Porque o meu amigo Anthrax, com o seu imenso e irrequieto talento, consegue dizer a brincar o que deve ser levado muito a sério, aqui fica o que deixou na caixa de comentários:
«Ok, por breves momentos, já pensaram que a professora podia - simplesmente - ter mandado a aluna ir ouvir música para outro sítio? Bom, mas independentemente disso, aquele vídeo é uma vergonha e a sociedade está a criar trombadinhas aos molhos (e os que não são trombadinhas, são um bandinho de putos mimados cujo objectivo na vida é serem sustentados eternamente pelos pais). Por isso, não se pense que estou a defender a atitude daquela criaturinha dependente de telemóveis.Pessoalmente, não tenho nada contra os trombadinhas aos molhos, afinal todos precisamos de ter alguém que nos sirva quando vamos ao MacDonalds comer um hamburger. É - digamos assim - uma nova oportunidade :)Relativamente à questão deste assunto ser resolvido dentro da escola, a D. Milú esqueceu-se de um detalhe, quando um assunto ultrapassa as fronteiras de uma escola e se transforma numa questão de domínio público todos têm o direito de saber como é que vai ser resolvido, não é varrer a porcaria para debaixo do tapete (que aliás no caso desta Ministra, já nem há tapete, só há porcaria) e esperar que o deixa-andar resolva as coisas.Isto é "broken windows", ou se age e se consertam as pequenas "janelas" que estão partidas, ou no longo prazo temos um quarteirão inteiro a parecer-se com Bagdad em dia de bombardeamento.»
Meu amigo, tem toda a razão, a começar pela sugestão de se ter deixado a aluna com o telemóvel, mas, acrescento eu, não sem ter mandado os dois para outro espaço, que não o espaço-aula. Mas, para que isso pudesse ter acontecido assim, seriam necessários, pelo menos, dois requisitos: um, que a professora tivesse autoridade suficiente para mandar a aluna e o seu instrumento de prazer para fora do seu espaço de trabalho e dos restantes alunos; o outro, que a aluna possuísse um código de conduta capaz de reconhecer a infracção cometida e aceitar a inevitável consequência da mesma. Ao que parece, em ambas as intervenientes falhava o essencial: a autoridade na professora; regras de conduta na aluna. Podemos agora pensar o que quisermos sobre as razões por que uma e outra estavam no ponto sem retorno que conduziu à cena que protagonizaram, mas o que acontece é que andamos há 33 anos, pelo menos, a brincar com o papel da Escola, misturando e confundido conceitos como liberdade, responsabilidade, autoridade, abdicando diariamente do exercício de deveres e de direitos, perdendo princípios e valores ao ritmo da berraria daqueles que não possuem nem uns, nem outros. O estado a que isto já chegou, há muito, mas que só agora começa a ter direitos de primeira página, merecia ter tido o tratamento adequado pelas estruturas responsáveis – o ME, na definição do quadro de princípios; a administração educativa, no acompanhamento e controlo da implementação e aplicação do mesmo; as escolas e os representantes dos pais e dos professores, numa responsável exigência quanto à gestão do quotidiano escolar. A verdade é que todos se demitiram, esperando, sabe-se lá por que milagre, que tudo se encobrisse e se acalmasse. As "bolhas" deste tipo rebentam sempre, e por mais vozes isoladas que pregassem no deserto dos corredores da 5 de Outubro, a verdade é que ninguém quis fazer nada. Como era inevitável, a "bolha" rebentou, e os “trombadinhas” (generoso, este Anthrax) passaram a ser as vítimas ou os carrascos, conforme a