Sunday, January 29, 2006


"I know where my bones are buried
May take me a while, but I'd find my way home "
«The meeting of two personalities is like the contact of two chemical substances: if there is any reaction, both are transformed
Carl Jung

Thursday, January 26, 2006

Stèles


Il y a des juges souterrains. L'assemblée siège dans
la nuit pleine ; il faut traverser des roches que
les satellites fendent et tomber plus creux que
les puits.

Là, toute vie se double et retentit. Que l'Empereur,
guerrier malheureux ou mauvais prince, n'y
aventure point sa personne :

Le peuple des morts par sa faute militaire
l'étranglerait aussitôt.

Moi-même, régent maladroit, vivant timide, ne dois
sans risque y jeter mon souvenir :

Mes beaux désirs tués pour quelle trop juste cause,
-- soldats rancuniers et fantômes,
-- m'assailliraient aussitôt.

Victor Segalen

Olhem, se isto fosse com o Santana...!

Decididamente, Mário Soares e os faxes não "jogam".
Segundo o Expresso online, «José Sócrates poderá ter manipulado o voto de apoiantes de Soares para não haver uma segunda volta nas eleições presidenciais. A informação, retirada de um fax com o símbolo da Presidência do Conselho de Ministros, está a circular na Internet e já está a ser investigada pela Procuradoria-Geral da República. »
Alguém acredita que fosse possível? Nã, nunca, o Sócrates não fazia uma destas ao velhote. E escusam de afiar a má-língua, que o homem nem é a mulher de César, é só primeiro-ministro.

Monday, January 23, 2006

Animal feroz



A sobreposição de Sócrates ao discurso de Alegre não mereceria uma linha, ficando para a história como uma ressabiada falta de educação a que a menoridade dos órgãos de comunicação deu cobertura, não fosse o facto de o PS vir informar que não tinha havido percepção do abuso praticado, por parte do mais alto responsável do governo deste país. Sabendo qualquer um que isso é, materialmente, impossível, o gesto, e a sua explicação, só nos podem merecer o mais profundo desprezo. Desprezo que recai, por inteiro, no responsável - José Sócrates.

O crack deve admitir que errou em toda a linha nas suas previsões eleitorais, porque acreditou que o folclore soarista acabaria por ter acolhimento nos nossos brandos e preguiçosos costumes (Soares acreditou no mesmo) e porque duvidou que, na conjuntura, não se cedesse à tentação de produzir "efeitos especiais" (de maus pensamentos também está o inferno cheio!). Tirando uns almoços e jantares, a que a prosápia da convicção (?) deste bicharoco deu origem (com imenso prazer), nada de mais acontecerá e os senhores de ontem já foram hoje todos à sua vida. O importante é que, a 9 de Março, teremos em Belém um grande português, um Homem digno, sério e honrado, que será, como se comprometeu, o Presidente de todos nós. O resto? São cantigas...

Saturday, January 21, 2006

Friday, January 20, 2006

Eleições limpas, lembram-se?

(foto retirada do Blasfémias)
E agora, Mário?

Honi soit qui mal y pense

"Nunca me engano e raramente tenho dúvidas" - frase atribuída a Cavaco Silva - não serve de tema a este blog, mas também o crackdown não tem o desplante de se colocar em tão ilustre companhia.
Mas se não é este o caso, a convicção do desfecho do momento eleitoral de domingo, que sempre se teve por aqui, mesmo quando as sondagens cantavam outros amanhãs, poderá radicar apenas numa muar teimosia e numa inadequada apropriação de fenómenos ocorridos noutros tempos e outras paragens.
Malgré ça...
Se Bush, nos Estados Unidos, chegou a presidente tendo obtido menos votos do que Al Gore, que obtusa razão impedirá que ocorra em Portugal, na actual conjuntura, tão terceiro mundista prática? Nenhuma, que conduza a outra coisa que não sejam muitas linhas de prosa escandalizada, muitas horas de comentários televisivos, muita indignação sem consequências. No fim, no pasa nada, como se tornou habitual aqui por este pedacinho virado ao mar. O jogo vai alto, as estrelas teceram o aconchego necessário, e as coisas são o que são.
Explicada a ficha técnica do disparate, e o disparate é um direito a que por aqui se dá bastante e frequente uso, o crackdown não toma em consideração margens de erro e antecipa uma segunda volta entre Cavaco e Soares e vitória final deste.
É a vida, dirá o engenheiro.

Tuesday, January 17, 2006

Sócrates conhecia a estratégia?

