Os partidos poderiam aproveitar as autárquicas para demonstrarem que (ainda) são capazes de tomar decisões inteligentes. Em Oeiras, o PSD concorreria com a loira Teresa Zambujo e todos os outros partidos... davam liberdade de voto, em Isaltino! Assim, como assim, com os dois galináceos laranja a lutarem pelo poleiro, não há «milho» para mais ninguém, e enquanto Jorge Coelho pouparia tempo e dinheiro, poupava-nos a paciência.
«Por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las.» Bertrand Russell
Saturday, April 30, 2005
Friday, April 29, 2005
Escutas telefónicas*
Júlio Pereira, o secretário-geral indigitado do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), defendeu ontem a possibilidade destes serviços poderem fazer escutas telefónicas em situações de "grave ameaça", sob controlo de magistrados do Ministério Público.
Esta opinião pessoal, assumida durante a audição parlamentar, recebeu o «enquadramento» do PS - que sempre se tinha batido pela interdição das escutas telefónicas pelos dois serviços, SIS e SIED - e que agora abre a porta a alterações de rumo.
É sempre assim, com fundamento e boas intenções, que se começa; o pior vem depois, quando se «alargam» os critérios com que se classificam as situações de «grave ameaça», ou quando os governantes começam a ver perigos em cada esquina e inimigos em cada cidadão. Daí a funcionários altamente zelosos, lápis azuis, e os outros «tiques» do costume, é um piscar de olhos.
Em matéria de informação, o PS é como o algodão - não engana!
* ou de como assim se percebe o que começa a faltar a Sócrates, as botas!
Thursday, April 28, 2005
Mau, mau...
Segundo fonte do gabinete de António Guterres, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu recentemente aos oito candidatos ao cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), «informações complementares» e decidiu adiar por uma semana a escolha dos três nomes que estarão na corrida final.
Terá sido por isso que Cavaco foi tão enigmático?
Antologia
Passer ses jours à désirer,
Sans trop savoir ce qu'on désire ;
Au même instant rire et pleurer,
Sans raison de pleurer et sans raison de rire ;
Redouter le matin et le soir souhaiter
D'avoir toujours droit de se plaindre,
Craindre quand on doit se flatter,
Et se flatter quand on doit craindre ;
Adorer, haïr son tourment ;
À la fois s'effrayer, se jouer des entraves ;
Glisser légèrement sur les affaires graves,
Pour traiter un rien gravement,
Se montrer tour à tour dissimulé, sincère,
Timide, audacieux, crédule, méfiant ;
Trembler en tout sacrifiant,
De n'en point encore assez faire ;
Soupçonner les amis qu'on devrait estimer ;
Être le jour, la nuit, en guerre avec soi-même ;
Voilà ce qu'on se plaint de sentir quand on aime,
Et de ne plus sentir quand on cesse d'aimer.
Adélaide Dufrénoy
Sans trop savoir ce qu'on désire ;
Au même instant rire et pleurer,
Sans raison de pleurer et sans raison de rire ;
Redouter le matin et le soir souhaiter
D'avoir toujours droit de se plaindre,
Craindre quand on doit se flatter,
Et se flatter quand on doit craindre ;
Adorer, haïr son tourment ;
À la fois s'effrayer, se jouer des entraves ;
Glisser légèrement sur les affaires graves,
Pour traiter un rien gravement,
Se montrer tour à tour dissimulé, sincère,
Timide, audacieux, crédule, méfiant ;
Trembler en tout sacrifiant,
De n'en point encore assez faire ;
Soupçonner les amis qu'on devrait estimer ;
Être le jour, la nuit, en guerre avec soi-même ;
Voilà ce qu'on se plaint de sentir quand on aime,
Et de ne plus sentir quand on cesse d'aimer.
Adélaide Dufrénoy
Wednesday, April 27, 2005
Educação, um dois, três, agora é a sua (deles) vez...
Enquanto Mariano fica Gago com o estado em que encontrou as finanças do seu ministério, a sua amiga e camarada do governo, a ministra da educação, deita contas à vida à conta da faltinha de jeito para a matemática a que os lusos jovens são, endemicamente, atreitos. Pelo caminho, lá vai anunciando as velhas máximas do costume, deixando no ar algumas promessas: vai «estar a pau» com os professores, vai dar que fazer e dinheiro a ganhar aos suspeitos do costume e ainda lhe sobrará tempo para requentar a nova lei de bases e servi-la como prato de resistência.
Assim vai a educação: vai bem e recomenda-se.
Autárquicas - a romaria
Com um Manuel Maria, o Carrilho, que nos sorri em cada esquina a dar-nos baile com a promessa de que está preparar um projecto para Lisboa, Carmona lá vai atrelando aos prédios recuperados numa capital em rodopio de polca, à custa do túnel do Marquês e dos meandros labirínticos de Pedro, o Santana. A sambar para a frente anda Jerónimo, o Sousa, que apresenta dançarino a solo e cara de poucos amigos. Valsando ao som da oportunidade, Carlos, o Marques, amuou e dança sozinho, enquanto Castro, o Ribeiro, recém-chegado/pronto a partir para Bruxelas, ainda não decidiu se convida Zezinha, a marquesa (de Nogueira Pinto), para uma contradança, de salão.
Numa «rave» mais techno, as juventudes social-democratas abanam o capacete por Morais, o Isaltino, enquanto Jorge, o Coelho, arrebanha ilustres do governo para uma marchinha popular, ao mesmo tempo que comparsas atrevidos fazem rapapés a incautas «donzelas» das terras vizinhas.
E siga a dança...
Tuesday, April 26, 2005
Where Have All the Flowers Gone?
Where have all the flowers gone?
Long time passing.
Where have all the flowers gone?
Long time ago.
Where have all the flowers gone?
Gone to young girls, everyone.
When will they ever learn?
When will they ever learn?
Where have all the young girls gone?
Long time passing
.Where have all the young girls gone?
Long time ago.
Where have all the young girls gone?
Gone to young men, everyone.
When will they ever learn?
When will they ever learn?
Where have all the young men gone?
Long time passing.
Where have all the young men gone?
Long time ago.
Where have all the young men gone?
Gone to soldiers, everyone.
When will they ever learn?
When will they ever learn?
Where have all the soldiers gone?
