Neste triste acontecimento, o que espanta não é o rapto, infelizmente. Porque há centenas de crianças que desaparecem todos os dias, por esse mundo fora, num quase silêncio, perante o nosso impotente horror. O que se estranha é a repercussão desta tragédia, quase diríamos que tragicamente comum, e a mobilização de meios informativos, à escala global, que os pais, aparentemente do seu pacato reduto de férias algarvio, conseguiram trazer para a sua causa. Se pensarmos no pouco tempo em que os McCann conseguiram uma recepção no Vaticano, ou nos milhões que angariaram para prémio pelo encontro da menina, para já não se referir a paragem da vida profissional do casal, com a perspectiva de um périplo demorado pelo mundo, tudo espanta, neste caso. Quem está por trás desta gigantesca, e extraordinariamente bem conduzida, campanha? Porquê? Até quando? Até onde?
Não que a linda Maddie, como todas as outras crianças que desaparecem, e as suas infelizes famílias, não mereçam tal dimensão do esforço, dos meios, dos recursos, da solidariedade. Mas que espanta, porque não é usual, isso espanta.
Contudo, a Maddie ainda não apareceu. E depois dela, tudo será igual, para todos os outros?
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