Num país com um número relevante de abuso de menores, em que, infelizmente, a maioria dos casos é da responsabilidade dos familiares mais chegados, não parece sensato o governo querer livrar-se, no tempo breve, porque lhe é mais conveniente, do encargo com cerca de doze mil crianças institucionalizadas, entregando-as a famílias de acolhimento. Não apenas o prazo de um ano é curtíssimo para que a selecção das ditas famílias de acolhimento seja rigorosamente criteriosa e de uma exigência blindada a qualquer tipo de erros de apreciação, como não estão montadas, nem estarão, nesse prazo, todas as estruturas que seriam necessárias para um eficaz acompanhamento e uma rigorosa e sistemática fiscalização, elementos essenciais ao sucesso de um processo desta dimensão social. Uma vez mais, o que o governo quer fazer vender como uma boa medida mais não é do que a resolução ligeira e precipitada de uma situação que incomoda todos nós, mas que requer, para a sua correcta resolução, determinação na acção, mas também ponderação, cautela, avaliação e, sobretudo, serenidade na decisão. Nada disto se faz com a pressa que o governo demonstra ter, a reboque dos seus interesses e compromissos eleitorais.
* ma non troppo
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