Só hoje li o desafio do Bloguítica, com a oportunidade que o atraso criou - ter acesso imediato à fase seguinte: a reacção de Pacheco Pereira ao mesmo; a reformulação do próprio Bloguítica, comentários de adesão ou rejeição, nomeadamente na Grande Loja, no Abnegado, no Tugir em Português, no bombyx mori, no Causa Nossa e em vários outros blogues.
Cultivando um hábito que me parece saudável, até na blogosfera - não repetir argumentos que outros já expuseram, sobretudo quando o fizeram brilhantemente - julgo que ainda sobra espaço para uma nota pessoal, até porque, afinal, é essa a finalidade mais comum de um blogue: ser um espaço de registos pessoais.
O meu dilema foi, está a ser, este: depois de uma reacção instantânea de rejeição ao desafio de Paulo Gorjão, numa primeira fase entendido por mim como uma caça às bruxas na pior linha de denúncia social, que a minha memória pessoal e o meu "imaginário histórico" me fazem, de imediato, repudiar, pergunto-me agora se cada um de nós tem o direito de, em nome dos próprios demónios, ser tão democraticamente "asséptico" na denúncia, que mais não faz do que criar o meio mais favorável para a emergência e a proliferação das teias de clientelismo e das redes de corrupção que minam a nossa democracia. Ou seja, interrogo-me até que ponto não haverá uma boa dose de cobardia individual numa confortável reacção de repúdio por estas formas de denúncia quando, só depois de tranquilizada a nossa consciência individual pela omissão da mesma, somos capazes de, colectivamente, culparmos o "sistema" pelas perversões que gera?
Adenda: O crackdown é um cliente fidelizado do excelente Diário da República. Incompreensivelmente, escapou-lhe o post que dedicou a este desafio e no qual se faz uma pergunta fundamental: «Não caberia neste desafio, por exemplo, a elencagem de ex-governantes que transitam directamente para empresas de sectores que antes tutelavam? »
* Padre Vasco Pinto de Magalhães
1 comment:
Caro LS
Estando eu, como disse, num dilema, prezo muito a sua opinião sobre a reflexão que aqui partilhei com quem a leu.
Quanto mais se vai sabendo sobre as acções que eu entendo configurarem assalto às estruturas de poder por parte deste PS, confortavelmente legitimado por uma maioria absoluta, mais me convenço que, efectivamente, os escrúpulos de que nos orgulhamos de dar provas podem carecer de real sentido cívico e democrático. Como diz, há gente a pensar e a escrever muito bem na blogosfera, pelo que espero, tal como o meu amigo, que não deixem de ser dados a conhecer os desvios que, a coberto de uma discutível legalidade, venham pôr em causa princípios e valores do pluralismo democrático.
Um abraço também para si.
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