Monday, September 26, 2005

«acreditará o primeiro-ministro que alguém o toma a sério?»

Quem o pergunta é Santana Castilho, no seu artigo de hoje, no Público (link indisponível). E neste artigo, o autor aborda um conjunto de questões que o crackdown tem vindo a referir: a disparatada ideia de que a abertura do ano lectivo, no cumprimento do calendário escolar, é proeza a notar e chancela de qualidade para o trabalho da tutela; a confusão que reina nas escolas/agrupamentos com a implementação das medidas lançadas para o terreno pelo governo; a ausência de medidas estruturantes no sector da educação, escamoteada essa omissão pelo foguetório de decisões "populares", postas no terreno sem o devido e adequado estudo e acompanhamento; os escândalos associados a algumas das medidas tomadas (o inglês no 1º- ciclo; o equilíbrio da rede escolar à custa dos privados, a coberto da mais da que conveniente demora das cartas educativas; o português no estrangeiro) e, finalmente, não deixa Santana Castilho de pôr a ridículo os megalómanos projectos do governo para a educação e formação. Escreve ele: «Já tínhamos 150 000 novos empregos, 300 euros de pensão mínima para os reformados, 1000 jovens sábios nas empresas, um choque tecnológico e outro económico, um aeroporto na OTA e um TGV. Faltavam 650 000 jovens no ensino técnico-profissional e um milhão de adultos em formação nos próximos cinco anos. Eles aí estão, anunciados à Assembleia da República com mais uma falácia socialista: o Programa Novas Oportunidades
Tal como Santana Castilho, já não duvido que Sócrates será capaz de nos anunciar, com aquele seu ar de orgulho impacientemente complacente, que chegaremos à Lua antes de os americanos lá voltarem. Pelo menos, aqueles que se vão "governar" à custa destas inquestionáveis decisões socialistas ficarão no sétimo céu.

8 comments:

IC said...

E como foi o PS acreditar que alguém tomaria Sócrates a sério? Eu não contribui para a maioria absoluta, mas (face às alternativas possíveis), desejei que o PS ganhasse (embora não com a absoluta - na minha opinião, poderes absolutos sobem sempre à cabeça e viram ditatoriais). O país desejou que ganhasse, era uma responsabilidade para o PS, mas Sócrates não tinha credibilidade suficiente, inclusive aos próprios olhos de muita gente que conheço e vota sempre PS. O PS não sabia isso? (É mesmo uma interrogação que tenho, não conheço o PS senão de fora - independentemente de tendências, ao menos que qualquer tendência escolha pessoas com envergadura e discernimento)(Comento sempre com todo o respeito por opiniões diferentes das minhas)

Pedro said...

A ideia que tenho é que quem manda no Ministério da Educação é o ex-Presidente do Politécnico de Castelo Branco e actual Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos.
A Ministra parece perceber pouco do assunto e com alguém que vem das ESE`s para comandar a educação não se pode esperar muito. Pelo menos em termos de rigor e de exigência ao nível do processo educativo...

«« said...

O que me doi, é que eu votei nesse gajo...serve-me de consolo, o facto de desde a primeira hora ter preferido votar no poeta...bom

crack said...

Cara IC
Com a ajuda de Sampaio, foram criadas as condições para que os portugueses manifestassem se acreditavam, ou não, na socrática personagem, e estes, em desespero de causa, deram-lhe a legitimidade de uma maioria absoluta. Até aí, leva-se a história à conta de uma falência da memória recente, assim a modos de uma epidemia de Ahlzheimer em estado avançado.
A partir do momento em que o PS se sentou de novo em S. Bento, a história muda de registo e agora caminhamos, a passos gigantescos, para os velhos hábitos do outro senhor: só sabemos o que querem que saibamos, e calamos, ainda agradecidos pela deferência do "diálogo" dos nossos ilustres governantes. Vai ver, por enquanto ainda vamos refilando e estrebuchando, que alguns de nós nunca aguentaram bem a canga da ditadura, mas dê-lhe o tempo desta legislatura rosa e vamos estar quais doentes lobotomizados:calmos, mansos, obedientes e felizes. Idiotamente felizes.

crack said...

Caro Miguel
Parece-me que lá pela 5 de Outubro todos ralham e nenhum tem razão. Ao que me consta, parece que há por lá umas ideias, fazem-se uns telefonemas a uns amigos que têm filhos na escola a pedir opiniões, encolhem-se todos com o Albino "Picareta" Almeida, ouvem muito o Coelho e o Costa, que tem uma mulher professora e está bem colocado no PS, e depois decidem-se assim umas coisas que toda a gente acha que endireitam o sistema. E pronto, já está, dizem eles (nós é que sabemos que não). Numa coisa não têm eles dúvidas - há que domar a corja dos professores, esses malandros que são os culpados de todos os males.

crack said...

Caro Miguel Sousa
O que poderei dizer-lhe? Não foi o único que "pecou", portanto, quem estiver isento desse pecado que atire a primeira pedra (um conselho: procure abrigo, porque apesar de em minoria, ainda não muitas pedras).
:)

Anonymous said...

Caro Crack, DESCULPE voltar, é só para dizer que só não arranjo um pombo-correio a deixar aí num cantinho um autocolante de protesto contra o seu vaticínio final (ou melhor, contra essa 1ª pessoa do plural do verbo ir)porque tenho cá para mim a ideia de que também não generaliza assim tanto :)))))

crack said...

Cara IC
Em Roma, sê romano.
Ou, dito à nossa dimensão: Se o Coelho pode (dramatizar demagogicamente), por que não eu?
:))