Friday, January 14, 2005

«Though this be madness, yet there is method in 't.»*

Começo a achar que os constantes tiros nos pés com que Santana e a sua equipa nos brindam diariamente não resultam de incapacidade dos próprios, do azar, ou da má-vontade da comunicação social. Estou a convencer-me que são, isso sim, uma eficaz estratégia de camuflagem.
Vejamos dois dos casos mais recentes:
Professores avulso - com o seu absurdo comentário sobre a ida à Assembleia, a Ministra da Educação pôs tudo em polvorosa. O que restou de um assunto tão melindroso como o relatório da IGF sobre os erros que se verificaram no concurso de professores? Infindáveis referências em jornais e televisões sobre a falta de tino da senhora, uma azeda chamada de atenção do Presidente da Assembleia, umas vagas referências a que os responsáveis seriam os funcionários dos serviços e... ficámos por isso mesmo. Exigências quanto à divulgação do texto do relatório da IGF, ou pedidos de esclarecimentos quanto às responsabilidades que nesse relatório não podem deixar de ser atribuídas a esta equipa governativa (não esquecer os elevados custos que as levianas decisões desta ministra irão ter), nickles. Resultado: o povão contentou-se com o circo, quando devia exigir o pão. E esqueceu...
Abismos petrolíferos – um resort de luxo, um falcon fretado, uns mergulhos em tépidas e calmas ondas, e eis o caldinho pronto para deixar uns quantos meninos da comunicação social, com pouco mundo, em absoluto estado de histeria. Surfando a onda da lusitana mesquinhez, vem o Primeiro e manifesta-se incomodado, salta o ministro e diz que não sai mas quis sair, tal o incómodo do outro; para condimentar a africana expedição, juntam-se-lhe umas gotas de petróleo, uma missão negocial secreta, mais um ministro que não sabia de nada, mas que devia saber e...pronto. Mais uma corrida, mais uma vez tudo se baralhou e ninguém pergunta o que deveria sobre o assunto. Continuamos satisfeitos com o fait-divers.
A repetição, em cadência galopante, força-nos a perceber que é tudo demasiadamente grosseiro para ser credível. O melhor é começarmos a ter medo, muito medo, do que se vai descobrir por baixo de todo este make up.

*William Shakespeare

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