Com os meios de comunicação a salivarem com as palhaçadas de Luís Filipe Menezes, os candidatos a substitutos apressam-se a entrarem no alinhamento dos telejornais, zurzindo no ainda líder e assumindo lugar na pole position. Infelizmente para nós, só pelo "roncar dos motores" se percebe que não será com estes bólides que o PSD ganha a corrida a Sócrates.
«Por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las.» Bertrand Russell
Friday, February 29, 2008
Thursday, February 28, 2008
Avaliação e prémios de desempenho
Esta notícia poderá ser ligeira, recomendando-se uma leitura da Lei nº12-A/2008, de 27 de Fevereiro, mas é suficiente para perceber o prejuízo causado aos funcionários pelos dirigentes de serviços que, por puro desleixo, não se dignaram avaliar o pessoal, nos termos do SIADAP 2007. Desleixo em que persistem, nada tendo feito até agora, para que em 2008 se cumpram as etapas do processo de avaliação, de acordo com as novas regras do SIADAP 2008. E tudo segue, alegremente, sem consequências para os faltosos. Assim vai o rigor na administração, tão propagandeado por Sócrates, e tão longe da realidade!
Aumentou o número de crianças examinadas a abusos sexuais
O nosso Primeiro-ministro gosta de relembrar que os números, tal como o algodão do mordomo, não enganam, mas nesta sua obsessão propagandística prefere considerar, como despiciendos, aqueles números que nos fotografam como um país lento e pesado no desenvolvimento, que só na imaginação delirante do nosso Fuhrer de pacotilha ombreia com os grandes do naco europeu; ele pode viver num mundo de ricos, sem riscos, mas nós vivemos num país doente por falta de verbas, inculto por falta de visão e erros de estratégia, atrasado por inépcia e gula governativa, a extinguir-se aos poucos, por falta de entusiasmo na actividade procriadora. Falta de entusiasmo que não pode reprovar-se, desmobilizados os "agentes" pela inexistência de incentivos no presente, e de negras perspectivas para o futuro da pretendida prole. Com excepção da folha de pagamentos dos "argumentistas" de Sócrates, que lhe bordam o discurso a ponte-pé-de-flor, e das contas bancárias dos apaniguados da praxe, Portugal fenece, e mal, achacado de múltiplas maleitas graves, que lhe minam o presente e o condenam para amanhãs que não cantam, mas gemerão, se ainda houver forças para tal. Será, decerto, baseado nestes "animadores" números do abuso sexual infantil, que não o enganam, que Sócrates quer proceder, a galope, à colocação de milhares de crianças institucionalizadas em lares de acolhimento, o que vem confirmar, aos ingénuos, que não pode deixar de estar a agir no pleno conhecimento do potencial risco em que irá colocar elevado número dessas crianças. Criminosa insensibilidade de engenheiro sanitário, para não dizer mais.
"She is better than her campaign"
Na previsão de a sua indigitação poder depender do voto dos superdelegados, Hillary recrutou os serviços de um velho amigo e competente aliado - Harold M. Ickles. Se pensarmos que Mr. Ickles e Bill Clinton não se falam desde que o então presidente demitiu o até aí fiel colaborador, podemos perceber a extrema preocupação que a Obamamania está a criar nas hostes da senadora. Bill, marido, está a engolir este gordo sapo, publicamente o primeiro dos muitos que terá de aguentar enquanto primeiro cavalheiro! Mas que esta decisão também dá a medida da fibra da senadora, e do que ela está disposta a sacrificar para ser presidente, isso dá.
Antologia
«The first time the emperor Han heard a certain Word he said, “It is strange.” The second time he said, “It is divine.” The third time he said, “Let the speaker be put to death.”»
Allen Upward
Allen Upward
SIADAP 2008 - ciclo de gestão, o que é isso?
Alguns serviços andam um pouco distraídos, não é verdade? Ou a lei é letra morta, ou andam a pretender matá-la por abandono. Este governo é muito engraçado...
Wednesday, February 27, 2008
Pursuit
(Um dia serei capaz de não te procurar em tudo, em todos, sempre? Não. Recomeço. Busco-te de novo, incessantemente.)
