Não são apenas os casos mais recentes e mediáticos da DREN e da APM, que nos demonstram que existe no ME uma "cultura" propícia ao acobertamento de comportamentos autoritários, por parte de dirigentes daquele ministério. Direi, até, que será essa "cultura" que os instiga, através do mau exemplo dos membros do governo que os tutelam e que têm, eles próprios, uma atitude e um estilo de sobranceiro autoritarismo. Esta atitude e este estilo estão, sobejamente, evidenciados nas relações da ministra e secretários de estado com professores, com escolas, com sindicatos, com deputados da oposição, e com jornalistas que não pertençam às agências que fazem a propaganda governamental. Se é certo que as Margaridas Moreiras e os Capuchas de que o ME se serve, instigando-os e acobertando-os, não encontram, por isso, desculpa para as suas prepotências, a verdade é que não podemos ignorar a responsabilidade de quem lhes cria a expectativa de impunidade em que actuam, como se lhes "armassem a mão".
Os atropelos aos direitos dos trabalhadores docentes das escolas, de que o concurso para professor titular é, apenas, mais um triste exemplo, não podem deixar de ser vistos à luz deste quadro de autoritarismo galopante. A passividade com que esses atropelos acabam por ser aceites pela classe, e pelos representantes desta, só tem sido criticada por alguns, quando deveria assustar todos. Porque cada uma destas vitórias das Margaridas Moreiras, dos Capuchas, dos Pedreiras, dos Lemos e das Marias de Lurdes são degraus que se descem do patamar das liberdades, direitos e garantias, pelos quais alguns de nós combateram uma vida inteira.
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