Long time passing.
Where have all the soldiers gone?
Long time ago.
Where have all the soldiers gone?
Gone to graveyards, everyone.
When will they ever learn?
When will they ever learn?
Where have all the graveyards gone?
Long time passing.
Where have all the graveyards gone?
Long time ago.
Where have all the graveyards gone?
Gone to flowers, everyone.
When will they ever learn?
When will they ever learn?
Where have all the flowers gone?
Long time passing.
Where have all the flowers gone?
Long time ago.
Where have all the flowers gone?
Gone to young girls, everyone.
When will they ever learn?
When will they ever learn?
Pete Seeger
Monday, April 25, 2005
Sunday, April 24, 2005
Canto da Paz
Homens deixai abrir a alma ao que vier,
Deixai entrar a paz do tempo que ela quer.
De par em par aberta com sol até ao fundo,
Gastai a alma toda na harmonia do mundo.
Homens deixai abrir a alma ao que vier,
Deixai entrar a paz do tempo que ela quer.
Homens que vagueais pela berma da vida,
Tereis enfim sinais da glória prometida.
Homens deixai abrir a alma ao que vier,
Deixai entrar a paz do tempo que ela quer.
Na voz do Dia Novo a dar bom dia aos astros,
Quando a tristeza for só pó dos vossos rastros,
Homens deixai abrir a alma ao que vier,
Deixai entrar a paz do tempo que ela quer.
Fernando Lopes Graça
«O que mudou com o 25 de Abril?»
Título de uma reflexão iniciada hoje por David Justino, no 4R - Quarta República. Segundo o primeiro post, os autores propõem-se fazer um balanço do que mudou e do legado que permanece, convidando os colaboradores e comentadores a contribuir para uma reflexão, que pretendem alargada. Sobre as suas intenções, esclarecem: «Mais do que julgar o passado, interessa-nos compreendê-lo na maior extensão possível. Mais do que estabelecer analogias, interessa-nos retirar ensinamentos. Mais do que recordarmos nostalgicamente valores perdidos, queremos apreender sentidos do devir.»
A acompanhar, com atenção.
Entronização de Bento XVI
Na sua homilia, o novo Papa apelou à unidade de cristãos e de «todos os homens do nosso tempo, crentes e não crentes». Reconhecendo que são cada vez mais aqueles cujas vidas são um deserto interior, recomendou aos jovens que não tenham medo de Cristo e enfatizou «a necessidade de se reforçar a fé face ao materialismo e a "todas as alienações" dos tempos actuais».
Ratzinger inicia, assim, o período visível do seu percurso como mentor da doutrina da Igreja Católica.
Congresso do CDS/PP*
Sobre o Congresso e o seu resultado já aqui e aqui se disse o essencial.
No entanto, se discordo do primeiro , quando afirma que «por uma vez, o "aparelho" não conseguiu impor a sua natural capacidade de perpetuação» (é um facto que, à boa maneira dos espécimes mais emblemáticos dos aparelhos partidários, quase todos os caciques que conseguiram sobreviver durante o consulado de Portas se "venderam" ao actual líder, em pleno congresso), não estou muito confiante que o segundo possa estar certo quanto à inevitabilidade da duração da linha vencedora do congresso. Pelo menos, sob a batuta do presidente agora eleito. Oiçam-se os «notáveis» que o apoiaram.
* Ou de como o ex-partido de Freitas do Amaral mantém uma atracção fatal pelo taxi.
Saturday, April 23, 2005
Antologia *
Not marble, nor the gilded monuments
Of princes, shall outlive this powerful rhyme;
But you shall shine more bright in these contènts
Than unswept stone, besmeared with sluttish time.
When wasteful war shall statues overturn,
And broils root out the work of masonry,
Nor Mars his sword nor war's quick fire shall burn
The living record of your memory.
Gainst death and all-oblivious enmity
Shall you pace forth; your praise shall still find room
Even in the eyes of all posterity
That wear this world out to the ending doom.
So, till the judgment that yourself arise,
You live in this, and dwell in lovers' eyes.
William Shakespeare
* No dia Mundial do Livro e do Direito de Autor
Of princes, shall outlive this powerful rhyme;
But you shall shine more bright in these contènts
Than unswept stone, besmeared with sluttish time.
When wasteful war shall statues overturn,
And broils root out the work of masonry,
Nor Mars his sword nor war's quick fire shall burn
The living record of your memory.
Gainst death and all-oblivious enmity
Shall you pace forth; your praise shall still find room
Even in the eyes of all posterity
That wear this world out to the ending doom.
So, till the judgment that yourself arise,
You live in this, and dwell in lovers' eyes.
William Shakespeare
* No dia Mundial do Livro e do Direito de Autor
Friday, April 22, 2005
Ministério da Educação - mudar, para ficar tudo na mesma
Sai hoje nos jornais a notícia de que a «Inspecção-Geral da Educação (IGE) determinou, até agora, a realização de exames médicos a 1.119 professores que pediram destacamentos por doença no concurso de 2004 do Ministério da Educação (ME)»
Não estando em causa a justeza da acção inspectiva relativamente a situações altamente criticáveis, e que só prejudicam a classe docente, a «libertação» desta notícia, desta forma, neste momento, demonstra que o ME guardou na manga uma arma de arremesso, com que que visa acirrar o descrédito da opinião pública contra os professores, no momento em que é o próprio ministério que está fragilizado com os erros do concurso de professores 2005. Efectivamente, deveriam estar a ser objecto de uma contestação muito determinada os serviços do ministério que executam o concurso, pelo que se vê com erros que o ME apenas atribui aos docentes, enquanto a nova tutela continua como a anterior - não toma as medidas que se impõem.
Sobre as conclusões desta acção inspectiva tão diligentemente recordada, apetece perguntar:
- quantos exames médicos já foram realizados?
- quais as suas conclusões?
- qual é, afinal, a percentagem de situações ilegais nos casos já finalizados?
- nos casos em que os exames médicos ainda não foram efectuados, qual é a situações dos docentes perante o concurso de 2005? e nos já concluídos?
A falta de transparência e o oportunismo desta notícia levam-nos a uma triste conclusão - lá pela 5 de Outubro eles mudam, mudam, mudam, mas os métodos são sempre os mesmos.