O preço de Maria de Lurdes Rodrigues...
...é demasiado alto, para o que os portugueses podem dar-se ao "luxo" de pagar. As verbas que o ME vai ter de desembolsar pelas horas de substituição são, apenas, dinheiro, mas o que conta, mesmo, é o preço "oculto" das desastradas políticas que Maria de Lurdes Rodrigues e os dois ajudantes, com o beneplácito do governo e a passividade real de todos os agentes políticos, têm imposto a este país. Não haverá quem, indíviduo ou organização, seja capaz de efectuar a inventariação das medidas anunciadas, prometidas, postas no terreno, abandonadas e reformuladas, com a chancela desta ministra, e consiga avaliar o resultado efectivo de cada uma delas? Parece que não. Falar, falamos todos muito, mas trabalhinho sério e minucioso, não, ninguém o faz, e a loucura que passa pela 5 de Outubro soma e segue. O tempo, esse grande regulador, se encarregará de mostrar, dentro de uma década, a face sinistra deste consulado de Maria de Lurdes Rodrigues/Sócrates, mas, então, será demasiado tarde. Entretanto, iludem-se as boas almas, reconfortadas pela enganadora tese de que, finalmente, se está a "moralizar" o sistema. Pois que descansem em paz, felizes por esquecerem que, dos erros dos últimos trinta anos, estamos agora a pagar a factura. De facto, os portugueses não aprendem nada com o passado.
Thursday, February 21, 2008
Antologia
In a cafe, once more I heard
Your voice - those sparse and frugal notes.
Do they not say that you spoke your native Greek
With an English accent?
Briefest of visions: eyes meet across the cafe;
A man of about my age - eyelids heavy,
Perhaps from recent pleasures.
I begin the most innocent of conversations.
Again I see that image;
Ancient delight of flesh
Against guiltless flesh.
Sweeter still, in its remembering.
Most innocent of conversations: once more, I am mistaken.
He leaves; the moment lost - and to forego
The squalor of this place, I read again your lines; those sparse and frugal notes.
In a taverna, you found beauty, long ago.
And when you draw, with your slim, swift pen
The image of that memory - time's patient hostage;
Then how can I forget him, that boy whom you could not forget,
Or that music, in a foreign language?
Andrew Crumey
Your voice - those sparse and frugal notes.
Do they not say that you spoke your native Greek
With an English accent?
Briefest of visions: eyes meet across the cafe;
A man of about my age - eyelids heavy,
Perhaps from recent pleasures.
I begin the most innocent of conversations.
Again I see that image;
Ancient delight of flesh
Against guiltless flesh.
Sweeter still, in its remembering.
Most innocent of conversations: once more, I am mistaken.
He leaves; the moment lost - and to forego
The squalor of this place, I read again your lines; those sparse and frugal notes.
In a taverna, you found beauty, long ago.
And when you draw, with your slim, swift pen
The image of that memory - time's patient hostage;
Then how can I forget him, that boy whom you could not forget,
Or that music, in a foreign language?
Andrew Crumey
Wednesday, February 20, 2008
Rio Selvagem
Com a falência galopante dos órgãos vitais desse corpo moribundo que é hoje o PSD, há por aí uns líricos que se voltam para Rui Rio como a máquina salvadora do estertor final. Coitado do PSD, a que estado ele chegou.
Santana Lopes, Menezes, o PSD e o resto, à escolha do freguês.
Pois é, o caldinho anda a entornar, devagarinho, mas não tarda derrama-se todo. Quem é que não sabe que entre dois loucos não devem os tansos meter-se?
Adeus, Fidel.
A transição foi pacífica e deslizante, mas sem Fidel Cuba respirará de forma diferente. Um dia!
Os Costas - António Costa
Este mano só não desilude quem nunca se deixou iludir pelo vozeirão de sargento lateiro, e pelo olhar ávido de protagonismo e ambição desmedida.
