Tuesday, September 20, 2005

'Diálogo sobre a amizade'

«Devemos servir ao amigo, primeiramente segundo nossa faculdade e, em seguida, conforme a capacidade daquele a quem se quer servir. Tivesseis todo o poder do mundo, não poderíeis colocar todos os vossos amigos nos lugares mais distinguidos; Cipião, por exemplo, pôde fazer cônsul a P. Rupillius; não fez o mesmo, porém, com seu irmão Lucius. Ainda que pudesseis oferecer tudo ao vosso amigo, seria necessário verificar até onde iam suas forças.
Não se podem julgar perfeitamente as amizades senão quando a idade fortificou e amadureceu os carácteres; e se os moços, a quem anima um gosto semelhante pela caça ou pelos louros, formam entre si certas ligações, não são por isso amigos. A esse respeito, as amas e os pedagogos reclamariam, a título de ancianidade, o primeiro lugar em nossa amizade. Sem dúvida, não devemos esquecê-los; mas a afeição que se lhes dedica é de outra natureza.
Sem a maturidade da razão, não há pois amizade durável.»
Cícero

2 comments:

Rui Martins said...

Essa bem oportuna citação de Cícero faz-me pensar se a irascibilidade e teimosia de Sócrates não serão sinais da sua imaturidade e se esta (na interpretação do romano) não estará na base deste nepotismo que parece ter tomado conta do governo PS...

Mimos a mais?

crack said...

Caro Rui Martins
Imaturidade? Eu chamo-lhe outra coisa. Talvez por isso também não lhe atribuo qualquer responsabilidade pelo nepotismo no PS. Este, infelizmente, está inscrito nos genes partidários, e, no PS, é anterior ao furioso Sócrates e vai perdurar muito para além dele.