No seu artigo de hoje, Graça Franco refere-se, com graça e muita oportunidade, ao custo por aluno no ensino público, segundo dados avançados pelo Governo:4200 euros. Ela própria se refere ao montante como surpreendente, e é-o. Primeiro, porque esse valor exacto nunca tinha sido determinado sem margem para dúvidas, nem era do conhecimento dos próprios serviços do Ministério ( para já não falar de que à volta desse desconhecimento circulavam algumas das piadas mais saborosas do ME) ; depois, porque o custo por aluno varia consoante os níveis de ensino, e todos os valores de referência que se conheciam, até há muito pouco tempo, eram significativamente inferiores ao agora revelado.
O que levaria o Governo a avançar tão diligentemente com esta prestimosa e surpreendente informação?
O artigo acaba por dar a resposta.
Com tão relevante informação, podem os colégios com contrato de associação berrar que estão a ser mal pagos e exigir uma actualização do financiamento que estão a receber do Estado; podem os interessados (e são tantos!) defender que o Estado poupa se reconhecer, de uma vez por todas, o direito de aprender e de ensinar, leia-se, se der 4200 euros a cada família e a deixar escolher a escola (privada, claro!) em que quer colocar as suas crianças, libertando uns quantos empresários do ensino privado do pesadelo de assegurar a sobrevivência dos seus estabelecimentos.
Não foi em vão que os interesses das escolas privadas conseguiram instalar-se no Ministério da Educação, com esta equipa governativa. Em pouco tempo conseguiram o que se propunham: fazer os jeitos aos amigos todos. Nem que para isso tivesse sido preciso colocar sete mil professores a mais no sistema!
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