Plano Tecnológico*
«À cultura do proteccionismo e da subserviência, incutida pelo Estado Novo, seguiram-se três décadas de gestão da conjuntura e do culto das ajudas europeias sem uma visão exigente e transformadora da nossa utilidade num espaço económico aberto e em mudança acelerada. A baixa escolaridade, a resistência à assunção de riscos e à formação contínua, o baixíssimo investimento privado em Investigação & Desenvolvimento traduzem-se no lento resvalar das quotas de mercado no País e na Europa e no atraso relativo face aos parceiros-rivais das empresas portuguesas. Para inverter esta tendência precisamos de apostar em quem arrisca, premiar a inovação e prestar contas de tudo por muitos e bons anos, mesmo quando a maioria ainda o não reconhece!»
* Designação formal do que em pré-propaganda eleitoral ficou conhecido por choque tecnológico e que é publicamente reconhecido como um cheque tecnológico.
Rui Rio adia anúncio de candidatura à Câmara do Porto
As desculpas apresentadas - agenda do dossier autárquicas do PSD e guardar para o mais tarde possível a dupla responsabilidade de edil em funções e de candidato - tropeçam no contentamento crescente de Manuel Monteiro, que tem o PS de joelhos , exactamente por causa do município portuense. As sondagens demonstraram que o apoio da pombinha da direita é essencial para sentar Francisco Assis na cadeira do poder. E Assis e as pombinhas sempre se deram bem, como sabem os devotos do santo.
Regressam os encontros do Tivoli? Ou, desta vez, serão na Quinta das Lágrimas?
Thursday, April 21, 2005
«A cedência aos interesses corporativos, resulta sempre no prejuízo da esmagadora maioria da população.»
O ABNEGADO conclui assim o excelente post a propósito da possível contratação de médicos estrangeiros.
É infindável o número de situações que poderíamos resumir nesta evidência.
Wednesday, April 20, 2005
Bento XVI
Na sua primeira homilia como Papa, Bento XVI diz que vai seguir a linha de actuação do seu antecessor e manter a aplicação das reformas do Concílio Vaticano Segundo, empenhando-se, com toda a sua energia, na «reconciliação de todos os cristãos».
Guterres na ONU
«O presidente da Internacional Socialista, António Guterres, afirmou-se terça-feira «muito satisfeito» com a forma como decorreu a sua audição na ONU, em Nova Iorque, para a escolha do futuro Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.» Expresso online
Boas notícias?
Estágios
O Governo vai lançar o Inov Internacional, um programa de apoio a estágios no estrangeiro, destinado a jovens profissionais ou quadros técnicos de empresas, portadores de diploma superior ou profissional de nível médio, nas áreas de gestão, marketing, engenharia, ciência e tecnologias e design ou "outras áreas críticas para a inovação empresarial".
Com financiamento do Ministério da Economia e da Inovação, num investimento total de 25 milhões de euros, o programa abrangerá um total de 500 profissionais, a colocar em mercados dinâmicos, como Xangai, Helsínquia, São Paulo, Austin e São Francisco.
Boas notícias.
Sampaio rejeita aborto antes do Verão
Então, senhor Presidente, isso não se faz, ou já se esqueceu como a época é propícia ao «acasalamento»?
O Bloco é que sabe da oportunidade de a medida ser urgentemente tomada - o Verão correria bem mais solto e na reentré estariam já à disposição os meios de remediação adequados, a custo zero. Os trocos poupados sempre poderiam ser canalizados para os saldos de fim de estação, contributo não despiciendo para a economia.
Tuesday, April 19, 2005
Por falar em ligações perigosas...
Segundo os mentideros da 5 de Outubro, em maré de substituição de dirigentes, o Ministério da Educação prepara-se para fazer ascender aos vários patamares dos diferentes serviços da administração educativa, central e regional, algumas figuras com grande experiência de situações difíceis. Curioso, ou talvez não, é que muitas dessas figuras começaram a sua «carreira» em Macau e a prosseguiram na Casa Pia, essa mesma, a dos escândalos da pedofilia e da Catalina! Malhas que o «império» tece...
Macau connection
O Bloguítica, a propósito da nomeação do novo secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), José Alberto Carneiro Pereira, estabelece a «ligação» a Macau, lembrando-nos, com subtileza e oportunidade, como a passagem por aquele território acaba por ser sempre uma importante «recomendação» para cargos de importância estratégica, quando o PS está no poder.
Apesar de ser esta uma tendência recorrente, vale a pena ficar atento às «movimentações» promovidas pelas influências tentaculares dos ventos do oriente.
O cardeal Ratzinger é o novo Papa
Sem surpresas, o Conclave elegeu Papa o Cardeal Ratzinger, de 78 anos, que era até agora o prefeito da congregação para a Doutrina da Fé.
Um defensor da moral conservadora da Igreja, muito próximo da linha defendida por João Paulo II, é o sucessor ideal de um Papa com a força e o carisma do seu antecessor. Pela sua idade, pelos seus conhecimentos da política da Igreja e dos meandros do Vaticano será, sem dúvida, um Papado de transição. O que não o torna menos importante, atendendo aos desafios que se colocam ao mundo católico.
Erros no concurso de professores
O recém-empossado Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, veio ontem dizer ao país que há, "entre os 15 e os 20%" de "erros ou invalidações" no concurso de professores deste ano (uma «ninharia» de 18 240 a 24 320 candidatos!) e que os erros se devem, "na sua quase totalidade", a "erros de preenchimento por parte dos candidatos".
Sabemos que há um grande número de professores não habituados às novas tecnologias. Sabemos, também, que num processo «novo», totalmente online, é expectável que existam erros, e que as percentagens avançadas talvez sejam, tecnicamente, aceitáveis.
Mas também sabemos que houve falhas de segurança no concurso, tendo havido acesso de estranhos aos formulários electrónicos dos candidatos, sem ser por meios ilícitos. Qualquer pessoa que quisesse entrava e manipulava formulários já «registados». O ME foi avisado, mas preferiu responder que não tinha evidências sobre aquilo que todos sabiam estar a acontecer.
Como pode vir agora o ME assegurar que os erros se devem a erros de preeenchimento dos próprios candidatos? Os candidatos já assumiram os erros cometidos? Está o ME em condições de comprovar, tecnicamente, que os erros foram cometidos pelos próprios candidatos? Pelo que se conhece do sistema, não julgo isso possível.
