Wednesday, March 02, 2005

«Escolher o seu tempo é ganhar tempo»*

Aguiar Branco, um dos apontados para suceder a Santana Lopes à frente do PSD, veio manifestar o seu apoio a Manuela Ferreira Leite, com o que se dá a si mesmo o tempo necessário para aparecer na altura certa. A Senhora, por sua vez, continua quieta e calada, e dizem-nos os go between entre ela e Marques Mendes, que apoia este para presidir ao partido, ou o ex-ministro de Cavaco nunca teria avançado. Apesar de o «caldo» entre ambos já ter estado mais longe de começar a entornar, será bom para o PSD que MFL não ceda a vozes das sereias que apenas buscam a sua própria oportunidade, num futuro de tempo definido.
Não é este o tempo, e o modo, de MFL. Sendo certo que o PSD carece de uma revolução interna, é preciso que essa se faça com as armas adequadas ao combate que tem pela frente, e Mendes é quem está melhor preparado para, saneando o pântano em que este se tornou, utilizar o que resta do «aparelho» laranja, da melhor forma possível. Porque, desiluda-se quem pensa que a limpeza pode ser de imediato tão asséptica, que deixe este depauperado «organismo» totalmente isento dos «germes» que, se lhe corroeram a «alma», são ainda necessários para lhe manterem a «estrutura». Tempo, estratégia, palco e ductilidade são precisos, agora. Marques Mendes é o melhor agente para a regeneração que se impõe. E MFL tem tudo a ganhar, esperando. Ela e o que resta do PSD.

* Francis Bacon

1 comment:

crack said...

O meu raciocínio assenta numa previsão (expectativa?) do tempo de uma legislatura completa na oposição. Julgo que não é razoável partir de outro cenário, por muito interessante que me pareça a análise de Medina Carreira, a propósito desta questão.
Por outro lado, não duvido, muito pelo contrário, que MFL tem condições para introduzir uma mudança profunda no partido. É, aliás, essa certeza uma das razões que me leva a pensar que será o seu um outro tempo.
Quanto à precaridade da liderança, não advoguei um tempo de passagem breve, ou à partida condenado à volatilidade dos interesses aparelhísticos. O problema de uma liderança que se assuma, desde logo, como efémera é, como bem nota, um dos pesos que teremos de colocar nesta «balança» de tão frágeis equilíbrios, mas parece-me, apesar de tudo, um mal menor. E não será, de resto, uma inevitabilidade.
Concordo consigo na versão upgrade que dá de Marques Mendes, julgo é que, lamentavelmente, esta pode ser necessária, ou a mais conveniente, no presente.