«O PSD considerou hoje que o anúncio do ministério da Educação de que as escolas podem contratar técnicos para resolver problemas graves de indisciplina é mais um "sinal de absoluta desorientação do Governo", que surge fora da altura ideal.»
Vem o PSD clamar que o ME demonstra desorientação ao acenar com a contratação de técnicos para resolver os casos de escolas com indisciplina generalizada (só nestas? e o que se entende por generalizada?). Tem alguma razão o PSD, embora a nuance do politiquês na crítica ao governo acabe por deixar no balde do lixo da politiquice caseira o mais importante. Efectivamente, não é porque esta resposta do governo surge a reboque do caso do vídeo que está fora de tempo - é porque os parcos recursos que existiam no terreno foram desmantelados por esta equipa governativa, e nada foi criado em alternativa. Para quem tenha dúvidas de que o que este governo tem feito é desmantelar estruturas que existiam, ou reduzi-las ao ridículo de fachada inoperante, recordo o exemplo gritante da educação especial, e estamos conversados. Também não é por ter o governo rejeitado uma proposta semelhante do PSD, que perde agora razão na decisão - é porque não preveniu, a tempo, a possibilidade desta opção, agora caída do nada que é o imaginário governamental, e basta uma olhadela ao orçamento para concluirmos da impossibilidade daquilo que o senhor Valter Lemos afirma. É, sim, porque, uma vez mais, a ligeireza com que o governo admite efectuar esta contratação de técnicos demonstra duas coisas: primeiro, que não conhece a situação real no terreno, porque se conhecesse a extensão da mesma saberia que não tem meios para fazer face à dimensão do encargo que isto representa, para ser uma medida séria e eficaz; depois, que a contratação de técnicos supõe estarmos a falar de equipas multidisciplinares, uma por agrupamento escolar, com elementos suficientes, em número e em formação diversificada, e não a contratação avulsa de "técnicos", tarde e a más horas, em número espartilhado pelas restrições orçamentais, que o ME entende deverem condicionar estes recursos. Ora, só pode ser destas medidas avulsas e de remedeio que o senhor Valter Lemos está a falar, a não ser que queira que lhe chame mentiroso. Será néscio, se julga que pode fazer frente a um cancro em fase terminal com uma aspirina - não cura e pouco alivia - mas, infelizmente, os néscios não estão impedidos de serem nomeados para cargos governamentais.
Que os estabelecimentos de educação e de ensino tenham equipas técnicas multidisciplinares para enfrentarem os graves problemas que existem será, de facto, o melhor enquadramento para os conflitos relacionais que se vivem actualmente nas nossas escolas, e constituirão uma parte muito importante de uma nova arquitectura do sistema educativo que, quando estiver totalmente operacional, propiciará a existência de uma nova Escola, espaço privilegiado para a troca de saberes e de experiências, a partir de novas abordagens educativas, novas competências profissionais dos docentes, novas ferramentas de enquadramento social e cultural e, sobretudo, maior responsabilização de todos e de cada um. Só então teremos uma resposta adequada às emergentes e mutantes necessidades do novo tipo de aluno que as novas sociedades, abertas e informadas, criaram, aluno cada vez mais desconhecedor e distante do paradigma da relação familiar e social que conhecíamos.
Mas chegar a este patamar é aquilo em que o senhor Valter Lemos não pensa, não quer e não pode pensar. Porquê? Primeiro, porque de Escola sabe pouco, e de Educação sabe nada; depois, porque não está secretário de Estado para outra finalidade que, para além do proveito próprio, não seja melhorar os indicadores estatísticos da educação portuguesa com reengenharia laboratorial assistida, de caminho canalizar o orçamento do ME para as «melhorias» imediatamente visíveis, de preferência as que dão contrapartidas eleitorais, e outras, e, finalmente, embrulhar a acção do ME no celofane da propaganda governamental. Ao que o senhor Valter Lemos diz eu não chamaria desorientação, como faz o PSD, mas admito que a cortesia da oposição parlamentar imponha a este partido alguma contenção verbal. Até porque tem telhados de vidro...
