Só percebo, verdadeiramente, quão no fundo se tinha batido, quando vejo a reverência, o espanto e a excitação, com que a prestação do governo PS é acolhida. Espantam-se as gentes com o que é normal (a discrição na constituição do governo, a reserva do poder), aceita-se como bom o que é menos do que medíocre (o Programa do Governo), gabam-se as qualidades de governante a quem ainda nada mais fez do que tactear, com hesitações, um caminho que não conhece (Sócrates pós-20 de Fevereiro), desculpam-se incoerências, dissidências e maledicências (Campos e Cunha «contra» Sócrates; um PS aos urros com a camarilha no poder, na qual não se revê), dá-se o benefício da dúvida, quando não há dúvida que para este peditório já demos e ficámos de tanga (procurar as diferenças com os governos de Guterres vai ser um exercício muito estimulante).
Esta lassidão, esta bonomia, este pasmo reverente, só se justificam porque os últimos meses, com Santana Lopes, foram demenciais. De tal forma demenciais, que hoje, e por muitas luas, oposição à direita não é miragem, é deserto.
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