Neste imbróglio em que a investigação portuguesa transformou o triste caso de Maddie McCann, só faltava mesmo o fatal remate das declarações tremendistas do Director da PJ. Não bastavam os meses de investigações estéreis e dos absurdos "estados de alma" , que os diferentes investigadores foram deixando escapar para a opinião pública; não era já suficiente o histerismo dos meios de comunicação e dos comentadores, os encartados e os desencantados, que passaram da santificação dos pobres pais à sua abominação e crucificação públicas; não estavam a inépcia e o amadorismo da nossa polícia já suficientemente expostos a nível mundial, era necessário vir o Director da PJ fazer um mea culpa público, dizendo que poderá ter havido precipitação na constituição como arguidos dos pais de Maddie e de Robert Murat . Se pensarmos que ainda há duas ou três semanas foi prolongado o prazo que lhes mantém a situação de arguidos, devemos concluir que o Director da PJ, ou passou recentemente a ouvir vozes do Além, ou tem gerido este processo com incoerência reprovável, ou, para aqueles que ainda acreditam numa teia de conspiração, se tornou permeável a pressões inconfessáveis. As surpreendentes declarações do seu Director colocam a PJ, internacionalmente, a par das mais folclóricas forças policiais do continente africano, mas, com o Presidente a não exigir responsabilidades neste escândalo, será mais uma das muitas vergonhas que passarão incólumes neste paraíso socrático, em que tristemente nos atolamos. O ministro, altaneiro, irá à AR, os deputados indignar-se-ão, o governo fará ouvidos de mercador, e, no fim, sentindo-se todos com a alma lavada e o dever cumprido, sacodem as mãos e, uma outra vez, no pasa nada. Uma vergonha!
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