* Valter Lemos deveria sabê-lo
Vem o PSD clamar que o ME demonstra desorientação ao acenar com a contratação de técnicos para resolver os casos de escolas com indisciplina generalizada (só nestas? e o que se entende por generalizada?). Tem alguma razão o PSD, embora a nuance do politiquês na crítica ao governo acabe por deixar no balde do lixo da politiquice caseira o mais importante. Efectivamente, não é porque esta resposta do governo surge a reboque do caso do vídeo que está fora de tempo - é porque os parcos recursos que existiam no terreno foram desmantelados por esta equipa governativa, e nada foi criado em alternativa. Para quem tenha dúvidas de que o que este governo tem feito é desmantelar estruturas que existiam, ou reduzi-las ao ridículo de fachada inoperante, recordo o exemplo gritante da educação especial, e estamos conversados. Também não é por ter o governo rejeitado uma proposta semelhante do PSD, que perde agora razão na decisão - é porque não preveniu, a tempo, a possibilidade desta opção, agora caída do nada que é o imaginário governamental, e basta uma olhadela ao orçamento para concluirmos da impossibilidade daquilo que o senhor Valter Lemos afirma. É, sim, porque, uma vez mais, a ligeireza com que o governo admite efectuar esta contratação de técnicos demonstra duas coisas: primeiro, que não conhece a situação real no terreno, porque se conhecesse a extensão da mesma saberia que não tem meios para fazer face à dimensão do encargo que isto representa, para ser uma medida séria e eficaz; depois, que a contratação de técnicos supõe estarmos a falar de equipas multidisciplinares, uma por agrupamento escolar, com elementos suficientes, em número e em formação diversificada, e não a contratação avulsa de "técnicos", tarde e a más horas, em número espartilhado pelas restrições orçamentais, que o ME entende deverem condicionar estes recursos. Ora, só pode ser destas medidas avulsas e de remedeio que o senhor Valter Lemos está a falar, a não ser que queira que lhe chame mentiroso. Será néscio, se julga que pode fazer frente a um cancro em fase terminal com uma aspirina - não cura e pouco alivia - mas, infelizmente, os néscios não estão impedidos de serem nomeados para cargos governamentais.
Que os estabelecimentos de educação e de ensino tenham equipas técnicas multidisciplinares para enfrentarem os graves problemas que existem será, de facto, o melhor enquadramento para os conflitos relacionais que se vivem actualmente nas nossas escolas, e constituirão uma parte muito importante de uma nova arquitectura do sistema educativo que, quando estiver totalmente operacional, propiciará a existência de uma nova Escola, espaço privilegiado para a troca de saberes e de experiências, a partir de novas abordagens educativas, novas competências profissionais dos docentes, novas ferramentas de enquadramento social e cultural e, sobretudo, maior responsabilização de todos e de cada um. Só então teremos uma resposta adequada às emergentes e mutantes necessidades do novo tipo de aluno que as novas sociedades, abertas e informadas, criaram, aluno cada vez mais desconhecedor e distante do paradigma da relação familiar e social que conhecíamos.
Mas chegar a este patamar é aquilo em que o senhor Valter Lemos não pensa, não quer e não pode pensar. Porquê? Primeiro, porque de Escola sabe pouco, e de Educação sabe nada; depois, porque não está secretário de Estado para outra finalidade que, para além do proveito próprio, não seja melhorar os indicadores estatísticos da educação portuguesa com reengenharia laboratorial assistida, de caminho canalizar o orçamento do ME para as «melhorias» imediatamente visíveis, de preferência as que dão contrapartidas eleitorais, e outras, e, finalmente, embrulhar a acção do ME no celofane da propaganda governamental. Ao que o senhor Valter Lemos diz eu não chamaria desorientação, como faz o PSD, mas admito que a cortesia da oposição parlamentar imponha a este partido alguma contenção verbal. Até porque tem telhados de vidro...
* Valter Lemos deveria sabê-lo
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