Os melhores que por aí andam são "imigras", parece ser o generalizado consenso. Conheço generosas senhoras que passam jantares a tecer elogios à croata, ou à russa, ou à moldava, que lhes assegura o conforto doméstico, ao mesmo tempo que lhes presta assistência médica permanente, ou lhes faz fisioterapia personalizada, com o curso tirado na terrinha, curso que por cá se ignora, do alto da nossa superioridade académica (e independente, em alguns casos, tristes). Usam-se a abusam-se as qualidades dos estrangeiros qualificados (que até nisto há que ser selectivos); mas, e lá vem o mas, reclamamos dos gargalhantes brasileiros, que nos servem em qualquer tasco, de vão de escada, ou de 5 estrelas; "cortamo-nos" com todo e qualquer africano, sempre que nos cruzamos com ele, nem que seja na missa; desconfiamos que nas escolas só aparece dinheiro para apoiar a integração dos alunos estrangeiros, e invejamo-los por ultrapassarem, velozmente, as nossas mimadas criancinhas; digerimos muito mal o desemprego do cidadão nacional, subsídio-dependente, substituído pela folclórica horda destes novos bárbaros invasores; lamentamos não lhes passar à frente nas urgências, e detestamos tê-los por vizinhos, sobretudo quando se juntam em "famílias" unidas por logística e conveniência; em suma, toleramo-los, mas o nosso grau de satisfação com a sua presença tem dias, ou, melhor, tem casos. Depois, num exercício de excelsa hipocrisia, admiramo-nos (ou fingimos que nos admiramos) com o cartaz. Mas, no seu íntimo, quantos não pensam o mesmo que o senhor que teve o atrevimento de pôr o seu nariz sobre a ordem de expulsão dos "imigras", ali bem sob o beneplácito do mulato Marquês de Pombal? Pensam, sentem, e veriam com bons olhos esta viagem aconselhada, pelo menos em relação a todos que não o seu pedreiro/engenheiro ou a sua mulher-a-dias/médica. Esses, pelos santinhos, deixem-nos cá ficar!
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