«A realidade contemporânea, pós-moderna ou hiper-moderna, conforme se queira, é a fragmentação da sociedade em grupos de interesses que têm pouco a ver com tradicionais critérios de classificação sócio-demográfica, e muito com as tribos urbanas em que os cidadãos se enquadram.O grande desafio da política contemporânea consiste principalmente em evitar que a sociedade se esboroe por efeito desse processo de fragmentação. Como preservar o sentimento de cidadania quando os indivíduos resistem a pertencer a grupos sociais estáveis e definitivos?»
No post de que este fragmento faz parte, muito bem se diz que é tempo de os partidos políticos pensarem nas consequências, para o modo de fazer política, da emergência de novas formas comunicacionais, nomeadamente esta que se concretiza através dos blogues.
Considero muito pertinente, mais do que oportuna e, sobretudo, necessária esta reflexão.
Não é por acaso que a «opinião», o «comentário» político, a «informação», que circulam na blogosfera portuguesa a propósito da realidade nacional são, cada vez mais frequentemente, mencionados na comunicação social, referidos pelos actores políticos, usados por uns e por outros (é ver o aparecimento de blogues dos jornalistas que acompanham a «volta» eleitoral, blogues dos candidatos, blogues dos partidos, blogues de personalidades da cena política). Nos blogues, com a facilidade que este meio «amigável» e (que pode ser) anónimo dá a qualquer um mediano utilizador da internet, com pretensões a emitir opinião, escreve-se TUDO, a sério e a brincar, com mais ou menos veneno, com ou sem isenção. Desde o factual, ao mais perfeito delírio, desde o que cabe na esfera do politicamente correcto, ao que antigamente se pensava, quando muito se dizia em confidência, tudo está acessível a qualquer utilizador da internet. E com um efeito multiplicador, que importa não desprezar, no qual o volume da blogosfera portuguesa será o factor de menor peso, mas em que o «tipo» de informação circulante, por ser muito mais apetecível do que aquela a que a comunicação social acaba por ficar circunscrita, é, isso sim, a receita segura para o efeito bola de neve, que já se conseguiu perceber que tem. Não será alheio a este fenómeno o «peso» que o boato teve, pela primeira vez com a dimensão e as características de que se revestiu, nesta campanha.
A «opinião» circulante nos blogues, e convém lembrar que muita dela é anónima e toda (?) ela é «não editada», está a revestir-se de crescente importância (e por isso deverá ser, em grau equivalente, objecto de acompanhamento, observação e estudo), pelo reflexo que tem na opinião pública, pela mudança que já é perceptível na comunicação social e pela influência que também já se sente que tem no comportamento dos actores políticos.
Por enquanto, estamos nos primórdios do que virá a ser a utilização de uma nova e poderosa arma de influência, com o que de bom, e de perverso, este «estado de ingénua impunidade» tem. Apesar disso, os efeitos, se bem que ainda discretos, são já perceptíveis. E porque há muito a aprender neste domínio, de um lado e do outro da barricada, é bom que quem vá governar não descure a questão da educação para os média, menos para dela tirar imediato e próprio proveito e mais para, também neste domínio, promover uma cultura de exigência e de responsabilidade.
No post de que este fragmento faz parte, muito bem se diz que é tempo de os partidos políticos pensarem nas consequências, para o modo de fazer política, da emergência de novas formas comunicacionais, nomeadamente esta que se concretiza através dos blogues.
Considero muito pertinente, mais do que oportuna e, sobretudo, necessária esta reflexão.
Não é por acaso que a «opinião», o «comentário» político, a «informação», que circulam na blogosfera portuguesa a propósito da realidade nacional são, cada vez mais frequentemente, mencionados na comunicação social, referidos pelos actores políticos, usados por uns e por outros (é ver o aparecimento de blogues dos jornalistas que acompanham a «volta» eleitoral, blogues dos candidatos, blogues dos partidos, blogues de personalidades da cena política). Nos blogues, com a facilidade que este meio «amigável» e (que pode ser) anónimo dá a qualquer um mediano utilizador da internet, com pretensões a emitir opinião, escreve-se TUDO, a sério e a brincar, com mais ou menos veneno, com ou sem isenção. Desde o factual, ao mais perfeito delírio, desde o que cabe na esfera do politicamente correcto, ao que antigamente se pensava, quando muito se dizia em confidência, tudo está acessível a qualquer utilizador da internet. E com um efeito multiplicador, que importa não desprezar, no qual o volume da blogosfera portuguesa será o factor de menor peso, mas em que o «tipo» de informação circulante, por ser muito mais apetecível do que aquela a que a comunicação social acaba por ficar circunscrita, é, isso sim, a receita segura para o efeito bola de neve, que já se conseguiu perceber que tem. Não será alheio a este fenómeno o «peso» que o boato teve, pela primeira vez com a dimensão e as características de que se revestiu, nesta campanha.
A «opinião» circulante nos blogues, e convém lembrar que muita dela é anónima e toda (?) ela é «não editada», está a revestir-se de crescente importância (e por isso deverá ser, em grau equivalente, objecto de acompanhamento, observação e estudo), pelo reflexo que tem na opinião pública, pela mudança que já é perceptível na comunicação social e pela influência que também já se sente que tem no comportamento dos actores políticos.
Por enquanto, estamos nos primórdios do que virá a ser a utilização de uma nova e poderosa arma de influência, com o que de bom, e de perverso, este «estado de ingénua impunidade» tem. Apesar disso, os efeitos, se bem que ainda discretos, são já perceptíveis. E porque há muito a aprender neste domínio, de um lado e do outro da barricada, é bom que quem vá governar não descure a questão da educação para os média, menos para dela tirar imediato e próprio proveito e mais para, também neste domínio, promover uma cultura de exigência e de responsabilidade.
* Victor Hugo
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