Monday, February 14, 2005

"Não julgueis, para que não sejais julgados" (Mt 7,1)



Morreu a irmã Lúcia, a última dos videntes de Fátima. Morreu reclusa e discreta, como viveu, tenha sido essa uma opção própria, ou uma imposição de uma qualquer conveniência, o que não vem ao caso.
Neste momento, em que atitudes mais «promocionais» do que de verdadeiro sentimento já integraram esta morte na agenda política, impunha-se o respeito. Respeito por quem consumiu a sua longa vida na serenidade da piedosa reclusão, quando poderia ter buscado a reverência e a pública exposição; respeito pela morte de um ser humano, que não trouxe ao mundo guerra ou sofrimento, antes mensagens de paz e de piedade; respeito pelo que a vidente representava para milhões de crentes espalhados pelo mundo; respeito pela fé, não a de cada um de nós, mas a dela, que foi capaz de se tornar inspiradora, para os que da fé receberam o dom.
Infelizmente, porque tão habituados estamos a gestos gratuitos e vagos de outro sentido que não o interesse próprio, talvez estejamos a ser injustos na avaliação que fazemos da decisão de suspensão da campanha eleitoral dos partidos com pretensão a serem governo. É que a suspensão da feira carnavalesca em que se transformaram os actos públicos das campanhas eleitorais justifica-se, pelo respeito à morte de uma figura de indiscutível projecção nacional e internacional, pelo respeito ao sentimento dos católicos. Acredite-se, ou não, na mensagem que ela nos deixou.

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