A sua gestão da pesada herança na CML está a revelar-se mais desastrosa do que todos os desastres dos senhores que o antecederam; está a ficar patente que a Praça do Munícipio não passa de um degrau para as desmedidas ambições do autarca; a submissão ao vereador do Bloco é demasiado pública, para não ser desconfortável para os lisboetas, fartos de pagar pelas oportunistas querelas de Sá Fernandes, no passado recente; as desastradas e inoportunas intervenções políticas do actual Presidente da CML, a favor de Sócrates e do governo, parecem demonstrar que o antigo ministro perdeu o jeito para as andanças político-partidárias de maior fôlego.
Ou os manos Costa andam a precisar de férias, ou, então, de uma terapia familiar, fora dos holofotes.
Os Costas - Ricardo Costa
Aprecio o jornalista e comentador da SIC, Ricardo Costa. Podendo, não perco o que escreve, nem os seus comentários de política. Interrogo-me, face à excelência da sua carreira profissional, que obscuras razões o levarão, nos últimos tempos, a tentar provar, de forma tão desastrada, que a estreita relação de parentesco com António Costa é completamente alheia ao seu trabalho jornalístico. Não precisa, fica-lhe mal, e prejudica-lhe o discernimento!
Tuesday, February 19, 2008
A entrevista de José Sócrates
Surpreendi-me ao gostar, bastante, da entrevista do Primeiro-ministro. Parece mentira, mas é assim mesmo: gostei. E porquê? Porque começa a tornar-se difícil, até para os tratadores de imagem, esconderem o gato* que se oculta por baixo de tão convencida lebre. E a desmontagem de Sócrates é fundamental, para que possamos pôr fim à encenação gigantesca que é o governo que lidera.
Quem poderá não se ter chocado ao constatar como a alegórica personagem que, naqueles longos minutos que a televisão lhe dedicou, deixou de tal modo evidente, tanto a vacuidade do seu pensamento político, como o estado manso do seu progressivo alheamento do país real, transfigurado este à medida da sua doentia dimensão de provinciano autoritarismo e despótica presunção?
Sócrates já não consegue esconder que é nada, para além da pose, da arrogância e do autismo "imperial", com que se construiu. Ontem, depois de um dia a sermos confrontados com imagens terríveis, e infelizmente reais, de um país em que basta uma chuva forte para a tragédia se multiplicar, resultou chocante ver como na entrevista ao serão ficou brutalmente exposta a imaterialidade desse José Sócrates, construído do nada, qual boneco insuflável a esvaziar-se perante os nossos olhos, mortalmente ferido pelo palavroso disfarce da iniquidade da acção e da insignificância do pensamento. Para quem ainda não queria acreditar que José Sócrates só existe na cobardia da nossa passividade acomodada, a verdade pode ter sido brutal, mas apenas neste percurso de realismo e verdade poderemos iniciar o combate pelo que este país procura, e a situação actual requer.
Sócrates já não consegue esconder que é nada, para além da pose, da arrogância e do autismo "imperial", com que se construiu. Ontem, depois de um dia a sermos confrontados com imagens terríveis, e infelizmente reais, de um país em que basta uma chuva forte para a tragédia se multiplicar, resultou chocante ver como na entrevista ao serão ficou brutalmente exposta a imaterialidade desse José Sócrates, construído do nada, qual boneco insuflável a esvaziar-se perante os nossos olhos, mortalmente ferido pelo palavroso disfarce da iniquidade da acção e da insignificância do pensamento. Para quem ainda não queria acreditar que José Sócrates só existe na cobardia da nossa passividade acomodada, a verdade pode ter sido brutal, mas apenas neste percurso de realismo e verdade poderemos iniciar o combate pelo que este país procura, e a situação actual requer.
* gato=mamífero carnívoro, da família dos Felídeos, existente no estado selvagem, mas também em muitas espécies e raças domesticadas; não confundir com o sentido usado no português do Brasil: gato=homem considerado atraente.
Sunday, February 10, 2008
Carnevale di Venezia
Tenho uma recordação muito feliz dos carnavais da minha infância, talvez por isso aprecie a alegria e a descontracção da quadra. Até ao emergir da guerra colonial, em África, onde cresci, havia o hábito dos grandes carnavais, com bailes e concursos de máscaras, para miúdos e graúdos, desfiles carnavalescos animados, tudo numa curiosa, e que hoje seria chamada globalisadora, mistura das tradições portuguesas das batalhas de flores e carros alegóricos, de braço dado com a euforia afro-brasileira da batucada e do samba, vestidos uns em tradicionais disfarces, despidos outros, bem ao sabor dos trópicos, terminando a folia colectiva em monumentais “fubadas”, guerrinhas enfarinhadas, de riso e malandrice, "resolvidas" a refrescante banho de agulheta, com que geralmente se mandavam para casa os foliões.