opinião publicada os apresenta às desvairadas gentes, e estas estão de um lado, ou do outro da barricada, para os catalogar. Apesar de não me surpreenderem, vejo, com mágoa, as notícias que vão "caindo" a propósito deste triste episódio, com sindicatos de professores, responsáveis da administração escolar e secretários de Estado a defenderem que a violência escolar, a existir (mereciam ir em comissão de serviço para uma escola problemática, já!), é assunto a resolver no âmbito de cada escola, pois cada uma delas está dotada dos meios necessários para responder, adequadamente, aos problemas. Mentira descarada e culposa, a deles, pois sabem bem que as escolas não têm os meios adequados para lidar com o problema, ao nível a que ele já chegou, engordado à força pelo eduquês de pacotilha que o ME tão carinhosamente tem acalentado. A autoridade dos professores e das escolas está irremediavelmente esgotada, e os estabelecimentos de ensino precisam de apoio externo para resolverem os graves problemas de disciplina que consomem os dias de quem cruza as portas dos espaços escolares com o objectivo de ensinar ou de aprender. Meu amigo, o ME precisava de meia dúzia de Anthraxes em postos-chave, para pôr ordem no caos que por lá reina. Como isso não se prevê que aconteça, valha-nos o PGR e outros que, como ele, não estejam dispostos a deixar a ministra e seus acólitos varrerem a porcaria para debaixo do tapete de Arraiolos em que a seráfica senhora descansa os ministeriáveis pés. Se também esta solução falhar, resta-nos rendermo-nos à evidência que regista João Pinto e Castro - a adolescência e as suas naturais pulsões tudo justificam, sobretudo em confronto com uma escola que nem de longe corresponde aos legítimos e naturais interesses dos jovens rebentos. Despida da subtil ironia, a sua mensagem não podia ser mais clara – quem, entre a não procriação e o eduquês, não escolherá este último, resignando-se à silenciosa "compreensão" que o mesmo tão vivamente recomenda e pratica? Viva a irreverência da juventude, inventem-se novos pais e novas escolas, "compreenda-se". Quem sabe, talvez seja Pinto e Castro que tem razão! Daqui por mais trinta anos voltaremos a conversar, sobre o mesmo.
«Ok, por breves momentos, já pensaram que a professora podia - simplesmente - ter mandado a aluna ir ouvir música para outro sítio? Bom, mas independentemente disso, aquele vídeo é uma vergonha e a sociedade está a criar trombadinhas aos molhos (e os que não são trombadinhas, são um bandinho de putos mimados cujo objectivo na vida é serem sustentados eternamente pelos pais). Por isso, não se pense que estou a defender a atitude daquela criaturinha dependente de telemóveis.Pessoalmente, não tenho nada contra os trombadinhas aos molhos, afinal todos precisamos de ter alguém que nos sirva quando vamos ao MacDonalds comer um hamburger. É - digamos assim - uma nova oportunidade :)Relativamente à questão deste assunto ser resolvido dentro da escola, a D. Milú esqueceu-se de um detalhe, quando um assunto ultrapassa as fronteiras de uma escola e se transforma numa questão de domínio público todos têm o direito de saber como é que vai ser resolvido, não é varrer a porcaria para debaixo do tapete (que aliás no caso desta Ministra, já nem há tapete, só há porcaria) e esperar que o deixa-andar resolva as coisas.Isto é "broken windows", ou se age e se consertam as pequenas "janelas" que estão partidas, ou no longo prazo temos um quarteirão inteiro a parecer-se com Bagdad em dia de bombardeamento.»
