Sunday, June 17, 2007

As vaias a Sócrates

A 2ª, em poucos dias, diz bem do clima que se vai instalando por esse país fora, contra as arbitrariedades, os oportunismos e as medidas cegas do governo, mas, sobretudo, contra o autoritarismo rude e desabrido de Sócrates.Bem podem os serviços de propaganda do governo querer convencer-nos que o desmantelamento de estruturas essenciais, sejam centros de saúde, sejam escolas, têm por objectivo servir melhor a população, que a evidência corre contra aqueles que apenas identificam essas vantagens à distância, e no conforto dos seus gabinetes governamentais.
Sob o pretexto de estar a modernizar este país, o que Sócrates impõe são condições propícias à emergência de atitudes de medo, subserviência e acomodação ao regime autoritário que, paulatinamente, se vai instalando. Quem tem a coragem de levantar o véu, como o fez António Balbino Caldeira, paga; quem tem o atrevimento de fazer um comentário mais "assanhado", como Fernando Charrua, paga; quem reinstaura as práticas pidescas da bufaria e da perseguição, como a comissária da DREN, é premiado; quem tenta comportamentos de cidadania participativa, vê-se ameaçado de retaliações.
Este é o país à medida de Sócrates, do seu orgulho desmedido, da sua desmesurada ambição pessoal e do seu total desrespeito pelos demais. Hoje, ainda há quem, de cara descoberta, tenha a coragem de o enfrentar, de o questionar, de o vaiar. Mas, por quanto mais tempo terão essa capacidade? Quanto tempo faltará para que sejam demitidos, para que os vão buscar a casa de madrugada, os atirem para uma prisão, os torturem, para que lhes persigam as famílias e os amigos? Para alguns, como Charrua e Caldeira, esse tempo já chegou. Para os outros, será uma questão de tempo, curto.

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