Se há algo com que JPP possa bem, é com o impacto do agrado, ou desagrado, que as suas opiniões possam ter num insignificante, para mais anónimo, blogger. Nisto, estamos quites, uma vez que o que a seguir escrevo não tem por objectivo provocar-lhe o mais ligeiro franzir de sobrancelhas, mas é, tão só, consequência de atribuir ao que ele escreve, enquanto um dos mais consistentes comentadores da nossa praça, uma imensa importância, tanto pela opinião que me ajuda a formar, como pelo magistério de influência que sei exercerem os seus escritos.
Indo ao que interessa: no seu post Lendo, Vendo, Ouvindo Átomos e Bits, de 13 de Abril de 2007, JPP desvaloriza a charada, a que chama «Os pecados veniais de 1993 (ano da biografia parlamentar) ou de 1995-6 (ano da Independente) (...) do "jovem Sócrates», não atribuindo qualquer importância ao que chama a confusão do « "uso social" dos títulos académicos com a sua veracidade». Não bastando esta complacente compreensão para os pecados da socrática juventude, já nem tão jovem assim, remata a sua desvalorização desta fase da controvérsia das habilitações do primeiro-ministro, com uma frase muito pouco inocente: «Passons, não é grave, nem nada de especial, até porque sem méritos não se chega a Primeiro-ministro.» E é aqui que reside a minha surpresa, pois ver explicar toda esta bonomia com o facto de encontrar, numa manifesta utilização indevida de títulos académicos, o mérito suficiente para habilitar qualquer um ao cargo de primeiro-ministro, é, em minha modesta opinião, um péssimo exemplo dado por este muito lido fazedor de opinião. Sei que JPP não escreve isto inocentemente, e que muito menos pensa que a falta de verticalidade, que os "pecados veniais de juventude" de Sócrates deixam perceber, é meritosa, mas duvido que o que me parece ser uma mordaz ironia, cujo fim último não é fácil descortinar, seja a abordagem adequada para um comentário sério, como o que faz sobre esta questão. Até porque, quando JPP afirma «não é o Sócrates de 1993 ou de 1996 que me preocupa, é o Sócrates de 2007 revelado pela sua atitude face ao que se está a passar», está a esquecer que o Sócrates da presente «tentativa de encerrar o assunto quase manu militari usando todos os meios e todas a influências» só existe, assim, porque lá atrás, nos idos de 1993, 95 e 96, o relativo, e protegido, "anonimato" lhe permitiu praticar, e melhorar, a performance autoritária, "método" que hoje tanto incomoda o comentador.
Indo ao que interessa: no seu post Lendo, Vendo, Ouvindo Átomos e Bits, de 13 de Abril de 2007, JPP desvaloriza a charada, a que chama «Os pecados veniais de 1993 (ano da biografia parlamentar) ou de 1995-6 (ano da Independente) (...) do "jovem Sócrates», não atribuindo qualquer importância ao que chama a confusão do « "uso social" dos títulos académicos com a sua veracidade». Não bastando esta complacente compreensão para os pecados da socrática juventude, já nem tão jovem assim, remata a sua desvalorização desta fase da controvérsia das habilitações do primeiro-ministro, com uma frase muito pouco inocente: «Passons, não é grave, nem nada de especial, até porque sem méritos não se chega a Primeiro-ministro.» E é aqui que reside a minha surpresa, pois ver explicar toda esta bonomia com o facto de encontrar, numa manifesta utilização indevida de títulos académicos, o mérito suficiente para habilitar qualquer um ao cargo de primeiro-ministro, é, em minha modesta opinião, um péssimo exemplo dado por este muito lido fazedor de opinião. Sei que JPP não escreve isto inocentemente, e que muito menos pensa que a falta de verticalidade, que os "pecados veniais de juventude" de Sócrates deixam perceber, é meritosa, mas duvido que o que me parece ser uma mordaz ironia, cujo fim último não é fácil descortinar, seja a abordagem adequada para um comentário sério, como o que faz sobre esta questão. Até porque, quando JPP afirma «não é o Sócrates de 1993 ou de 1996 que me preocupa, é o Sócrates de 2007 revelado pela sua atitude face ao que se está a passar», está a esquecer que o Sócrates da presente «tentativa de encerrar o assunto quase manu militari usando todos os meios e todas a influências» só existe, assim, porque lá atrás, nos idos de 1993, 95 e 96, o relativo, e protegido, "anonimato" lhe permitiu praticar, e melhorar, a performance autoritária, "método" que hoje tanto incomoda o comentador.
* George Eliot
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