E agora? A actuação habitual - compreensão da tutela, actuação dos serviços em função da «berraria» que o candidato souber fazer, decisões «individualizadas» a cargo dos «padrinhos» do costume, as injustiças, que ninguém consegue provar.
Sabemos que há um grande número de professores não habituados às novas tecnologias. Sabemos, também, que num processo «novo», totalmente online, é expectável que existam erros, e que as percentagens avançadas talvez sejam, tecnicamente, aceitáveis.
Mas também sabemos que houve falhas de segurança no concurso, tendo havido acesso de estranhos aos formulários electrónicos dos candidatos, sem ser por meios ilícitos. Qualquer pessoa que quisesse entrava e manipulava formulários já «registados». O ME foi avisado, mas preferiu responder que não tinha evidências sobre aquilo que todos sabiam estar a acontecer.
Como pode vir agora o ME assegurar que os erros se devem a erros de preeenchimento dos próprios candidatos? Os candidatos já assumiram os erros cometidos? Está o ME em condições de comprovar, tecnicamente, que os erros foram cometidos pelos próprios candidatos? Pelo que se conhece do sistema, não julgo isso possível.
E agora? A actuação habitual - compreensão da tutela, actuação dos serviços em função da «berraria» que o candidato souber fazer, decisões «individualizadas» a cargo dos «padrinhos» do costume, as injustiças, que ninguém consegue provar.
Os sindicatos assobiarão para o lado, com o que encostam o governo «às tábuas» para as negociações que se seguem. A Fenprof até já marcou a agenda!
«Averiguação de conduta»
O Conselho Superior da Ordem dos Advogados vai avaliar a conduta de Júdice, estando em causa a célebre entrevista em que o ex-bastonário afirmou que o Estado devia ter de consultar as três maiores firmas, sempre que precisa de advogados.
Como Júdice já afiançou que mantém as afirmações proferidas, o folhetim promete.
Medidas de fundo, à portuguesa?
De acordo com o DE, Manuel Pinho deu a Luís Valadares Tavares, presidente do INA, e a Victor Martins, professor do ISEG, até ao fim de Junho para «definir as prioridades do Estado em termos de projectos prioritários».
Esta task visa dar corpo ao plano de José Sócrates para dinamizar investimentos, em parceria com os privados, de 20 mil milhões de euros, a aplicar, sobretudo, em infraestruturas de transportes.
Ler, a propósito, o artigo de Martim Avillez Figueiredo, no mesmo jornal, e tentar perceber onde ficam , neste projecto Sócrates, as ‘supply-side policies’ do « modelo» britânico.
Monday, April 18, 2005
Quando pensamos nas oportunidades que os nossos alunos desperdiçam...
De acordo com dados da campanha mundial para a educação, apoiada pelo Banco Mundial, nos países pobres há cerca de cem milhões de crianças em idade escolar que aguardam um lugar na escola.
Alma Mater
Num excelente artigo publicado na passada semana no Diário Económico, Ricardo Costa aborda a questão da forma como se trata a divulgação da língua portuguesa.
Escreve ele: «Em Portugal a língua continua a defender-se de forma bacoca e acabará por ter, em todo o mundo, o destino que merece. Vejam como o inglês prolifera em Moçambique e o italiano em Cabo Verde.» Não poderia dizer mais, em tão poucas palavras.
Já nos resignámos ao insucesso da actividade dos ministérios (seja qual for o governo) e do instituto Camões neste domínio, atravessadas que são as decisões nacionais por interesses rasteiros e por um snobismo intelectual ridículo. A atenção de outros agentes, com capacidade de influência, como é o caso do director de Informação da SIC Notícias, pode ser uma esperança.
Sunday, April 17, 2005
Faltas dos professores
Segundo o JN, o Ministério da Educação admitiu «não ter uma visão global do problema, por falta de estatísticas», dado que são os estabelecimentos de ensino que fazem o controlo das faltas dos docentes.
Então, o «discurso oficial» sobre o grave problema que as faltas dos docentes efectivamente constituem baseia-se em quê? Suposições, a partir dos relatos dos amigos? A situação que se vive na escola do vizinho do primo da ministra? A «baldas» da professora que é a vizinha do 5º esq? Toma-se o todo pela parte? Feeling?
Bom, a notícia não diz, mas espero que este não tenha sido apenas mais um lamento dos actuais responsáveis da 5 de Outubro, e que tenha servido para anunciarem que vão resolver esta lacuna, de imediato. Esta, e outras, já agora, porque aquilo que o Ministério deveria saber sobre o «sistema» e não sabe é muito mais do que aquilo que sabe que não sabe.
Suicide by Secularism?
A horas de começar o conclave que dará aos católicos um novo Papa, e enquanto em Portugal D. José Policarpo alimenta a esperança de futuro motivo de pátrio orgulho, não se perde nada em ler a opinião do colunista George F. Will.
Antologia
She tell her love while half asleep,
In the dark hours,
With half-words whispered low:
As Earth stirs in her winter sleep
And puts out grass and flowers
Despite the snow,
Despite the falling snow.
Robert Ranke Graves
Thursday, April 14, 2005
A ter, também, em conta
«O emprego nos Serviços diminuiu 1% em Fevereiro, face ao mesmo mês de 2003, enquanto as horas trabalhadas deslizaram 1,6%, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE) acrescentando que as remunerações aumentaram 2,4%.» - Jornal de Negócios, 14/04/05
«A produção no sector de construção e obras públicas caiu 4,8%, no trimestre terminado em Fevereiro face ao período homólogo. Relativamente aos três meses anteriores, o volume de produção no sector da construção diminuiu 2,0%. Em Fevereiro, a taxa de variação média nos últimos 12 meses da produção da construção e obras públicas foi negativa, em 4,3%, de acordo com o INE» - Jornal de Negócios, 14/04/05
«A Comissão Europeia instaurou um procedimento legal a Portugal e a mais nove estados-membros da União Europeia (UE) devido à não implementação das regras estabelecidas para o mercado de comunicações electrónicas, nomeadamente em relação à concorrência efectiva e à protecção dos consumidores.» - Jornal de Negócios, 14/04/05
A ter em conta
O Banco Central Europeu, no seu relatório mensal divulgado hoje, conclui que «não há claros sinais» de que o crescimento económico da Zona Euro vá acelerar, devido ao preço do petróleo, que está a complicar a vida aos empresários.