Durante anos, estranhei a pacatez sisuda e triste da quadra carnavalesca na região de Lisboa, atirando as culpas ao inverno, aos costumes, às gentes mornas, sei lá ao que mais. Depois, quando a reboque das novelas fomos importando os carnavais abrasileirados, domada a pujança do carnaval carioca à nossa idiossincrasia, e dimensionada a festa ao volume do negócio envolvido, nunca tais carnavais me atraíram, talvez porque a imitação nunca me seduz, ou, mais certo, porque a idade já não seria de folia. Os entusiasmos carnavalescos concentraram-se, então, na alegria a dar às minhas crianças, permitindo-lhes viver o palhaço, o pirata, a fada, ou a odalisca dos seus sonhos.
Do espectacular Carnaval do fabuloso Rio de Janeiro bastaram-me sempre as imagens, saboreadas na segurança e no conforto de um sofá em frente do televisor, mas de Veneza apetecia-me uma participação mais vivida, in loco, porque esse magnífico palco que é a cidade dos mil canais pede as roupagens, as poses e as máscaras, que todos identificamos com a "mística" veneziana.
Durante anos, estranhei a pacatez sisuda e triste da quadra carnavalesca na região de Lisboa, atirando as culpas ao inverno, aos costumes, às gentes mornas, sei lá ao que mais. Depois, quando a reboque das novelas fomos importando os carnavais abrasileirados, domada a pujança do carnaval carioca à nossa idiossincrasia, e dimensionada a festa ao volume do negócio envolvido, nunca tais carnavais me atraíram, talvez porque a imitação nunca me seduz, ou, mais certo, porque a idade já não seria de folia. Os entusiasmos carnavalescos concentraram-se, então, na alegria a dar às minhas crianças, permitindo-lhes viver o palhaço, o pirata, a fada, ou a odalisca dos seus sonhos.
Do espectacular Carnaval do fabuloso Rio de Janeiro bastaram-me sempre as imagens, saboreadas na segurança e no conforto de um sofá em frente do televisor, mas de Veneza apetecia-me uma participação mais vivida, in loco, porque esse magnífico palco que é a cidade dos mil canais pede as roupagens, as poses e as máscaras, que todos identificamos com a "mística" veneziana.
Estive lá este ano e confirmei que Veneza ganha brilho, cor, animação e “alma”, com o Carnaval. Apesar do frio, apesar dos omnipresentes traços da modernidade suja e abusiva, que milhares de turistas sempre deixam atrás de si, umas dezenas de figuras mascaradas bastam para nos transportar a épocas recuadas, a tempos que imaginamos de intriga e mistério, de romances inconfessados e de mortes envenenadas. Veneza é toda Carnaval, das lojas fabulosas às vendas de rua, dos pintores de rostos às figuras mais misteriosas, que se reclinam em cada ponte, ou se escondem nos alpendres dos palazzi fantasmagóricos. Mas, se a magnificência de muitas das fantasias é impressionante, o fulgor e o mistério do Carnaval de Veneza concentram-se, sobretudo, na pose hirta e no silêncio pesado das figuras que se escondem atrás da tradicional máscara veneziana, esses rostos irreais, mas belíssimos na sua imobilidade de expressão, que dão aos olhos de quem sob eles se oculta um mundo de intencionalidade e conivência.
Quase acreditamos que o rosto da doce Julieta que se esconde nas arcadas da Piazza San Marco será tão belo como a sua máscara, ou que o Casanova imponente que nos fita, silencioso, na Ponte Degli Scalzi terá, realmente, a majestosa face que a sua austera máscara revela. Nos mascarados de Veneza impressiona a reclusão evidenciada no silêncio, na pose contida, na encenação de cada movimento, seja quando deambulam, exibindo-se, seja quando posam para os turistas ávidos de imagens para mais tarde recordarem. Sendo, por via da degradação e desertificação dos seus mais emblemáticos edifícios, a Veneza dos turistas já uma cidade cenográfica, não surpreenderia a institucionalização de uma permanente e gigantesca masquerade.
