalhada da licenciatura. Bastou uma viagem de dez minutos num táxi, para perceber que os estragos são já irreparáveis. Mesmo que o orgulhoso inquilino de São Bento se aguente, a desconfiança instalou-se, como um fungo vigoroso. E, como se sabe, os fungos matam, mesmo que demorem anos a atingir os seus fins.

E a Universidade Independente "licenciou" quantos políticos e governantes do PS?

Ninguém pergunta? O Público não investiga? É que, segundo a teoria Gago, como são só bons exemplos... importa conhecê-los, e Sócrates sentia-se menos só!

Sunday, April 08, 2007

A propósito de uma discussão com as crianças da casa

Quando, sobre o cartaz dos Gatos Fedorentos, aqui me insurgi por estes considerarem o nacionalismo uma parvoíce, assumia que a palavra, no seu conceito virtuoso, significa a preferência por tudo o que é próprio da nação a que pertence, logo, tem como sinónimo primeiro, o patriotismo.
Que se queira associar o conceito de nacionalismo apenas às doutrinas políticas que lhe usaram, exacerbando, o sentido, é uma interpretação possível, mas redutora. Aliás, na minha opinião, o primeiro cartaz, mesmo que seja motivado por uma doutrina, ou reivindicação política de carácter nacionalista, usa o termo no seu conceito virtuoso, pelo que a resposta dos Gatos, para se assumir como uma resposta, o deveria ter feito na mesma linha conceptual. Se o fez, como o entendo que fez, a frase - nacionalismo é parvoíce - não é patriota, como reforça a afirmação que a antecede - com portugueses não vamos lá.
Lamentável, este disparate dos Gatos. Há que aceitar que até os génios, exactamente por serem génios, têm deslizes, mas perdoar-lhos, em nome da graça que, habitualmente, têm, não é sentido de humor, é cobardia intelectual.
Crianças, os vossos reparos são sempre muito bem recebidos, e não digam que é a casmurrice que me impede de vos dar razão. Parem para pensar, consultem um dicionário, e pensem o que quiserem. Mas dêem a vocês próprios a oportunidade de pensar, antes de irem atrás de uma generalizada e cómoda opinião.

Antes da sessão de propaganda que se anuncia...


...a formação académica de Sócrates mantém-se do top ten das argoladas deste governo.
Depois da licenciatura, cujas "particularidades" têm sido tão bem dissecadas no Portugal Profundo, surgiu o distinto MBA, no ISCTE, a que já aqui me referi, mas a sua notoriedade foi meteórica, já que a biografia oficial rapidamente o eliminou. Decisão acertada, é tudo o que por aqui se entende dizer.
Entretanto, assistiremos à prometida mostra de diplomas, sem esquecer que o chefe do gabinete de sua excelência o PM é Pedro Lourtie, que foi Director-Geral do Ensino Superior e Secretário de Estado do Ensino Superior, pelo que não me admirará nada de ainda vir a descobrir-se que o documento oficial do OCES terá ignorado, por lapso, a preciosa informação, que confirmará a licenciatura de Sócrates na Universidade Independente, na data que lhe foi atribuída.
(Imagem do blog WeHaveKaosintheGarden)

Friday, April 06, 2007

Se dúvidas houvesse...

Quando pensamos que Sócrates vai ter que enfrentar os danos criados pela controvérsia em torno da sua licenciatura, assistimos a dois monumentais episódios desta farsa - o ministro que tutela o ensino superior desdobra-se em justificações, a pôr em causa a eficiência dos seus próprios serviços, e é nomeado como novo responsável pela Universidade Independente um subordinado de Armando Vara.
Se esta trapalhada fosse originada por Santana Lopes, com Sampaio ainda em Belém, já sabíamos com o que poderíamos contar. No actual contexto, vamos apenas assistir a uma aplicação de lava mais branco, na RTP, em horário nobre, com o alto patrocínio das individualidades do costume. Em nome da estabilidade e das boas obras do regime. E tudo ficará na mesma, podre.

Santa Páscoa


Nem nacionalismo a mais, nem nacionalismo a menos!


Com portugueses não vamos lá??? Nacionalismo é parvoíce???
E ainda há quem se ria com isto! Francamente, não é por opor um disparate a outro, que o último deixa de ser vergonhoso.

