Wednesday, July 27, 2005

Limitações à actividade de docentes

Que a questão das explicações assume foros de escândalo encoberto, era do conhecimento público. Que o Governo venha pôr ordem nessa questão, é de saudar, desde que as excepções a prever acautelem as situações que se justificam, e há, bastantes.
Que algumas assessorias e consultorias em editoras tresandam, também é verdade, pelo que está bem o Governo preocupando-se em moralizar nessa matéria.
Que as novas regras têm o objectivo de criar mais emprego, para absorver docentes desempregados, anuncia-se e, provavelmente, terão esse efeito, criando vagas em escolas particulares e entidades formadoras.
Estão bem as medidas, justificam-se e têm alguma probabilidade de darem certo (serão contornadas, já estão a sê-lo, mas isso são outros quinhentos).
Contudo, há uma questão que fica por responder: com tantos professores no desemprego, uma das primeiras medidas a tomar por um Governo de maioria não deveria ser impedir/limitar/condicionar a formação de docentes, sobretudo nas áreas disciplinares em que há excedentes e naquelas em que se perspectiva que se tornem excedentários, a curto prazo?
Talvez não se faça isto pelas mesmas razões que não se conseguem redefinir, capazmente, as habilitações para a docência...

3 comments:

Anonymous said...

A lei é muito meritória porque impõe moral onde esta não existia. Como se podia compreender que o professor fosse juíz imparcial de alguém que lhe pagava debaixo da mesa? É como se o Juiz aceitasse defender o arguido! Aliás, nem a Fenprof se atreveu a questionar a Lei...

Agora sempre quero ver que mecanismos de fiscalização vão ser postos em prática, porque Portugal tem das melhores leis do mundo, mas também das menos aplicadas por falta de mecanismos de fiscalização adequados.

AA said...

Eu não concordo com tudo. São medidas muito mal explicadas, com forte pendor intervencionista, moralista, centralizado, e que entram perigosamente no campo entre a ética e a lei, sem qualquer intenção responsabilizante (campo muito da estimação de VM)...

crack said...

Caro Rui Martins
Aponta muito bem aos mecanismos de fiscalização, que serão os habituais:quase inexistentes, garantidamente ineficazes. Como convém.Porque a intenção não é correr com o padre da freguesia, é só pôr as beatas fora da sacristia!

Caro AA
São medidas avulsas e, como diz, sem uma verdadeira «intenção responsabilizante», tomadas mais para colher efeito junto da opinião pública e parecer que estão a atingir os tais interesses instalados. Efectivamente, não estão, e daí o aplauso da FNE e da FENPROF.
Digamos que as situações escandalosas existem e que precisam de ser moralizadas, mas, por enquanto, a «rede» utilizada apenas se destinou a apanhar o «mexilhão».