Houve quem tivesse achado disparatada a importância dada por alguns ao facto de Soares ter transmitido um recado do governo aos trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo. Questão menor, disseram, e seria, de facto, se o que estivesse apenas em causa fosse uma intromissão do candidato Soares em área do governo. Acontece que o episódio lança luz sobre o que uma parte do PS e o governo têm feito, e estarão dispostos a fazer, para eleger Soares, e essa vulnerabilidade do governo ficou, de imediato, evidente para Sócrates, que teve de vir, pessoalmente, minimizar os danos. Para isso, foi forçado a afirmar que uma informação previlegiada, como a que Soares obteve, teria sido fornecida a qualquer outro candidato. Só não acontece ser desmascarado, porque os candidatos estão demasiado cansados nestes três últimos dias de campanha, para virem interpelar o governo e exigirem que o PM cumprisse a sua palavra.
Obervado "por dentro", conclui-se que o episódio foi, milimetricamente, estudado para passar para o eleitorado a mensagem que era preciso passar, muito rapida e eficazmente - a de que Soares está disposto a vigiar e a pressionar o governo, e a obter deste uma reverente obediência, em questões de vital importância. Num momento em que as sondagens já demonstraram que o eleitorado está apetente por um presidente mais interventivo, Soares tinha que alterar, abruptamente, a sua estratégia. Fê-lo, com danos, mas, entre o deve e o haver, poderá ter ganho pontos. As sondagens dos próximos dias poderão ajudar a perceber se o resultado obtido corresponde à temeridade do gesto.
Sócrates veio dar "rede" ao seu candidato, mas a forma como o fez indicia que não deve ter estado por dentro da jogada. A relação do governo com Belém, no caso de Soares vencer, parece cada vez mais problemática. E, nesse cenário, Sócrates ver-se-á a braços com um PS que obedece a outro.

Sócrates garantiu...


...sem se rir, que a informação fornecida pelo Ministro da Defesa a Mário Soares teria sido igualmente prestada a qualquer outro candidato, desde que este a tivesse pedido.

Os cestos, os ovos e a galinha poedeira

Em visita aos estaleiros de Viana do Castelo, Soares transmitiu aos trabalhadores que os estaleiros não serão privatizados, de acordo com garantia dada pelo ministro da Defesa, que lhe tinha telefonado, expressamente, da China a informá-lo desta resolução do governo, a tempo do ex-presidente poder enfeitar a sua caça ao voto.
Num país de brandos costumes, mesmo no meio de uma dura campanha eleitoral, acontece o inacreditável - Alegre resolveu a questão chamando a Soares o «porta-voz do governo»; da reacção dos outros candidatos nada se sabe; a imprensa, a mesma de que Soares tanto se tem queixado, está distraída, talvez a ver se há por aí um bolo rei em que o candidato que lidera as sondagens ferre os dentes, ou um morto ilustre cuja memória o candidato que divide o PS com Soares resolva homenagear.
Este é um exemplo do que se passará nos bastidores da candidatura de Soares e que não transparece para o público; mas este episódio legitima a conclusão de que o governo está a usar todos os meios ao seu alcance, e apenas ao SEU alcance, para beneficiar o candidato que apoia, em detrimento de todos os outros. Até onde está o governo a levar este procedimento? Onde parará? Com fundamento neste elucidativo episódio, todas as suspeitas são legítimas.
Estes senhores andam todos distraídos? Talvez não, mas, entretanto, estes não deixam de atacar com tudo e mais alguma coisa.
Quem não se distraiu foi o João Miranda, que, sobre o assunto, conclui:
«1. Mário Soares continua a defender as ideias erradas para a economia portuguesa;
2. Mário Soares continua a mandar no PS;
3. As empresas públicas continuam a servir o propósito para que foram criadas: ganhar votos.»
Nem mais.
«Está na natureza da traição que ela mude não só o presente, mas vá atrás com as suas mãos sujas e mude o passado.»
Hillary Mantel
«Sentirmo-nos inúteis ainda é pior do que nos sentirmos culpados»
Charles Ramuz

Monday, January 16, 2006

Zeca, afinal não é o povo quem mais ordena!*

Foi preciso passarem mais de 30 anos sobre o 25 de Abril, para perceber que a Grândola, quando "nasceu", não foi para todos!
* onde é que estava eu no 25 de Abril?

De más intenções estão as campanhas cheias!

Há quem ache o apoio de Sócrates a Soares um apoio coxo.

Sunday, January 15, 2006

Irrelevâncias (II)

Continuam os super marionettes no seu delírio: «Mário Soares tem mais de oitenta anos? Dizem-me que sim, embora isso não se note no raciocínio. Gaffes, felizmente, sempre as cometeu, e isso só mostra a sua saudável dificuldade em fixar pormenores chatos como nomes e datas. São um saudoso alívio do cinzentismo da política»
VOLTA, SANTANA, que estás perdoado!

Irrelevâncias (I)

Os super marionettes estão "de morte". Primeiro, era necessário ter respondido à Visão sobre a fita que lhe puxa a lágrima, ou o prato que lhe enche as medidas, para se apurar da "densidade" do candidato presidencial. Agora, ficámos a saber que, como Cavaco não costuma beber vinhos, não reúne a condição suficiente para se qualificar para o cargo ao qual se candidata.
Como eles não se decidem sobre qual o melhor perfil para presidente, se o "conde" de Castelo Branco ou o Pingas da tasca da Mariquinhas, o melhor é votar no Santana, que, para o caso, funciona 2 em 1!