A Lituânia, a Irlanda e a Estónia foram os países que registaram taxas de crescimento mais elevado, nos últimos três meses do ano passado, em oposição a Portugal, que registou uma contracção do produto de 0,3%, à Alemanha, Grécia, Itália e Eslovénia, onde a actividade económica diminuiu no mesmo período.
Câmara Municipal de Lisboa - política de terra queimada
Em movimentações destinadas a sustentar a sua recandidatura, Santana Lopes está em guerra aberta com alguns dos seus colaboradores, muitos deles fervorosos apoiantes, no passado, e alguns dos quais se incluíam na sua lista de amigos.
O partido, ou a parte dele que manda, agora, não o quer como candidato. As suas possibilidades de uma reeleição são mínimas. A sua estratégia(?) é terrorista. O interesse dos munícipes é letra morta, tal como foi o dos portugueses, para um Santana egocêntrico e esquizofrénico.
Aqui está uma boa oportunidade para Marques Mendes se afirmar, evitando os equilíbrios aparelhísticos.
Wednesday, April 13, 2005
Educação sexual nas escolas...
... põe na rua os estudantes do básico e secundário.
A coberto desta bandeira, reclamam contra os exames no 9º ano, exigem a não aplicação da Nova Lei de Bases da Educação e a revogação da reforma curricular. Pelo caminho fecham escolas a cadeado. As crianças divertem-se.
Tuesday, April 12, 2005
Arrumar a casa (III)
«A proposta do Governo de limitação dos mandatos dos políticos vai aplicar-se a autarcas, presidentes dos governos regionais e primeiro-ministro e terá efeitos retroactivos.»
De uma penada, ou quase, o PS livra-se dos dinossáurios do poder local e regional. Dos seus e dos dos outros. Nada tenho contra a medida, porque até aos melhores, o tempo em demasia «apodrece».
Contudo, a «renovação», que esta medida permite antecipar, deixa-me uma preocupação, amarga: se o panorama da «matéria-prima» para o parlamento e governo vai já abaixo da fasquia mínima, o país «real» vai ficar bem entregue! Com poucas excepções, os caciques locais foram sempre uns furos abaixo do imaginável, não vai ser agora que vamos ficar melhor!
Zapatero dá uma mão...
... a Sócrates e a Espanha apoia Guterres para o ACNUR.
Sabendo-se que estes apoios estratégicos têm sempre a correspondente contrapartida, vamos ver em que ficará Portugal a perder.
Sunday, April 10, 2005
Arrumar a casa (II)
O Congresso do PSD decorreu como esperado:
Marques Mendes ganhou o Congresso e é o novo Presidente do partido. Durante doze longos minutos gelou o Congresso chamando os bois pelos nomes, só surpreendendo porque se está já demasiado habituado ao convencionalismo da oportunidade, que se quer manter preservada. Poderia ter-lhe custado uma derrota, dizem uns. Acabou por separar as águas, dentro do partido. Ficou como capital de credibilidade, para o exterior. Esperemos que seja mais do que um pontapé no animal ferido. A bem da nação!
Menezes tentou ir fazer a rodagem do carro a Pombal, mas levou um carro velho e não sabe conduzir. Saiu como entrou, emocionado.
Manuela Ferreira Leite fez o melhor discurso do Congresso. Marques Mendes sabe o que significa tê-la por perto, e não tão suficientemente perto, para que ele possa baixar a guarda. Incontornável, goste-se, ou não.
António Borges, sem ser candidato, viu a sua moção bater a de Menezes. Por agora está com Mendes. O tempo, de que precisa, poderá, ou não, ser-lhe benéfico. Depende mais de outros, do que dele, que os deuses lhe sejam favoráveis.
Arrumar a casa (I)
O Reino Unido e o mundo assistiram ao que parecia impossível: o decrépito, fraco e contestado herdeiro do trono britânico tomou como esposa a adorada amante de trinta anos.
O ar de ambos à saída da oficialização deste «amor» explica tudo: ele, timorato, inseguro e nitidamente apoiado na presença dela; a senhora, uma força tranquila, sorridente e dominadora. Vendo-os, percebe-se que o final não poderia ter sido outro.
A lamentar, apenas, que para tornar possível este momento, tivessem sido precisas as várias mortes da primeira senhora de Gales.
Friday, April 08, 2005
Catalina Pestana estava na posse de documentos inéditos desde 2003
Segundo a senhora, só ontem se apercebeu que os ditos documentos nunca foram juntos aos autos. A representante legal da Casa Pia - que assegurou nunca os ter lido - se não estivesse tão confusa e atarantada, talvez se lembrasse de algumas afirmações que proferiu em tempos, bastante herméticas, então, mas que hoje podem ser entendidas por nós como uma referência directa ao conteúdo desses documentos.
A juíza presidente do colectivo, Ana Peres, decidiu que Catalina Pestana só irá prestar esclarecimentos enquanto representante legal da Casa Pia, porque considerou que, enquanto provedora, é parte interessada no caso, pelo que não deve depor como testemunha.
Thursday, April 07, 2005
Tudo vale a pena...
O crackdown é leitor assíduo d' O Acidental, como já admitiu.
Hoje, por circunstâncias que não vêm ao caso, apenas há pouco por lá passou.
Surpresa muito agradável, verificou ter merecido, com o seu amigo Anthrax, a honra de um destaque.
A ocasião foi brindada, a preceito!
Hoje, por circunstâncias que não vêm ao caso, apenas há pouco por lá passou.
Surpresa muito agradável, verificou ter merecido, com o seu amigo Anthrax, a honra de um destaque.
A ocasião foi brindada, a preceito!
O Ministério da Educação revogou a medida de troca de manuais escolares
E fez muito bem.
Não era uma boa medida, não tinha sido suficientemente bem estudada, não era tecnicamente correcta, nem pedagogicamente adequada.
Custe a quem custar, arranjem-se os argumentos que se quiserem, o que é certo é que o Governo agiu como se impunha, com a celeridade bastante, não deixando de tornar transparente o fundamento da sua decisão.
A continuar assim, temos ministra.
