O nosso primeiro lá se afadigou a convencer-nos que, neste imbróglio da sua licenciatura, está tudo certo, e que o que não está, a outrém se deve. Ele disse o que quis, acredita quem quer. Pertenço aos que não engolem o anzol, linha e cana, com que o governante veio pescar nas águas turvas deste pântano, que ajudou a criar, e alimenta com gosto, porque ainda corre em sua conveniência. Adiante, que, para mim, a credibilidade do senhor ficou como estava, isto é, em parte nenhuma. O que não quer dizer que não me tivesse espantado, com duas, ou três pequenas inadvertências, que, quanto a mim, só vêm confirmar a linha de pensamento que terá levado Sócrates a ver-se metido nesta trapalhada - num país de títulos académicos, político que se preze tem que ter um, e como os meandros do ensino superior privado são labirínticos e tortuosos, o melhor é aproveitar as benesses que a pouca virtualidade do sistema, e o estatuto privilegiado, permitem. É assim, há muito, em Portugal, e Sócrates usou o que o sistema lhe permitia, esquecendo, no seu provincianismo pacóvio, que a um governante se exige que o comece a "ser" muito antes de o "estar", se não quer ser apanhado numa curva traiçoeira de uma sisa por pagar, de um negócio mal explicado, de um enriquecimento muito estranho, ou... de um curso, que antes de se ter, já se tinha!
Vamos aos deslizes, involuntários, do governante:
1º - Sobre o pedido de equivalências na UnI - em Setembro de 1995, como em Abril de 2007, o então deputado Sócrates, e o hoje primeiro-ministro Sócrates, acharam normal e corrente que uma Universidade privada aceite dar equivalências a um aluno, apenas baseada na palavra deste sobre o currículo já cumprido, noutro estabelecimento de ensino; dizem ambos, agora a uma só voz, que se posteriormente se verificasse que o aluno mentira, competia à Universidade não passar o diploma, mesmo que o aluno tivesse completado, com sucesso, o plano curricular por ela definido, para prosseguimento/conclusão de estudos (entretanto, como o aluno pagava, o que tinha a Universidade a perder?); ora, isto é de um cinismo e de uma permissividade administrativa atroz, se pensarmos que, tanto um deputado da nação, como um governante, não podem, em circunstância alguma, pactuar com esquemas viciantes dos sistemas que utilizamos; isto é, ao deputado Sócrates exigia-se que não tivesse aceite os benefícios de um sistema viciado à partida, por muito honesto que soubesse ser o seu caso particular; estava o então deputado obrigado a ter denunciado a situação, alertando os então governantes para as trapalhadas administrativas, e eventuais prejuízos para os alunos, que adviriam desta prática, de que tinha conhecimento directo; não o fez como deputado, não o fez quando pouco depois foi para o governo, continua a achar o procedimento normal, como primeiro-ministro; e não só não denunciou o pouco claro esquema, como em seu benefício o usou; ontem percebemos que, pelo menos por parte dos governos de que este senhor fez parte, e do que agora chefia, a ineficaz fiscalização do ensino superior privado se deve, quanto mais não seja, a esta acomodada aceitação de esquemas pouco transparentes e de contornos mais do que duvidosos, por parte de um estabelecimento de ensino superior privado, que cabe ao Estado fiscalizar. A hipocrisia do encerramento da UnI passa, também, por aqui.
2º - As "provas" do não favorecimento da UnI ao aceitar o aluno Sócrates, em 1995 - quer o actual primeiro-ministro convencer-nos que uma Universidade privada, ainda em fase muito recente da sua entrada em funcionamento, não teve em consideração o facto de ser procurada por um deputado, estrela ascendente no PS, muito bem colocado para vir a ocupar um cargo governativo, a curto prazo (como veio a acontecer), para lhe escancarar as portas e facilitar a sua admissão para conclusão de estudos, independentemente da inexistência de provas do percurso académico anterior. Para o tentar meter pelos nossos olhos dentro, invocou, repetidamente, que, à época, não era governante, mas um simples deputado da nação. Por absurdamente ridícula, nem comento a credibilidade de tal argumentação, mas a "ingenuidade" que Sócrates quer agora exibir, neste particular, tem os limites que impõe o senso comum, e o respeito devido aos representantes eleitos pelo povo. Não conseguiríamos maior atestado de irrelevância passado à figura do deputado, do que aquele que Sócrates, com toda a frieza, acabou por lhe passar ontem. Poderemos pensar que foi apenas a opção pelo menor dano, calculado em função da necessidade de arranjar uma defesa blindada, para a situação de favor, que as "provas" exibidas, mais do que contrariar, documentam, mas a actuação sobranceira de Sócrates, enquanto primeiro-ministro, na AR, levam-me a pensar que lhe fugiu a "boca atrás do pensamento".
