Apesar dos avisos de Menezes para a perspectiva de 18 anos na oposição, a verdade é que a direcção do PSD está hoje eufórica, com as sondagens que, informa a propaganda aos militantes, colocam o maior partido da oposição a par do governo-desastre de Sócrates. Talvez este seja o balão de oxigénio de que Menezes precisava para digerir o almoço de Durão Barroso com alguns conhecidos membros da elite do PSD, por ocasião dos Reis. Almoço de forte significado político, é certo, mas que não passaria de uma iniciativa sem reconhecimento público imediato, não fosse o actual presidente do PSD ter efectuado um movimento desastrado (para a sua direcção), trazendo o evento para a primeira linha da voracidade mediática. Ao assumir-se ameaçado, numa reacção que o próprio gostaria de ver classificada como à Sarkozy, terá pretendido matar à nascença um movimento que, intui, a prazo o apeará do poder. Mas a sua reacção foi temporã, se o objectivo era salvar a imagem da sua liderança do partido, porque esta pouco mais conseguiu até agora do que arrastar-se atrás dos acontecimentos, descredibilizando-se nos alinhamentos oportunistas e na inconsequência recorrente. E se a reacção de Menezes foi prematura para a sua pretensão de afirmação interna, também o foi para quem já não tem dúvidas que, mais do que uma questão de tempo, é de uma refundação estratégica que o partido precisa. Não perdendo tempo para marcar lugar na “expedição” que o PSD pôs em marcha, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, com a sua conhecida habilidade de prestidigitador, veio usar a cortina de fumo das três (más) razões que encontrou para justificar o almoço, tentando esvaziar, para já, o mais do que evidente resultado do repasto laranja. O antes em demasia e o tarde demais, com que Marcelo descartou as razões possíveis para esse almoço, são argumentos suficientemente suculentos para manter em fogo lento as tricas internas, e alimentar a curiosidade dos opinion makers, durante o tempo necessário para que o PSD monte as peças, que o farão emergir como uma alternativa credível ao actual regime.
Uma coisa parece certa - apesar das sondagens, ou por causa delas, Menezes não entrou no carro que começou a rodagem à saída do almoço de Durão Barroso.
1 comment:
É a lógica do centrão. Ora dá vitórias ao PSD, ora ao PS. Está na vez de regressarmos a ter o PSD no Governo! Pior do tem feito o PS é difícil...
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