Monday, January 31, 2005

Espaço de perplexidade


Reclamamos destes políticos que se servem do país e não o servem, no que temos toda a razão; lastimamos a ausência de políticas que nos façam sair do atoleiro da ignorância, da inoperância e do compadrio, em que esses políticos nos têm, impunemente, mantido; mas qual é, verdadeiramente, o nosso grau de exigência, ou a legitimidade desta?
José António Lima abordou a questão na semana passada, no Expresso:
«A maioria dos portugueses (e dos que falam de alto e com desprezo dos políticos e das eleições) prefere ler «A Bola» ou a revista «Maria» (as tiragens são de centenas de milhares por semana) ao enorme esforço mental de se informar sobre um ou dois programas eleitorais. Prefere ver uma telenovela, uns palermas do riso ou uma qualquer quinta de nulidades à cansativa tarefa de seguir durante mais de dez minutos um debate sobre questões sociais ou políticas (os «shares» são esmagadoramente esclarecedores).

A maioria dos portugueses (e dos que tanto deploram o «oportunismo» dos políticos) queixa-se muito da fraude e evasão fiscais mas recusa (ou não pede) facturas por sistema e fecha convenientemente os olhos ao amigo que declara falências fraudulentas e ao familiar que não declara o grosso dos seus rendimentos aos impostos. Queixa-se muito da burocracia e do mau serviço do funcionalismo público, mas não resiste a meter umas «cunhas» aos conhecidos do partido, quando os governos e as autarquias mudam de cor, para darem emprego a mais uns quantos e encherem a Administração Pública de clientelas partidárias.»

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