Saturday, January 14, 2006

Conversa de travesseiro

Com isto, ficamos a saber que Sócrates tem sentido de humor!
Post Scriptum - Nãndinha, quando é que deixa de pedir dicas ao namorado? Que ele é brilhante já calculávamos, dado o "amor" que os une.

Friday, January 13, 2006

Antologia

Canção do Verdadeiro Abandono

Podem todos rir de mim,
podem correr-me à pedrada,
podem espreitar-me à janela
e ter a porta fechada.

Com palavras de ilusão
não me convence ninguém.
Tudo o que guardo na mão
não tem vislumbres de além.

Não sou irmã das estrelas,
nem das pombas nem dos astros.
Tenho uma dor consciente
de bicho que sofre as pedras
e se desloca de rastos.

Natércia Freire

A patch of blue


Monroe as Harlow

Tentáculos (II)*

A embrulhada das escutas telefónicas surge demasiado a propósito, para poder ser o que se quer fazer crer.
Porquê agora? A quem serve esta bomba política?
* ou de como a verdade se molda aos objectivos imediatos

Tentáculos*

«OS MINISTROS do Ambiente e da Economia aprovaram uma resolução de Reconhecimento de Interesse Público (RIT) dos empreendimentos turísticos CostaTerra e Pinheirinhos, localizados em Rede Natura, no concelho de Grândola. A associação Ambientalista Quercus considera que este «é um precedente perigoso» e que «revela incoerência face à revogação feita pelo Governo de uma intenção idêntica no caso Portocale», e vai avançar com uma queixa em Bruxelas. (...) O primeiro-ministro José Sócrates, e os ministros Nunes Correia e Manuel Pinho estarão presentes na cerimónia de apresentação dos empreendimentos, na segunda-feira, em Melides
* ou de como só é crime quando são outros os protagonistas

Thursday, January 12, 2006

Os requisitos para poder ser Presidente da República*

Os bonzos da superioridade intelectual costumam criticar as "estrelas" do nosso jet set por exibirem pelas revistas do social a sua intimidade e opiniões, censurando-os, sem piedade, por se porem a jeito para abusos de falsas notícias e interpretações.
A Visão lançou um inquérito aos candidatos presidenciais em que, ao melhor estilo das Marias e Lux's, os submete a perguntas sobre «temas tão variados como a ideia de felicidade (e de miséria), o hobby de eleição, o filme da sua vida, o choro a ver um filme, o quadro que mais o sensibiliza, o livro preferido, o lema de vida, a clonagem de órgãos para fins terapêuticos, a loucura que faria com o Euromilhões, o prato que lhe enche as medidas, etc..». Se não me espanta que a Visão tenha cedido a este populismo (para evitar chamar-lhe outra coisa), espanta-me (por vir de quem vem, apesar do "sítio" de onde vem) que alguém, sem se desmanchar a rir, possa achar que estas perguntas servirão para «avaliar a "densidade" dos candidatos. E a sua seriedade Obviamente, Cavaco não respondeu.
Francamente, António, a "ave" já lhe pegou o vírus?
*De acordo com Joana Amaral Dias, mandatária de Soares para a juventude.

«já nos esquecemos do extraordinário descrédito do sistema político entre 1976 e 1987»*

A propósito do modelo político do cavaquismo, que Soares tanto se esforça em recordar-nos, o *Luciano Amaral vem lembrar-nos que: «Hoje em dia, pouca gente se lembra do ambiente político português antes da sua primeira maioria absoluta, obtida em 1987. E se pouca gente se lembra, deve-se isso sobretudo a Cavaco. De facto, já nos esquecemos do extraordinário descrédito do sistema político entre 1976 e 1987. Governos que duravam entre dois anos e alguns meses, coligações espúrias e frágeis, conflitos permanentes entre os diversos órgãos de soberania eram o nosso pão quotidiano. Já poucos se recordam da sensação de crise perpétua, senão mesmo de inviabilidade, que então se tinha da nossa democracia. Foram as duas maiorias absolutas de Cavaco que acabaram com essa sensação
E *Luciano Amaral prossegue, explicando as razões que levam, hoje como ontem, Soares a este desespero vingativo: «...se Soares saiu das suas presidências com a imagem de Pai da Pátria, por todos aclamado, deve-o às maiorias de Cavaco. Estas maiorias serviram para disciplinar os seus piores instintos manobristas e arbitrários. Soares preparou-se para ir para a Presidência para pôr e dispor. Mas aconteceram então as duas maiorias absolutas, que ninguém previu e que o tolheram. As maiorias absolutas de Cavaco viabilizaram a nossa democracia quando muita gente começava a duvidar da sua governabilidade. Elas devolveram ao exercício dos poderes legislativo e executivo uma dignidade que sempre andou extraviada desde a fundação do regime. Tal como a conhecemos hoje, a democracia portuguesa é, portanto, em grande medida a democracia de Cavaco

