Saturday, July 09, 2005

Educação - Governo recua

Leio no DN que o Governo recuou nas acumulações de reduções horárias, no caso dos cargos de director de turma, orientador de estágio e coordenador do desporto escolar. Percebe-se que os dois primeiros casos apenas servem para encobrir o escândalo da acumulação para os coordenadores do desporto escolar, mas, para quem conhece a força deste lóbi, o recuo não surpreende.
Lastima-se este recuo do Governo, sobretudo porque esta aparente vitória, agora reclamada pelos sindicatos, demonstra como, na educação, já tudo voltou ao velho equilibrismo, por outras palavras, que está tudo como nos piores tempos.
Entretanto, cargos como os de coordenadores de grupo e de delegados disciplinares ficam de fora da importância que o ministério disse reconhecer aos outros, para permitir a referida acumulação. Sabendo-se como nas escolas já é difícil conseguir interessados para a coordenação de grupo e para serem delegados disciplinares, a pouca importância que mereceram ao ME, que nem se inibiu de a expressar, vem agudizar a situação e dificultar as já habitualmente tensas relações na sala de professores.
Há muito más razões para esta escolha do ME e esta aceitação dos sindicatos; que mais não sejam, a ignorância e a cedência ao poderoso lóbi do desporto escolar, por parte do ministério, e a necessidade de mostrar trabalho, a qualquer preço, por parte dos sindicatos; o pior, a seu tempo se verá.

9 comments:

Miguel Pinto said...

Se bem entendi, considera um desperdício a atribuição aos cordenadores do desporto escolar de uma redução da actividade lectiva. Estará interessado em explicar as razões que sustentam a sua opinião?

crack said...

Caro Miguel Pinto
Telegraficamente: pelo tipo de actividade desenvolvida, sobretudo quando a decisão aparece como tendo por base uma análise comparativa de importância.
Em minha opinião, subjacente à questão, na sua generalidade, está a não regulamentação da componente não lectiva.
Vi que «pegou» neste assunto por outra ponta. Aproveito para lhe expressar total concordância quando diz que, uma vez mais, «a dignidade profissional dos docentes sofre um duro golpe». Talvez não estejamos é de acordo nos fundamentos em que nos baseamos para tal conclusão.

Anonymous said...

Olá crack :)
O que os sindicatos não vêm dizer é que se pagam milhares de horas por ano para os professores de educação física estarem envolvidos no desporto escolar que tem tido sempre o apoio e o dinheiro de todos os ministros e de todos os governos, e tu sabes isso muito bem.Arranjam-se mais lugares?Essa é de rebolar a rir porque só se é para os professores de educação física os tais que têm sempre lugares nas escolas e estágios pagos e, que ainda são os que mais estão nos conselhos executivos. É uma vergonha o que se passa com a dispensa dos alunos a educação física porque nunca é autorizada e porque essa é a maneira desses senhores manterem e aumentarem o número de vagas para eles nas escolas.Miúdos a morrerem de asma e a terem de ficar sentados nos ginásios e a carregarem com colchões porque os professores de educação física são como dizes, o pior lobi dentro das escolas. Porque é que não são coordenadores do desporto escolar outros professores de outras disciplinas com horário zero?
É uma vergonha os coordenadores de grupo ficarem de fora das reduções e acho que tens razão quando dizes que isto vai cair muito mal nas escolas.

Miguel Pinto said...

Aguardarei pelos argumentos... sentado!
Noto que o Luís está muito informado... ;)

crack said...

Luís, meu amigo, ainda não te passou? Olha que isso trata-se, talvez num ginásio dos tais professores de educação física...:)(desta não te lembraste, confessa!)
Agora mais a sério: quem nos ler até poderá pensar que temos alguma coisa contra o desporto escolar, o que não é o caso. A sua importância, para muitos milhares de jovens, é inegável. Acontece que alguns voluntarismos e aproveitamentos excessivos têm desvirtuado os objectivos e subvertido o espírito que deveria estar subjacente a estas actividades. Sei que é disso que falas e porquê, mas ainda não foi desta que se conseguiu "moralizar" este estado de coisas. Talvez com a próxima equipa.

Caro Miguel Pinto

A esta hora, acredito que, se está a aguardar os argumentos, estará já deitado, mas sempre lhe digo que não percebi bem o tipo de argumentação que aguarda. Já por aqui foram ficando apontadas algumas das «perversões» que encontro no processo, mas, talvez se me disser o que contrapõe, seja mais fácil debater o assunto.

Miguel Pinto said...

Centrando-me apenas na questão das reduções.
1.A figura do coordenador do desporto escolar é dispensável?
2.Em caso afirmativo, quem assegura as suas funções?
3.Se não é dispensável a figura do coordenador, haverá incompatibilidades com o desempenho de outras funções educativas?

Se defende outro modelo para o desporto escolar o que é que propõe?

PS: Não encontro motivos para que o delegado de grupo e de departamento sejam preteridos no “pacote” das acumulações.

crack said...

Caro Miguel Pinto
Centrando-me apenas nas suas questões, tendo em conta como estão formuladas:
1 – A perversão do actual modelo é que a tornaram «indispensável»; como sabe, constituem-se equipas do desporto escolar apenas para justificar uma determinada coordenação; é, portanto, dispensável tal como existe hoje; mais, impõe-se que o modelo e a função sejam completamente revistos.
2 – Mude-se o modelo; há múltiplas possibilidades de encontrar o enquadramento adequado, com muito menor despesa para o estado e melhores resultados para as populações abrangidas; a casuística deve ser procurada e incentivada com os parceiros educativos.
3 – Regulamente-se a componente não lectiva dos professores, faça-se em cada escola uma justa e racional distribuição de serviço lectivo, organize-se a escola em função da população que serve e, sem prejuízo dos interesses profissionais dos docentes, verá que não se registarão incompatibilidades.
Defendo um modelo mais centrado no aluno, mais entrosado com os interesses locais, mais partilhado com os parceiros educativos, menos oneroso e, principalmente, livre dos constrangimentos que as teias de interesses pessoais de professores lhe criam.
Apraz-me verificar que concordamos na reserva ao «desenho» do pacote das reduções, como muito bem lhe chamou.

Miguel Pinto said...

Deixe-me segredar-lhe [aqui ninguém nos ouve ;)] que a perversidade do actual modelo está a montante da sua organização: Um modelo piramidal [é o modelo actual] não serve as necessidades da população escolar. É exclusivo, unilateral na oferta desportiva, selectivo. O que eu defendo é um modelo de desporto escolar inclusivo que não anda a reboque das suas equipas e dos campeonatos escolares, que aposte [verdadeiramente] na sua actividade interna [repare no paradoxo – a actividade interna é a bandeira do actual modelo] e a figura do coordenador é fundamental para a dinamização das actividades intra-muros.
No fundo “Defendo um modelo mais centrado no aluno, mais entrosado com os interesses locais, mais partilhado com os parceiros educativos, menos oneroso e, principalmente, livre dos constrangimentos que as teias de interesses pessoais de professores lhe criam.” ;)

crack said...

Caro Miguel Pinto
Concordamos, portanto, no essencial.
Aguardem-se melhores dias.