Tuesday, November 29, 2005

Só?

Vem o ME dizer-nos que, no ano lectivo de 2004/2005, houve 1232 agressões nas escolas portuguesas. Nada de grave, parece pensar a ministra, até porque, dessas, só 191 necessitaram de intervenção hospitalar. Uma ninharia, frisa, solícito, o DN, recém-promovido a pasquim oficial.
Considerado o número destas "pequenas brigas", ficam-me algumas dúvidas:
- terão sido incluídas as agressões e a vandalização de bens, efectuados por alunos, a colegas, professores, funcionários e pais no espaço imediatamente contíguo aos portões das escolas?
- constam também desse número as agressões do foro sexual ocorridas nas escolas e nas suas imediatas cercanias?
- o número revelado inclui todos os processos disciplinares instalados a alunos, nos termos da legislação aplicável?
- as "brigas" de pátio, de que não resultaram ferimentos a necessitar de intervenção hospitalar, foram consideradas?
- todos os casos de consumo e transação de droga detectados no espaço escolar e imediatamente em redor deste foram contabilizados?
Se a resposta do ME for sim a todas as questões, o número está longe de poder corresponder à realidade. Se for não, talvez se aproxime do real, mas, então, para que serve atirar com este número para a opinião pública?
Uma nota muito positiva desta notícia - ficou a saber, quem não sabia, que os alunos maltratam professores, ao ponto de estes necessitarem de serviços médicos. Ora está aqui uma causa para as faltas de alguns professores, que ficarão em casa a tratar dos ferimentos, no corpo e na alma. Caro Vitor Reis, confesso que desta me tinha esquecido.

2 comments:

Anonymous said...

Fora da escola ainda contam? Isso não são casos de polícia?

crack said...

Caro Luís, a sua pergunta não é simples de responder. Imagine o passeio da escola, rente à vedação, o jardim à frente, ou ao lado, o logradouro das traseiras, a paragem do autocarro que serve a escola, numa frase, o espaço à volta do estabelecimento de ensino. Agora pense nos múltiplos desacatos, "brigas", assédios, violações, narcotráfico, envolvendo os alunos. Devem, ou não, estes assuntos merecer a atenção da escola e serem objecto de tratamento no âmbito de intervenção desta? Talvez não acredite, mas as opiniões divergem. Que eu saiba, esta ME ainda nem se referiu ao assunto.