Sócrates não tem vergonha na cara?*

Uma das bandeiras agitadas por Soares contra Cavaco é da conflitualidade que, na sua opinião, não deixará de existir entre Belém e São Bento com a eleição do antigo Primeiro-Ministro. No entanto, se até hoje não temos encontrado evidências de que existam pontos de discordância bastantes para que essa imaginada conflitualidade se instale com Cavaco em Belém, o mesmo não podemos dizer da mais do que previsível sobreposição dos interesses do PS soarista ao governo, caso Soares consiga o seu terceiro mandato. Se não bastasse a teia de interesses que sabemos levaram Soares a impor a Sócrates a sua candidatura, bastava ver a forma como Soares tem vindo a demarcar-se da acção do governo, exactamente em relação a medidas em que este mais precisaria da solidariedade daquele que se propõe ocupar a Presidência da República, por serem necessárias para enfrentar a profunda crise em que o país se encontra mergulhado.
Da deserção de Soares, dá conta o Público, nas notícias da campanha: «Com o auditório do Centro de Congressos de Aveiro lotado, o ex-Presidente da República galvanizou a plateia em vários momentos, não só quando atacou o modelo político do cavaquismo, mas também quando se demarcou da forma como o Governo socialista executa algumas das reformas.»
Votar Soares é votar, uma vez mais, num país adiado.
* Sócrates prepara-se para aparecer ao lado de Soares, a apoiar a sua candidatura.

Wednesday, January 11, 2006

«A campanha de Soares é um autêntico catálogo de promoção da Lei de Murphy»*

* Diz Nuno Sampaio, no DE, onde faz esta radiografia da campanha de Soares:
«E que dizer da estratégia e da campanha de Mário Soares? Um verdadeiro desastre. A começar pela própria decisão de se candidatar, até aos ataques à Comunicação Social, Soares não acerta uma. Tudo começou no dia em que um ex-presidente da República decidiu abandonar o cómodo posto de “senador” para aceitar ser a quarta escolha do seu partido para se recandidatar ao lugar onde já tinha sido feliz. Estava escrito que não podia dar certo. Mas Soares deu uma ajuda. Ou melhor, várias. Apresentou-se, no final de uma tarde de Agosto, já como o candidato perdedor. Aquele que vai a jogo só para não perder por falta de comparência. Amarrado à imagem de um aparelho partidário, ainda para mais dividido. Proclamando aos quatro ventos que se candidata para que a campanha não fosse apenas como um passeio na Avenida da Liberdade para Cavaco Silva. Suicidário. (...) Não fosse Mário Soares o político português mais benevolentemente tratado pela Comunicação Social e a esta hora a máquina trituradora dos noticiários televisivos estaria preenchida pela repetição de uma apreciável colecção de episódios caricatos. »

Tuesday, January 10, 2006

Mais debates, mais debates...

Tudo isto é triste

Voltando à idade de Soares, os "pinotes" que o obrigam a fazer, para demonstrar uma vitalidade superior à que efectivamente tem, são tristes de se ver. Para enganar o consumidor, "vende-se" um Soares empoleirado em bancos de rua, a subir montes e a descer valados, em comezainas assassinas para o seu metabolismo, a dançar nos arraiais improvisados para o "boneco". Depois, queixam-se de imagens pouco simpáticas para o candidato, como esta, que mais parece a reportagem de um dia de festa no lar dos velhinhos. Se o que querem é vender um candidato fogoso, ao menos, podiam-no ter posto a dançar com a Joana Amaral Dias.

Soares acusa supremo desgaste

Se os mecanismos próprios de uma campanha eleitoral não obrigassem a um conjunto assinalável de medidas para esconder os efeitos devastadores que o esforço está a provocar em Soares, bastava deitar um olhar atento a estas duas fotografias: a de baixo, antes de ele se lançar nesta batalha eleitoral, é típica de um homem de 80 anos, algo ausente e pesado, mas ainda operacional; a de cima, de há poucos dias, revela um velhinho estafado e desiludido. A verdade é que ninguém quer falar na idade do candidato-avô, mas ela pesa, o desespero de um inesperado fracasso da campanha também, e a perspectiva de uma eventual derrota nas urnas é mais do que o irrascível Soares pode admitir. Talvez por estar tão alquebrado (a expressão é de Maria Barroso e ela sabe bem do que fala), os estrategas de campanha o tenham calado para o contacto directo com a comunicação social. Foi uma sábia decisão, para quem quer"vender" um presidente sabonete. Neste caso, não há DECO que nos valha, dependemos da sagacidade dos consumidores, para não virmos a ficar com uma mão cheia de espuma e outra de coisa nenhuma.

Sunday, January 08, 2006

Vichysoisse (II)

Marcelo sugere, abertamente, remodelação da ministra da cultura. Thin ice, para mau esquiador!

Vichysoisse (I)

Marcelo diz na sua "missa" dominical que o eleitorado de Cavaco está estabilizado. Incentivo à abstenção?

Sexo adolescente

Sexo nas nossas escolas, entre crianças, com menos de 14 anos. Para quando a denúncia?

B&B?*



* Bonito e Brilhante ? ou de como o "amor" inventa pretextos...