Friday, February 08, 2008
À la recherche
A ser verdadeiro o sms que Sarkozy teria enviado à sua ex-mulher, propondo-se não efectuar o casamento com a cantora caso Cécilia voltasse, imagino que não demorará a receber o troco da la Bruni. Conhecendo-se a apetência da pequena, era só uma questão de tempo, que a humilhação pública veio acelerar. Quem será o senhor que se segue? A parada vai alta.
Thursday, February 07, 2008
Hillary
Ainda continuo a pensar que a senhora de Clinton será a próxima presidente dos EUA, mas gosto cada vez menos de ver como usa o marido para passar a ideia de que haverá um segundo presidente, fingindo também uma fragilidade feminina que não tem, para conseguir a simpatia dos votantes. Começa mal, e a fazer fé no pouco sucesso que tiveram as suas iniciativas no tempo em que Bill lhe quis dar protagonismo, acabará pior.
Ainda os efeitos do terrível caso de Maddie McCann
Neste imbróglio em que a investigação portuguesa transformou o triste caso de Maddie McCann, só faltava mesmo o fatal remate das declarações tremendistas do Director da PJ. Não bastavam os meses de investigações estéreis e dos absurdos "estados de alma" , que os diferentes investigadores foram deixando escapar para a opinião pública; não era já suficiente o histerismo dos meios de comunicação e dos comentadores, os encartados e os desencantados, que passaram da santificação dos pobres pais à sua abominação e crucificação públicas; não estavam a inépcia e o amadorismo da nossa polícia já suficientemente expostos a nível mundial, era necessário vir o Director da PJ fazer um mea culpa público, dizendo que poderá ter havido precipitação na constituição como arguidos dos pais de Maddie e de Robert Murat . Se pensarmos que ainda há duas ou três semanas foi prolongado o prazo que lhes mantém a situação de arguidos, devemos concluir que o Director da PJ, ou passou recentemente a ouvir vozes do Além, ou tem gerido este processo com incoerência reprovável, ou, para aqueles que ainda acreditam numa teia de conspiração, se tornou permeável a pressões inconfessáveis. As surpreendentes declarações do seu Director colocam a PJ, internacionalmente, a par das mais folclóricas forças policiais do continente africano, mas, com o Presidente a não exigir responsabilidades neste escândalo, será mais uma das muitas vergonhas que passarão incólumes neste paraíso socrático, em que tristemente nos atolamos. O ministro, altaneiro, irá à AR, os deputados indignar-se-ão, o governo fará ouvidos de mercador, e, no fim, sentindo-se todos com a alma lavada e o dever cumprido, sacodem as mãos e, uma outra vez, no pasa nada. Uma vergonha!
Famílias de acolhimento*
Num país com um número relevante de abuso de menores, em que, infelizmente, a maioria dos casos é da responsabilidade dos familiares mais chegados, não parece sensato o governo querer livrar-se, no tempo breve, porque lhe é mais conveniente, do encargo com cerca de doze mil crianças institucionalizadas, entregando-as a famílias de acolhimento. Não apenas o prazo de um ano é curtíssimo para que a selecção das ditas famílias de acolhimento seja rigorosamente criteriosa e de uma exigência blindada a qualquer tipo de erros de apreciação, como não estão montadas, nem estarão, nesse prazo, todas as estruturas que seriam necessárias para um eficaz acompanhamento e uma rigorosa e sistemática fiscalização, elementos essenciais ao sucesso de um processo desta dimensão social. Uma vez mais, o que o governo quer fazer vender como uma boa medida mais não é do que a resolução ligeira e precipitada de uma situação que incomoda todos nós, mas que requer, para a sua correcta resolução, determinação na acção, mas também ponderação, cautela, avaliação e, sobretudo, serenidade na decisão. Nada disto se faz com a pressa que o governo demonstra ter, a reboque dos seus interesses e compromissos eleitorais.
* ma non troppo
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