Ruptura anunciada
No que alguns classificam como "um autêntico desafio" ao ainda líder do PSD e presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues afastou-se definitivamente de Santana, no tempo que considerou ser o seu e nos seus próprios termos, definindo o que pretende como candidato à maior câmara do País.
Alguém esperava outra coisa? Alguém pensava que isto aconteceria depois do Congresso? Talvez só Santana Lopes, mas esse, coitado...
Tudo o resto virá por acréscimo, naturalmente.
«O PSD precisa de se regenerar numa nova concepção de militância partidária, em que a genuinidade da pertença aos valores e princípios sociais-democratas não suscite qualquer dúvida e não continuar a ser uma "máquina de poder", em que a militância tem servido para muitas questões pessoais, laborais e empresariais, no lugar de se tornar oportunidade de afirmação de um projecto de renovação do Estado e da sociedade.»
Jorge Bacelar Gouveia, DN, 07/04/05
Jorge Bacelar Gouveia, DN, 07/04/05
Wednesday, April 06, 2005
Professorices*
Sabe o meu caríssimo amigo Anthrax, que não poderia resistir a cair na «esparrela» da provocação que ele aqui lança, no que penso que seja uma tentativa (bem) conseguida de recuperar algum do seu perdido prestígio, enquanto mortífero agente de destruição, face aos lamentáveis avanços que outros elementos, muito mais virulentos e devastadores, têm infelizmente conseguido, em espaços sacrificados deste nosso globo azul.
Impõe-se explicar que nutro pelo Anthrax aquela admiração profunda e aquele respeito inabalável, que nos merecem as pessoas de excepção, como ele é. A sua argúcia, lucidez e inteligência brilhante estão magnificamente servidas por doses «paquidérmicas» de irreverência, irrequietude, mordacidade e sentido de humor, que nos deixam completamente KO, quando menos esperamos.
Postos os elogios (totalmente merecidos) à cabeça, vamos à «dolorosa», isto é, ao acerto de continhas!
Como acontece a todas as pessoas, direi até, como acontece aos mais brilhantes, de vez em quando tropeçam nos próprios pés e... zás, catrapaz, lá está o caldo entornado. Aqui, meu menino, a dose de «gás» foi excessiva e o balão subiu, subiu, subiu e...Puf, rebentou!
Ora vamos lá então serrar o bico a este «prego».
É indiscutível que, analisado enquanto grupo, melhor dizendo, «aos molhos», os professores facilmente se tomam por um aglomerado de gente cheia de prosápia deslocada, confrangedoramente snob e elitista, ignorante do real, resfastelando-se numa ignorância academicamente lustrosa e ilustrada, detentor de um discurso hermético, mas vazio de conteúdo e de alma, porque travejado na falácia da modernidade e da humanidade, das quais nem vislumbram as evidências, quanto mais a verdadeira natureza.
Aceito que sejam assim vistos de fora, enquanto grupo, os professores. Só que poderemos escrever o mesmo de qualquer classe profissional, quando o objecto da nossa análise é o grupo, grosseiramente tomado o todo pela parte, em bruto, dissecado a partir dos comportamentos estereotipados, das idiossincrasias mais evidentes, dos exemplares de feira, que abundam em todos os grupos profissionais e lhes conferem o rótulo.
A caricatura, soberba e divertida (enquanto texto), que o meu amigo nos lança, aplica-se, como uma luva, a alguns dos profissionais que aqui, provocatoriamente generalizando, tão desapiedadamente abocanha. Se cada professor deste país recebesse este seu texto, haveria um lote considerável deles a dever corar por dentro (se fossem capazes de o fazer, porque poucos se veriam neste espelho, reconhecendo-se; o que diz muito sobre a representação que esta classe tem de si própria), mas, para cada um destes, encontramos dois, ou três, a quem esta carapuça não serve.
Como julga o meu amigo que o «sistema» tem sobrevido no meio do caos permanente em que a educação pública (não fazer a leitura da dicotomia entre ensino público e privado, que aqui não vem ao caso) tem vivido nos últimos 30 anos? Não, certamente, por obra e graça de um ministério megalómano, mastodôntico, omnipresente e omnisciente, qual gigante de artelho fino, bailando, permanentemente, inacabadas valsas de compositores sem talento. Muito menos por mérito de sábios iluminados, de loucos inteligentes, ou de génios intermitentes, que pelos corredores da administração lançam aos ventos insanas prescrições, reformadas contradições e espúrias imitações, que a poeira dos dias vaza, em rodopio, nas incineradoras da conveniência, da conivência e da incompetência (e, já agora, da insolvência). Também não sobreviveu por participada, esclarecida, responsável e justa intervenção de paizinhos e mãezinhas, que à conta das pesadas responsabilidades sociais, profissionais e outras tais, despejam os seus rebentos no «sistema», do qual esperam que, no fim, além do domínio das letras e dos números, lhes venham devolvidos com sabedoria «lateral», preenchidos de «saber» os espaços reservados ao amor, à amizade, à esperança e à liberdade, espaços de cultura e de humanidade, cuja responsabilidade estas famílias de agora não querem assumir e de que, comodamente, se habituaram a abdicar.
Pois é, meu caro Anthrax, tem sido esse «bando» de gente que tão implacavelmente caracteriza, essa gente que não sabe «ler instruções básicas e simples», que « são todos muito fofos e amigos do próximo», que « são dotados de uma perícia inigualável para a gestão de projectos», é esse «bando», meu amigo, que aguentou, e aguenta, e continuará a aguentar, escolas velhas que rebentam pelas costuras, escolas em que gestão e liderança são palavras de guerrilha, escolas violentas, escolas multirraciais e multiculturais, escolas pobres de tudo, até de alunos. É essa estirpe de gente, que se gaba do trabalhinho incipiente na internet, que faz um Power Point para explicar quantos são dois mais três, que se perde nas auto-estradas da banda larga a pesquisar um poema de Camões (que tem mesmo à mão no livro de leitura do 4º ano), são esses simplórios que erguem de edifícios decadentes, ou reluzentes, uma escola, que só o é porque eles, talvez porque não leram atentamente o seu estatuto profissional, ou porque sofrem de «projectite aguda», continuam a tentar transformar pedras em ouro, que é o mesmo que dizer, tornar crianças ao Deus dará em homens de amanhã, não baixando os braços e, com maior, ou menor sentido de humor, conseguirem discutir a 349ª reforma curricular com o mesmo entusiasmo como se fosse a primeira.