«Para cada mal há um pior»*

Segundo o DN, membros da comitiva de Soares desvalorizam a sondagem da Universidade Católica, por Cavaco ser lá professor! A partir de hoje, já sabemos o que valem as sondagens da Eurosondagem!
E anda o Pedro Magalhães a gastar o seu rico tempo e talento a encontrar as Margens de Erro!
* Thomas Hardy

Saturday, January 07, 2006

Tanto barulho para nada

Portugal é, na Europa (só?) a que se orgulha de pertencer, o país com mais casos de abusos de menores. Todos nos temos horrorizado com mortes como a da pequena Joana, e violações como a da bébé Fátima Letícia, passando por milhares de casos que não atingem as primeiras páginas dos jornais, mas que vamos conhecendo porque nos são vizinhos. Em todos os casos mais graves, que aconteceram só no último ano, as mortes violentas de menores pareciam poder ter sido evitadas, se as Comissões de Protecção de Menores em risco tivessem actuado correctamente. Inexplicavelmente, os meninos mortos enterraram-se e, com eles, a averiguação da responsabilidade daqueles que tinham o dever de ter agido para os proteger. Até ao horror da violação da bébé de Viseu, violência de tal modo montruosa que levou o governo a instaurar um inquérito. O relatório está aí e é devastador, no sentido em que aponta, sem filtro protector, o dedo aos culpados. Aquilo para que muitos, incluindo este blog, há muito alertavam - o mau funcionamento e a actuação negligente, e impune, das Comissões de Protecção de Menores - ficou, finalmente, provado e evidente para todos.
Ora, quando começamos a respirar de alívio, porque estando detectada a disfunção e a origem da mesma, se presume a sua imediata correcção, eis que o discurso das entidades oficiais, dos responsáveis de quem esperávamos actuação célere e adequada, é o da desculpabilização, da desresponsabilização, do faz de conta, da acomodação temerosa.
Confesso, tive vergonha de ler, no DN, que «O presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens, Armando Leandro, já disse recear que eventuais penalizações disciplinares - ou outras - aplicadas sobre os técnicos de Viseu levem a que "ninguém queira integrar estas comissões". » e ainda mais vergonha tive ao ler as promessas vagas e as desculpas toscas, no Público, do ministro do Trabalho e Solidariedade Social, Vieira da Silva, que «prometeu hoje melhorar as condições de trabalho das comissões de protecção de menores e apelou à "serenidade" no tratamento do assunto. O governante disse que aquelas comissões recebem mais de três mil casos por ano
Não percebem o Ministro e o presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens que não é eximindo-se à sua própria responsabilidade de actuar de imediato, que não é com paninhos quentes sobre a responsabilidade de quem integra estas estruturas, que não é sucumbindo ao medo de ver a deserção dos técnicos que trabalham nas comissões que resolvem esta questão? A atitude destes responsáveis faz temer o pior, quer sobre a rápida reorganização destas estruturas, quer sobre o grau de exigência que se vai aplicar a estes profissionais. Fosse este um país a sério, e estes senhores iriam, de imediato, fazer outra coisa, que para o serviço público não servem.
José Pacheco Pereira
Diz Mário Soares que, «Se não houver a inteligência de votar bem [nas eleições presidenciais] , caminhamos a prazo para um desastre do país», e prossegue prevenindo o país para o perigo da «instabilidade social, política e institucional», que a eleição de Cavaco representa.
Diagnóstico: o candidato evidencia sindroma de sondagenite aguda, com reacção laica de natureza alérgica.

As sondagens valem o que valem*

(foto do Expresso)
* Mário Alberto Nobre Lopes Soares

O que tem que ser dito

CAUTION!
Tenho cá para mim, e agora convosco partilho, que a cáfila socialista está com medo, com muito medo. A absoluta vontade de controlar o Estado, todo o Estado, pode ser prejudicada com a vitória da Cavaco Silva. Não obstante a interpretação que se faz dos poderes presidenciais, a verdade é que o cargo de Presidente da República está recheado de informações. Cavaco Silva, ou outro que não do Partido Socialista, seria um enorme empecilho ao saque que está em curso.Quando oiço Jorge Coelho exigir que Cavaco publique a identidade dos seus financiadores ou dizer, em tom de ameaça, no programa Quadratura do Círculo, que Cavaco está relacionado com o processo Eurominas, percebo que Coelho tem muito a perder com a vitória de Cavaco. Tem a perder o sossego e a bonança.É desta forma que eu equaciono, pela primeira vez, votar em Cavaco Silva. Não consigo conceber que os socialistas, ou estes socialistas que não representam todo o Partido Socialista (também feito por pessoas sérias), tomem o poder sem controlo e possam usar e abusar do Estado, sem que nada nem ninguém lhes possa fazer frente. A estabilidade que Soares clama, ou Coelho, é a estabilidade para um caminho de poder totalitário.Acho que Cavaco Silva, enquanto governante, fez escolhas erradas que não prepararam Portugal para o futuro. Acho também, que não tem perfil para Presidente da República (mas nenhum teve na era democrática). Ainda assim, ainda que Cavaco não me encha as medidas (nem na metade), começo a achar absolutamente fundamental a sua vitória à primeira volta.Agora é que as instituições democráticas estão em perigo.

