É impossível desligarmo-nos do drama da pequena Maddie, explorado à exaustão por uns media divididos entre a ganância das audiências e o sentimentalismo dos seus profissionais. De tão saturados, e doridos, quase lamentamos que a infeliz criança não seja uma das milhares de outras crianças anónimas, que somem todos os dias, em todo o mundo, sem que a sua desgraça mereça contribuir para o nosso desconforto. Ao sofrermos por Maddie, somos forçados a recordar essas outras vítimas, que os media ignoram, como se o drama delas fosse inevitável, e, por isso, não mereça mais do que um número, numa qualquer estatística.
Triste mundo, este nosso, em que as crias do homem têm tão pouca importância. Da generalizada, e acomodada, liberalização do aborto, à violência física, mental e sexual exercida pelas famílias sobre as suas crianças; do tráfico e escravidão sexual de menores, ao seu rapto e morte para colheita de órgãos; da utilização das crianças como soldados, a outras formas "menores" de abusos, como a pornografia, a pedofilia e a exploração do trabalho infantil, cresce, incontroladamente, a ameaça à vida e segurança das nossas crianças. Ameaça a que assistimos todos, condoídos e compassivos, mas indiferentemente conformados. E, se os media continuarem a banalizar estes casos, forçando a nossa habituação aos limites do terror progressivamente mais hediondo, pouco mais restará, entre as inocentes vítimas e os seus abusadores, do que o Olhar misericordioso de Deus e, talvez, os cheques que Oprah Winfrey paga a quem prender e punir esses criminosos.
2 comments:
Dolorosamente verdadeiro.
Sim, mas que pais saem para se divertir até às tantas deixando 3 putos sozinhos no quarto?
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