Independentemente da guerra dos números, a verdade é que o número de participantes na marcha nacional excedeu as expectativas dos próprios organizadores, e constituíria um poderoso aviso a qualquer equipa governativa, não se desse o caso de na 5 de Outubro estar empossada a governante mais autista que o sector já conheceu, desde o 25 de Abril.
É sintomático que 14 organizações representativas da classe se tenham posto de acordo e que, num dia feriado, propício a uma "ponte" para aproveitar um verão serôdio, tantos milhares de docentes tenham vindo para a rua contestar uma alteração do ECD, feita sem outro critério que não seja o de impor, unilateralmente, um conjunto de medidas atentatórias da dignidade profissional e dos direitos dos docentes, tendo por únicos fundamentos o desprezo deste governo pela classe docente e poderosas razões economicistas, que, em circunstância alguma, terão qualquer eficácia na melhoria do nosso panorama educativo.
A hipocrisia da ministra da educação não conseguirá, por muito mais tempo, enganar todos sobre a real dimensão e eficácia das medidas que apregoa. A barafunda que reina nas escolas, a desmotivação que impera na classe docente, a inoperância da administração educativa e a melhoria zero da sua descabelada acção à frente do ministério da educação começam a ser percebidos pela população, apesar da exploração que a ministra faz dos pontos de clivagem dos vários actores do processo educativo. Esperemos, apenas, que o dia da prestação de contas não seja demasiado tarde, porque vai demorar muito tempo a reconduzir as escolas à paz educativa necessária às alterações que, efectivamente, se impõem efectuar no sistema. Mas destas, esta ministra não tem qualquer ideia, nem nunca ouviu falar.
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