Saturday, October 14, 2006

Privilégios dos professores

Desde que esta ministra da educação se acantonou na 5 de Outubro, o discurso oficial sobre os professores não tem cessado de enumerar os muitos privilégios de que goza esta classe profissional. Tão "escandalosos" são tais privilégios, na boca do governo, que o edifício legislativo que o ministério está a preparar para regular a carreira docente é anunciado à população como "moralizador", destinado a evitar os abusos em que os professores são useiros e vezeiros. E o cidadão comum aplaude tamanha coragem contra uma cáfila de preguiçosos e mentirosos, esses professores que se queixam, regiamente pagos, sem nada oferecerem à sociedade!
Recém-chegado ao mercado, vem daí o jornal Sol desta semana contribuir para a identificação de um dos privilégios dos professores, tão pouco comum, que não é, de facto, partilhado pela generalidade dos trabalhadores. E de que privilégio se trata, afinal? Simplesmente, descobre-se que os malandros dos docentes têm o privilégio de exercerem as suas funções rodeados de alunos armados até aos dentes. Os que não sabiam (ou não queriam saber?) ficam agora a saber que, desde os inocentes canivetes, às nada inocentes navalhas, dos defensivos sprays, às ofensivas pistolas, passando pelas matracas, lâminas e toda uma parafernália de gadgets "persuasivos" do "bom" relacionamento interpessoal, tudo faz parte do "vestuário" dos alunos. Ficamos ainda a saber que, numa escola da Amadora, há docentes que têm o supremo privilégio de terem dentro das aulas alunos com pulseira electrónica (também não são muitos, só 7!), adereço comprovativo do seu exemplar comportamento e do perfil de aluno respeitador e aplicado!
E ainda se queixam, os malandros dos professores, baldistas que fingem doenças do foro psicológico, eles que exercem o seu trabalho em tão apelativo, e tranquilizador, ambiente!
Tem a ministra razão, há que acabar com estes privilégios, JÁ!

1 comment:

Anonymous said...

Bom post!
E o que se devia reconhecer é que este modelo de ensino de facilitismo, sem autoridade, onde o saber não tem lugar, etc, etc, já faliu à muito tempo! Os espanhóis já perceberam isso!

Abraço!