Meu querido amigo, como vê (e pretenderia?) sabendo ao que ía, «caí», com gosto, no seu «Iraque». Tal como lá, a situação, no que à instrução do nosso povo se refere, é grave, perigosa e não tem ainda solução à vista. Mas há que manter a esperança, ou sucumbimos todos. Uma certeza podemos ter: ou contamos com este «exército», ou batemos «em retirada». Treiná-lo, equipá-lo, moralizá-lo, e dar-lhe o comando das operações, é tudo quanto é preciso. Depois, basta acompanhar, cuidadosamente, a progressão «das tropas» no terreno.
Impõe-se explicar que nutro pelo Anthrax aquela admiração profunda e aquele respeito inabalável, que nos merecem as pessoas de excepção, como ele é. A sua argúcia, lucidez e inteligência brilhante estão magnificamente servidas por doses «paquidérmicas» de irreverência, irrequietude, mordacidade e sentido de humor, que nos deixam completamente KO, quando menos esperamos.
Postos os elogios (totalmente merecidos) à cabeça, vamos à «dolorosa», isto é, ao acerto de continhas!
Como acontece a todas as pessoas, direi até, como acontece aos mais brilhantes, de vez em quando tropeçam nos próprios pés e... zás, catrapaz, lá está o caldo entornado. Aqui, meu menino, a dose de «gás» foi excessiva e o balão subiu, subiu, subiu e...Puf, rebentou!
Ora vamos lá então serrar o bico a este «prego».
É indiscutível que, analisado enquanto grupo, melhor dizendo, «aos molhos», os professores facilmente se tomam por um aglomerado de gente cheia de prosápia deslocada, confrangedoramente snob e elitista, ignorante do real, resfastelando-se numa ignorância academicamente lustrosa e ilustrada, detentor de um discurso hermético, mas vazio de conteúdo e de alma, porque travejado na falácia da modernidade e da humanidade, das quais nem vislumbram as evidências, quanto mais a verdadeira natureza.
Aceito que sejam assim vistos de fora, enquanto grupo, os professores. Só que poderemos escrever o mesmo de qualquer classe profissional, quando o objecto da nossa análise é o grupo, grosseiramente tomado o todo pela parte, em bruto, dissecado a partir dos comportamentos estereotipados, das idiossincrasias mais evidentes, dos exemplares de feira, que abundam em todos os grupos profissionais e lhes conferem o rótulo.
A caricatura, soberba e divertida (enquanto texto), que o meu amigo nos lança, aplica-se, como uma luva, a alguns dos profissionais que aqui, provocatoriamente generalizando, tão desapiedadamente abocanha. Se cada professor deste país recebesse este seu texto, haveria um lote considerável deles a dever corar por dentro (se fossem capazes de o fazer, porque poucos se veriam neste espelho, reconhecendo-se; o que diz muito sobre a representação que esta classe tem de si própria), mas, para cada um destes, encontramos dois, ou três, a quem esta carapuça não serve.
Como julga o meu amigo que o «sistema» tem sobrevido no meio do caos permanente em que a educação pública (não fazer a leitura da dicotomia entre ensino público e privado, que aqui não vem ao caso) tem vivido nos últimos 30 anos? Não, certamente, por obra e graça de um ministério megalómano, mastodôntico, omnipresente e omnisciente, qual gigante de artelho fino, bailando, permanentemente, inacabadas valsas de compositores sem talento. Muito menos por mérito de sábios iluminados, de loucos inteligentes, ou de génios intermitentes, que pelos corredores da administração lançam aos ventos insanas prescrições, reformadas contradições e espúrias imitações, que a poeira dos dias vaza, em rodopio, nas incineradoras da conveniência, da conivência e da incompetência (e, já agora, da insolvência). Também não sobreviveu por participada, esclarecida, responsável e justa intervenção de paizinhos e mãezinhas, que à conta das pesadas responsabilidades sociais, profissionais e outras tais, despejam os seus rebentos no «sistema», do qual esperam que, no fim, além do domínio das letras e dos números, lhes venham devolvidos com sabedoria «lateral», preenchidos de «saber» os espaços reservados ao amor, à amizade, à esperança e à liberdade, espaços de cultura e de humanidade, cuja responsabilidade estas famílias de agora não querem assumir e de que, comodamente, se habituaram a abdicar.
Pois é, meu caro Anthrax, tem sido esse «bando» de gente que tão implacavelmente caracteriza, essa gente que não sabe «ler instruções básicas e simples», que « são todos muito fofos e amigos do próximo», que « são dotados de uma perícia inigualável para a gestão de projectos», é esse «bando», meu amigo, que aguentou, e aguenta, e continuará a aguentar, escolas velhas que rebentam pelas costuras, escolas em que gestão e liderança são palavras de guerrilha, escolas violentas, escolas multirraciais e multiculturais, escolas pobres de tudo, até de alunos. É essa estirpe de gente, que se gaba do trabalhinho incipiente na internet, que faz um Power Point para explicar quantos são dois mais três, que se perde nas auto-estradas da banda larga a pesquisar um poema de Camões (que tem mesmo à mão no livro de leitura do 4º ano), são esses simplórios que erguem de edifícios decadentes, ou reluzentes, uma escola, que só o é porque eles, talvez porque não leram atentamente o seu estatuto profissional, ou porque sofrem de «projectite aguda», continuam a tentar transformar pedras em ouro, que é o mesmo que dizer, tornar crianças ao Deus dará em homens de amanhã, não baixando os braços e, com maior, ou menor sentido de humor, conseguirem discutir a 349ª reforma curricular com o mesmo entusiasmo como se fosse a primeira.
Meu querido amigo, como vê (e pretenderia?) sabendo ao que ía, «caí», com gosto, no seu «Iraque». Tal como lá, a situação, no que à instrução do nosso povo se refere, é grave, perigosa e não tem ainda solução à vista. Mas há que manter a esperança, ou sucumbimos todos. Uma certeza podemos ter: ou contamos com este «exército», ou batemos «em retirada». Treiná-lo, equipá-lo, moralizá-lo, e dar-lhe o comando das operações, é tudo quanto é preciso. Depois, basta acompanhar, cuidadosamente, a progressão «das tropas» no terreno.
