Tuesday, January 25, 2005

«No silêncio todos somos iguais» (II)


Outro ex-ministro da educação veio esta semana falar sobre o tema. No que ao ensino não superior diz respeito, Marçal Grilo, numa entrevista que nos deixa a pensar se não estará a perfilar-se para o inevitável pós-socrático/guterrismo, aborda também alguns dos “dramas” da educação em Portugal, numa perspectiva de certo modo diletante – centrar nas escolas a capacidade de gestão suficiente para que estas possam assegurar o cabal cumprimento das finalidades a que se destinam, em padrões de exigência e de qualidade correspondentes, quer às necessidades decorrentes da sua realidade concreta, quer aos recursos adequados e disponíveis para suprir estas. O caminho é, necessariamente, por aí, mas a estrada está cortada, como o próprio reconhece.
Pelo meio, Marçal Grilo coincide com Justino na necessidade de lideranças fortes nas escolas e no reconhecimento do papel determinante dos professores no sucesso da escola junto dos alunos; não escamoteia uma realidade incómoda para grande parte das famílias – que é a ausência de uma correcta noção destas de qual deve ser o papel da escola na aprendizagem dos seus filhos que engrossa as estatísticas do abandono escolar – e não deixa de pôr o dedo na ferida aberta que é a relação perversa entre a administração e os sindicatos da educação, tão exemplarmente exposta no último concurso de professores.
Marçal Grilo retoma alguns dos pontos fortes do seu pensamento, enquanto ministro, e continua a pensar muito bem, mas nota-se-lhe ainda aquele desencanto do “não é possível”, com que acabou por deixar marcada a sua passagem pelo ministério.

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