Vamos aos deslizes, involuntários, do governante:
1º - Sobre o pedido de equivalências na UnI - em Setembro de 1995, como em Abril de 2007, o então deputado Sócrates, e o hoje primeiro-ministro Sócrates, acharam normal e corrente que uma Universidade privada aceite dar equivalências a um aluno, apenas baseada na palavra deste sobre o currículo já cumprido, noutro estabelecimento de ensino; dizem ambos, agora a uma só voz, que se posteriormente se verificasse que o aluno mentira, competia à Universidade não passar o diploma, mesmo que o aluno tivesse completado, com sucesso, o plano curricular por ela definido, para prosseguimento/conclusão de estudos (entretanto, como o aluno pagava, o que tinha a Universidade a perder?); ora, isto é de um cinismo e de uma permissividade administrativa atroz, se pensarmos que, tanto um deputado da nação, como um governante, não podem, em circunstância alguma, pactuar com esquemas viciantes dos sistemas que utilizamos; isto é, ao deputado Sócrates exigia-se que não tivesse aceite os benefícios de um sistema viciado à partida, por muito honesto que soubesse ser o seu caso particular; estava o então deputado obrigado a ter denunciado a situação, alertando os então governantes para as trapalhadas administrativas, e eventuais prejuízos para os alunos, que adviriam desta prática, de que tinha conhecimento directo; não o fez como deputado, não o fez quando pouco depois foi para o governo, continua a achar o procedimento normal, como primeiro-ministro; e não só não denunciou o pouco claro esquema, como em seu benefício o usou; ontem percebemos que, pelo menos por parte dos governos de que este senhor fez parte, e do que agora chefia, a ineficaz fiscalização do ensino superior privado se deve, quanto mais não seja, a esta acomodada aceitação de esquemas pouco transparentes e de contornos mais do que duvidosos, por parte de um estabelecimento de ensino superior privado, que cabe ao Estado fiscalizar. A hipocrisia do encerramento da UnI passa, também, por aqui.
2º - As "provas" do não favorecimento da UnI ao aceitar o aluno Sócrates, em 1995 - quer o actual primeiro-ministro convencer-nos que uma Universidade privada, ainda em fase muito recente da sua entrada em funcionamento, não teve em consideração o facto de ser procurada por um deputado, estrela ascendente no PS, muito bem colocado para vir a ocupar um cargo governativo, a curto prazo (como veio a acontecer), para lhe escancarar as portas e facilitar a sua admissão para conclusão de estudos, independentemente da inexistência de provas do percurso académico anterior. Para o tentar meter pelos nossos olhos dentro, invocou, repetidamente, que, à época, não era governante, mas um simples deputado da nação. Por absurdamente ridícula, nem comento a credibilidade de tal argumentação, mas a "ingenuidade" que Sócrates quer agora exibir, neste particular, tem os limites que impõe o senso comum, e o respeito devido aos representantes eleitos pelo povo. Não conseguiríamos maior atestado de irrelevância passado à figura do deputado, do que aquele que Sócrates, com toda a frieza, acabou por lhe passar ontem. Poderemos pensar que foi apenas a opção pelo menor dano, calculado em função da necessidade de arranjar uma defesa blindada, para a situação de favor, que as "provas" exibidas, mais do que contrariar, documentam, mas a actuação sobranceira de Sócrates, enquanto primeiro-ministro, na AR, levam-me a pensar que lhe fugiu a "boca atrás do pensamento".
3º - O "engenheiro" que, antes de o ser, já o era, em 13 de Fevereiro de 1992 - ontem, Sócrates limitou-se a arrulhar umas confusas explicações sobre a clarificação que o segundo documento biográfico que apresentou à AR pretendia constituir, relativamente ao primeiro que entregou; com esta coxa explicação, não apenas fica claro que o primeiro-ministro está a assumir, agora, que, num primeiro impulso, prestou falsas declarações (daí ter sentido a necessidade de "esclarecer"), como o busílis, no caso, é o momento em que essa correcção viu a luz do dia, e, sobre esse particular, nada atesta a veracidade da data em que o "esclarecimento" terá ocorrido. E esta é importante, porque a observação dos dois documentos, não motiva uma leitura inocente, muito menos abona a favor da transparência e "competência esclarecedora" do esforçado e brilhante aluno/deputado Sócrates. Olhando para os dois documentos, datados do mesmo dia, e vendo no "esclarecimento" a palavra Bach, apertadinha e encravada antes da Engenharia Civil, enquanto que, na profissão, Sócrates se limitou a acrescentar técnico à palavra engenheiro, que já constava da primeira versão, percebemos duas coisas - então, como agora, o recurso ao expediente manhoso não era defeito, era "feitio"; a incompetência do autor do "esclarecimento" é flagrante. Neste caso, para além das provas serem mais de acusação, do que de defesa, uma vez mais subsistem dúvidas - se Sócrates sentiu, então, a necessidade de ser honesto e transparente, por que razão não escreveu, normalmente, no "esclarecimento", bacharelato antes de escrever engenharia civil, mas o fez de forma tal, que a evidência de que terá escrito Bach a posteriori é inquestionável? E se fez este esclarecimento, no mesmo dia, se até agrafou os dois documentos, porque não exigiu a substituição do primeiro documento pelo segundo, ou, melhor ainda, porque entregou os dois?
Fora estas minudências, as trapalhadas continuam trapalhadas, mas o povo é sereno, enquanto o pão não falta na mesa, e, no circo, os palhaços são os outros. O pior é que o circo está a pegar fogo, e os palhaços vão ser muitos, esfomeados! O senhor engenheiro, à cautela, já se foi munindo de cursos pós-graduados, que lhe darão o lustro necessário para um risonho futuro, aquém, ou d'além mar!
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