E, por agora, acho que podemos deixar o prego como está, antes que corramos o risco de um «rush» de adrenalina, ou pior, de alguma tentativa de degolação!
* Título roubado a este blog de referência.
Dizeres da memória
Diz o cego ao príncipe, que se afasta pela estrada de Damasco:
Vai com os deuses, senhor, pratica o bem e sê justo. Dos homens não deveis temer juízo, mas acautelai-vos de vossos pares, pela inveja.Que da vossa boca saia sempre a verdade, pelo menos aquela em que acreditardes. E se pecares, senhor, deixai-me conhecer vossos pecados, para que deles retire fruto, e alegre sabedoria.
Ide em paz, sabendo que, nesta estrada, voltareis sempre sobre vossos passos, e que neste lugar alguém vos estará esperando.
Vai com os deuses, senhor, pratica o bem e sê justo. Dos homens não deveis temer juízo, mas acautelai-vos de vossos pares, pela inveja.Que da vossa boca saia sempre a verdade, pelo menos aquela em que acreditardes. E se pecares, senhor, deixai-me conhecer vossos pecados, para que deles retire fruto, e alegre sabedoria.
Ide em paz, sabendo que, nesta estrada, voltareis sempre sobre vossos passos, e que neste lugar alguém vos estará esperando.
Tuesday, April 05, 2005
Alerta Prévio da Comissão Europeia
Segundo Bruxelas a previsão de um défice orçamental de 4,9% do PIB para o corrente ano, em Portugal, estará bem acima do limite de 3,0% admitido pelas regras do Pacto de Estabilidade. Teremos, assim, o mais elevado défice orçamental de entre os 25 países da União, acompanhados da França, Alemanha, Itália e, também, da Grécia, países que terão também défices excessivos em 2005 e mesmo em 2006.
Para já, o Governo reage como é habitual nestes casos - a culpa foi do macaco (leia-se Bagão).
Medidas? Pois, chapéus há muitos...
«Catalina Pestana proferiu insinuações ...
... e até afirmações completamente falsas e demonstrativas de falta de rigor, inadmissíveis face ao cargo e às funções em que está investida» - Expresso online, hoje.
Quem diz é Luís Rebelo, que accionou as medidas legais adequadas. Da justeza das afirmações, e da justiça com que se julgará o diferendo, se encarregarão as devidas instâncias, portanto.
Para já, pergunta-se: tem a senhora condições para continuar à frente da Casa Pia? Até quando?
Sampaio convidou os dois antecessores para o acompanharem ao Vaticano
Fica-lhe bem.
E tem um efeito útil, de registar. Apenas com Freitas do Amaral a tiracolo, arriscava-se a um mergulho no tempo e a ir parar às exéquias do futuro João Paulo III.
Santana Lopes terá declarado...
... que não será candidato à Presidência da República.
Sabemos que o que ele diz agora não será, exactamente, o que dirá daqui por uma hora, um dia, um mês!
Esperemos, portanto, que o «randómico» funcione a preceito e que «toque» esta «música» quanto for a Hora H!
Sunday, April 03, 2005
A interdição de Freitas do Amaral
Hoje, em entrevista na SIC, a propósito da morte do Papa João Paulo II, que conheceu pessoalmente em duas situações formais, Diogo Freitas do Amaral cometeu dois erros imperdoáveis: primeiro, referindo-se ao Papa como João Paulo III; depois, dizendo que, em 1995, na sua deslocação à ONU, o Papa esteve com Kofi Annan, antes, ou depois, da sua entrevista com ele próprio, Freitas, sabendo-se que Kofi só exerce as actuais funções desde 1997.
O primeiro destes gravíssimos lapsos é inconcebível num Ministro dos Negócios Estrangeiros; o segundo, é ainda mais grave, porque mostra a incapacidade em recordar factos que ocorreram consigo próprio, em situações relevantes, logo obrigatoriamente memorizáveis.
Diz-se, no círculo de íntimos do Professor Freitas do Amaral, que ele está, de há uns anos a esta parte, profundamente afectado, psiquicamente. Senilidade precoce, avançam uns, doença do foro neurológico, atrevem-se outros.
Esta lamentável prestação televisiva confirmou ao país o que apenas alguns sabiam.
Impunha-se uma reacção do Governo.
Saturday, April 02, 2005
Friday, April 01, 2005
Na morte de Terri Schiavo
Tentei compreender as intervenções externas, tanto as legalistas, como as compassivas.
Tentei compreender os pais, a querê-la ali, agarrados ao que morre por último em qualquer pai, quando da vida de um filho se trata - a esperança.
Tentei compreender o marido, que não poderia oficialmente refazer a sua vida, enquanto aquele ser respirasse numa cama de hospital.
Tentei não avaliar as diferentes formas de amar.
Tentei acreditar que, talvez, ela não quisesse prosseguir, assim.
Tentei acreditar que a decisão tomada só podia ser a boa decisão.
Tentei acreditar que um qualquer sinal me pudesse tranquilizar as dúvidas e apaziguar a angústia.
Tentei, e quase consegui, até que a brutalidade da sua morte me fez perceber que tomei partido, partido pela vida, onde existia um sopro dela.
Tento agora perdoar-me, por ter percebido isso demasiado tarde.
Tentei compreender os pais, a querê-la ali, agarrados ao que morre por último em qualquer pai, quando da vida de um filho se trata - a esperança.
Tentei compreender o marido, que não poderia oficialmente refazer a sua vida, enquanto aquele ser respirasse numa cama de hospital.
Tentei não avaliar as diferentes formas de amar.
Tentei acreditar que, talvez, ela não quisesse prosseguir, assim.
Tentei acreditar que a decisão tomada só podia ser a boa decisão.
Tentei acreditar que um qualquer sinal me pudesse tranquilizar as dúvidas e apaziguar a angústia.
Tentei, e quase consegui, até que a brutalidade da sua morte me fez perceber que tomei partido, partido pela vida, onde existia um sopro dela.
Tento agora perdoar-me, por ter percebido isso demasiado tarde.
Quantos não sentirão o mesmo?
Subscribe to:
Posts (Atom)