Thursday, January 05, 2006

Presunção e água benta...

Com a imensa "lata" que o conforto de um blog como este dá, digo que poderia ter escrito quase tudo o que JPP escreveu no Público, e que hoje dá à estampa no seu Abrupto sobre as eleições presidenciais. Poderia, obviamente, no sentido da concordância com o que vejo escrito, que pô-lo em texto, com a subtil clarividência e o talento com que JPP o faz, não teria estado ao alcance de um crackdown. Se bem que já aqui se escrevinhou, quer sobre o esvaziamento da candidatura do poeta, quer sobre a convicção de que a eleição de Cavaco não é um dado tão adquirido como alguns voluntaristas querem fazer crer, quer sobre as manobras que os soaristas iriam usar, para desgastar o seu adversário.
Sobre isto, no Abrupto, pode ler-se que: «Todos estão convictos, a partir das sondagens, que Cavaco ganha quer na primeira volta, quer na segunda. Pode ser que sim, mas eu não estaria tão certo disso. Se Cavaco não ganhar na primeira volta, vários efeitos, difíceis de retratar hoje nas sondagens, poderão verificar-se e mudar muito o panorama das eleições presidenciais», e deixa-se uma claríssima antecipação do que está a ser preparado ao milímetro pelos estrategas de Soares: «O QUE É QUE PODE MUDAR OS DADOS QUE ESTÃO NO AR? Escândalos, reais ou inventados, acusações graves, incidentes ou inconveniências graves dos candidatos diante das câmaras de televisão. Só isso
Vejo, sem grande surpresa, que JPP está tão céptico relativamente a uma vitória de Cavaco quanto o crackdown, ou não diria que: «não custa perceber que se houver segunda volta, ela será entre Soares e Cavaco. Ora, uma passagem de Soares à segunda volta coloca-o à partida na exacta posição contrária à que tem agora: hoje, é o perdedor, face a Cavaco, o ganhador. Se conseguir, contra todas as expectativas, passar à segunda volta, entrará nas eleições como vencedor. Terá consigo um ambiente de grande mobilização, que arrastará votos de todos os outros candidatos à esquerda, contrastando com as dúvidas e a quebra de mobilização na candidatura de Cavaco, onde há um convencimento generalizado de que a vitória será já na primeira volta. A imprevisibilidade aumentará e com ela a credibilidade da candidatura Soares.»
Uma (pretensiosa) ressalva: o final do artigo de JPP, ao preconizar que Soares sairá mal deste confronto eleitoral, tal como está escrito é um( in)compreensível exercício de equilibrismo, que, quanto a mim, só faria sentido se, explicitamente, levado às últimas consequências, como o faria um crackdown - «esta campanha eleitoral é o fim da carreira política de Mário Soares com uma dimensão de inevitabilidade que nenhum sonoro (e falso) "basta" teria capacidade para dar», sobretudo se for eleito como PR. E, nesse caso, nem o «o seu perfil de político compulsivo, de "animal político"» o fará ganhar « uma luz mais humana, mais apaziguada e compreensiva», que lhe permita grangear um perfil mais digno para passar à história.
Mas, o crackdown não é o Abrupto, felizmente para nós, Abruptos Anónimos.

As famílias que paguem a crise

O Ministro da Economia decidiu honrar o resto do título que ostenta e à Inovação dar o ar da sua graça - liberaliza (sobe, sobe!) o preço da electricidade doméstica e limita o preço para a indústria.

Há males que vêm por bem


Sócrates é, inquestionavelmente, um homem de sorte.
Para esquecer a crise e o aperto de cinto (dos outros), fez férias de neve numa estância luxuosa, na Suíça, e, com um par de muletas, livrou-se de andar atrás de Soares em campanha. Se este ganhar, quem poderá acusá-lo de falta de comparência?

Vale tudo (II)

O "arrebenta" de serviço, Jorge Coelho, veio ontem agitar os papões predilectos de Soares e Cª perante uma eventual eleição de Cavaco - a mais do que certa sobreposição e entrave à acção do governo, a instabilidade por isso gerada, a "perigosa" ocultação dos apoios do antigo primeiro-ministro.
Nada disto é novidade, a verve de Coelho também não. O que talvez pudesse surpreender é saber que Paulo Pedroso foi convidado de honra do candidato Soares, no jantar de campanha em que o país foi alertado para tamanhos perigos. E daí, pensando bem, talvez não!

