Wednesday, December 27, 2006

Antologia


O mais importante na vida
É ser-se criador – criar beleza.
Para isso,
É necessário pressenti-la
Aonde os nossos olhos não a virem.
Eu creio que sonhar o impossível
É como que ouvir uma voz de alguma coisa
Que pede existência e que nos chama de longe.
Sim, o mais importante na vida
É ser-se criador.
E para o impossível
Só devemos caminhar de olhos fechados
Como a fé e como o amor.
António Botto

4 comments:

Anonymous said...

Assim saibamos andar e construir o caminho...
Bom ano de 2007!



PROVERBIOS Y CANTARES - XXIX

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.

Antonio Machado

Lucinda Fialho

Anonymous said...

Quem dera saber cumprir assim a nossa missão aqui, não acha?

Fim de missão

À memória de Paul Éluard

Estudaste a bondade aprendeste a alegria
Iluminaste a noite com a estrela
E o desejo com a necessidade

Comunicativo bom inteligente
Soubeste sofrer sem destruir a vida
Sem chamar pela morte

Soubeste vencer o íntimo lazer
As absurdas manias que a solidão instala
No coração virado na cabeça perdida

Soubeste mostrar o mais secreto amor
Numa alegria feroz perfeita pública
Capaz de provocar o ódio e a ternura

Em todas as frentes que por ti passavam
Contra-atacaste repelindo o mal
Com pesadas perdas para o inimigo

E na miséria que subia aos rostos
Puseste a nu a resistência a esperança
E um futuro sorriso

Enquanto velhas feridas se fechavam
Tua poesia abriu-se e hoje é comum
E transparente como os olhos das crianças

Hoje é o pão o sangue e o direito à esperança
À esperança que é «um boi a lavrar um campo»
E que é «um facho a lavrar o olhar»

Andaste triste mas não foste a tristeza
Sofreste muito mas não foste a dor
Amaste imenso e eras o amor

Cantaste a beleza proferiste a verdade
Encontraste não uma mas a razão de ser
Compreendeste a palavra felicidade

E numa extrema juventude e sob o peso
Precioso da simplicidade
Tudo disseste

Disseste o que devias dizer.

Uma lição de poesia, uma lição de moral, Alexandre O'Neill

(Enviei este poema a Santana Castilho quando lhe roubaram o sonho que foi para ele a revista Pontos nos iis)Sei que há muitos dos leitores do seu blogue que não o topam...é natural.

crack said...

Cara Lucinda, trouxe um poema que também muito me agrada, pela mensagem de esperança que encerra. Um homem excepcional, o meu pai, ensinou-me a nunca me arrepender do caminho percorrido, dele apenas tirar lições e caminhar em frente, com mais sabedoria e mais coragem, de olhos fitos no futuro, nas "estelas en la mar".
Obrigada, um Bom Ano de 2007 para si.

crack said...

Ao comentador anónimo
Magnífico poema. Obrigado. Um bom ano de 2007.