Meu amigo, tem toda a razão, a começar pela sugestão de se ter deixado a aluna com o telemóvel, mas, acrescento eu, não sem ter mandado os dois para outro espaço, que não o espaço-aula. Mas, para que isso pudesse ter acontecido assim, seriam necessários, pelo menos, dois requisitos: um, que a professora tivesse autoridade suficiente para mandar a aluna e o seu instrumento de prazer para fora do seu espaço de trabalho e dos restantes alunos; o outro, que a aluna possuísse um código de conduta capaz de reconhecer a infracção cometida e aceitar a inevitável consequência da mesma. Ao que parece, em ambas as intervenientes falhava o essencial: a autoridade na professora; regras de conduta na aluna. Podemos agora pensar o que quisermos sobre as razões por que uma e outra estavam no ponto sem retorno que conduziu à cena que protagonizaram, mas o que acontece é que andamos há 33 anos, pelo menos, a brincar com o papel da Escola, misturando e confundido conceitos como liberdade, responsabilidade, autoridade, abdicando diariamente do exercício de deveres e de direitos, perdendo princípios e valores ao ritmo da berraria daqueles que não possuem nem uns, nem outros. O estado a que isto já chegou, há muito, mas que só agora começa a ter direitos de primeira página, merecia ter tido o tratamento adequado pelas estruturas responsáveis – o ME, na definição do quadro de princípios; a administração educativa, no acompanhamento e controlo da implementação e aplicação do mesmo; as escolas e os representantes dos pais e dos professores, numa responsável exigência quanto à gestão do quotidiano escolar. A verdade é que todos se demitiram, esperando, sabe-se lá por que milagre, que tudo se encobrisse e se acalmasse. As "bolhas" deste tipo rebentam sempre, e por mais vozes isoladas que pregassem no deserto dos corredores da 5 de Outubro, a verdade é que ninguém quis fazer nada. Como era inevitável, a "bolha" rebentou, e os “trombadinhas” (generoso, este Anthrax) passaram a ser as vítimas ou os carrascos, conforme a opinião publicada os apresenta às desvairadas gentes, e estas estão de um lado, ou do outro da barricada, para os catalogar. Apesar de não me surpreenderem, vejo, com mágoa, as notícias que vão "caindo" a propósito deste triste episódio, com sindicatos de professores, responsáveis da administração escolar e secretários de Estado a defenderem que a violência escolar, a existir (mereciam ir em comissão de serviço para uma escola problemática, já!), é assunto a resolver no âmbito de cada escola, pois cada uma delas está dotada dos meios necessários para responder, adequadamente, aos problemas. Mentira descarada e culposa, a deles, pois sabem bem que as escolas não têm os meios adequados para lidar com o problema, ao nível a que ele já chegou, engordado à força pelo eduquês de pacotilha que o ME tão carinhosamente tem acalentado. A autoridade dos professores e das escolas está irremediavelmente esgotada, e os estabelecimentos de ensino precisam de apoio externo para resolverem os graves problemas de disciplina que consomem os dias de quem cruza as portas dos espaços escolares com o objectivo de ensinar ou de aprender. Meu amigo, o ME precisava de meia dúzia de Anthraxes em postos-chave, para pôr ordem no caos que por lá reina. Como isso não se prevê que aconteça, valha-nos o PGR e outros que, como ele, não estejam dispostos a deixar a ministra e seus acólitos varrerem a porcaria para debaixo do tapete de Arraiolos em que a seráfica senhora descansa os ministeriáveis pés. Se também esta solução falhar, resta-nos rendermo-nos à evidência que regista João Pinto e Castro - a adolescência e as suas naturais pulsões tudo justificam, sobretudo em confronto com uma escola que nem de longe corresponde aos legítimos e naturais interesses dos jovens rebentos. Despida da subtil ironia, a sua mensagem não podia ser mais clara – quem, entre a não procriação e o eduquês, não escolherá este último, resignando-se à silenciosa "compreensão" que o mesmo tão vivamente recomenda e pratica? Viva a irreverência da juventude, inventem-se novos pais e novas escolas, "compreenda-se". Quem sabe, talvez seja Pinto e Castro que tem razão! Daqui por mais trinta anos voltaremos a conversar, sobre o mesmo.
1 comment:
Amigo Crack...
A adolescência é mesmo um flagelo. É mesmo uma daquelas coisas que era dispensável - ou talvez não :) - no ser humano. A adolescência é como passar do segundo ciclo para o terceiro ciclo ou do secundário para a universidade, aqueles primeiros anos serão sempre uma catástrofe para a qual nunca ninguém está preparado.
Além disso, nessas fases uma pessoa nunca sabe o que é que quer e mesmo quando diz que sabe o que quer, normalmente, é mentira porque nessas alturas quem sabe o que quer são os paizinhos. Entretanto a "malta" convence-se que sabe o que quer porque os nossos paizinhos fazem-nos o favor de querer por nós... e depois nem perguntam.
O problema só aparece mais tarde quando se chega à conclusão de que não era nada daquilo que se queria mas depois, já é tarde e a Inês está morta... bom, às vezes não está bem morta, está quase a patinar mas ainda mexe. Ainda bem que a U.E anda a promover a aprendizagem ao longo da vida, funciona um pouco como técnica de ressuscitação e isso é bom.
É... daqui a 30 anos vai continuar-se a falar sobre o mesmo.
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