Wednesday, January 04, 2006

«Small opportunities are often the beginning of great enterprises»*

Segundo o Público informa hoje, Soares jantou ontem com um grupo de mulheres em destaque na sociedade portuguesa. É bonito e fica sempre bem numa campanha, embora não faça esquecer o profundo desprezo que se sabe ter Soares pelas mulheres, as donas de casa, como ele no seu íntimo as considera, "segredo" que a Europa toda ficou a conhecer através do mau perder do nosso "democrático" avô da Pátria no tristemente célebre episódio de Nicole Fontaine.
Mas nem só pelas tristes recordações ficou o jantar de ontem assinalado, sobretudo para o casal Soares.
A fotografia do Público, que ilustra a notícia do evento, mostra o idoso candidato ladeado pela esposa, Drª Maria Barroso, e pela Ministra da Educação, dando assim Soares prova do seu sempre activo sentido da oportunidade - a esposa não deve ter deixado de manter uma profícua troca de impressões com a ministra sobre particularidades do seu Colégio Moderno e sobre o Ensino Particular, em geral. Uma audiência destas com o ministro da tutela calha sempre bem ...
* Demóstenes

2 e 2 às vezes são 4

É, ou não é verdade, que deve haver um mínimo de sintonia entre um grupo de pessoas que mantém um blog conjunto?
É, ou não é verdade, que no Glória Fácil escreve uma jornalista que os meios de comunicação social declararam (houve desmentido?) namorada do Primeiro-ministro?
Como no Glória Fácil, um dos parceiros de blog da dita jornalista, JPH, escreve uma excelente entrada sobre mais um precedente grave de Sampaio, no qual começa por dizer que:«agora os ministros são os interlocutores do Presidente da República? Eu pensava que era o primeiro-ministro. Mas pelos vistos não tem que ser. Pode ser um ministro. Um dia, na ausência ou indisponibilidade de um ministro, que venha um secretário de Estado. E, na falta deste, um director-geral. E por aí adiante. », concluindo com este avisado conselho:«Não se queixem um dia os candidatos derrotados se (por exemplo) Cavaco Silva, eleito PR, começar a convocar a Belém ministros atrás de ministros, por tudo e mais alguma coisa, passando ao lado (ou por cima) do primeiro-ministro.», não parece mal perguntar:
- Houve uma dica "indirecta" de Sócrates a JPH para mandar uns recadinhos ao actual e ao futuro inquilino de Belém?
Se houve, pelo menos ficamos a saber o que ele pensa sobre as possibilidades de Soares ser eleito...

Tuesday, January 03, 2006

Em que ficamos?

Soares "ferveu" com a apatia do governo face à celebérrima proposta de Cavaco.
Contudo, da proximidade do governo só quer o filet mignon, que a carne do pescoço cospe Soares para bem longe: «Há algum eleitorado do PS descontente com as medidas duras, mas é preciso que esses eleitores percebam que uma coisa é o Governo e outra é o Presidente da República».
Isto já vai neste pé, e ainda ele não chegou a Belém!

Ameaça

Na sua cruzada contra os moinhos de vento de uma comunicação social que vê hostil, Mário Soares assesta baterias contra a SIC e ameaça: «A SIC não está a ser isenta e vai perder bastante, porque é a menos isenta de todas as televisões».
Isto está bonito, está!

A ler

«Os eleitores sabem que o perfil ideológico de Cavaco Silva não corresponde às direitas tradicionais. Cavaco sempre teve um posicionamento centrista e nunca radical. Os eleitores compreendem que a principal característica de Cavaco Silva é o seu pragmatismo. Ele não quer resolver problemas com palavras, mas com actos. Os eleitores acreditam que Cavaco trabalhará lealmente com qualquer governo e, desde logo, com o actual. É o que ele sempre disse e não deixará de cumprir. Os eleitores percebem que Cavaco é, até pelo seu temperamento, um homem independente e que não aceitará nunca ser o testa de ferro para as ambições de poder dos partidos da direita. Não será fácil manipulá-lo. » João Cardoso Rosas, professor universitário e apoiante de Cavaco Silva, no DE.

Albarda-se o burro...

Sampaio entendeu pedir esclarecimentos sobre o novo modelo de governação da EDP, devendo receber o ministro da economia, para esse efeito. Com a escaldante discussão das temíveis consequências de uma tenebrosa intromissão presidencial na esfera do governo, lançadas para o ar a propósito da candidatura de Cavaco Silva, e, pela mão de Soares, alimentadas e elevadas a tentativa de golpe constitucional com a proposta daquele candidato de uma secretaria de estado para acompanhar o investimento estrangeiro em Portugal, eis que o PR em funções se atreve a pedir explicações ao governo!
E o que acontece? O que gritam agora as virgens ofendidas do pseudo golpe cavaquista? Soares recusa-se a comentar a actuação de Sampaio, preferindo pronunciar-se «em abstracto» (?!); Louçã vai legitimando a acção do actual inquilino de Belém, à conta da importância estratégica da matéria em causa; Jerónimo vai mais longe a apela a Sampaio para pôr ordem no «laxismo» do governo; e Cavaco? deveria estar a zurzir no cinismo/oportunismo/falta de coluna vertebral dos seus oponentes, mas parece que se terá limitado a dizer que partilha as preocupações de Sampaio. Pode ser muito cristão, mas será que rende votos?