Sunday, April 01, 2007

Os casos de violência doméstica cresceram mais de 30% em 2006

Então, por que espera o Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão, para demitir Elza Pais e a sua equipa? E, já agora, para se demitir a seguir? Com tantos milhões enterrados na CIDM, não seria legítimo pedir contas a esta estrutura de missão pelo desaire que representa este acréscimo de violência doméstica, num só ano? (A desatenção estatística será corrigida para o ano, mas por agora...) Não é nesse sentido que se pretende que vá a AP - definição de objectivos, avaliação, prestação de contas, responsabilização e consequência? Pois é, mas esqueci-me que esta CIDM é uma daquelas estruturas que se criam para arranjar uns lugares a uns amigos, e amigas, especiais. Continua a haver uns que são, sempre, mais iguais do que os outros!
(Depois, admiram-se que haja saudosos do senhor de Santa Comba...)

O licenciado em engenharia

Exaltam-se os desocupados com as possíveis irregularidades na licenciatura de Sócrates. Exceptuado o facto de, com o escândalo, estar a ser posta em causa a seriedade (leia-se honestidade) do cidadão, pseudo-conivente em trapalhada destinada a abrilhantar-lhe a folha académica, o caso não aquece nem arrefece a este país de Socrática maioria absoluta, porque a seriedade do cavalheiro, no sentido que lhe dei, está profundamente ferida de oportunidade política, que lhe mina a natureza e âmbito (não trabalho na Universidade Independente, mas a generosidade também é a qualidade que cultivo, aos Domingos). Portanto, a licenciatura de Sócrates não passa de um fait-divers (e a OTA, hã?). Mas, para os que querem preocupar-se a sério com as habilitações do inquilino de São Bento, um conselho: olhem para os ministros, secretários de Estado, adjuntos, assessores, consultores e conselheiros oriundos do ISCTE, e investiguem o MBA, con distinção, que se diz ter feito naquele estabelecimento de ensino superior. É que os favores pagam-se, não é verdadde?

Pedreiros e mulheres-a-dias


Os melhores que por aí andam são "imigras", parece ser o generalizado consenso. Conheço generosas senhoras que passam jantares a tecer elogios à croata, ou à russa, ou à moldava, que lhes assegura o conforto doméstico, ao mesmo tempo que lhes presta assistência médica permanente, ou lhes faz fisioterapia personalizada, com o curso tirado na terrinha, curso que por cá se ignora, do alto da nossa superioridade académica (e independente, em alguns casos, tristes). Usam-se a abusam-se as qualidades dos estrangeiros qualificados (que até nisto há que ser selectivos); mas, e lá vem o mas, reclamamos dos gargalhantes brasileiros, que nos servem em qualquer tasco, de vão de escada, ou de 5 estrelas; "cortamo-nos" com todo e qualquer africano, sempre que nos cruzamos com ele, nem que seja na missa; desconfiamos que nas escolas só aparece dinheiro para apoiar a integração dos alunos estrangeiros, e invejamo-los por ultrapassarem, velozmente, as nossas mimadas criancinhas; digerimos muito mal o desemprego do cidadão nacional, subsídio-dependente, substituído pela folclórica horda destes novos bárbaros invasores; lamentamos não lhes passar à frente nas urgências, e detestamos tê-los por vizinhos, sobretudo quando se juntam em "famílias" unidas por logística e conveniência; em suma, toleramo-los, mas o nosso grau de satisfação com a sua presença tem dias, ou, melhor, tem casos. Depois, num exercício de excelsa hipocrisia, admiramo-nos (ou fingimos que nos admiramos) com o cartaz. Mas, no seu íntimo, quantos não pensam o mesmo que o senhor que teve o atrevimento de pôr o seu nariz sobre a ordem de expulsão dos "imigras", ali bem sob o beneplácito do mulato Marquês de Pombal? Pensam, sentem, e veriam com bons olhos esta viagem aconselhada, pelo menos em relação a todos que não o seu pedreiro/engenheiro ou a sua mulher-a-dias/médica. Esses, pelos santinhos, deixem-nos cá ficar!