A medida é já conhecida e recorrentemente aplicada pelos estudantes das diferentes universidades; a expressão do fundamento destas tomadas de posição é que muda, geralmente, com a circunstância política do momento. Neste caso, invocam os estudantes uma obtusa lei do financiamento, a prioridade do investimento do governo em projectos de mais do que duvidoso interesse (OTA, TGV), o autismo e a arrogância do governo no diálogo com as instituições de ensino superior e estudantes, a substituição progressiva do papel da Acção Social pelas instituições bancárias, não deixando de pôr o dedo na ferida da má gestão dos próprios estabelecimentos de ensino superior, para os quais a medida mais fácil de tomar é aumentar as propinas.
O diagnóstico está bem feito, mas duvida-se que governo, universidades e politécnicos sejam capazes de absorver as críticas e inverter a "tendência". O problema tem anos, tem vindo a agudizar-se e nada se tem feito para o resolver. A actuação do MCTES não indicia que se possa ter esperança de uma actuação eficaz neste domínio.
4 comments:
Estas recusas dos estudantes em pagar propinas custam-me um bocado a engolir, confesso... Quando passo pela Universidade de Lisboa vejo o parque automóvel que boa parte deles usa para se deslocar e toda a gente sabe quanto se gasta hoje numa noite numa discoteca... E os desgraçados que não entram nas Públicas e têm que pagar tudo do próprio bolso? A esses (que também pagam impostos) ninguém vê a protestar...
Não são só as bombas em que os meninos se deslocam, alguns nem 500 metros mas também não estudam e nem às aulas vão.Não sabem nada e passam metade do tempo no bar das universidades ou na associação de estudantes, basta ver as juventudes partidárias onde um João Almeida chega a deputado.
Caro Rui Martins
Pela simples observação do mundo à nossa volta, direi que não deixa de ter razão no que afirma, quer sobre os carros dos estudantes, quer sobre os seus hábitos de vida, parecendo legítimo a qualquer um concluir que, para uma significativa parte deles, as propinas não serão o maior encargo mensal. Contudo, não deverá ser esta generalizada opinião que deve informar e conformar as decisões da tutela sobre o financiamento do ensino superior, como se esperaria que não condicionasse as opções de gestão das instituições de ensino superior. Mas, infelizmente, parece que o que acontece é que governo e reitores se limitam a decidir e gerir a partir do senso comum, sem outras preocupações que não sejam a defesa de interesses de pequenos grupos, para os quais os utentes do sistema não são uma das prioridades.
Quanto aos "desgraçados" das privadas, a conversa poderia ir longe, porque sabemos quantos destes não devem a sua "desgraça", mais a erros seus do que aos enviesamentos do sistema.
Ao comentador anónimo
Os estudantes devem submeter-se a um processo de avaliação, pelo que os seus conhecimentos acabarão por ser avaliados. Se o processo de avaliação é eficaz e justo, isso é outra (importante) questão, mas compete às próprias instituições credibilizarem esses sistemas, enquanto compete a um Estado de direito actuar nas situações de evidentes e comprovados desvios.
Quanto aos deputados da nação, sejam recrutados nas juventudes, ou nas franjas da terceira idade, é em grande parte devido à inércia e comodismo de todos os que não querem assumir uma participação democrática activa, que se consente o "plantel" que compõe a AR, uma vez que os partidos constituem as suas listas por jogos de interesses e equilíbrios aparelhísticos.
Post a Comment