Monday, January 02, 2006

Ano negro na educação

No seu estilo peculiar, Santana Castilho faz hoje, no Público, o balanço da actuação do governo em matéria de educação, no que considera ter sido o ano mais negro que tem "na memória recente", recheado de episódios em que ficaram patentes «a ausência de estratégia, as frequentes incoerências, a falta de clarividência política e até de simples senso comum».
Diz ele, e já aqui se chamou, também, a atenção para o mesmo, que «O que seria relevante está parado, melhor dizendo, nunca mexeu. Nada vai além de uma medíocre gestão corrente e de uma overdose bruta de alterações, bem diferentes dos desejáveis desenvolvimento e progresso».
Em sete pontos demolidores, pela sua crua objectividade, Santana Castilho passa em revista os erros, confusões, recuos e omissões a que o governo deu origem no âmbito de aspectos tão cruciais para o bom funcionamento das escolas como são a colocação de professores, os prolongamentos de horário, as faltas dos docentes, os manuais escolares, os exames, passando pela desastrada proibição dos crucifixos e pela controversa educação sexual, para concluir com uma evidência, com a qual é quase impossível não estar de acordo: «Esta equipa não entendeu que nada se institui de moca em riste. As mudanças só valem a pena quando gerarem melhorias e quando conquistarem quem tem que as executar. A ideia de que os despachos mudam os comportamentos é uma ideia arrogante de quem não sabe como se gerem pessoas.»
Parece que se surpreende a senhora ME por saber estarem os textos de Santana Castilho pespegados, bem em evidência, em quase todas as salas de professores. Claro que lhes pode fazer como fez com os crucifixos, mas talvez chegue aquela conversinha mole dos seus assessores a alguns responsáveis pelas escolas, para os ditos textos desaparecerem, como por encanto.

Profecias, vaticínios e "macumbas"

«O melhor que podemos esperar neste início de um novo ano é que o Governo deixe de ser um obstáculo à iniciativa empresarial e à dinâmica da iniciativa privada, competitiva e orientada para o exterior. » António Borges, no Diário Económico
«Parafraseando Churchill, em termos económicos, só podemos esperar de 2006 suor e lágrimas. Sangue, felizmente não está no horizonteJoão Ferreira do Amaral, Jornal de Negócios
«As presidenciais vão ser um chapéu que protegerá Portugal de muitas dúvidas existenciais durante Janeiro. Mas, depois, as questões surgirão como uma bola de neve. Porque tudo se resolve com soluções provisórias, com obras de fachada para entreter quem está distraído durante toda a vida.» Fernando Sobral, Jornal de Negócios
«Pedro Namora, Felícia Cabrita e Manuela Moura Guedes são três personalidades que sempre defenderam as vítimas de abusos sexuais da Casa Pia. Três anos depois do escândalo ter sido tornado público, Pedro Namora foi despedido da Câmara Municipal de Odivelas (coordenava o gabinete de Turismo), Felícia Cabrita teve de deixar o ‘Diário de Notícias’ (trabalhava na revista ‘Grande Reportagem’) e Moura Guedes abandonou a apresentação do ‘Jornal Nacional’, da TVI.» Correio da Manhã
«Por fim, 2006 deve ser também o ano de teste final do Governo e da maioria. Suspeitam, muitos, que lá para o final do ano já ninguém os pode ver à frente nem "mortos", tal será a nossa "vida de cão".» Luís Delgado, Diário de Notícias

Recado

O crackdown incomodou alguém.
Afinal, parece que não é tão insignificante como eu pensava!

Mau gosto é...

...escrever isto.
Porque é injusto, porque é elitista, porque é pretensioso, porque, numa palavra, é snob.
É para os portugueses que pensam assim que Soares fala. É este Portugal de pequeninos que o merece.

Sunday, January 01, 2006

De boas intenções...



Mais do que a lastimável performance de Soares face a Cavaco Silva, no tal debate, da pré-campanha em 2005 retive, como imagem paradigma, o tom crispadíssimo (ver foto) do candidato apoiado pelo governo, a exigir mais debates, a propósito da existência na corrida de Garcia Pereira. Independentemente do fundamento que, nesta fase do processo, só com algum contorcionismo se poderia encontrar para a proposta, o que ficou foi a crispação e zanga, o gesto puerilmente enfático e ansioso, o ridículo de ver alguém, cujo passado deveria valer por si próprio, a servir-se de expedientes de usura, para ganhar a oportunidade de fazer aquilo em que se julga o melhor dos candidatos. Que nem é, porque Louçã bate-o nesse registo, só que é carta fora deste baralho.

Que, em 2006, um candidato ao mais alto cargo do Estado considere a sua mais-valia para tão nobres funções o levar a palma no bate-boca gratuito (onde estão as grandes questões presidenciais no seu discurso?), confuso (quem confunde o Presidente do CDS com um deputado socialista, confunde tudo o resto) e rasteiro (a insidiosa referência às confidências dos lideres europeus é só um pequeno exemplo), é triste. E só não é dramático, porque o regime lhe permite passar por Belém a viajar, a dormir e a tratar da vidinha. Como, diga-se em abono da verdade, fez nos dois mandatos anteriores, e a casa não veio abaixo.

2006!



O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...

Miguel Torga